CAPÍTULO 3: Torre de Uklard
Após o embate, Fal seguiu pela direita, saiu pela Floresta Morta e definiu seu caminho: A Torre de Uklard.
Em seus lapsos, ele via a enorme Torre e rumou para lá. Ele não sabia exatamente onde era o local, mas por ser naturalmente conectado a Torre, ele sabia qual caminho seguir.
Foram horas de caminhada. A tarde já passava, a noite começava a chegar e a enorme lua já aparecia no céu. Fal caminhou por um longo tempo, passou por bosques, montanhas. Se feriu em espinhos, colheu frutas para continuar de pé. Tomou água dos oceanos, lavou seu rosto e seguiu em frente.
O ex-Mago do Conselho estava determinado em saber toda a verdade.
Depois de horas de caminhada. Suas pernas estavam exaustas, seu corpo já não correspondia 100%. Mas ele permaneceu de pé. Focado.
Fal, enfim, viu por cima das montanhas, a enorme Torre de suas memórias. Escura, já não tão cuidada como antes, mas estava lá. Enfraquecido, Fal recostou numa das árvores e cochilou.
Ele acordaria na parte da manhã. Mais revigorado do que antes, deu tapas para limpar suas vestes completamente sujas e desceu a montanha para chegar ao seu objetivo.
Ainda exaurido, ele continuou. Estava perto da verdade. Algumas florestas mortas o cercavam, mas nada mais abalaria aquele mago. Ele seguiu e enfim ficou cara a cara com a grande Torre. Muito danificada, com cor semelhante a um cinza escuro e completamente velha, Fal encarou-a por minutos. Sentiu uma presença por perto, mas não havia nada. Ele ergueu sua cabeça e passou pela grande porta em pedaços que o separava do local.
Ele atingira seu objetivo. Lá estava, dentro da grande Torre. Uma grande estrutura. Muitas teias de aranha, sujeira e um odor insuportável. Ele não havia ideia do que poderia estar ali dentro o esperando.
Fal subiu uma escadaria pelo canto direito, olhou por uma janela quebrada e só conseguiu notar um pequeno lago cercado por algumas montanhas, este lago era o O Lago de Hu'sa'd, que ele não fazia ideia do que era.
Seguindo pela escada, ela estava desconjuntada ao meio. Saltou, mas não encontrou nada. Sua única associação aquela Torre era ela ser figura presente em suas memórias.
— Não há nada e nem ninguém aqui...O que vim fazer nesse inferno? - Dizia para si mesmo.
Eis que das sombras, Fal tomba para trás da escada com uma misteriosa voz.
— Estive aguardando sua chegada, Senhor. - Uma figura de pele negra, cabelos cinzas longos, orelhas pontiagudas e um enorme roupão roxo com detalhes em vermelho. Seu rosto possuía uma cicatriz no olho esquerdo.
Atônito, Fal caminhou ao chão para trás. E a figura obscura descia as escadas com extrema calmaria. — Não seja tímido. Estamos no mesmo barco.
Fal assumira uma postura defensiva. Acuado e com medo. — Quem diabos é você!? - Exclamava.
— Pela sua fisionomia, deduzo que nunca viu um Elfo...Negro.
Agora ciente do que era aquela criatura, Fal ficou um pouco menos assustado, mas ainda temeroso.
— Está aqui em busca da verdade. Os mistérios ocultados encontram-se no subterrâneo desta Torre.
Fal ergueu-se do chão. Voltou a ter autocontrole. — Diga o que sabe.
— Você pode me chamar de Gazel. Siga-me.
O Elfo Negro caminhou pela esquerda, passou por uma passagem onde ficava uma porta que estava ao chão e adentrou a uma sala vazia.
— Não tem nada aqui. Pare de embromar. — Ora...É apressado como o outro.
Gazel juntou os dois dedos de sua mão direita, ergueu sua mão com sua pele elfica e abriu uma passagem ao chão. Fal arregalou os olhos e olhou para dentro. Uma escadaria sem fim. Era a única coisa que via naquela escuridão. O Elfo Negro estalou seus dedos e as velas se acenderam.
Sem temer, Fal tomou frente e desceu as escadarias. — Não tenha pressa. - Dizia Gazel.
Fal seguiu pelas escadas que faziam duas curvas e já começava a suar. As velas esquentavam muito o ambiente. Depois de muito andar pela escada, Fal enfim chegava ao subterrâneo.
— Acho que está entregue, senhor.
Fal olhou para Gazel e voltou seus olhares ao local. Uma enorme sala com janelas triangulares. Já não havia odor desagradável como lá fora. Fal atentou-se aos objetos. Prateleiras de livros, poções e muitos pergaminhos velhos.
O que chamaria a atenção, era um monstruoso livro velho. Capa marrom, siglas que Fal jamais viu em sua vida. Estava trancado. Muita poeira em cima daquele velho objeto. Ele tentara abrir, mas não conseguiu. Atrás, Gazel voltaria a estalar seus dedos e o cadeado se destrancaria sozinho.
— Ele é seu? - — Não, senhor.
— Então como pôde abri-lo sem tantas dificuldades? — Foi deixado sob meus cuidados. Assim como esta sala.
Fal abriu-o, mas muitas páginas faltavam. Outras, rasgadas. Todas elas amareladas com escritas exóticas na cor preta. Fal passava página a página, mas não acharia nada que o interessasse.
Gazel caminhou pelas costas de Fal e o tocou em seu ombro direito. — Tente ler agora.
Incrivelmente, Fal conseguiria ler as escrituras antigas a partir daquele momento. — O que você fez comigo?
Gazel balançou a cabeça e se aproximou de uma das janelas para observar. — Página 394. — O que... — Página 394. Eu disse.
Fal acatou as ordens do Elfo Negro. Pulou páginas até chegar no número 394:
O trecho citado dizia:
"Três armas divinas para Um só governar. O Martelo, a Pedra e o forjar do Colar.
Aquele que obtê-los se tornará o Senhor máximo do universo. O prometido guia da Paz e soberano dos Seres."
Fal leu duas vezes para ter certeza do que estava lendo. — O que é isso? Uma espécie de Profecia?
— Você nunca saiu da Chácara praticamente, não é mesmo? Os magos privaram você de conhecer o resto do mundo. Ora pois...A Profecia refere-se as três peças criada pelos Deuses Antigos.
— E daí? Eu não tenho quaisquer ligações com ela. — Mesgarth...Sussurrou Gazel.
— Mesgarth.
— Quem? Não o conheço.
— Vosso pai. - Diz Gazel.
Fal ficou como uma pedra de gelo. Estático. Sem reação. Hirto com a situação. Gazel virou-se e acendeu a última vela. No canto superior esquerdo de Fal, bem ao fundo da sala.
Enxerga-se um roupão branco com detalhes em amarelo. Um chapéu extremamente gasto cinza. E o mais importante, um cajado com uma esfera branca em sua ponta, recostado na parede.
Fal olhou repentinamente e engolindo seco, indagou o Elfo Negro. — Eram de meu pai...O homem que vejo nas minhas lembranças sendo assassinado.
Gazel acenou com a cabeça positivamente. Entretanto, Fal voltou a questioná-lo.
— Não importa mais...E você, qual sua ligação com meu pai? — Fiquei cuidando do local após sua partida com você. Sua ordem era de não deixar que alguém indevido tomasse conta da Torre.
— Você me conhece? — Ora, vi quando seu pai se disfarçou e fugiu com seu amado filho em seus braços. Eu servi seu pai durante um bom tempo.
— E por qual motivo o assassinaram!? Diga, sem pestanejar!
Gazel puxou um banco com seus poderes e fez com que Fal sentasse. — Ouça. Se queres saber a verdade, esteja preparado como nunca antes em sua vida.
Fal sentou de forma solícita para ouvir a história sobre o Reino e seu pai.
— Mesgarth era um dos maiores Magos de todos os tempos. Atuou durante anos junto ao Conselho na Era passada. Um dia, ele conjurou magia negra. O Conselho ciente disso, tratou com um erro sem desculpas e sem precedentes. Ele foi expulso sem aviso prévio. Em fúria, ele rumou para longe. Cá onde estamos, ele ergueu a Torre e deu o nome de Uklard
Fal interrompeu-o. — Ainda não há motivos. Gazel pediu silêncio com os dedos e prosseguiu.
— Já usuário de magia negra, ele entrou em acordo com uma parte dos Orcs. Primeiramente, Uklard seria sua casa para experimentos, mas ele se cansou desta vida. Os Orcs concluíram a obra e Mesgarth foi ao Vale, viver com os homens, mulheres e crianças. O pior aconteceu. À época, o Conselho restringia muitos direitos aos Magos, e se relacionar com as mulheres do Vale era uma das principais. Por muitos anos, Mesgarth se apaixonou por uma bela jovem no Vale. Viveram anos, até que Mesgarth contou sobre seu passado a ela, que respondeu contando sua gravidez. Mesgarth era aficionado pelos livros velhos e sobre os Deuses Antigos. Estava predestinado a se tornar o prometido da Profecia.
Os ventos aumentavam e o clima se tornava denso. Gazel caminhava pela sala e continuava a velha história. — Ele estava ciente das três peças. Só não estava ciente que o Conselho o monitorava a distância. Seu primeiro passo foi forjar o Colar. A peça destinada aos Magos na Profecia, pedia que o usuário sacrificasse a pessoa que mais ama. Ele teve tudo para se tornar o prometido, mas parece que o destino não havia o escolhido. Ele seguiu a ordem errada. Ao seu nascer, ele sacrificou sua esposa.
Fal já estava com sua cabeça baixa e algumas lágrimas já eram visíveis.
— Ele fracassou. Errou. Não conseguiu completar o curso e por ter utilizado uma quantidade admirável de magia negra, chamou toda a atenção do Reino, consequentemente, do Conselho. Ele deixaria suas vestes, seu cajado e seu chapéu. Colocou você nos braços e desapareceu. Criou-o de galho em galho, como um forasteiro. Passaram-se anos, até que Valamar, antigo membro do Conselho, o encontrou. Dois Magos de tamanha imponência, um embate igualitário resultaria numa devastação completa da localidade, e ele estava com seu filho.
Gazel seguia caminhando, a história parecia não ter fim. Recostou-se na janela e seguiu adiante. — Valamar era um dos mais conservadores do Conselho. Ele jamais perdoaria Mesgarth. Seu pai, abdicou do confronto para não causar transtorno, mas Valamar o matou em prol do Conselho. A missão estaria completa e o traidor, morto.
— E como eu sobrevivi?
— Em seu leito de morte, Mesgarth pediu para que Valamar se lembrasse dos bons momentos e pediu um último favor ao antigo amigo: Que cuidasse da criança. Valamar usou seu feitiço de memória e o levou para o Conselho, o entregou para seu aprendiz, Elthenkai. Sob seus cuidados, você se tornou o que é hoje.
— Você não foi citado até o instante. — Eu encontrei Mesgarth na saída da Torre. Ele sabia que nenhuma outra criatura iria acatar suas ordens. Mas um Elfo Negro, não pensaria duas vezes. Dominei a região por anos esperando pelo retorno de algum daqueles dois. Cá estamos.
Fal enfim conseguiu se levantar, caminhou e fechou o livro. Seus cabelos já estavam mais escuros que antes. Olhou para as vestes e o cajado de seu pai, refletiu e afirmou com todas as letras.
— Vou dar um fim aqueles que cruelmente mataram meu pai.
Gazel acenou com a cabeça e subiu as escadas em silêncio.
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