21

Minha tia e eu acabamos conversando por telefone, não havia como ela aparecer na cidade naquela hora. Acabou me dizendo que segunda iria falar comigo pessoalmente, não apenas disso. Sobre a minha faculdade e meus pais.

- Não se preocupe que eu resolverei isso e com seus pais. Darei um jeito.

- Obrigada tia.

- Não precisa agradecer. Você é minha responsabilidade.

Pareciam que as coisas estavam indo do jeito que eu estava querendo no inicio de todos os problemas.

****

No sábado Leonardo apareceu em casa, ele disse que seria melhor tomar um pouco de ar depois de todos os problemas que eu passei no colégio. Agradeci e aceitei a proposta.

Caminhamos tranquilamente em silencio até chegar ao parque e nos sentarmos no banco. Leonardo decidiu começar a falar:

- Me diz, está tudo bem?

- Eu estou bem. - olho para ele

- Me diga o que está acontecendo.

- Nada.

- Eu sei que não deixaria quieto. O que sua tia disse?

- Ela irá vir pra conversar e irei embora mais cedo. 

Ele se levantou rapidamente.

- Você ainda não tirou isso da sua cabeça.

- Eu não vou tirar! - levantei e batendo o pé - Eu quero começar uma vida nova e lá vou fazer faculdade.

- Pra mim, está apenas fugindo do seu problema.

- Não interessa o que pensam. É decisão minha.

Eu olhei para os lados sentindo que alguém estava me observando e vi Vinicius.

- Vinicius. - sussurrei

Leonardo me puxou pela mão e foi em direção ao Vinicius e disse:

- Vinicius, como vai?

Não olhei para Vinicius.

- Quem são eles vini? - uma criança puxou um pouco calça do Vinicius, deduzi que ele a conhecia

Ele agachou para ficar na altura da garota e disse:

- Esse é meu amigo Leonardo e irmã dele, Nicole.

- Olá sou Lucia, irmã desse desajeitado. Por favor me salvem desse irmão malvado. - ela fez uma cara triste

Eu dei uma pequena risada, realmente tinha cara de ser irmão malvado.

- Traidora. - Vinicius rangeu os dentes

- Vamos fugir Nicole? Ele vai virar um monstro. - ela me puxou  e levou para escorregador

A Lucia era tão divertida que me fazia como seria bom ter um irmão mais novo, quase chorei ao lembrar do aborto da minha mãe. Limpei as lagrimas rapidamente e voltei a sorrir para brincar com a Lucia.

****

Minha tia conversou com meus pais, mas meu pai não concordou com nada com minha tia e ele colocou a culpa em mim como sempre.

- Você nunca aprende e resolve falar com sua tia. Está vendo como sua filha é? - meu pai olhou para minha mãe

- Você nunca foi melhor pai pra ela.  - minha mãe disse

- Eu vou sair. - me levantei

Quando eu abri a porta, Vinicius estava com a mão no ar. Jurei que ele me bateria por alguns segundos antes do meu cérebro raciocinar.

- Nicole, volta aqui. Eu não terminei de falar. - meu pai disse

- Chega pai. Eu não quero saber. - gritei enquanto olhava para baixo

- Por isso que você nunca aprende. É uma menina boba que só sabe chorar. Uma menina que nunca vai melhorar.

Fechei a porta com força e cai de joelho. Eu me segurou para não passar suas unhas na coxa ou arrancar meus fios de cabelo. Ele agachou na minha frente. Eu não aguentei. Precisava abraçar e o abracei com toda força para não chorar.

- Por favor, eu quero partir. - ela digo com voz abafada por causa da camisa dele

Eu me afastei dele. Abraçar foi por impulso, mas eu precisava disso. Ele pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atras da minha orelha.

- Sua mãe nunca foi seu problema por isso escolheu morar com ela.

Ele tem razão.

- Eu apenas preciso de tempo. Falta alguns meses para formatura e assim tudo se acalmará. - digo

- Eu odeio que você faz, mas eu prometi a mim mesmo que te daria apoio.

- Se é isso que você prometeu, apenas beije.

- Eu não posso aproveitar de sua dor.

Eu precisava esquecer tudo ao meu redor por alguns minutos.

Então, eu puxei seu rosto com minha duas mãos e o beijei. No momento seguinte ele retribuiu e puxou minha cintura. Seu beijo me fez sentir paz no meio daquele caos. Um esperança desesperada. Puxei seu cabelo tentando ter ele só pra mim. Depois daquele beijo enlouquecedor, demos um beijo rápido.

- Eu gosto muito de você, Nicole.

Eu não esperava essa declaração. Coloquei minha mão na boca meio arrependida.

- Nicole, entra logo. - meu pai gritou

Levantei e olhei para porta e depois pra ele. Eu o empurrei fazendo o deitar e fiquei em cima dele. Por alguns segundos eu quis dizer que eu também gosto dele mas disse outra coisa:

- Você não devia ter dito aquilo. Não faz bem para uma imagem de pegador que você tem.

- Eu não me importo se você não sente nada por mim.

- Vinicius, eu não devia ter te beijado. - eu mordi e fechei meus olhos, ele não tem a minima ideia que isso me faz querer ficar aqui com ele - Isso foi um jeito de alimentar meu desejo ser beijada por você - minto - já que você beija todas, tão egoísta que eu sou. -  deitei ao seu lado - Eu não quero brincar com você.

- Mas eu agradeço - ele pegou minha mão - eu gosto muito de você. - e apertou

Senti um frio na barriga e um grande aperto no coração.

Eu o olhei, não podia esconder.

- Eu também gosto de você. - ele sorriu - Mas nós somos de mundos diferentes, eu vou embora. Vou morar com minha tia durante a faculdade e fazer tratamento para depressão.

- Nicole fique.

- Eu preciso gostar de mim antes de ficar com alguém. Está na hora de partir.

Eu o beijei pela ultima vez. Meu amor, como eu queria nos conhecemos em outra época.

****

Eu e Leonardo estávamos sozinhos no meu quarto. Era meu dia da mudança. Na semana anterior eu e minha tia fomos ao colégio contamos o que estava acontecendo e decidimos marcar minhas provas para poder ir embora logo. 

- Planejou tudo mesmo né? - ele me olhou

- Sim, - suspirei - mas quase larguei tudo.

- Como assim?

- Ele se declarou pra mim. Eu declarei pra ele. Nos beijamos. - uma lagrima escorreu - Leonardo, você acredita em destino? - não olhava para ele

- Você acha que encontrar ele é destino.

- Nosso destino foi nos encontrarmos novamente e nos apaixonarmos. Quais as chances de isso acontecer no momento que você tem tudo planejado? - eu ri - Será que nosso destino só foi isso? Reencontrar, ter alguém para me ajudar, se apaixonar e partir. Um amor passageiro. Ou tem mais algo?

- Eu não sei Nic. - ele apertou meu ombro

- Eu estou fazendo a escolha certa né? - o olhei

- Sim, está. - ele me abraçou e eu chorei


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