59- o recomeço
Se Rosa e sua breve memória distorcida se lembravam de algum momento de sua assombrosa e anormal adolescência com toda a certeza... ele valia a pena ser contado,então acomode-se meu caro leitor eu o levarei por um passeio pela velha Purks avenue,onde sonham valiam a pena serem vividos e cafés eram os melhores companheiros para se acompanhar as manchetes;
[Condado de Purks.1921]
Se o jazz clássico de Mr.Flok não te satisfazia,ou lhe tirarava calafrios após o agudo perfeito do solo de saxofone sem sombra de dúvidas o velho pub não era lugar para se ir,o lugar de salões espaçosos,mesas redondas,e o mais bonito e caro candelabro que um ambiente como um bup da alta classe poderia pagar com uma pechincha de sua fortuna,o cheiro ludibre do vinho tinto a fragrância doce do incenso a se tonar parafina sobre o centro da enorme e disputada mesa do primeiro piso.
Uma garota tímida era engolida pela escuridão dos cantos sombrios do lugar onde a luz cegante dos holofotes do palco não chegavam,rodopiava os dedos sobre uma mecha fina de seus cabelos cacheados,o tédio recaia em suas pálpebras,a longa apresentação de jazz e ballet clássico já a haviam intediado.
Tomou alguns goles de seu vinho,queimando a ponta dos dedos no frio dolorido do cristal da taça,respirou fundo uma...duas...três vezes no total para que pudesse afastar o mal humor,devolveu a taça ao Centro e cruzou ambos os braços em seu colo,uma mulher mais velha de cabelos semi grisalhos surgiu de um corredor distante de luzes vermelhas e quadros exagerados de pintores dos séculos passados,se cruzarem o pequeno sofá em L veriam o famoso noite estrelada exposto a cima de uma mesinha de sala;
- ah aí está você!- sorriu largo;
- mater!- sorriu antes que saltasse da cadeira e se agarrasse aos ombros largos da mais velha;
- como cresceu - afastou a garota para que pudesse ver seu rosto e seu belo par de joias- esta tão grande... olhe para você,andando por ai com perolas,com vestidos caros!
- com a mesma rosa no cabelo- tocou o infeite sobre o cabelo da mãe;
- ela fica muito melhor em você!- sorriu largo,orgulhosa de sua antiga pequena garotinha,tão talentosa,estavam a tanto tempo sem se ver;
- bobagem- -mas me conte,como tem estado?
- muito bem,juntando minhas economias!
- ainda vivendo naquela espelunca?- torceu os lábios,ela não era capaz de entender como sua jovem filha estava juntando dinheiro e ainda morava em um buraco raso,como aquele logo atrás de um decadente e barulhento bar;
- é um chalé!-sorriu amarelo- e também é o que posso pagar por hora!
- deveria vir morar comigo....- seus olhos ascenderam em um brilho profundo- a casa está muito quieta agora que Miranda partiu!
- eu queria poder dizer que sim...mas,eu não posso- respirou fundo se ajeitando em um banco estreito no canto sem luz;
- sei que quer a sua liberdade Rosa,mas não precisa esquecer sua família para isso,não é isso que nós fazemos....
- bruxos não deixam ninguém para trás....- entre sorriu- eu sei!
- isso!
- eu preciso de tempo,eu quero descobri o meu lugar,e não quero que as pessoas me digam onde ele devia ser!-
- tudo bem,mas minha casa sempre estara de portas abertas para você
- obrigada!
...
A lua estava na mais belas das fases a lua nascente um ciclo encerra para que outro comece,a morte e a vida,a vinda e partida,o começo e o fim,a alegria e tristeza,tudo tem um final,por mais inacreditável que pareça,eu mesma caminhei nas constelações,senti os grãos de poeira de cada pedaço de Marte,pousei na lua e peguei caronas em cometas e asteróides,porque é isso que somos afinal um universo inteiro dentro de outro inexplicavelmente maior e mais misterioso,sem um ponto de partida mas com toda a certeza com um final;
Celeste encostou a porta com o pé,deslizou sobre o assoalho quase flutuando sob ele,a cortina transparente de tons que iam do azul marinho ao prata desbotado chacoalhava insistentemente,observou a lua calada com um sorriso leve e admirado nos lábios;
- sobre o que está pensando?- sussurou ao pé de seu ouvido;
- em nada,não penso sobre nada mais,apenos estou aproveitando os nossos últimos dias aqui,antes que eu tenha que voltar para casa!- se virou debruçando sua cabeça contra o ombro de Hades:
-está com medo de alguém dizer alguma coisa?-ergue a sombrancelha-pq eu vou me assegurar de que eles fiquem de boca fechada!
- eu sei que vou ser massacrada,não tente fingir quer não sabe disso- remexeu os labios,a grosseria podia ser por conta dos hormonios,ou pelo menos Hades preferia acreditar nisso;
- eu sei,eu sei!- ela lhe deu uma olhadela,seus olhos estavam meio molhados,as noites eram o seu único momento a sós com suas vozes interiores para discutir sobre a chegada do bebê,o bebê que com toda a certeza não seria bem visto naquele lugar:
- não ligo para o que vão achar!,Eu não dou a mínima para o que um bando de pessoas acham sobre mim,ou você,ou ele- encarou as curvas da barriga arredondada;
- eu costumava ser o grosseiro aqui!- ele a encarou de soslaio apenas para ve-la murmurar xingamentos contra ele- mas,vc sabe que estamos juntos nessa,só nós 3
- eu só quero que ele tenha uma vida normal,não quero meter ele na onde enfiei o Remu,eu imagino uma vida mais reservada por agora- tocou o pé da barriga como se pensasse em acaricia-la mas desistindo de última hora
- vamos fazer o melhor pra isso- acentiu segurando sua mão;
- penso que seria melhor se eu ficasse fora por um tempo,até que o bebê esteja seguro!
- nem pensar,é meu filho também,não vai decidir isso sozinha- Ela examinou a visível insatisfação no olhar do homem,o jeito em que seus lábios tremeram e suas mãos cederam um pouco;
- é uma sugestão viável- sussurou;
- é egoísmo- ele se afastou cabisbaixo;
- não sou egoísta,estou insegura,posso agir como alguém que se sente assim?
- eu só quero cuidar de você,confia em mim?-levou a mão ao queixo;
-confio!- ele a puxou para um abraço enquanto beijada sua testa dezenas de vezes;
- vamos dar um jeito nisso,juntos,não vai ir a lugar nenhum com o Greco Júnior!
- Greco Júnior?- arqueou a sobrancelha esquerda e soltou uma gargalhada boba,ninguém ao certo sabia quando o rei do submundo havia virado um pai sentimental,mas ele claramente se tornou um,com todo seu mal humor e seu coração obscuro,ainda sim havia um ser a ser amado e que amava tbm
- não podemos chamar de ele,ou ela!- retrucou;
- e nem de Greco Júnior,é patético!- se emburrou;
- não é patético,é adorável!- cruzou os braços fazendo birra;
- e que tal apenas chamarmos de bebê?-sugeriu;
- precisamos de um nome,um bom nome
- Eu pensei em Arlo!- entre sorriu;
- Arlo?,igual o Arlo Wolfensbergh?- Esse foi um dos piores,Arlo foi o co-fundador do exército das sombras,os monges agradáveis dados aos Skysons anos mais tarde,Irá e Arlo eram amigos de longa data,eu diria que tinham interesses em comum,mas era pura mentira,apenas mantinham interesses sádicos;
- não,igual o meu avô- sua voz suou como uma ponta de gelo próxima de rasgar seu coração;
- e que tal Hadriel?- falou com um sorisso estúpido nos lábios;
- igual algum guerreiro grego?- ela ri;
- quem sabe!- deu de ombros;
- e se tivermos uma garota?- seus olhos o encaram sorrir em direção a janela como se imaginasse um futuro logo ali ao lado de fora;
- existem muitas deusas no Olimpo,Hera,Afrodite....-sua respiração fez uma pausa brusca-Perséfone
- a sua esposa...- ela ri abertamente com um ar de decepção por ouvi -lo dizer aquela frase;
- você sabe muito bem que a culpa é do Eros!- quase cuspiu;
- mas foi da sua boca que saiu o sim-Celestine se inclinou para trás vitoriosa;
- Eu era jovem e de coração partido,é uma fusão bem catastrófica!- esclarece ele saindo calmante do quarto;
Algumas horas depois...
Rosa estava sorridente próxima ao jardim,com um par de agulhas em mãos terminando um de seus bordados,esse era um belo par de canários com alguns lírios em volta,era um de seus melhores trabalhados deis de que recomeçou a bordar,sua mão ainda tremia um pouco por conta de um acidente com alguns estilhaços,mas estava esplêndido;
- o que foi criança?- Rosa encontra aqueles olhos expressivos a olhando de longe;
-bordando?- se aproxima se sentando sobre a grade;
- foi por isso que veio me ver?- ela aperta os dedos;
- não,não foi- Hades tenta desviar dos olhares meio diabólicos da madame;
- o que aconteceu?- pareceu preocupada;
- eu e Celeste,estamos discutindo sobre o bebê,sobre o nosso filho- seus olhos estão lutando contra seu coração para não chorar,estava sentimental;
- é complicado,criar um ser é uma tarefa difícil,mas vocês dão conta- seu olhar cai em direção a Hades que está seríssimo a observando agarrada a suas linhas;
- eu já não tenho tanta certeza- ele respira fundo;
- tem um coração de ouro em baixo desse monte de tecido preto da sua jaqueta,eu sei que não é a pessoa mais confiável que já conheci,mas não está nem perto de ser o pior,já é um pai,tem as suas crianças,elas te idolatram Hades,principalmente o Remu-Ela movesse rapidamente cortando a linha solta do fim da imagem-é um pai pra ele
- teve filhos?,sempre me pergunto sobre isso- as palavras soaram doce,ele não queria chatea-la,apenas queria saber se haveriam outras bruxas talentosas como Rosa algum dia-eu e você somos tão velhos!,e não temos ninguém,não criamos famílias,ou nos apaixonamos,por que?
- não....não tenho filhos- sua respiração pesou um pouco- Hades nós somos seres eternos,não a muitos como nós,nossas paixões são mortais,assim como Berta,e assim como sei que ela não vai viver pra sempre- Encarou Morgan acertar em cheio o alvo no arco e flecha- e Celeste também terá que partir,é assim que somos Hades,e não podemos correr do destino!
- enquanto ao bebê,ele vai ser mortal?- arqueja tentando segurar o mal estar que subiu a sua garganta;
- eu receio que não,é um semi Deus,terá a imortalidade do pai,mas sempre a uma chance,não é grande,mas é possível- ela entrelaça as mãos junto a dele- mas torcemos pelo melhor
- obrigada Rosa!- ele se inclina,baixa o tom,e então a abraça,a cabeça da mulher estava uma bagunça e seus olhos uma confusão mas ela não recuou e o abraçou de volta;
- tenho um filho em você,é o meu garoto também!- ela segura seus ombros- pode vir até mim sempre que precisar!,não hesite em me chamar caso queira ajuda!
- você é uma mãe pra mim,é meio nova pra isso,mas obrigada Rosa!- ele toca suas bochechas e as acaricia antes de deixar a sala;
- então nós o adotamos?- Morgan sorri largando os sapatos sujos de terra e folhagem no primeiro degrau;
- sim,ele e Celeste merecem o apoio que dou a eles,são pais esforçados também,eu não saberia lidar com aquelas crianças!- um estranho tipo de sorisso aparece em sua face;
- eu vou fazer um chá para você!
- ei,obrigada por gastar o seu tempo comigo,não sei o que faria sem você!- sua voz é um sussuro cativante;
- desponha,minha vida é muito melhor quando a tenho para me enfiar em enrascada- seus dedos pousaram sobre os botões cintilantes da camisa de Rosa;
- obrigada mi lady por se sacrificar assim- ela a beija;
- eu já volto!
Na sala todos estavam aparentemente felizes,mas em especial Beatriz parecia entediada com Luther;
- então,meio que você curte essas paradas de armas?- gesticulava o tempo todo,ele era animado,muito divertido para alguém que mal saia de perto da mãe;
- é,Eu meio que curto- concordou impaciente;
- legal,E você é mesmo irmã deles?- apontou com o indicador em direção a Zyan que massageava Thalya e a Finn que apenas cantarolava algo;
- infelizmente,olha Luther,eu amo meus irmãos,mas a gente não cresceu junto,então eu prefiro não falar deles!- bufou;
- ta,tudo bem!- comprimiu os lábios;
- eu também não tenho contato com meus irmãos!- brincou com os polegares;
- não sabia que tinha irmãos!- o fitou;
- 2,a Helena e o Maxon eles... foram embora quando eu nasci!- tinha dor em seu tom de voz,uma melancolia que doia até mesmo em Bia;
- eu sinto muito por isso,irmãos são uma droga!- encarou o mais velho dos 3 rir de alguma coisa idiota envolvendo uma garota com quem havia estado;
- pelo menos tem ao Zyan!
- já disse que não quero falar sobre isso!- caminhou até um dos puffs cheios de almofadas e agarrou uma revista;
- Tá tudo bem Rosa?- Celeste perguntou caminhando em direção a morena com um pequeno par de taças em mãos;
- só,me lembrei de algo!- balançou as mãos como se isso fosse afastar seus pensamentos;
- posso saber sobre o que?- brincou;
- minha mãe,só isso!- agarrou as taçinhas;
- nunca me falou dela- se sentou próxima ao fogão vendo as labaredas brincarem;
- ela é muito arrogante,mas uma boa mulher,deu o melhor que pode para criar nós 8- fez um pequena pausa-pensei que deveria ligar pra ela agora que Vander fugiu e Circe morreu!
- sente falta de casa?,do lugar onde cresceu?-
- nem sempre,foi minha escolha vir pra Danvroud!
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