CAPÍTULO 11: Manticoras e o Arquimago
Entre cavalgadas e cavalgadas, o grupo seguia em direção a Floresta Viva. Entrariam por trás na Fortaleza Elfica. A viagem demoraria cerca de duas horas.
— Já estou ficando cansado. - Reclamava o Anão. — Você não fecha o bico, hein, companheiro. - Brincou Tōnpo.
— Qual é a desse bicho feio? - — Ora, respeite o Barrigudo. - Era este o nome do Javali Gigante que Argdáin montava. — É um presente de meu pai. Está comigo desde que nasci e ele já foi pequeno! - brincou
— E ele nunca tentou almoçá-lo?
Elthenkai e Gormaor riam a frente. Eram os mais velhos do grupo e se divertiam com aquele clima mais alegre.
— Motivos especiais para os Anões não se darem bem com Elfos, camarada? - queria ter certeza, perguntava Tōnpo.
— Ora, não vá me dizer que não conhece a Guerra Elfica-Anã? Há muitos anos atrás, quando nós nem pensávamos em existir, ambos os grupos travaram uma guerra durante anos. — Mas se foi uma guerra, deduzo que os dois lados estavam errados, certo? - Ele tinha certeza que era algo dúbio.
— Tudo começou quando um Elfo matou um Anão no bosque. Ninguém sabe o motivo até hoje. O que ficamos sabendo, foi que o Anão se chamava Gendri e carregava consigo duas adagas, além de seu martelo. Encontramos as armas ao lado do corpo e uma das adagas estava ensanguentada. Nós cremos que antes de morrer, ele pôde golpeá-lo bem.
— Caiu de pé. - Muito seguro na resposta o Animago. Enquanto dialogavam, continuavam cavalgando sem parar.
— Depois disso, o corpo foi achado pelos Anões, que descobriram que a causa da morte foi por uma espada elfica. Nosso Rei à época, que não era meu pai, foi até a Fortaleza Elfica e questionou Linde, o líder dos Elfos naquela época. Ele disse que não sabia do ocorrido e garantiu que nenhum Elfo havia feito aquilo. O Rei, que se chamava Baloar, levou consigo a prova que a morte ocorreu por uma espada elfica. Linde teria ficado incrédulo e questionou todos os Elfos. Nenhum admitiu o crime. Diante disso, Baloar prometeu vingança. Cerca de três dias depois, a tropa especial dos Anões destruiu uma parte da Floresta Viva, avançou e entrou pelas costas da Fortaleza, derrubaram as paredes e entraram ao local. O confronto durou quase dois dias e muitos Elfos e Anões morreram. Não houve vencedores, todos saíram derrotados. Ao fim do confronto, Linde soube quem era o Elfo assassino e o expulsou do cargo que ocupava. Prezando pela paz, o líder dos Elfos não revelou o nome do maldito, que vagou pelas sombras eternamente.
— É de fato uma história muito triste, senhor Anão. Seu pai estava em batalha? Creio que não, as datas não batem, correto? - — Não. Mas ele me contava essa história confirmando a presença de parentes nossos naquela batalha.
— Aquela batalha causou muita dor aos Elfos e aos Anões. Feridas nunca cicatrizadas. Destruímos parte da Fortaleza deles, e muitos homens nossos morrerão em combate. Gostaria de voltar a minha Vila com duas coisas: A cabeça daquele maldito cara-pálida e do assassino de meu pai. Eu traria vingança ao meu povo! - Exclamou com seu martelo (que era de seu pai) levantado para o alto.
— É muita confiança para quem não tem nem um metro direito! - Todos caíram na gargalhada. O grupo se conhecia em pouco tempo mas já criavam um laço de amizade.
Eles continuaram firmes na cavalgada. A hora passava e o sol já era coberto pelas nuvens. — Os mais jovens têm muito mais gás que nós. - Gormaor e Elthenkai conversavam mais a frente. — Mas não deixemos ser ultrapassados por ele, não é mesmo? - Riam felizes.
Ao que o tempo passava, uma forte nuvem negra pairou. Alguns trovões chegaram e o grupo se assustou. Minutos atrás estava um belíssimo céu azul e seu sol dourado, e de repente, nuvens negras e um clima duvidoso.
Perkiel relinchou e Elthenkai se segurou assustado. Todos pararam a cavalgada.
— Estamos sendo observados. - — Sinto o cheiro de longe. - Elthenkai avisou e Tōnpo ponderou.
Uma das árvores estremeceu e caiu sobre eles. Eles conseguiram escapar, mas o tronco ficou separando Gormaor de Elthenkai, Tōnpo e Argdáin.
Do lado dos três, não havia nada, apenas o clima tenso.
Quando Gormaor percebeu, Tōnpo avisara. — Atrás de você. - Assustadíssimo.
Gormaor virou-se. Surgiriam três Manticoras das árvores. Criaturas grandíssimas, quatro fileiras de dentes enormes. Muito pelo no corpo e também na cabeça, quase que como uma juba. Olhos avermelhados, cauda com espinhos e uma sede de fome enorme.
— Gor! Nós iremos até aí! - Elthenkai aos berros.
— Fiquem aí. - Gormaor esboçou um leve sorriso e estendeu sua mão à direita. Seu cetro simplesmente surgiu entre seus dedos e sua roupa à lá pijama se transformou numa armadura arrojada de aço. Bem curta e simples, mas muito útil em combate. A faixa em seus olhos permanecia.
O Arquimago se escavou de um, dois, três e quatro ataques. Não conseguia brecha para atacar, mas se virava muito bem. Uma das criaturas mordera seu cetro, mas reagiu numa luz tão poderosa que cegou-a.
O bichano ficou ainda mais possesso e partiu para um confronto corpo-a-corpo, conseguiu morder o braço do Arquimago, que balanceou para cair, mas ergueu-se com sua arma e conseguiu segurá-la por mais tempo.
Gormaor olhou para seus amigos. — Sigam. Não parem. Eu resolvo isto.
Elthenkai questionou a si mesmo. Entrava no combate para ajudar seu amigo, ou acatava suas ordens e se retirava para a missão com os outros dois. — A batalha não caminha bem. Refletia.
— Não se preocupem comigo! - Exclamava Gormaor, que segurava as bestas com seu cetro.
Elthenkai refletiu por um tempo e junto ao Animago e ao Anão, bateu em retirada. — Eu confio em você, meu amigo.
Gormaor ficou em apuros. A situação era mais complicada do que ele esperava, mas sábio que era, deu seu jeito.
Ergueu seu cetro mais uma vez e conjurou uma enorme chama, causando um inferno as criaturas. A terceira, adentrou ainda mais ao fogo. Um ataque imprevisível. Gormaor ficou sem ter para onde correr, e usou sua arma uma última vez.
Chocou-se o cetro ao chão, culminando numa fenda colossal, fazendo com que as três bestas caíssem. O erro de Gormaor foi ter achado que havia vencido. Agachou-se pelo cansaço da batalha e quando não previa, a última criatura conseguira morder sua perna e levá-lo junto para a cratera. Os quatro caíram.
Elthenkai olhou por uma última vez para trás, fechou seus olhos e voltou a olhar para frente. Um novo pensamento de culpa o cercava. — Nós vamos vingá-lo, amigo. - Comentou Tōnpo com a mão no ombro direito do mago. Uma simples consolação ao querido amigo.
Os três seguiram a caminhada. A respeito da montaria de Gormaor, Lilyth brilhou frente ao sol que abriu ao fim da batalha e simplesmente sumiu para todos.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top