CAPÍTULO 8: Tremor na Vila dos Anões
PARTE 1:
Naquela noite, a Vila dos Anões estava mais pacata do que nunca. As pequenas casas de madeira, as baixas janelas em formato redondo onde cada casa possuía pelo menos duas destas.
A Vila não era murada. Poucos recursos e simples ao extremo. Já foi alagada três vezes na história com as chuvas da Era Pré-Reino, mas há anos que isto não acontece. Mesmo sendo bem pequena e todos os moradores sendo conhecidos entre si, aquele local guardava não só um grande mistério e história, como guardava uma arma histórica.
Os aldeões pouco comentavam a respeito daquele objeto. Era um segredo até para eles. Os Anões, como todos sabem, são grandes forjadores de armas e objetos, mas poucos andavam armados na Vila, pois não havia necessidade, de fato. Era muito calma, bela e sossegada. Pouquíssimo agitada.
O local era regido por Gimnáin, o Rei Anão. Um robusto homem de pouco mais de 1,36 metros. Este sim, sempre andava armado com um machado de pele de lobo. Acinzentado e muito poderoso. Gimnáin era um pouco diferente dos Anões comuns, pois não utilizava sua barba grande como todos os outros. Era bem aparada, até, mas possuía um belíssimo cavanhaque cor de mel. Sua armadura, prateada e bem velha, mas ele se recusa a trocar, pois gosta de exibir seus rasgos de batalha. Reza a lenda, que Gimnáin jamais perdeu uma batalha. Um grande guerreiro respeitado por todos os Anões. Sua esposa, era a loira Nätaf, que curiosamente, media a mesma altura que seu marido.
Gimnáin vivia na humilde central da Vila. Muito simples, mas se destacava das demais casinhas do ambiente. O Rei gostava de chamar a atenção e em sua casa, não era diferente. Na lateral direita, havia um enorme chifre de madeira pregado, onde muitos Anões subiam para ver o pôr do sol.
Ele e Nätaf tiveram três filhos: Argdáin, Náingril e Drilgim. O terceiro, embora não seja fruto do relacionamento entre os dois, foi encontrado nas florestas e cuidado por Gimnáin.
Argdáin era o mais velho. O mais próximo a Gimnáin e aprendeu tudo que sabe em batalha com o Rei. Um pouco mais alto que o pai, trajava uma armadura caramelo com uma capa vermelha nas costas. Seu chapéu continha dois chifres, diferente do de seu pai. Era o mais bravo entre os três. Sua barba era tão grande, que se arrastava pelo chão. Segundo conta sua mãe, ela mesmo cortou enquanto o filho dormia.
Náingril, o filho do meio. Carrega uma belíssima barba muito bem cuidada na cor de mel mas poucos cabelos na parte de cima. Também gosta de usar uma leve capa vermelha nas costas e sua armadura caramelada tem detalhes na cor prateada.
Drilgim é o mais alto dos três. Um Anão negado pela sua família e deixado na floresta. Por sorte, encontrado pelo Rei. Grande ser-humano que é, Gimnáin o levou para a Vila e cuidou por toda sua vida. Até os dias atuais, não se sabe quem é seu pai e mãe. Tem cabelo na cor castanho-claro. Uma grandíssima barbicha e é o único dos três que não veste capa. Nunca foi muito fã de batalhas, mas se precisar defender seus 'familiares', dará sua vida por eles.
Gimnáin sabia de algumas criaturas obscuras vagando por aí, e por isso pediu que seu filho mais velho saísse da Vila para observar a situação por fora da Vila. Embora soubesse dos eventos, Gimnáin não fazia ideia que havia um mago solto no pedaço.
PARTE 2: Fal e mais um grupo de cerca de cinquenta e cinco Orcs saíram em busca da Vila.
Os Orcs sabiam os locais do Reino e Fal, não. O mago viveu praticamente toda sua vida privada pelo cuidado do Conselho. Os Orcs estavam pouco armados, é verdade. Mas era o suficiente para matar gente inocente. Suas armaduras cinzas bem gastas, pequenos capacetes pretos e suas curtas espadas. Pessoalmente, eles tinham fome de matar, violentos e bem organizados militarmente falando.
Fal e seu grupo caminhou por um dia até chegar à Vila. Mais atrás, Gazel os acompanhava das sombras. Embora pouco atuante, um Elfo Negro tem extremo poderio.
Os Orcs conversavam entre si durante a caminhada e Fal os seguia de trás. Algumas horas seguintes e o grupo avistou a pequena porteira de madeira e uma espécie de guarita, que para o azar dos Anões, estava vazia.
— Meu senhor, não há ninguém. Podemos entrar botando para quebrar com os Anões! - gritou um dos Orcs.
Fal caminhou lentamente enquanto os Orcs abriam espaço para ele. Surge um Anão saindo das árvores com uma simples armadura de proteção. Provavelmente o chefe da guarita. Quando notou a quantidade de Orcs, tratou de puxar uma faca e arremessar em Fal, que segurou-a com os dedos.
— Que diabos, o que Orcs fazem aqui!? - Exclamava
Fal o pediu serenamente. — Abra o portão, gostaríamos de entrar.
O anão negou a ordem.
De trás, Gazel comentava consigo mesmo. — Piedoso demais. Não iremos a lugar algum assim. O Elfo Negro, sapiente que é, havia alertado um dos Orcs que era para matar. Assim, o anão foi assassinado por uma machadada vindo de trás.
Fal ergueu seu punho esquerdo e puxou o Orc para a frente sozinho. — Nós não matamos pessoas assim. O mago quebrou o pescoço com suas próprias mãos. — Vamos.
Ele abriu o portão e entrou com seu grupo. Os cidadães pararam o que estavam fazendo, ninguém entendeu o que era aquilo. Um silêncio profundo, até o primeiro anão gritar. — Orcs Orcs! Invasão!
Fal usou o cajado e silenciou o anão falante. — Sem mais gritos por aqui.
O mago seguiu caminhando em direção a residência central do Rei. Os Orcs seguiram atrás e Gazel observava de cima e com grande distância.
A informação chegou ao Rei, e Gimnáin tratou o assunto como uma invasão. Bem claro, ordenou que os Anões atacassem os invasores.
Fal percebeu a mudança de movimentos e só aí deu carta branca para matar. Muitos Anões foram mortos pelas costas. Os Orcs matavam sem pena e partiram para a destruição total do vilarejo. Fal caminhava pacificamente como se houvesse uma força gravitacional em sua frente. Nada o acertava.
Alguns Orcs foram mortos pelo caminho, tal qual outros Anões. Andou por cinco minutos até chegar ao local de destino. Fal pediu aos dois guardas que chamassem o Rei.
— Invasor! - gritos dos guardas que partiram para cima de Fal. A defesa do mago foi básica, controlou com seu cajado, puxando três Orcs para sua frente, foram golpeados e mortos pelos dois guardas.
Fal já estava frente a frente com o portão que o separava do Rei. Ele empurrou a porta e entrou. Uma sala de tamanho médio, um tapete grená, quatro janelas com pinturas antigas e duas velas. Ao centro, a cadeira marrom brilhante onde Gimnáin estava sentado.
— Você tem algo que me pertence. - Foram as primeiras palavras de Fal na sala.
Gimnáin puxou uma espada e apontou para o invasor. — Você morreu há anos. O que faz aqui?
Fal não entendeu da primeira vez, mas raciocinou melhor e entendeu o que o Rei Anão quis dizer. Se referia ao seu pai, dada a semelhança física e as mesmas roupas. A única diferença, era a cor loira dos cabelos, que aos poucos escurecia.
— Não sou quem você pensa e não tenho tempo para conversar. Dê-me o Martelo.
Gimnáin arremessou sua espada na cabeça de Fal, que precisou se esquivar. Neste período, o Rei Anão já estaria dominando o Martelo. Uma velocidade absurda. Fal quando voltou a olhar para frente, já tomara uma cabeçada do Rei Anão com seu capacete.
Sangue pingando da testa, Fal estava ferido como poucas vezes foi em sua vida. Ergueu seu cajado e conjurou uma força gravitacional que normalmente, arremessaria o Rei para longe, mas com o Martelo, Gimnáin tancou a magia e a devolveu. Fal fora arremessado numa das colunas da sala. Começara a chover e os trovões logo chegaram. O Rei Anão, sabia que não podia perder ali. Sua morte seria o fim completo dos Anões, pensava ele.
Fal estava embasbacado com sua posição. Estava atrás do placar e não se via revertendo o jogo. Tentou se manter distante do Martelo e fazer um combate de longa distância, mas o Rei Anão avançava sem parar.
Os dois trocaram golpes a curta distância, onde Fal saiu pior, mas conseguira golpear o Rei duas vezes e por um triz, não conseguiu desarmar Gimnáin.
— Você não vai sair daqui vivo, Mesgarth! Desista, homem!
Fal sorriu levemente enquanto descia sangue do seu lábio. Ele estava agachado em seu joelho, mas ergueu-se com seu cajado.
Nenhum deles havia notado, mas Gazel já estava dentro da sala. Entrou como uma sombra e só estava esperando a hora para dar o bote.
Fal falhou em mais um ataque, recebeu outra cabeçada do Rei, que posicionou o Martelo para acabar de vez com o confronto.
É nesta hora que Gazel atravessa a armadura do Rei Anão com sua espada pelas costas. O sangue do Rei pingara na frente de Fal, que nitidamente raivoso ficou.
— Sorrateiro, maldito. - Sua voz já frágil enquanto lentamente ia ao chão. O Rei estava morto. O Martelo, soltou-se de sua mão e ao cair no chão, estremeceu-o, rachando-o inteiro.
Gazel retirou sua espada acinzentada repleta de magia negra. — Primeiro objetivo concluído.
Fal não gostou da intromissão do Elfo Negro. — Não pedi sua ajuda. — Você está longe do que acha ser, senhor. Se não fosse por mim, estaria morto neste chão. Não precisa agradecer, mas abaixe sua arrogância. - Gazel simplesmente tirou o mago para nada com extrema frieza. Ele se retirou do local como entrou. Num passe de mágica.
Fal ajeitou seu cajado na roupa e ergueu o Martelo. Ele saiu pela porta, enquanto o cenário era completamente destruído. Muitos Anões e Orcs mortos. Fal caminhou entre os corpos, enquanto os Anões vivos ficaram estarrecidos ao ver o mago ensanguentado e com o Martelo de seu Rei na mão. Obviamente as coisas tinham saído do controle.
Poucos Orcs sobreviveram e saíram junto a Fal pela porteira da frente. Na Vila, muitos corpos no chão, mas nem todos. Dezenas de casas foram ao chão. A mulher de Gimnáin, estava viva e muito ferida. Os dois filhos, Náingril e Drilgim se defenderam bem, mas não foram o suficiente para evitar a tragédia. Argdáin chegaria a Vila mais tarde e encontraria sua morada devastada.
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