Varanda para o jardim
Kei não estava empolgado como da última vez, ele permaneceu o tempo todo com as mãos dentro dos bolsos enquanto Enji terminava de mostrar toda a mansão. Vez ou outra ele olhava sobre o ombro procurando por algum dos filhos de Enji fazendo um escândalo.
— Estamos sós. — Enji explicou.
— Ah. — Kei abaixou o rosto para o óbvio e ficou encarando as sandálias na grama. Ele havia trabalhado muito na loja no dia anterior para ficar de folga hoje enquanto Tsunagu visitava tecelarias.
— Você já viu tudo. — Enji concluiu de braços cruzados sobre o peito.
— É uma casa grande. — Kei meneou. — Maior do que vi pela televisão.
— O que quer fazer agora? — Enji perguntou torcendo para ele não responder "ir embora".
— Podemos entrar? — Kei indicou com o polegar.
Enji e ele voltaram para a cozinha, Kei sentou no batente da porta dela e com o olhar distante passou a observar o jardim.
O homem pegou um dos energéticos que comprou para Kei e um refrigerante sem açúcar. Encostou a latinha amarela no rosto dele que despertou e aceitou.
— O que está pensando? — Enji perguntou e sentou do outro lado do batente com o refrigerante sem açúcar.
Kei abriu a latinha amarela e o gás dela chiou.
— Passei minha vida toda imaginando como seria entrar aqui e quando vi você na televisão embaixo daquela árvore — apontou com a latinha —, pensei que era isso que eu queria.
— Uma mansão? — Então Fujiwara tinha mesmo alguma chance...
— Não. — Kei sorriu.
— Uma árvore.
— Não. — Kei riu alto e bebeu um gole do energético. — Eu não sabia o que queria exatamente na época. Só sabia que queria. Só fui entender no orfanato quando um dos meus irmãos disse que se eu gostava tanto desse cara, deveria me casar logo com ele. É claro que ele falou debochando, mas eu fiquei: "é isso! Vou me casar com Endeavor-san! Será que Yuki vai ficar magoado?"
Keigo usava os brincos que Enji lhe deu. Bebeu mais energético.
— Mas você era casado e eu adolescente já sabia que não tinha chance. Aí me meti com uns colegas da escola e depois com o meu professor. Fiquei com ele do meu segundo ano até o vestibular e já pretendia despachar ele quando falou que ia se casar. Eu acho que ele pensava que eu era apaixonado por ele e fiquei chateado porque cortei laços com ele e fingi que éramos só professor e aluno. Mas na minha cabeça éramos só isso. Ele tentou chegar algumas vezes em mim porque eu ainda usava o anel que ele me deu.
— Se esse professor lecionasse na escola dos meus filhos, eu faria com que ele nunca mais arranjasse emprego.
— Ah, ele morria de medo disso. Muito. Mas não parecia se importar quando a gente transava na sala de aula depois do expediente.
Enji não gostava dessa história, Kei deveria ter a idade de Shouto nessa época e ir para a escola só para estudar.
— Nesse período, minha mãe voltou dizendo que queria se recuperar. Disse que estava arrependida e queria ser uma boa mãe, não acreditei nela. — Kei bebeu mais energético. — Não se deve acreditar em viciados não importa a intenção deles. Mas eu queria que ela me desse a emancipação e se ela estava mesmo disposta, por que não tentar? O importante é tentar. Ela conseguiu se recuperar e fiquei feliz por ela, mas era muito estranho fingir que eu sentia alguma espécie de amor por alguém que eu não via a mais de dez anos. Só desisti. Nem tentei morar com ela, continuei no dormitório da Comissão. Sei lá. Era o mais natural. Não me sinto mal por isso.
— Você deu uma casa para ela.
— Uma casa em um local bom seria um obstáculo a mais para ela não voltar às drogas. — Kei explicou. — Seria um desperdício jogar todos os anos de reabilitação fora e eu sentia um pouco de dever filial. — Kei admitiu com um leve sorriso. — Mas agora estou aliviado.
Enji entendeu o que o garoto quis dizer.
— E minha vida toda que era ao redor de ser como você e agora estou aqui. O meu eu criança ficaria chocado. É tudo muito surreal, sinto que esse sonho vai se desfazer e vou acordar a qualquer momento. Surreal, não acha? — Kei dobrou uma perna e apoiou o braço no joelho levantado, o rosto descansou no punho apertando a bochecha.
— Não é surreal. — Enji abriu a própria latinha desviando o olhar sonhador de Kei.
— Aí eu vi você naquela reunião e queria ser seu amigo, mas acabei vendo que dava pra ser mais. Fiquei muito feliz.
— Você não tem vergonha.
— Ha! — Kei riu. — Claro que não! Quem seria louco deixaria escapar a oportunidade de foder o ídolo de infância? Eu com certeza não.
— Você não tem vergonha. — Enji repetiu.
— Ainda bem que não tive.
— Nem eu. — Enji quase sussurrou e tomou o refrigerante.
Kei ficou surpreso com as bochechas ruborizadas. Tanto que até perdeu a voz.
A mão dele estava perto da sua no espaço entre os dois e Enji ficou nervoso em tocar nela. Hesitou um pouco, mas conseguiu tocar nos dedos dele e com um pouco de dificuldade entrelaçar nos seus. Ficaram ali um bom tempo apreciando a tarde e tomando as bebidas.
De noite Kei estava mais à vontade e disse que tinham que terminar o dia com cervejas e espetinhos de frango. Comiam ainda observando o jardim escuro, Enji bebia porque Kei pediu e hoje era um dia que se permitia a isso.
— Sua casa é enorme. — Kei ressaltou a segunda vez. — Dá uns vinte apartamentos meu aqui. — Mordeu o espetinho.
— É de família.
— Oh. Nem dá para perceber se há outras pessoas aqui ou não.
— Sim. — Havia dias que Enji só sabia que seus filhos estavam em casa porque os empregados lhe avisavam.
— Você tem uma equipe para cuidar de tudo? — Gesticulou com o espetinho.
— Não mais. Agora que é só eu, dispensei todos. Uma empresa vem limpar tudo uma vez na semana assim como o jardineiro. Eu cozinho e lavo minhas roupas.
— Uau. — Kei ficou impressionado. — Me lembrou que tenho que buscar as minhas roupas na lavanderia.
Ele não tinha mais máquina de lavar e secadora.
— Você pode lavar suas roupas aqui.
Kei sorriu e perguntou:
— É por isso que você tem tantas máquinas de lavar?
— Pare de bobagens.
O garoto bebeu mais da cerveja e riu baixinho. Um pouco do líquido escorreu pelo queixo e caiu na camisa branca, Kei tentou impedir, mas não deu certo.
— Merda.
— Você não parou com as bobagens.
— Espero que não manche. — Kei esticou a camisa pela bainha para olhar melhor para as gotas.
Enji se aproximou para ver o estrago.
— É só lavar com... — Kei vivia com essas camisas brancas agora, que também foram desenhadas por Tsunagu, e jeans de mesma origem. Em outros dias usava jaquetas jeans por cima das camisas e blusas brancas ou simplesmente blusas e camisas jeans. Não usava mais nenhuma roupa de grife cheia de cintos e tênis caros dos mais variados tipos. Kei vivia pronto para um ensaio fotográfico da loja de Tsunagu, as roupas eram o seu uniforme e Enji tinha que admitir que caíam muito bem. Esse foi um dos motivos porque não conseguiu terminar de falar.
Estavam apenas a alguns centímetros um do outro e Kei esticava a camisa mostrando a mancha. Não haviam se beijado nenhuma vez desde que entraram na casa. Os olhos deles subiram devagar se encontrando, não foi preciso mais nada para se agarrarem na porta da saída da cozinha.
Kei subiu em seu colo e logo Enji deitou de costas no chão com Kei sobre si. Ele tirou a blusa num movimento e Enji descobriu que gostava muito do que isso significava.
Kei também puxou a camisa de Enji e depois as próprias calças. O homem não deixava de se surpreender com a facilidade que o garoto ficava nu. Ele abriu suas calças e bateu o pau meio ereto contra o rosto até endurecer por completo. Não parava de encarar Enji e quando o pau ficou ereto, o engoliu de uma vez. Não conseguiu chegar até a base, parou no meio e tirou devagar da boca deixando a glânde ao ser libertada fazer um estalo contra seus lábios.
O pau estava pulsando de prazer, não queria saber onde Kei aprendeu isso. Apenas aproveitaria. Agarrou ele pela bunda e o trouxe mais para cima. Seu dedo médio já procurando a entrada e massageando-a.
Kei pegou o lubrificante da carteira, ele vivia com os sachês na carteira, devia ter um estoque escondido. Enji não podia julgar, comprou uma caixa e sempre guardava alguns pacotinhos consigo. Ele abriu o pacotinho na mão de Enji que voltou a acariciar a entrada e depois dentro. Kei gemia sob seu toque.
Quando três dedos já pressionavam o interior de Kei e deixavam sair sons molhados, eles abriram outro pacote e despejaram sobre o pau de Enji que deslizou sem nenhuma dificuldade para dentro de Kei. Os sons de batidas molhadas aumentaram.
Enji abraçou Kei trazendo ele para baixo e juntando os troncos. Jamais pensou que as peles juntas esfregando uma na outra seria algo tão bom para ser apreciado. O modo como Kei segurava seus ombros e gemia no seu pescoço enquanto mordia-o ali para aguentar todo o tamanho de Enji.
Em uma arremetida mais forte, Kei ergueu o rosto e os olhos se encontraram novamente.
Beijaram-se até os lábios incharem e as línguas virarem uma bagunça. Gozaram juntos.
Kei dormia ao seu lado no chão de madeira depois da porta. Estavam ao ar livre, apenas o teto e a parede externa da cozinha os protegiam do frio da noite. O chão de madeira era duro, mas não incomodava Enji, os dois estavam pelados na varanda e as cigarras cantavam nos jardins assim como alguns vagalumes dançavam entre as folhas. Teria que acordar Kei em breve para não pegarem um resfriado, ele se encolheu para mais perto de Enji e tudo o que Enji pensou foi que não queria perder isso.
Kei acordou no dia seguinte confuso por estar dormindo em uma cama e ficou mais confuso ao ver que a cama era enorme, porém não havia nenhuma dúvida ao ver Enji com o braço ao redor da sua cintura.
— Volte a dormir. — o homem falou de olhos fechados. — Ainda é cedo.
O garoto concordou, poucos raios de sol entravam no quarto enorme com mobília tradicional japonesa que não fazia nada para ocupar todo aquele espaço. Sóbrio e impassível igual ao dono. Kei sorriu feliz contra o peito do homem.
— Quando você vem trazer suas roupas para lavar? — Enji perguntou ainda de olhos fechados e com a voz profunda.
Kei sorriu ainda mais.
Peraí que tem mais um capítulo para hoje.
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