CAPÍTULO 17: Fuga para o Reino
Fal deu o sinal e os Orcs correram em direção ao Vale. Os Trolls avançaram atrás, um pouco mais lento, de fato. Eles invadiram sem medo com suas espadas e escudos acinzentados contra as pessoas. Os Trolls, sacudiam suas clavas em tudo que viam.
Fal e Gazel ficaram atrás, observando o ato. — Foi tão imoral atacar os cidadãos do Vale, que ao fim do ocorrido, será belo. - Analisou o Elfo Negro. - — Acha que os Tritões irão encontrar o Colar? - indagou. - — Ora, claro que sim. Eles possuem contatos nas águas.
Os dois fixaram seus olhos ao embate. Havia uma criança próxima ao lago, e foi a primeira a avistar os Orcs. — Orcs! Orcs! Estão atacando!!! - berrava a pequena criança de cabelos castanhos encaracolados. - Muitos homens saíram de suas casas ao ouvirem isso e as mulheres mais próximas, também iniciaram seus gritos.
O ambiente se tornou frio e amedrontador com muitas pessoas gritando aterrorizada. — Piedoso que é, perguntarei se é para pouparmos alguém. - sondou Gazel. - — Dessa vez, não. Ergam vossas armas e passem-na sem medo. - afirmou o mago. - Gazel ficara estupefato com a evolução de Fal, que horas atrás, ainda pensava antes de sair a matança e agora, já mudara de pensamento.
Alguns homens conseguiram entrar em suas casas e buscar armas. Muitos deles, com espadas longas e curtas. Mas era um embate muito difícil, pois estavam sem suas armaduras e sem capacetes e pegos desprevenidos.
— Sem parar! Sem parar! - exclamava um dos Orcs com a espada para cima.
Fal repetiu o feitiço de horas atrás, e ateou fogo no simples Templo de Fé que havia. As pessoas dentro, saíram desesperadas e aos gritos. O caos estava feito. Alguns Orcs foram feridos e até mortos pelos homens, mas ainda assim era pouco para parar o ímpeto das criaturas.
A criança próxima ao lago, já fora morta. Empalada sem pena por dois Orcs. Fal, chegou a fechar os olhos quando viu a cena sendo feita.
O confronto se estendia e as chamas do Templo começara a se arrastar pelo gramado.
Minutos depois, uma voz ecoou de uma das casas. Um homem de prováveis 1 e 78, cabelos bem sujos e com pontas duplas, soltos e até os ombros, saiu de uma das casas. Estava com uma espécie de colete de couro, tom escuro. Calças rasgadas ao joelho, mas não por estilo e sim por ser velha. Estava descalço, mas coragem não faltara ao homem, que passou pela porta de sua casa portando uma espada de madeira.
O sujeito, defrontou os Orcs pelo caminho, e embora em desvantagem não só pela roupa e também pela arma, era tão habilidoso, que bailou sobre o Orc e o venceu. Roubou a espada da criatura e saiu em combate. Tentaria proteger seus entes e amigos de todas as formas.
Os Trolls se adiantaram ao crime e deram uma grande sacolejada com suas clavas sobre as casas, derrubando todas elas.
O homem corajoso, se juntou a outros dois companheiros, estes, ainda com espadas de madeira. Seguiram para segurar o avanço, mas foram atingidos pela clava de um dos Trolls. Um deles, foi morto ao ser pisoteado pelo grande pé do monstrengo.
— Vamos, homens! Protejam vossas famílias! - gritava o corajoso.
Fal e Gazel assistiram a participação de longe. — Quer que eu vá resolver este problema para o senhor? Pediu. - — Não precisa, eu mesmo resolvo isso.
Fal caminhou lentamente em direção ao homem.
Enquanto o sangue era derramado, Fal se aproximava. O homem, espetou um Orc de belo modo pelo pescoço, mas deu de cara com o mago. — Coragem não falta, não é mesmo, homem? — Você é o mandante deste crime!? - perguntava com muita raiva.
O homem avançou para Fal e com a espada tentou golpeá-lo, o mago, por sua vez, apenas ao levantar a mão, arremessou-o ao chão com grande força. — Quem...Quem é você? O que quer conosco, maldito?! - perguntava ferido.
Fal seguiu em direção ao homem no chão, e preparou para golpeá-lo.
Uma grande descarga elétrica desceu dos céus, chocando-se ao chão e entre os dois. Fez com que Fal recuasse alguns passos. O homem, ficou sem entender.
Ao fundo, ouviram as vozes. — Já chega! - Era Elthenkai, com um semblante fervoroso.
Ao seu lado, Tōnpo e Argdáin. — Eita hora boa de se chegar!!! - gritava ao sorrir o Anao.
O cenário era de completa destruição. Mais de 90% das residências destruídas, o Templo e a Torre de vigilância em chamas. Os civis, em sua maioria estendidos ao chão ensanguentados. Haviam cerca de trinta homens de pé e pouco menos de dezenove mulheres com vida. Não haviam mais crianças.
— O que acha que está fazendo, seu tolo?! - questionava Elthenkai. - — Quanto tempo o não vejo. - comentou o aprendiz.
— Tōnpo, Argdáin, esquerda e direita. Evitem mais mortes! Combatam os Orcs, assegurem-se dos vivos, também. Façamos! - ordenou o grande mago.
— Um embate seria devastador, você sabe, Elthenkai. - — Não fale nada, seu mentecapto!
Tōnpo agitou seu corpo e se transfigurou. Da cintura para cima, uma pantera insaciável. O restante, de homem. - — Aos serviços! - dizia ele com uma voz bem mais rouca. A criatura deu uma espécie de rugida, ficou-se em quatro patas e saiu ferozmente pelo Vale.
Argdáin arrebentou os Orcs e entrou de vez para a confusão. — Estava louco para brigar, vocês não imaginam! - comunicava.
Fal e Elthenkai trocaram olhares por alguns minutos, até que o velho mago desferiu com seu cajado um feitiço gravitacional, mas Fal evitou o golpe com seu Martelo. — Não ache que será fácil, velho. - — Se gaba por ter a Pedra e o Martelo. Isso é típico dos fracos e não foi assim que lhe criei.
Fal partiu ao ataque usando seu Martelo, e Elthenkai segurava os golpes com seu cajado. A briga se estendia.
Enquanto isso, Tōnpo rabiscava os gramados com suas patas e arrancava pedaços dos Orcs com seus dentes afiados. Argdáin, já havia estourado vários miolos.
A quantidade de Orcs havia diminuído bastante naquele momento, mas o caos já estava feito. O corajoso homem de identificação não revelada, recebeu as ordens. — Lutou bravamente, homem. Levante-se! Procure abrigo junto aos outros. - Elthenkai botava ordem na casa.
O velho mago sacolejou seu cajado e fez um círculo de fogo em volta dos dois. Um campo de batalha, diriam os mais íntimos.
— Queria tanto assim ficar a sós comigo, velho? - provocou Fal. — Gostava mais de você antigamente.
O que Fal não havia percebido, é que não só haviam chamas em volta deles. Elthenkai havia conjurado um grande feitiço de fogo, queimando todos os Trolls pelas costas. Em poucos minutos, Elthenkai já havia gastado muita energia e salvado muitas vidas.
— Fechou para mim e carimbou os Trolls. Esperto, eu diria. - comentou.
Fal utilizou do mesmo feitiço, enviando uma grande força gravitacional em direção a seu mestre, que deslizou pelo gramado. Ao tentar se levantar, fora empurrado pela força novamente. Por um triz, Elthenkai não caia sobre as chamas dele próprio. Sua testa suada já entregava que não estava em sua melhor forma.
— Já diminuiu meus Orcs e acabou com os Trolls, mas não pode ressuscitar os que aqui habitavam. - Fal aproveitou para dar uma leve alfinetada.
Elthenkai voltara a mostrar seus dotes, ao usar seu feitiço de congelamento temporário. Com seu cajado, segurou o corpo de Fal, que ficou paralisado. - — Sem brincadeiras, mocinho.
O velho mago caminhou em direção a seu pupilo, segurou-o pelo queixo, observou seu rosto. — Seus cabelos, escurecem com o passar dos tempos.
Neste momento, Gazel preparara para entrar em combate, já prevendo o pior para Fal. O Elfo Negro chegou atrás do círculo de chamas e Elthenkai já o avistou.
Ele sacou sua espada, e quando planeou algo, fora atingido por uma belíssima flechada no ombro. - — Não notou minha ausência, seu demônio? - Era Grielion, com toda pompa de herói.
— Eu...eu me viro. - Disse em voz baixa Fal, que saiu do feitiço e com seu martelo, golpeou em cheio Elthenkai, que foi arremessado pelo chão.
Tōnpo e Argdáin notaram a chegada do Elfo. - — É bom ver você!!! - gritava debochadamente o Anão. Grielin acenou positivamente. -
Elthenkai tirou de sua bolsa o frasco com o líquido que havia recebido e deu uma bela golada para recuperar uma parte da energia perdida. Neste momento, Fal balançou seu cajado e arremessou uma rajada de luz negra sobre o mago, que foi ágil o suficiente para contra-golpear com luz branca. As duas se chocaram frente as chamas e ali ficaram. Cada um segurando seu cajado para manter seu feitiço de pé no embate.
Enquanto isso, Gazel nada pôde fazer, pois além de ferido, estava sendo vigiado de perto por Grielion. — Sem mais um passo, renegado.
Elthenkai e Fal seguraram suas magias por minutos. A quantidade era maravilhosa e uma grande luz já emanava do choque delas e indo em direção ao céu.
O Animago e o Anão seguiam combatendo os poucos Orcs que sobraram, mas ainda ficavam de olhos ao confronto nas chamas. — Segure firme, velho mago. Segure-se! - exclamava o Anão.
Aos poucos as chamas começaram a se apagar. O encontro das energias era poderoso demais e o feixe de luz que subiu aos céus, se dissipou.
Eis que acima de Elthenkai, surge uma enorme luz branca, deixando todos com dificuldade de enxergar. O encontro dos feitiços aos poucos sumia, e o corpo de Elthenkai começou a desaparecer aos poucos.
— O que está acontecendo? - gritava Argdáin. — Mago, mago, mago!!! - Tōnpo ficou desesperado. Grielion sacou outra flecha, mas quando disparou, Gazel entrou em seu portal negro e sumiu. Nesta hora, Tonpo saltou sobre as chamas e encaixou seus dentes finos no braço esquerdo do mago, arrancando mais de 70% do membro. Fal, caiu em dor e grito. Era sangue jorrando para os lados. O mago, seguiu Gazel em uma própria passagem das sombras, e conseguiu entrar, fugindo. Por sorte, conseguiu levar suas duas armas e o restante de seu braço.
O corpo de Elthenkai sumia dos pés a cabeça, mas não evitou o velho mago de dar um último conselho. — Não se preocupem, não se preocupem. Sigam o Caminhante Branco! O Caminhante Branco! - Seu corpo se esvaiu pelo Vale, sem deixar qualquer resquício.
Estava tudo acabado. Homens, crianças e mulheres mortas ao chão. Trolls queimados até o fim e todos os Orcs derrotados no gramado.
O trio ficou chocado com o desaparecimento de Elthenkai, se aproximaram um do outro, mas sem diálogos. Estavam sem rumo.
De dentro das árvores, surgem homens e mulheres. Poucos, mas eram os sobreviventes do massacre. Muitos deles em lágrimas com as perdas. Eles se aproximaram do trio e agradeceram pelo resgate, embora alguns estavam nitidamente com fúria, visto que o alvoroço foi feito por criaturas do próprio Reino.
O corajoso homem de horas atrás, tomou frente. — Não sei quem era o velho que morreu, mas sinto muito. Ele salvou minha vida. O considero por isso. - Argdáin interrompeu. — Que morte o que! Nosso Elthenkai está vivo! - O Anão estava com uma fisionomia tristonha. Parecia não acreditar no sumiço de seu amigo.
— O que Elthenkai faria? - perguntou Grielion. — Não há lugar para este povo. - analisou o Animago, que havia voltado a ser só homem.
— Elthenkai iria gostar que cuidássemos deles. - disse o Elfo. - — Não há para onde levar esse amontoado de gente. - dizia em lágrimas Argdáin.
— Vamos levá-los as nossas terras, Anão. Elthenkai ficaria contente. - Argdáin virou-se e disse. — Meu vilarejo fora destruído tem pouco tempo, brancão! Não há espaço para eles! - — Façamos um esforço, senhor perna-curta. Eu posso abrigar alguns na Fortaleza. Fugiremos para o Reino. É o único caminho que esses pobres coitados têm.
Tōnpo decidiu mudar de assunto. — O Caminhante Branco. Estamos nos esquecendo dessa citação do Elthenkai. - — Deve ser alguma loucura dele. Tal qual a espada da Profecia. - Rebateu Argdáin.
Grielion se abaixou e pediu novamente ao Anão que seu povo acolhesse alguns dos sobreviventes.
— Nos ajude. Nós iremos devolver este favor. Somos pessoas de palavra. - Disse aquele corajoso homem.
Argdáin pensou mais um pouco. — Ora, se é assim, sim. Vamos lá...Nossa Vila deve aguentar mais alguns. Mas nossa cama não muito adequada para vocês!!! - gritou.
Grielion acenou positivamente para o Anão e sorriu agradecendo-o.
As pessoas deixaram suas casas. Haviam perdido tudo. O clima, era muito triste e pesado. Mas elas seguiram o trio Tōnpo, Grielion e Argdáin. Tentariam um novo recomeço, em outro lugar e com outras raças, como os Anões da Vila e os Elfos da Fortaleza.
— Serão bem recebidos, tenho certeza. Há pouco espaço, de fato, mas abrigaremos-os. Fugiremos para o Reino enquanto possível. - comentou uma última vez o Elfo, que apertou a mão do Anão.
Eles seguiram.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top