Esses almoços com puxa-sacos que não precisava sempre lhe irritavam ao extremo. Este era o restaurante favorito de Kei, aquele em que o loiro lhe arrastou pela primeira vez com a desculpa de saber mais sobre a tentativa de sequestro. Queria sair dali o mais rápido possível, apesar de ser só um restaurante, que bom que já estava indo embora. Enji caminhava no corredor quando viu uma figura esguia de terno virada de costas conversando com um homem maior.

— Por que ele não veio? — Fujiwara fumava no corredor. — Fui explícito no meu pedido, marquei até no lugar preferido. Eu tenho outras coisas para fazer da minha vida, sabia?

— Ele está em uma viagem de trabalho. — Mera meneou, uma mão segurando displicente a pasta e a outra no bolso da calça.

— Estou cansado de esperar. Vocês estão me enrolando muito. — Fujiwara disse bem humorado, mas era um bom humor apenas superficial. — Me diga quando ele volta dessa “viagem”.

— Ainda sem previsões.

— Entrem em contato comigo quando ele voltar. Quero uma reunião.

— Os resultados do nosso acordo já estão…

— Quero uma reunião com ele. — Fujiwara pontuou e deu as costas para Mera. — Se Kei não vem para as reuniões nem se dêem ao trabalho de me incomodar marcando-as.

Quando Fujiwara entrou no elevador e as portas fecharam. Mera falou entredentes:

— Babaca.

E ao se virar quase esbarrou em Enji.

— Que viagem? — o homem mais alto perguntou.

Mera estava com o semblante pesado:

— Meu horário de almoço acabou de começar.

— Que viagem? — Enji repetiu.

— Vocês ricaços são um porre. — Mera falou pegando a bala de café no bolso. — Sabe muito bem em que tipo de viagem ele está. — Tirou o doce da embalagem e jogou-o direto na boca.

— O que Fujiwara quer com Kei?

Mera lhe olhou como se estivesse muito de saco cheio:

— Esses assuntos são privados da Comissão e o senhor está muito interessado em alguém que não quer mais ver.

— Onde está Kei?

— As informações sobre nossos colaboradores são confindenciais e só dizem respeito aos parentes e a Comissão.

— Fujiwara não é parente de Kei.

— Fujiwara tem assuntos de trabalho pendentes com Keigo.

— Quais assuntos?

— Essa é outra informação confidencial que o senhor não precisa se preocupar.

— Tudo é confidencial na Comissão?

— Esse assunto de trabalho envolve somente Keigo e Fujiwara. — Mera passou o peso do corpo para o outro pé.

— Kei quando sair do hospital irá para onde?

O assalariado jogou a cabeça para o lado.

— Não faz sentido essa procura por nosso colaborador quando foi o senhor que o dispensou do projeto ou o senhor tem os mesmos tipos de assunto para resolver com Keigo que Fujiwara tem?

— Do que está falando? — Enji cerrou o maxilar.

Mera falou tranquilamente:

— Dos assuntos de trabalho, Keigo tem muitos desse tipo e se o senhor quiser falar com ele terá que aguardar a alta e entrar na fila. Tenha um bom dia, Sr. Todoroki. — Mera curvou-se na despedida e seguiu para o restaurante.

“Muitos desse tipo”.

Enji tinha certeza que não havia como Mera saber.

Eu queria fazer mais uma atualização hoje, mas tô só o pó da rabiola. Amanhã tem mais.
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Até amanhã!
Bjinhus!