18
Minha tia e minha mãe ficaram conversando enquanto eu prestava atenção nas musicas que tocava no meu celular até eu cair no sono.
Quando chegamos, a chacará parecia do mesmo jeito que eu a vi da ultima vez. Meus avós foram em direção do carro antes mesmo de nós três sairmos do veiculo. Eles estavam tão felizes de nos ver. Me enchiam de beijos como se eu fosse um bebê.
- Olha como você cresceu. - minha avó segurou os meus braços
- É. - concordo - Hoje em dia, eu já dirijo.
- Minhas duas filhas queridas. - ela abraçou minha tia e minha mãe
- Como vai mamãe? - minha mãe perguntou
- Vou bem. - minha vó disse - Seu pai preparou um lanche pra vocês.
- To louca para experimentar. - minha tia se animou
- Entrem depois vocês pegam as coisas. - meu avô disse
Eu fechei os olhos e senti uma paz. Lá estava eu, minha mãe, minha tia e meus avós. Longe de problemas. Parecia quase uma férias.
- Está tudo bem? - meu avô perguntou
Abri meus olhos e olhei para ele.
- Acredito que sim. - forcei um sorriso
- Espero que esteja. - ele tossiu - Você é uma garota forte.
- Não exagera vovô. - eu rio
- Com tudo isso acontecendo, você não admiti. Merece um cascudo por não reconhecer isso.
- Desculpa, vovô.
- Venha, quero que conheça uma família que mora com a gente.
****
Havia uma casal na cozinha conversando com minha família quando eu cheguei com meu avô. Era a Sara e o Miguel, trabalhavam e moravam com meus avós fazia alguns meses. Assim que me viram sorriram como se eu estivesse usando o melhor vestido de formatura algo assim.
- Que bom que chegaram. - minha vó disse - Quero que conheça Miguel e a Sara. - se levantou e me pegou pela mão puxando para perto do casal - Nicole, essas pessoas maravilhosas são quem cuidam da fazenda quando eu e seu avô estamos fora.
- É um prazer conhecê-los. - digo
- Quantos anos você tem? - Sara perguntou
- Dezoito.
- Já sabe o que você quer fazer?
- Jornalismo.
- Lucas está fazendo esse na cidade onde sua tia mora. Caso tenha curiosidade pode perguntar pra ele, daqui a pouco ele estará aqui.
Fiquei sem entender com ela disse, apenas assenti. Quem era esse Lucas?
- Falando no garoto... - Miguel olhava para trás de mim
Eu me virei.
É um belo garoto que era mais alto que eu. Ele olhou para Miguel e Sara e deu um sorriso, disse:
- Desculpa, mas eu queria conhecer a fazenda só que demorou um pouco mais do que o necessário. - ele desviou olhar colocando olhos sobre mim com um grande ponto de interrogação
- Essa é a Nicole, minha neta. - minha vó tocou meus ombros - Nicole, esse é o Lucas filho do Miguel e Sara.
- É um prazer te conhecer. - Lucas estendeu a mão
Eu apertei a mão dele.
- Ela quer fazer jornalismo. - Sara disse
Definitivamente parecia que a mãe do Lucas estava me empurrando para ele ou é muita coisa da minha cabeça.
- Mãe. - ele lançou um olhar reprovador - Desculpe, minha mãe tem mania de fazer essas brincadeiras chatas e não sabe a hora de parar.
- Ah, claro. - eu ri
- É tão bom saber que todos ficaram o feriado aqui. - meu avô nos abraçou - Minhas filhas, minha neta e meu neto.
****
Acordei cedo no dia seguinte como se eu tivesse aula, então, eu resolvi sair para ver o nascer do sol no terreno mais alto da fazenda. Parecia um mundo distante estar na fazendo, mas mesmo assim meus pensamentos conseguiam me alcançar só para me fazer não esquecer da realidade. Faziam pensar que tudo isso só era apenas uma fantasia.
Eu queria que Maria, Caíque e Juliana não existissem na minha vida e que meu pai não fosse do jeito que é. Queria que minha mãe estivesse bem. Queria não sentir esse vazio de estar bem e depois estar mal logo em seguida.
- Eu queria que parassem. - eu olhei para minhas mãos tremendo - Isso me assusta.
- O que te assusta?
Dei um pulo para trás e vi Lucas do meu lado.
- Você me assusta. - digo
- Mal me conhece e já quer me julgar. - ele me encara - O que te assusta?
- O mundo. Meu mundo interior e esse mundo externo.
- Não importa qual mundo ele sempre irá ser assustador. - ele respirou fundo e ficou olhando para o céu - Mas a graça nele ser assim.
- Por que acha isso? Tipo do que adianta tentar lutar se no final irá fracassar.
- Porque pelo menos tentou. - ele me olhou
- Não acho que isso vale a pena. Seria apenas um parabéns por tentar, um premio de consolação.
- Acho que você está focando demais nas grandes vitórias ao invés de reparar nas pequenas vitórias que teve.
- Pequenas vitórias não trazem grande comemoração. - eu dou de ombros
- Depende de quem você quer que comemore. Porque talvez pra você é uma grande comemoração.
- Você faz jornalismo mesmo?
- Sim. Por que? - ele sorriu
- Seu jeito...
- São experiências da vida e observações.
- Queria ter esse olhar.
- Com tempo aprende, mas se tiver alguém do lado para te ajudar melhor ainda.
- Parece minha tia dizendo que eu deveria tentar conhecer um psicologo.
- Concordo com ela.
- Você realmente é o Lucas filho de Miguel e Sara e minha tia não te mandou aqui para falar disso?
- Sim. - ele riu - Você apenas falou o que sentia porque acredita que nunca mais irá me ver e isso fica mais fácil.
- Você pode estar certo.
- Sem querer ser invasivo, mas o que você tem?
- Só não estou bem há muito tempo, talvez eu nunca estive. - voltei a olhar para o céu
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