A primeira semana do colégio ainda estava lotado. Eu não esperava que ainda teria alunos perdidos, parecia que cada dia aumentava o número de pessoas ou minha cabeça criava esse pensamento.

No intervalo, eu desci para encontrar minhas duas amigas. Elas estavam no pátio. Nina e Beatriz. Nina tinha cabelo chanel loiro desfiado e olhos cor de mel enquanto Beatriz tinha castanho longo com uma franja desfiada e olhos verde escuro.

- Oi meninas. - disse toda feliz

- Oi Nicole. - elas disseram ao mesmo tempo

- Estavam conversando sobre o livro que o professor de literatura indicou. - Nina revelou

- Qual? - perguntei

- Senhora. - Nina respondeu

- Você acha que vale a pena comprar? - Beatriz perguntou

- Duvido que você vai ler mesmo. Bem capaz de você deixar guardado na sua estante. - digo rindo

- Nem vem. - Beatriz disse - Você me ofendeu. Eu adoro ler.

- Claro. - Nina concordou de forma irônica - Apenas historias em quadrinhos.

- Eu só não um livro bom para ler. - Beatriz deu de ombros

Eu e Nina caímos na risada após aquele comentário.

De repente, minhas amigas olharam com uma expressão estranha para mim. No inicio pensei que olhar estranhos fosse para mim, eu até olhei para mechas do meu cabelo pensando que tivesse algum inseto. Mas percebi que aqueles olhares delas estavam para uma possível pessoa que poderia está atrás de mim ou até distante

- Nicole?

Aquela voz grave. Era tão familiar para mim. A voz que recordava meu passado, principalmente, ele. Sim. Ele.

Até posso imaginar seu sorriso maliciosa achando que aquele gesto poderia conquistar qualquer garota. Menos uma. Eu.

- Por favor, diga que você não é real. - digo enquanto estou virada de costas para aquela voz

Eu fechei olhos fazendo uma expressão de nervoso, as minhas amigas deram risadinhas de mim.

- Bom... eu sou. Para sua infelicidade. – ele riu

Eu me virei com minha expressão de brava e cruzei os braços em frente ao corpo. Eu odiava aquele garoto com toda minha alma.

- Meninas, esse é Vinicius que todos comentam. – eu fiz uma apresentação sem-graça – Infelizmente nos conhecemos. - eu revirei meus olhos

Elas ficaram de bocas abertas.

- Isso explica muita coisa. - ele brincou de serio comigo

Ele havia entendido que as meninas já sabiam da existência dele por mim. Espero que ele não se ache.

- Me poupe Vinicius de suas brincadeiras patéticas. - bati o pé

As meninas sentiram que estavam sobrando, decidiram sair do local. Eu odiei que elas fizeram isso comigo

- Diga o que você quer. - eu cruzei os braços frente ao corpo de novo e dei uma expressão que não estava feliz com sua presença - Já que você fez minhas amigas saírem daqui.

- Não se pode cumprimentar os velhos amigos?

Já falei que ele se acha? Então, vou dizer de novo. Sim. Odeio aquele sorriso ridículo dele.

- Não somos amigos, Vinicius. – eu olhei para outro lado

- Podemos esquecer o passado e começar de novo. - ele diz

- Só tem um pequeno problema. - eu usei o polegar e o indicador para demostrar o tamanho

Ele pegou minha mão. Foi estranho para mim.

- Nada que possa ser resolvido. - ele diz com um sorriso malicioso na cara

Eu olhei para nossas mãos com uma sensação que nem eu mesma poderia descrever porque era tão desconhecido. Mas, eu senti que olhar de Vinícius estava sobre mim e também em nossas mãos e senti a obrigação de olhar para ele para eu ter a certeza que não era coisa da minha cabeça. Assim que levantei o meu rosto para o olhar,  eu me surpreendi com a expressão que nunca havia conhecido dele.

Eu puxei a minha mão de volta e disse:

- Eu te odeio, Vinicius. Esse é o problema. - eu quero que ele coloque isso na cabeça dele - Eu te odeio pelo o que você é.

Depois eu decidi sair de perto dele.

- Nicole, espera. - a voz dele me forçou parar

Eu dei meia volta para olha-lo. Lembrei do dia que ele me contou sobre a mudança dele como eu odeio saber disso. Por que ele me contou? Por que não contou para o amigo dele, Mateo?

- Por quê? Vai me contar porquê contou para mim primeiro. - digo

Ele fiquei mudo.

- Sabia. - eu digo com raiva

Eu decido que é melhor sair do local. Vinícius nem sequer sabe o motivo de contar para mim. Ainda me recordo quando ele me contou que iria se mudar.

"Meus pais mandaram mensagem que não poderiam vir a soverteria, pensei poderia ser bom os dois fossem.

- Droga! - eu gritei

Eu fiquei segurando meu celular como se pudesse quebrar-lo. Eu sinto sendo observada e vejo o curioso me olhando.

- Que foi convencido? – perguntei

- Se não quer falar comigo tudo bem. – ele se virou contra mim

Eu bufei irritada e me aproximei dele, mas ao invés de eu socar a cara eu escolhi sentar na mesa ao lado dele.

- Era para os meus pais virem a soverteria hoje. – eu digo olhando para o copo sujo – Mas, eles não vêm. Aqui é um lugar especial para mim. - Meus melhores momentos estavam nesse lugar

Ele se sento a frente de mim.

- Por que está contando para mim? – ele perguntou

- Não estou dizendo para você. Eu estou pensando em voz alta e você está escutando. – eu me encosto na cadeira

- Sempre vamos agir assim? O convencido e a certinha? – ele cerrou seus olhos

- É o que somos. Mas já que ninguém está aqui... Posso contar algo serio? - eu aproximei um pouco da mesa e coloco as mãos na mesa

- E o que acontece depois?

- É você está certo. Deixa quieto. Você nunca entenderia mesmo. - encosto novamente na cadeira 

- Seus pais se separaram. Por isso está brava porque eles não quiseram vir. – ele diz sem olhar pra mim

- Como sabe? - eu fiquei de boca aberta

- Digamos que já tem um tempo que você tem essa reação. Todo evento da escola. E também vi sua mãe sem aliança. Eu sei como é.

- Entendo. – eu digo meio triste

- Eu vou me mudar. Por causa do emprego do meu padrasto. – ele me revelou

Eu fiquei sem reação ao saber.

- Você repara em mim? Mas a gente se odeia. – eu perguntei, estava perdida

Eu quero entender o que levou para me dizer algo tão importante, eu não sou Mateo.

- Porque você é única garota que eu não fiquei. – ele me disse sorrindo

- Idiota. – eu aproveitei o resto do liquido do copo e joguei nele"

Não entendo. Por que ele é assim?