CAPÍTULO 16: Uma decisão contestável


  Quando Tōnpo e Argdáin ouviram Elthenkai falar aquelas palavras, ficaram enlevados. Sabiam que o mago estava pondo para fora suas artimanhas. Nenhum deles pôde ver nada, mas sentiram algo poderoso naquelas palavras.

  Eles estavam em um ponto muito distante do Elfo e bem atrás de Fal e seu grupo. Mas seguiram caminhada. — O que faremos se ele juntar as três peças? - Perguntou Argdáin. - — Receio que morreremos em seguida. - Comentou rindo Elthenkai.

  Tōnpo e Argdáin ficaram sérios ao fim da fala. Gelados e encarando o mago. — É brincadeira! - Comentou.

  Tōnpo e Argdáin respiraram aliviados. — Há uma única possibilidade de vencermos. - Frisou Elthenkai. — E qual seria? - Argdáin estava aflito e queria respostas.

  — Se ele leu a velha Profecia até o fim, sabe que há uma arma que nas mãos de um guerreiro puro, pode confrontar as três juntas. - afirmou. - — Ora! Vamos buscá-la e arrancar a cabeça do maldito já! - gritava o Anão. - — Nunca ninguém a viu. 

  Enquanto conversavam, o trio batia em caminhada até o Vale, seguindo a trupe de Fal.

  — O que a Profecia diz por completo, Mago? - perguntara Argdáin. - — Bem, senhores...Ela afirma que aquele que juntar as três peças se tornará o senhor máximo do Reino. Aquele que guiaria o universo a paz eterna.

  — Mas ele não quer estabelecer isso, não é? - Tōnpo já estava entendendo bem o assunto. - — Exatamente. E por isso, os Deuses Antigos forjaram uma quarta arma, para caso as três peças caiam em mãos erradas. - Declarou Elthenkai.

  — E que quarta arma é esta? - perguntou mais uma vez o Anão. - — Uma espada. A mais poderosa, a mais brilhosa e retumbante que existe. Foi dada a ela o nome de Quebra-Profecias.

  Os dois engoliram seco. - — Dá até arrepio! - comentaram. - — E qualquer um pode utilizá-la? - perguntou o Animago.

  — É claro que não. Nas entrelinhas, é dita que somente um homem de coração puro pode manuseá-la. — Afirmou Elthenkai. - — Agora devemos parar com esse bate-papo, vamos lá, rapazes. - Terminou.

  Eles continuaram a caminhada, mas ainda distante. O sol aos poucos se escondia e a neblina viria em questão de horas. Prosseguiram a pé, passando pelo chão mais duro ao mais macio. Da grama mais fofa até a mais frouxa.

  Mais a frente, Fal e seus súditos já se aproximavam do objetivo. Somente uma cadeia de montanhas separava o mago das trevas e seu grupo do Vale dos Homens. — Estão atrás, não estão? - — Sim, senhor. Desceremos aqui e iremos dar o nosso show! - gritava três Orcs.

  — Sem pressa. Não há ninguém perto de nós. Vamos subir. - Fal foi bem claro nas palavras.

  Ele e seu grupo iniciaram a subida pelas montanhas. Demoraria cerca de trinta minutos até o topo. A frente, cinco Orcs. Atrás do quinteto, Fal e Gazel, lado a lado. O restante dos Orcs vinham atrás e os últimos posicionados eram os três Trolls.

  Subida concluída. O grupo chegou ao topo da montanha. Faltaria a descida, mas eles esperaram alguns minutos.

  Fal observou o Vale com muita paciência. Nunca havia visto aquelas pessoas comuns. Era grande, bem extenso, mas muito humilde e simples. Ao centro, um pequeno lago. Muitas casinhas de madeira. Do lado de fora, estavam algumas crianças e suas mães. Poucos homens estavam do lado de fora de suas casas naquela hora. Havia uma Torre de vigilância e uma pequena igreja. Havia gente nos dois lugares.

  Fal ergueu seu cajado e fez exatamente o gesto e a frase que Elthenkai usou para ajudar Grielion em sua batalha. Foram anos de treinamento com Elthenkai, e Fal teria aprendido muitas magias com ele.

  De repente, chamas desceram a Torre de vigilância. De longe e do topo da montanha, os Orcs ficaram surpresos com a técnica. Estava escuro dali, mas era visível o brilho das chamas queimando a Torre e fazendo com que as pessoas descessem gritando dela.

  — Agora não seremos vistos. - analisou Gazel. — Muito bem pensado, senhor. - Complementou.

  O grupo desceu as montanhas, e em dez minutos estava frente ao local. Um dos Orcs foi com muita sede ao pote e quando tentou entrar, foi barrado por uma parede invisível, que o fez queimar. Ele gritou.

  — Idiota, os Deuses Antigos enfeitiçaram sem entorno com cuidado. - afirmou Gazel.

  Fal olhou para o Martelo e para seu cajado. Pensou antes de fazer qualquer coisa.

  — Use a Pedra. - Pediu Gazel.

  Fal retirou a Pedra Elfica e a inseriu à ponta de seu cajado. Ambos brilharam em perfeita sintonia.

  O mago aplicou seu cajado com tanta força ao chão, que um grande relâmpago brilhou ao céu. Gotas caíram calmamente das nuvens, e a barreira foi desfeita. Neste momento, as luzes do Vale piscaram, o que deixou os cidadães curiosos.

  Fal fechou sua mão e já estava prestes a iniciar o ataque.

  — Gazel. O Colar, já está sendo procurado? - perguntou em meio a tensão. - — Sim, senhor. Já ordenei que os Tritões o procurassem. Além disso, deixei mais duas equipes especiais em busca.

  Ao receber a resposta, Fal observara o Vale mais uma vez. — O caminho está aberto, senhor. Os Orcs atacarão ao seu sinal. - enfatizou o Elfo Negro.

  Os Orcs estavam agitados e apenas esperando o sinal positivo para avançarem a Vila e destruírem tudo o que virem pela frente. — Anda, anda, anda! Dê o sinal! O sinal! - gritava um dos Orcs, extremamente empolgado e com sangue nos olhos.

  O grupo posicionou suas armas a frente, e os três Trolls, respiravam em alto som ao fundo. Com suas clavas, eles também estavam a um gesto de iniciarem o massacre.

  Fal olhou para sobre as montanhas, pelos bosques e florestas e todo o caminho que havia percorrido uma última vez. O mago deixou o cajado colado a sua cintura, enquanto segurava o Martelo com a outra mão. 

  Com a esquerda vazia, Fal deu o sinal. A tropa de Orcs disparou em direção a Vila, que ainda não havia notado nada. Logo atrás, os Trolls saíram ensandecidos com suas clavas em mãos. Iniciava-se o ataque aos Homens.


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