CAPÍTULO 5: O recruta bêbado


  Brasberic estava em repouso. No dia seguinte, Elthenkai acordaria cedo. O delicioso sol da manhã já cairia sobre as florestas. Elthenkai havia deixado o aviso no Conselho: "Aos amigos, estarei, conforme avisado antes, indo corrigir meus erros do passado. Peço que não tenha intervenção da parte de vocês. Irei recrutar membros e seguirei para a correção final."

  Os magos ali, fecharam o pergaminho com o recado deixado por Elthenkai sobre o balcão do Conselho. 

  Elthenkai havia partido com seu cavalo, Perkiel. Um enorme galopante cor de mel. Forte e robusto. Seria bem mais rápido com seu velho conhecido de guerra do que caminhar aos pés.

  — De volta, meu amigo. Vamos, vamos! Há quanto tempo não nos víamos! - Dizia o mago ao seu belíssimo animal.

  Elthenkai cavalgou durante um bom tempo. Sob chuva e sol. Frio e calor. Parou por três horas para descansar. Perkiel bebeu das águas do oceano para se revigorar. O mago alimentou seu animal com o que tinha naquele instante. Muitas beladonas.

  — Ele só pode estar lá. Aquela velha taverna escondida sob o bosque. Elthenkai já estava ciente de quem iria buscar primeiro e onde a pessoa estaria.

  Ele montou em Perkiel e percorreu mais um dia intensamente. Algo iria abalar os olhos do Mago. Ao fim da tarde, sentiu um cheiro desagradável vindo das árvores. Elthenkai se aproximou e quando percebeu, viu uma imagem perturbadora: um Corrompido devorando um Guarda. Elthenkai pensou consigo mesmo. — Esse tipo de criatura maligna não deveria estar andando por aqui nesse período de ciclo e ainda mais quando a noite ainda não chegou. 

  Elthenkai puxou seu cajado, mas a criatura das trevas arremessou sua língua úmida, segurando o punho do mago. Perkiel ficou louco.

  Bobo é quem pensa que um grande mago só vive de seu cajado. Elthenkai foi mais rápido que o contra-ataque da criatura. 

  Puxou uma pequena adaga dourada com o outro punho e decepou a língua da criatura, que urrava. Elthenkai enfim posicionou seu cajado em combate, conjurando uma força gravitacional desproporcional, arremessando o Corrompido a milhas de distância.

  — Não estou tão enferrujado! - brincou ao alisar Perkiel. — Essas adagas deixadas pelo Prosne seriam de grande valia. Eu sabia!

  Elthenkai seguiu seu caminho, mas ainda assim, aquela questão martelava em sua cabeça. A presença de um corrompido ali não era obra do acaso. Tinha dedo de Fal naquela criatura.

  A respeito do Guarda que estava sendo comido, Elthenkai o colocou entre as árvores. Um Guarda de honra, com certeza gostaria de ser enterrado ou pelo menos ter sua morte junto a natureza que são tão devotos.

  Elthenkai subiu por um trecho de montanhas. — Vamos, Perkiel! Sem olhar para trás, meu amigo. Força!

  O mago desceu pela montanha em alta velocidade e já à noite, decidiu fazer um breve descanso. Recostou-se sob uma grande árvore e deixou cavalo à outra. Estariam seguros ali.

  O dia virou, e Elthenkai e seu cavalo prosseguiram. Era o dia do primeiro encontro. Ele cavalgou, cavalgou e cavalgou. Enfim estava para chegar.

  Após dias de cavalgada, o mago e seu cavalo chegaram ao destino! A Taverna mais frequentada e mais ocultada do Reino: O Covil dos Beberrões. Bem acanhada mas aconchegante. Era uma Taverna bem simples criada por Nicolau, o Bardo. O local tinha uma média bem boa de público, cerca de 14 por dia, mas eram basicamente as mesmas pessoas. O local, bem cuidado. Todo de madeira, um mini-balcão onde Nicolau ficava. Mesas redondas de madeira e pequenos bancos também de madeira. Na direita do balcão, a arma de Nicolau. Um pequeno violino que tocava sozinho sem parar e sem repetir as canções para os clientes. Um ambiente delicioso. Bem na entrada, havia a placa do local. Pequena e simples, para não chamar a atenção. Nas cores bege, uma grande caneca na cor preta com o nome do local em cinza. 

  Elthenkai passou pela cortina que separava a porta. Ele havia deixado Perkiel preso próximo ali. Ao entrar, viu além de Nicolau, cerca de nove pessoas. Todas com suas canecas cheias de bebida. Todos olharam desconfiados para ele, e ao fundo, um homem foi arremessado em cima do mago.

  — Você não vai comprar fiado por aqui, seu bêbado! - gritava Nicolau.

  Elthenkai segurou o sujeito que havia sido arremessado. Estava com uma jaqueta rasgada, cabelo sujo, completamente suado e fora de si. — Ora, não me diga.

  — É ELTHENKAI! O bêbado levou o mago para fora do local e o abraçou. — Amigo, quanto tempo! 

  Elthenkai se descolou do sujeito sujo. — Acalme-se homem. Está bêbado? Mas de novo nesta situação?

  Aquele era Tōnpo, amigo de Elthenkai de longa data. Além das sujeiras e o aspecto desagradável, era um homem que media 1,76. Bem forte, assim como sua personalidade. Ele era um Animago, e tinha como arma sua transfiguração para ter seu corpo meio homem-meio pantera. Força sobre-humana e velocidade estarrecedora para qualquer pessoa do Reino.

  — Esquece o Bardo! Ele quer meu dinheiro. Eu pago minhas dívidas, você sabe! - indagou Tōnpo. 

  — Eu preciso de sua ajuda. É isso. - Elthenkai já cortou a discussão e chegou ao ponto. — Não tenho condições, estou acabadiço, amigo. Sem chance. Não me transfiguro tem quase um ano.

  — Eu pago sua dívida. 

  — Oh! Diga a ordem e eu faço, caro! - exclamou o bêbado.

  Elthenkai ficou sabendo que seu amigo estava a dever cerca de 635 moedas ao Bardo. Indignado com a situação, Elthenkai entrou novamente na taverna e pagou a Nicolau. — Que não faça mais isso. - Pediu Elthenkai a Tōnpo.

  Tōnpo sacudiu a cabeça suja, arrumou sua jaqueta e fechou a calça que já estava a cair. — Qual a missão, velho? — Um velho aluno se perdeu para as sombras. Preciso trazê-lo de volta.

  A fisionomia de fracasso do Animago mudou. Parecia um homem sério, estufou seu peito e comentou a situação com frieza. — Aqueles que optam pelo outro lado não tem mais retorno.

  Elthenkai parecia devastado, pois no fundo, concordava com aquilo, mas não queria aceitar. — Eu sei. Mas se posso tentar mudar isso, irei até o fim.

  — Se é assim, então vamos lá. Te devo uma.

  Elthenkai montou em seu cavalo e Tōnpo pediu carona. — Pera lá! Quer que eu vá caminhando? — Você está podre, homem. Tome tento. — Então não posso lhe ajudar.

  — Vá...Suba, rápido! Espero que esse seu cheiro não mate o Perkiel.

  Elthenkai e Tōnpo partiram para o próximo ponto: As montanhas acima da Floresta Viva e a Fortaleza Elfica.

  

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