Um longo dia, o começo de muitos


— Que coincidência te encontrar, Enji! — Aquele garoto veio até ele acenando, os claros olhos boêmios o irritavam.

— Por que em todo lugar que eu vou você aparece?

— Porque estamos no mesmo negócio. Somos quase parceiros, legal, não é?

Enji calou-se e focou na porta da frente. Por que Toshinori o chamou aqui? Cansou de se esconder? Resolveu explicar o porquê saiu dos negócios como um covarde?

— O você está fazendo aqui? — A última vez que ficou a sós com o garoto foi quando ele o arrastou para aquela espelunca de bar.

— Eu venho aqui de vez em quando pegar dicas com ele.

Enji enrugou o nariz zombando:

— Então ele se esconde, mas recebe visitas?

— Você não veio aqui antes? — o garoto parecia surpreso.

— Eu tenho cara de quem veio aqui antes?

— Uau, que estresse. — Kei indiferente sugou os dentes.

Enji ficou impaciente com a demora, estava lá há quase 20 minutos e nada de chamarem para entrar na sala de reuniões. Todo aquele prédio estranhamente vazio lhe causava de certa forma angústia, quantas vezes entrou ali para encarar seu rival após mais um semestre sendo o primeiro lugar? Ele não desistiu assim, não, Toshinori planejava algo e era algo grande. Enji descobriria.

Logo o homem foi chamado. Um magricela com cara de doente num terno largo demais para ele sentava na cabeceira da mesa.

— Olá, Enji.

— Cadê o Toshinori? — Enji ajustou as mangas do próprio terno azul em caimento perfeito.

— Sou eu, Enji. — Os olhos fundos dele eram cercados por olheiras profundas e a pele ressecada caía-lhe como uma mortalha. — É difícil me reconhecer desse jeito? — O magricela encarou a si mesmo com certa alegria mórbida.

— Não tenho tempo para piadinhas. Por que Toshinori me chamou aqui?

— Isso não é uma piadinha… — umedeceu os lábios ressecados — Esse sou eu, chamei você aqui para que me visse.

Com certeza, não eram a mesma pessoa, nem a voz era parecida. Yagi tinha o tom grave, confiante e estupidamente alegre, esse aí a voz era arrastada lixando contra a garganta e deprimente como um vira-lata ganindo. A única coisa que ambos tinham em comum eram os cabelos loiros e até nisso divergiam: nada de dourado vivo apenas um amarelo quebradiço doentio.

— Eu não acredito. Onde está Toshinori?

— Sou eu, Enji. Estou doente. Muito.

— Mentira. Vi Toshinori há uns meses, nunca que ele estaria — apontou para o homem com o pé na cova — assim.

Ele riu, porém logo parou com dificuldade de respirar.

— Eu não estava tão ruim assim, estava? — O magricela fitou com nostalgia o teto e cruzou as mãos sobre a longa mesa de reunião, nesse breve gesto, Enji viu as abotoaduras do terno. Azuis, vermelhas e brancas. As que Yagi sempre usava.

— Isso é uma espécie de piada? Quer zombar de mim? — Em todos esses anos ele jamais fez tal coisa, começaria agora?

— Não é piada. Estou morrendo. Vou morrer. — Foi pontual. — Quero dizer, se eu não descansar agora, vou morrer em breve.

— Não. — Enji foi firme. — Toshinori não é você. Não tem como ele ser você. — Não, não, não, nunca Yagi seria esse caco quebrantado na sua frente!

— Olha direito, Enji! Sou eu! Eu olha pra mim! Não lembra da escola? Quando você passava a tarde enfurnado na biblioteca e ignorava todas as vezes que eu te chamava para jogar bola? Ou que você casou sem cerimônia? Ou quando o seu filho fugiu…

— Não é você! — Enji gritou. — Puta que pariu que você é o imbecil do Toshinori! Nunca! Como pode alguém mudar tão rápido?!

— Acidente de carro! Lembra do acidente no começo do ano? Foi graças a ele que descobri o câncer nos pulmões e as metástases.

— Você nunca fumou! Isso é mentira!

— É verdade! Eu vou morrer! Não posso mais continuar!

— Cala a boca! — Enji avançou sobre aquela vareta de homem e o agarrou pelo colarinho colocando-o de pé. Aí, veio o choque. O loiro passava a sua altura, alto feito um poste, só conheceu alguém assim, então todas as características faciais começaram a se encaixar feito um quebra-cabeça borrado.

A respiração de Enji tremeu, vertigem atingiu sua mente, ele soltou Yagi e tonto quase caiu para trás.

— Não é possível. — repetia para si mesmo entre sussurros desordenados.

— Agora você é o número 1, Enji. — Yagi continuou apesar de tudo — Tenho certeza que conseguirá se sair muito bem…

Enji sacudia a cabeça em negação, aquele fraco não podia ser Yagi. Yagi era uma torre de músculos e confiança. Yagi era imbatível. Yagi era inatingível. Yagi estava doente.

— Cala a boca. — o homem disse enquanto o outro continuava falando. — Cala a boca! — Enji berrou no rosto do doente.

As portas abriram num estrondo, Kei entrou alarmado na sala, os seguranças de Enji logo atrás.

— Enji… — Yagi tentou chamá-lo.

— Chega dessa farsa! — gritou transtornado — O que vocês estão fazendo aqui?! Sumam da minha frente! Estão surdos?!

Os dois seguranças partiram da sala, Kei permaneceu e aos poucos contornou Enji para chegar perto de Yagi, ele perguntou em sussurro para o doente se estava tudo bem. Nada estava bem. Tudo péssimo.

Enji andou duro a passos largos para fora, os seguranças perguntaram aonde iria, ele respondeu que para a casa do caralho e ninguém deveria segui-lo. Kei claramente não escutou, ele entrou no carro assim que Enji tocou no volante.

— O que você tá fazendo?! Sai daqui, moleque!

— Tô indo com você.

O homem teve vontade de quebrar aquele pescoço delgado.

— Sai do meu carro. — disse entredentes.

— Você não pode dirigir desse jeito. — Kei argumentou — E se acontecer alguma coisa? Você tem família, não é? E se seu nome parar num jornal por conta de um acidente de carro? É isso o que você quer?

O moleque tinha razão.

— Eu quero que você saia do meu carro antes que eu te dê uma surra.

— Eu saio se você sair e te levo para onde você quiser ir.

Enji respirou fundo, o garoto parecia inexorável em sua posição, o homem deixou o carro batendo a porta tão forte que o vidro da janela vibrou.

— Para onde você quer ir? — Kei tirou o celular do bolso para chamar um táxi.

Ele não sabia para onde, só o mais longe de Yagi, a doença dele e seu fracasso. Sempre sonhou em derrotá-lo, era o que pensava com o queixo teso apoiado no punho fechado, do lado de fora do carro tudo era um borrão de prédios e carros, queria ser o número 1 pelo próprio mérito, então finalmente teria tudo o que desejava, agora todos os seus anseios estavam mais distantes do que nunca. Tudo que almejou se dissipando feito névoa entre seus dedos. Não tinha ideia para onde Kei o levaria, pouco importava de qualquer forma.

O carro parou e ele só percebeu quando Kei abriu a porta do táxi para ele sair.

— Chegamos. — anunciou e esperou Enji sair para logo depois pagar a corrida.

Enji achou que Kei dirigiria o carro, o garoto o fitou como quem não quer nada e disse respondendo aos pensamentos do homem mais velho:

— Eu não sei dirigir.

Deu pra perceber. Enji viu que Kei o trouxe para outro bar numa parte distante da cidade, todos olhavam para ele, mas com certeza ninguém o reconheceria, por óbvio não eram o tipo de pessoas do mundo dos negócios. Enji ajustou as abotoaduras de ouro.

— Quantas vezes você fica bêbado por semana, garoto?

Kei riu:

— Não muitas. Eu tenho que trabalhar.

Um comportamento inaceitável, jamais permitiria que um de seus filhos fosse assim por mais fracassados que os mais velhos fossem. Shouto não seria assim.

— Hoje é tudo por minha conta. — Kei bateu com a mão espalmada no balcão e pediu duas doses de uísque. — Tem bilhar aqui, quer jogar uma partida?

Enji não respondeu apenas bebeu tudo o que o garoto pedia, Kei ficou em silêncio o tempo todo até que:

— Um irmão meu morreu de câncer.

— Você disse que não tinha família.

— Era um irmão do abrigo. — explicou. — Foi muito de repente, as coisas são assim… muito de repente. Lembro como se fosse hoje. — Virou o copo e pediu outra dose para os dois.

— Eu não ligo para suas histórias de órfão. Não vão me amolecer.

— Eu sei — ele sorriu — é por isso que tô contando. É muito ruim te olharem com pena toda hora. Não ter família não foi tão ruim assim.

Talvez fosse o álcool, talvez fosse o assunto, Enji nunca soube.

— Eu tenho família. — ela me odeia.

— Isso é bom. — Kei ergueu o copo.

— Minha mulher pediu o divórcio. — eles não se viam há anos de qualquer modo desde que Enji a internou após um surto. O que importava agora?

— Acontece. Pelo menos você tem seus filhos, filhos são para sempre. — Enji não achava que seus filhos pensavam o mesmo.

— Eu não ligo.

— Pra quê?

— Pro divórcio. — Pro porquê casou, fez uma família e tudo mais. — Casei pra ter herdeiros.

— Você podia ter adotado ou feito barriga de aluguel.

— Queria eles com o meu sangue.

— E você tá feliz com isso?

Enji calou-se o que não foi problema pois Kei respondeu por ele:

— Não parece.

Kei virou o copo, fez uma careta, desencostou do balcão e dando tapinhas no ombro de Enji que estava muito bêbado para impedir disse:

— Vou jogar uma partida. — Foi para a mesa de bilhar com outros caras entretidos no jogo.

O bartender preparou um cocktail e colocou aonde Kei estava.

— Não pedi nada. — Enji avisou.

— É cortesia daquele moço — o bartender apontou com o queixo para um homem ruivo na ponta mais distante do balcão — para o seu amigo.

O cara do outro lado conhecia Kei? Não surpreenderia Enji se sim, o garoto parecia bem conhecido.

— Ele é seu amigo, não é? — o bartender perguntou.

Enji não respondeu, apenas virou para assistir de longe o jogo que Kei participava, o bartender estalou a língua em desaprovação. Enji bebeu mais uísque. Num piscar de olhos o tal do homem ruivo se aproximou do jogo de bilhar com uma garrafa de cerveja na mão e um sorriso no rosto, falava alguma coisa para Kei e apontava para a mesa e as bolas, o garoto riu, seus olhos meio ébrios, mas os de Enji não estavam também?

Kei ofereceu o taco para o ruivo salsicha, os cabelos de Enji eram muito mais escuros e vivos e ele não tinha sardas na cara, o ruivo pegou e fez uma jogada encaçapando três bolas, Kei e mais outros aplaudiram. O ruivo se aproximou do ouvido de Kei e sussurrou quase lambendo a orelha desse. Kei teve o estalo do que acontecia ali. O cara tava dando em cima do garoto! Na frente de todo mundo! Mas é claro que Kei não era desse tipo e enxotaria-o mais breve possível.

Kei sorriu. Se aproximou do ruivo e um fio de cabelo separava os rostos dos dois, então Kei se afastou e sumiu no meio da multidão, o ruivo logo atrás. Enji azedou a expressão e sem que percebesse seu copo estava cheio de novo, bebeu mais. Que pouca vergonha.

Enji levantou do banco meio tonto e esbarrando em todo mundo saiu do bar, pegaria um táxi e iria para casa ficar sozinho em paz.

— O que você tá fazendo aqui fora? — Kei puxou a manga da sua camisa. Aonde foi parar o paletó? Ah, tava dobrado no braço de Kei.

— Pegar um táxi.

— Por quê? Você não tá se divertindo? — Os olhos claros de Kei pareciam cinza sob as luzes dos postes noturnos.

— Você tá se divertindo com o salsicha?

— Hã?

— Aquele salsicha, ele até comprou uma bebida para você.

— Salsicha? — Questionou, então compreensão passou pelas íris luminosas até elas pareciam relaxadas. — Eu não tava brincando com ele, quero dizer, só no bilhar.

— Você é um desses então? — Enji não sabia o porquê de estar irritado.

— E agora que você notou? — Kei ficou surpreso. — É bem óbvio.

— Você é um desses então?

— Sou.

— Humpf.

— Qual o problema?

— Por que você não volta a se divertir com aquele salsicha?

— Me divertir? Do que você tá falando?

— Vai se fazer de tonto? Você sumiu com o salsicha!

— Cara, eu fui ao banheiro.

— Fazer o quê? — Enji só tinha pensamentos perversos sobre o que os dois foram fazer numa cabine apertada de um banheiro de bar. Sobre o que Kei faria. Sobre o que Enji faria.

— Mijar? — falou como se fosse o óbvio. — Sozinho. — completou.

Enji sentiu alívio, sacudiu a cabeça para dissipa-lo.

— Isso não me interessa.

— Tá bom, quer ir para outro lugar? Ou voltar para dentro?

— Se você quiser voltar e tomar a bebida do salsicha é problema seu.

— Outro lugar então.

Kei pagou outro táxi e já estavam em outro bar, esse com música e uma iluminação parca para ambientação. O rapaz pediu petiscos e foi a primeira vez que Enji percebeu que ele tinha um ralo cavanhaque, quase desaparecendo por conta dos pelos loiros. Era frango frito aqueles palitinhos? Outra bebida surgiu do nada. Outra cortesia.

— Eu estou bem popular hoje. — ele sorriu e empurrou a bebida de lado.

— Vocês são sempre assim?

— Vocês quem? — Kei riu e pediu outro cocktail que ele mesmo pagaria. — Um uísque para você — Deu uma piscadela — esse é cortesia minha.

Enji pegou o copo de vidro e riu, nossa, o álcool estava mesmo surtindo efeito.

— Você não tem vergonha, não?

— Vergonha de quê? É bebida grátis! — Comemorou e entornou o cocktail colorido. Fez careta. A voz ébria.

— Nunca vou entender isso.

— Isso o quê?

Enji deu um gole e quebrou o gelo entre os dentes. Kei continuou sozinho:

— Pagar uma bebida para alguém? É uma tática de sedução velha e cafona, porém chama atenção. Você nunca pagou uma bebida para alguém? Sério?! Nem para sua esposa?

— Eu não conheci ela num bar em um bairro nojento. — Foi um casamento arranjado em favor de nome e poder. Conheceu em um mês e casou no outro.

— Eu conheci um monte de gente em um bar noturno num bairro nojento. — Mordiscou um palito. — Gente interessante.

— E nenhum útil.

— Nem todo mundo precisa ser útil ou uma ferramenta ou um prodígio… — abaixou um tom nessa última parte. — Às vezes é bom ter alguém na sua vida só por ter.

— Perda de tempo.

Kei analisou por alguns segundos o homem a sua frente na mesa, o canto dos olhos sorrindo e a boca parada.

— O que foi? — Enji perguntou.

— Nada. — Kei respondeu. — Só pensando.

— Em quê? — o garoto o analisou tanto tempo para quê então?

— Nada. — Kei insistiu e distraído pegou o cocktail que o homem desconhecido pagou.

— Humpf.

— Desculpe, desculpe. — Kei soltou a bebida e ergueu as mãos em defesa. — Deixei minha viadagem escapar. — ele gargalhou bêbado.

— Olá — um estranho se aproximou —, não gosta do cocktail, se quiser te pago outro.

Enji num movimento de braço derrubou a bebida descartada no homem matando seu riso galanteador.

— Qual é a sua? — O cara gritou.

Enji levantou da cadeira, ele era bem maior que o vulgo pretendente. Qual é a de Enji? Qual é é a desse cara? Ele não se tocou que Kei não quer nada já que ficou um tempão sem tocar nesse cocktail barato?

Como o covarde que era o homem se encolheu perante Enji e foi embora sem piu sobre as roupas molhadas. Enji levantou da cadeira e a passos largos saiu do bar, isso já aconteceu? Onde ele estava? Por que todo mundo queria passar a mão no garoto? Kei segurou seu braço a mão dele estava longe de envolver toda a circunferência, ele falava algo, não importava, a boca dele somente mexia, o que havia de tão especial ali?

Enji puxou o braço de volta, Kei veio junto ainda falando, o homem agarrou o braço dele de volta, a mão de Enji envolvia toda a circunferência do braço do garoto sem nenhum problema, parecia que ia quebrar, o moleque não calava a boca, os outros gostavam dele porque não sabiam o quanto era tagarela. Chega de falatório. Puxou Kei para cima e calou a boca dele com a sua.

Finalmente silêncio. Não demorou para o moleque abrir a boca, Enji o agarrava pela lapela do casaco, ao invés de palavras Kei soltou a língua e seus braços envolveram o pescoço grosso de Enji. A mão de Enji foi para a nuca do loiro a pressionando e puxando os cabelos, a outra desceu para dentro do casaco e apertou as costas de Kei descendo pela espinha até a parte que lhe interessava. Kei não era de perder oportunidades logo passava e apalpava todo o peito de Enji. Não tinham mais noção de tempo quando pararam ofegantes e salivas misturadas, Enji teria voltado a si se Kei não tivesse dito:

— Minha casa ou na sua?

***

Kei não era mesmo de perder oportunidades, por isso ele achou que quando Enji entrou no táxi sem dizer nada, pegou o elevador do prédio sem dizer nada e entrou no seu apartamento sem dizer nada ele achou que a chance se foi, estava muito enganado. Assim que fechou a porta Enji o puxou pela gola da camisa e o beijou mais intensamente do que antes. Sem paciência arrancou o seu casaco e o jogou com força no chão.

Ah, Kei desmaiaria de alegria, era raro poder foder o próprio ídolo de infância. Sem demora Kei tirou o próprio cinto, desabotoou a calça e num movimento a deixou de lado. Pulou em Enji envolvendo a cintura dele com as pernas e sendo carregado foram atracados para o quarto. Tirou a camisa, suas roupas faziam uma trilha pelo apartamento. Enji chutou a porta e jogou Kei que ria extasiado na cama.

Enji puxou um dos seus tornozelos e lhe tirou a cueca mostrando a ereção de Kei, mais duro que isso somente concreto, ele deu uma boa olhada para o volume na calça do homem mais velho, não estavam diferentes. Kei ajoelhou no colchão e desafivelou o cinto de Enji, ele o empurrou de volta para cama com um sorriso de deboche.

— Eu tiro. — disse orgulhoso e arrogante.

Kei se apoiou nos cotovelos aproveitando o show, Enji tirou com cuidado as abotoaduras e o resto do cinto, segurou o objeto como se Kei fosse uma criança mal criada e precisasse de uma lição, o que Kei achou que merecia mesmo, porém ele logo jogou o cinto no chão e desabotoou a blusa branca. Nossa. Kei esperava que Enji estivesse em forma, mas não tanto assim, cada parte dele era grande e bem delineada, ele podia contar os gominhos de músculos duros no abdômen do homem. Ia lamber ele todo.

— Posso agora? — Kei voltou a se ajoelhar e esticar os dedos para o botão e zíper da calça do outro. Enji não respondeu o que Kei encarou como um sim.

***

Era a primeira vez que Enji recebia um boquete, nunca se interessou por esse tipo de prática. Sexo não era tão bom assim e se os desdobramentos dele não davam em futuros herdeiros ele nem os cogitava. O que uma mulher com as suas partes íntimas na boca tinha de tão excitante? No mínimo estranho. Mas Kei fazia aquilo com língua de quem sabe e mãos acostumadas, a boca dele ia e vinha devagar quase até a base, Enji sentia a ponta encostar na garganta dele querendo engoli-lo por inteiro, mas incapaz por conta do tamanho, os dedos massageavam suas bolas e Enji se viu segurando a cabeça do moleque com ambas as mãos, os dedos entrelaçados nos fios dourados. Tão dourados quanto os olhos que de baixo não cansavam de o encarar no fundo alma sem dizer qualquer coisa. Lágrimas se formavam nos cantos dos olhos de Kei por conta do esforço, faltava pouco para ele se engasgar, mas ele continuava e continuava com olhos, lábios e a ponta do nariz enrusbecidos.

Faltava pouco, muito pouco para gozar, então o garoto tirou a boca deixando Enji desorientado e sorrindo ergueu um braço para o seu pescoço e encaixou a boca na sua, a língua de Kei percorreu lentamente a de Enji enquanto a mão livre continuava o estimulando languidamente:

— Esse é o gosto do seu pau. — disse para dentro da boca de Enji. — Nada mau.

Enji com uma mão agarrou e prendeu as bochechas dele, Kei, mesmo nesse momento de supetão, sorria com aqueles olhos ébrios e lábios fáceis, tiraria o sorrisinho da cara dele. Beijou-o e a mão que agarrava o rosto desceu para o pescoço pressionando para baixo, para a cama, queria que o pirralho deitasse de uma vez.

Enji tomou um susto quando já em cima do moleque ele pegou também o próprio pau e começou a masturbar os dois juntos.

— Olha só a diferença de tamanho. — ele disse enquanto observava e fez Enji fazer o mesmo.

Aquela quentura na sua era diferente, sentia ele duro pulsando contra si e os gemidos de Kei se misturavam aos seus, jamais Enji foi tão barulhento e jamais algo demorou tanto para acontecer. Sua mão ainda segurava o pescoço dele enquanto a outra o apoiava no colchão, suas cabeças próximas que os gemidos de Kei poderiam vir de sua mente, sentia a respiração pesada na sua orelha, depois sentiu algo molhado a circunscrevê-la e dentes a puxando de leve, porém com vontade.

— Faça também… — ele sussurrou entre gemidos após soltar a orelha do homem.

Enji levou a mão até a dele cobrindo-a e ambos subiam e desciam, o moleque cheirava a colônia levemente amadeirada e álcool, na curva entre o ombro e o pescoço o perfume era mais intenso, Enji esticou a ponta da língua por aquele quadrante de pele e no segundo seguinte o mordeu e chupou. Kei arqueou o corpo num gemido preso na garganta. Enji achou bem interessante essa reação e continuou mordendo e sugando toda a extensão do pescoço flexível.

As unhas da mão livre de Kei passeavam pelas suas costas roçando nos músculos e trilhando levemente a pele. Enji desceu a própria mão livre para a linha do quadril de Kei circundando até a base das costas e descendo para a bunda redonda e durinha do garoto. Seus dedos cravaram-se na carne e apertaram a polpa da bunda ferozmente, soltou com força e logo em seguida lhe deu um tapa estalado.

A perna de Kei como uma garra envolveu a cintura firme de Kei, eles esqueceram-se das mãos sobre os membros, Enji apertava e espancava a bunda de Kei, cada palma do tamanho de cada nádega, o garoto também não poupava deixava uma trilha de chupões e mordidas por todo seu pescoço e clavícula. A cada segundo a ereção de Enji ficava mais dolorida pelo desejo roçando na do outro.

Ele agarrou os braços de Kei prendendo com uma mão acima da cabeça loira, Enji se afastou e o observou por inteiro: o rosto avermelhado, as marcas pela extensão do pescoço, a barriga lisa e atlética subindo e descendo pelo afã, a cintura fina que poderia envolver com um toque, as pernas torneadas se contorcendo e entre elas o pau ereto rosado.

Os olhos do homem percorreram as firmes pernas da ponta do pé que apoiava no seu peito, Kei tinha belos pés, até a divisão entre elas. Enji colocou a perna sobre seu ombro e mordeu o interior da coxa, seu dedo pressionou a entrada rosada devagar.

— Lubrificante. — Kei balbuciou de olhos fechados e com o queixo apontou para a mesinha de cabeceira.

Enji abriu a gaveta e pegou o tubo, percebeu que ele já tinha sido usado e por algum motivo lhe causou um incômodo, despejou um pouco nos dedos e inseriu em Kei que gemeu devagar.

— Um pouquinho mais para cima… sim… sim… aí! — ele arquejava, Enji pôs mais um dedo.

Estava fascinado com o quão o corpo de Kei se contorcia sob suas mãos, em um ponto ele tinha todo esse poder de fazê-lo vibrar, via os dedos das mãos e dos pés se abrindo e fechando, o pomo-de-adão subindo e descendo toda vez que ele abria os lábios vermelhos e molhados para gemer entre sussurros nenhum pouco piedosos sem qualquer pudor. Enji se viu sorrindo de satisfação pela primeira vez durante do sexo, então era isso o que os outros falavam.

— Coloca, já dá para colocar… — Kei suplicante — Passa nele antes… por favor… coloca…

Enji encharcou com lubrificante toda a extensão do pau, pegou a ponta e posicionou na pequena abertura relaxada, a diferença de tamanho era gritante, Enji o partiria em dois. Pressionou a ponta contra a entrada, com dificuldade conseguiu entrar, Kei inquieto e ofegante sob seu pulso forte, cada vez que ele se remexia apertava ainda mais a glânde de Enji, esse agarrou seu quadril e com vontade o puxou para si até a base do pênis. Talvez os dois tenham gritado.

Não havia uma parte que não pressionava o pau de Enji e fazia-o mais pulsante, não havia sequer um centímetro de Kei não preenchido. Aquilo era novo, quente, apertado e desconhecido. Enji começou a se mexer primeiro lentamente se acostumando com a sensação e quando deu por si ambas as mãos prendiam e guiavam o quadril de Kei para bater contra o próprio. Gemia e uma fina película de suor começou a cobrir seu corpo, uma gota descia pelo dorso até a ponta do nariz caindo no abdômen de Kei.

Não soube quanto tempo ficou perdido naquela névoa de prazer, tão perdido que não percebeu quando as pernas de Kei envolveram de supetão a sua cintura e ele de alguma forma conseguiu jogá-lo na cama ficando por cima. Kei o montava com um sorriso, suas mãos apoiadas nos músculos da barriga de Enji, joelhos e pés dobrados para dar impulso. Enji encarava de lábios molhados a parte que os conectava indo e vindo, achava impossível que coubesse ali, no entanto, a realidade e Kei lhe mostravam outra coisa.

Quanto tempo se passou? Quantos beijos trocaram? Quantos gemidos ofegaram? Enji não sabia, não sabia, não sabia de nada a mais do que aquele momento, do que o próprio corpo e o de Kei acima do seu. Não podia aguentar mais, estava no limite e Kei sorridente parecia adivinhar bem o que se seguiria. Enji o puxou com força contra si predendo-o até a base, os olhos de Kei esbugalharam pela ação repentina, ele se segurou nos braços do homem tentando se levantar, Enji não afrouxava o toque.

— Não seja cruel, Enji… — Kei dizia de olhos fechados jogando a cabeça para trás — Assim eu vou… eu vou…

Essa era intenção, ambos tremiam, engolindo em seco, então as bocas se abriram e os derradeiros gemidos jorraram em sincronia aos jatos expelidos.

Confusão e cansaço pairavam sobre um Enji sem ar, suas mãos soltaram os quadris de Kei deixando marcas vermelhas, esse por sua vez se esparramou sobre si sem se desconectarem. Enji sentiu o sêmen dele escorrer sobre o que respingou na própria barriga, peito com peito sentiam os corações descompassados.

— Ainda não acabamos. — Kei sussurrou ao seu ouvido e o lambeu com a ponta da língua, Enji tinha certeza que não.

Fizeram mais duas, mais três, mais quatro, dormiu com o corpo grudento de suor sem qualquer noção de quando pararam. Enji apenas fechou de cabeça leve os pesados olhos.

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