36-Madame Voodoo
Celeste advertia Hades a cada frase infeliz que saia de sua boca como quando ele a questionou se ela poderia se comunicar com um deles por controle da mente,e claro que Rosa apenas ria da situação com um bom humor invejável o qual poucos mantinham a aquela altura;
- não querido não posso controlar a mente de vocês,sou uma bruxa e não uma super heroina!- gargalhou agarrando a barra da saia,chorava e se contorcia de tanto gargalhar por conta do homem embreagado;
- e a Berta?,pode trazer ela de volta?- perguntou sério dessa vez abandonado o ar de superioridade e apenas sorrindo genuinamente assim que se lembrou da loira;
- não,infelizmente eu não posso trazer ela de volta,não em corpo!- todos se entre olharam,alguns mais confusos que os outros e se questionando sobre como ela faria isso,de fato era um mistério que a mesma guardava a sete chaves;
- e o que pretende fazer? trazer ela como uma assombração?- Hades disse em tom de deboche encarando Celeste de loslaio tomar alguns goles de seu chá já gelado de forma rápida por pouco não se engasgado,tentando não dar uma resposta grosseira,devolveu a xícara ao centro da mesa e masageu as têmporas em uma revirada de olhos;
- não!-Rosa balançou a cabeça em negação;
-ufa- Zyan soltou o ar que não sabia que estava mantendo em seus pulmões;
- vamos fazer uma sessão de regressão,assim iremos saber a quem devemos pendurar em uma forca ao entardecer- riu amarelo gritando por Jasmine,pobre moça não tinha um único segundo de paz;
- sim madame?- perguntou em tom melódico já cansada de varrer os grãos minúsculos de farinha espalhados pelo chão da cozinha;
- busque minhas vendas faremos uma sessão!- apontou para a porta de metal a poucos metros de sua poltrona de retalhos velhos,observava em silêncio os jovens de sua sala por trás do tecido leve de seu leque que era balançando a frente de seu rosto de forma misteriosa;
- vendas?,é uma sessão daquelas com mulheres semi nuas!- sorriu preguiçoso o homem jogando os cabelos para trás de uma forma sensual;
- nada de mulheres semi nuas na minha cabana!!!- exclamou a mulher o apontando o leque,o homem apenas recuou se debruçando no sofá e rindo da situação,Celestine não conseguiu segurar o riso;
- está tudo pronto madame voodoo- disse a estagiária secando as gotas de suor em sua testa;
- certo,espero que nenhum de você tenham problemas com fantasmas,as vezes eles costumam passar por aqui,ja disse para seguirem a luz mas eles nunca me ouvem- balançou a cabeça ao se lembrar das almas perdidas que costumava ajudar a achar a "paz eterna" se é que paz realmente era real e não apenas uma lenda para as pessoas se sentirem consoladas e de certas formas acolhidas pelos braços magros e gelidos da morte,se encararam boquiabertos,pobre Zyan mal parava de se agarrar a Thalya;
- vamos,eles não mordem,estão todos mortos!- respondeu em um sorriso largo os levando até uma sala escura,era um breu infinito,mal podiam ver quem estava a seu lado,um círculo de velas se ascendeu em volta a uma mesa antiga aparentemente feita na era vitoriana e conservada até então,uma fina camada de pó sobrevoou sobre o vento fresco do cômodo com um simples sopro de Madame Rosa;
- nós dem um minuto- Hades apontou o dedo indicador na cara de madame voodoo, arrastou Celeste cambaleando quarto a fora a levando até um minúsculo Jardim ao lado exterior da casa;
- acredita nessa mulher?- a encarou nos olhos,se perguntava realmente o motivo de terem vindo até aquele lugar velho;
- acredito- afirmou com convicção;
- e se essa for nossa última chance?,e se pudermos concertar nosso erros?- perguntou a Hades que cruzou os braços e revirou sutilmente os olhos tentando não despaonta-la com seus pensamentos ruins por conta do alcool;
- e se não for?- sorriu sinico;
- mas e se for?... o que faremos?- arquiou as sobrancelhas e encarou a sala pela porta de vidro- e se pudermos concertar isso?
- não dá pra concertar!- comprimiu os lábios em linha fina,pela primeira vez em semanas Hades estava receoso,estava quieto e menos expressivo do que nunca;
- o que?,Hades.. o que está acontecendo?- o pressionou contra a parede,O sufocou com perguntas e o dez se sentir inferior por conta de sua postura de autoritariedade;
- nada,é só...- sorriu fraco e respirou fundo,limpou o resto de pensamentos ruins que lhe restava e deu alguns passos afundando sobre a neve;
- pode contar pra mim,somos amigos não é?- e novamente havia uma cicatriz em seu coração envelhecido que se estendia,o peito doia a cada vez que se recusava a aceitar a ajuda de Celeste,mas não podia dizer a ela,não podia dizer que a amava,ele não podia imaginar como ela reagiria e isso o assustava,era insuportável de se imaginar ele a deixando caso ele a dissesse O pensamento que o assombrava deis de o baile;
- não é nada,não se preocupe Cele- encarou o sol apagado sobre suas cabeças,e então se tocou do que havia falado arregalando os olhos em direção a mulher de cabelos prata,os mesmos quais se ascendiam como farol emitindo um brilho único;
- me chamou de Cele?- perguntou em um sorriso largo e um tom se voz doce,seus olhos brilharam como a noite mais estrelada do ano,sua pupila ganhava formato de uma lua cheia,se destrairam tanto que mal notaram a presença de Rosa os encarando sorrir sem jeito um para o outro da porta;
- vão ficar de conversa fiada e sorrisos bobos ou irão tomar uma atitude quanto a isso?- os questionou cruzando os braços e fazendo biquinho,não apenas donas dos mais fortes encantos e mandingas da região,não era uma simples leitora de futuros ou detetives de passados,sua função não era apenas ajudar aqueles que querem ajuda ou guiar os mortos até o outro lado,nas horas vagas ela única casais,ela seria uma ótima casamenteira caso acreditasse que duas pessoas se amaram tanto ao ponto de aceitarem se unir uns aos outros para sempre;
- já estávamos indo!- Celestine voltou para a mesa sentindo seu rosto arder ao corar cada vez mais, se sentou ao lado de Eliza que admirava um elfo mal humorado de roupas velhas varrer uma estante de livros que já degradavam com o tempo;
- o que são?- franziu a testa encarando Celeste acariciar o rosto ardente;
- elfos domésticos,ajudantes de limpeza como os prefiro chamar,ajudam seus donos em tudo que precisarem,Grande parte deles mantém uma relação de amo e mestre com seus respectivos senhores,servem uma família pela vida toda- pigareou ao final da frase sentindo um nó estraçalhar suas cordas vocais,o homem se sentou ao seu lado direito,sem expressão apenas observando em silêncio uma chama baixa dançar sobre a mesa,sacudir a um ritmo cronometrado de uma valsa muda,o fogo tomou a forma de uma pequena mulher a qual ele encarava vidrado sem piscar ou tirar vantagem como faria normalmente,apenas suspirava profundo,a mulher cedeu caiu sobre a mesa e seu corpo se transformou em cinza.
Celestine encarou o homem esfregar os olhos com força e soltar um gemido quase silencioso de prazer,o encarou corar de vergonha ao notar que ela o fitava de sua cadeira;
- vamos começar,amarrem bem suas vendas não deixem que alguém as arranque!- o elfo se retirou educadamente,não era bem vindo a nenhuma sessão,seria punido ou mandado embora caso desrespeita-se as regras da casa de Rosa.
E a punição para um elfo de seu porte variavam entre a forca ou ao apedrejamento em praça pública;
- o que acontece se elas caírem?- a morena interferiu curiosa,Thalya devorava a biblioteca,tomava os livros na calada da noite e os fazia seus melhores amigos em seus piores momentos de solidão,havia decorado quase todos os livros sobre feitiços,poções e seres mágicos,mas jamais havia estudado sobre a prática do espiritismo,por mais que ela se sentisse de certa forma atraída por sua curiosidade tentadora;
- se as vendas caírem... talvez não consigam retornar ao nosso mundo e teremos que partir para rituais de troca com alguma alma,e nem sempre elas estão dispostas a fazerem o bem!- todos encararam as vendas sobre suas mãos,o tecido de ceda fino em um tom negro,pensaram sobre os riscos,traçaram planos e ideias casos fosse necessário um ritual para traze-los de volta,Finn socou a mesa acordando todos de um transe,as lágrimas caiam sobre a mesa,percorriam a madeira velha e destacavam seu tom de vermelho sangue que passava despercebida;
- eu não posso fazer isso!- seu nariz quase perfeito e bolsas de olheira ganharam uma cor vermelha suave destacando mais sua expressão esterica de tristeza,a parte de cima de seus dedos pareciam ter sido esfoladas por algo,tremia e chorava compulsivamente em negação,era devorado e mastigado pelo monstro que nomeamos desespero,se contorcia e gemia de dor enquanto todos o encarava entrar em um ataque de pânico,Jasmine gentilmente o levou para a sala.
- vamos continuar!- estendeu as mãos para Hades e Thalya que mantinham uma expressão petrificada mas logo seguraram a mão das pessoas em suas voltas,um círculo estava formado naquela pequena sala,as vendas estavam firmes presas em suas cabeças;
- respirem fundo...- todos a obedeceram,um ar quente se fez ao redor do cômodo- agora tentem imaginar um lugar,um jardim ou uma casa inteiramente branca!
Uma casinha se materializava na imaginação de Celeste,sua antiga casa a que havia sido demolida a alguns anos,a com parede brancas e piso de mármore,ela se imaginava descendo novamente a escada,sentindo a madeira do corrimão,podendo ouvri a voz de sua mãe e de seu pai,vendo a pequena irmã correr pela casa,sentindo Selene a seguir pelos degrais;
- agora caminhem para a luz depois da porta branca,imaginem uma enorme porta branca- Zyan se respirou fundo,havia pensando em sua casa,a mansão da família Nightmar,a sua mãe sentada como sempre a sua poltrona,seu pai em seu jardim de rosas,Finn em cima da árvore do jardim,a jovem Beatriz sobre as costas do cão da família,Sua irmã River o observando com um sorriso de tirar o fôlego,ele não queria se depedirr deles denovo,ele queria abraça-lo,se desculpar,sentir o perfume de lírio de sua mãe,brincar no jardim com Edin seu cachorro de caça que era seu melhor amigo.
Fechou os olhos,chorou em silêncio observando a imagem do lugar se desfazer,voar em forma de cinzas,e antes que tudo acabasse denovo abraçou sua mãe pela última vez;
- eu sinto muito- susurou em seu ouvido;
- tudo bem querido,tá tudo bem!- acariciou seus cabelos escuros,o toque macio de sua mãe,como aquilo fazia falta,como doia não poder sentir aquilo todos os dias,trocaria tudo na vida para poder sentir aquele olhar encantador e seu sorriso meigo mais uma vez,mas nai podia,sua mãe desapareceu como todos os outros,secou as lagrimas com as mangas da jaqueta que usava em seus sonhos,a velha jaqueta de seu avô,a jaqueta do exército a qual ele serviu a vida toda,o neto a mantinha como uma peça de valor sentimental,mas sentia orgulho em saber que seu antepassado havia colaborado para que as pessoas pudessem manter suas casas e famílias,um homem que desconhecia o amor e lutava para que as pessoas pudessem um dia conhecer o que faltou a ele;
- Zyan?- uma voz rouca tomou seus ouvidos,se virou em um pulo encarando o rosto alegre de uma garota;
- Luz?- sorriu largo a rodopiando pelo ar,novamente estava partido;
- como cresceu!- assentiu observando o garoto alto de cabelos longos e ondulados,era bem diferente da criança que havia sido aos 8 anos,não era mais tão magro ou pálido,e passava longe de vestir roupas de grife ou sapatos de couro,parecia mais simples e alegre do que nunca havia sido;
- e você não mudou nada!- segurou seu rosto pálido,seu toque de gelo,seus olhos profundos sem cor,uma imensidão de branco e prata brilhante inexplicável,sua pele estava tão gelada quanto antes,Luz havia morrido a 6 anos,Zyan nunca aceitou sua perda,talvez mesmo que um dia dissemos que aceitamos a perda de um ente nós seremos realmente capazes de entender a perda,não é apenas uma tristeza é uma história são momentos e emoções das quais talvez nunca sentiremos novamente.
Alguns acreditam que a morte é o final,é o que acontece quando completamos nossa missão de vida e partimos para um descanso eterno,alguns como eu vem por outra perspectiva,como um recomeço,como uma nova história a ser escrita,nunca deixaremos aquele que nos amam porque eles nunca se esquecerão de nós e assim habitaremos seus sonhos enquanto seus corações baterem por nós, para sempre os protegendo e guiando os ajudando a traçar seus destinos para que um dia possamos nos encontrar do outro lado,a perda é um ganho para aqueles que entendem que morrer não é sofrimento e sim paz,então corações em luto se apeguem as lembranças e as guarde sobre o coração,seque as lagrimas e viva mais do que antes,a vida é única mais as possibilidades são infinitas.
Ele a libertou soltou seus cabelos loiros seu rosto pálido e a deixou partir,sabia que estava em boas mãos,sabia que estava segura e por isso a deixou voar,não era uma despedida ela estava com ele ali para sempre em seu coração;
- agora passem pela porta,vamos procurar por Berta..- todos se imaginavam cruzando a porta,Thalya ouvia o som da maçaneta,sentia o braço de seu tia se soltar de seu ombro;
- vai me deixar denovo querida?- sorriu melódica tentando não chorar,a garota a olhou,sentiu suas mãos a acolher novamente,aquele toque do qual sentia falta,a tanto anos que não o sentia,era o que seu peito desejava sentir novamente por mais que seu lado emocional lutasse para convence-la que talvez tudo aquilo poderia acontecer se ela voltasse para casa,seu lado racional a alertava que era só um sonho!,um cheiro forte de chá tomou a sala,uma sensação de paz os preenchia,os tomava e os levava ao topo de seus pensamentos,aflorava seus sentimentos restando apenas lastimas por abandonarem aqueles que já haviam partido,a dor de certa forma parecia piorar,estraçalhar e arrancar uma parte de cada um.
Era o luto o pior inimigo daqueles que escolhem sentir,daqueles que escolhem amar e precisam lidar com suas perdas,é um monstro silencioso a qual todos sentirão um dia de um modo ou outro,não tenha medo se um dia ele encontrar você o agradeça pela amarga visita e o arremese pela porta da frente,tranque as porta dos pensamentos ruins e se deixe voltar a sentir algo além de dor,não deixe que ele te consuma,não deixe que coisas ruins lhe afete de forma que você não possa controla-la,porque isso irá te destruir se você permitir que ela fique,levará sua saciedade e lhe deixar para morrer se sufocando em sua própria armadilha de angústia;
- Berta se estiver nessa sala pesso que se manifeste,nos ajude a decifrar sua carta,nos leve ao seu passado e nos deixe saber o motivo de sua dor para que possamos ajudá-la...- o solo tremia,as cadeiras chacoalhavam e pareciam flutuar se desprendendo do chão,a mesa batia contra os joelhos de todos ali presentes,os livros saltavam para longe das prateleiras ao seu redor,poções eram arremessadas nas paredes,e havia um cheiro doce e enjoativo de perfume no ar,um ar frio adetrava o quarto,os faziam tremer,seus dedos e narizes viravam gelo,nem mesmo o casaco de Eliza a empedia de sentir o frio extremo do local,madame retirou a venda era a única que poderia fazer tal ato,lidava com esse tipo de coisa a mais de 30 anos e sempre sabia o que fazer.
Revirou os olhos como se alguém tomasse seu lugar,havia apenas um branco cintilante suas pupilas haviam desaparecido o tom de Citrino em seus olhos também já não o habitavam mais,respirava com tanta força que um som agonizante fez todos fazerem uma expressão de desconforto,suas mãos tremiam,e seu peito era sufocado,saltou para frente em um impacto,Jasmine abriu a sala,não havia ninguém ali,não haviam livros no chão ou poções nas paredes de estampas florais,nem mesmo a mesa estava mais ali,o grupo havia sumido sem deixar vestígios,isso não costumava acontecer com muita frequência,a jovem apenas fechou a porta e voltou a chaleira sobre o fogão,sabia a bronca que tomaria caso entrasse na sala sem a permissão de Rosa;
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