Tsunagu
— Como se sente? — Tsunagu perguntou. — O médico falou que nós podemos ficar mais tempo se você achar melhor.
— Ah, não. — Kei calçou o tênis, suas costelas ainda doíam um pouco, mas não era nada que não pudesse lidar. Fez o laço no cadarço. — Não aguento mais ficar nessa cama. — Se colocou de pé.
Pegou o espelhinho e olhou para o rosto enfaixado.
— Eu ainda não estou bom, mas já estive pior. — Kei deixou o espelhinho na cama e pegou a jaqueta. — Obrigado pelas roupas, Tsunagu.
— O prazer é meu.
— Eles rasgaram todas as minhas roupas mesmo? — Kei perguntou pondo o braço na manga com cuidado. Tudo estava um pouco dormente ainda.
— Sim, só sobraram algumas cuecas.
— Poxa, eu tinha uns tênis exclusivos. — reclamou pensando na pequena fortuna que perdeu. Tênis que não teriam novas edições. — Ao menos eu tenho minhas cuecas. — Olhou para a pequena trouxa no canto da cama.
— Suas cuecas são de muito bom gosto. — Tsunagu fez um elogio sincero e Kei ficou tocado.
— Obrigado!
— Trouxe mais itens para você. — Tsunagu lembrou e do bolso do casaco jeans tirou uma pequena sacolinha jeans que entregou para Kei.
Kei abriu-a despejando o conteúdo na palma da mão. Eram os brincos de ouro que Enji lhe deu e o anel de aço.
— Obrigado, Tsunagu. Você nem é 10, é 20.
— 20?
— Sim, porque é duas vezes 10.
O homem ficou lisonjeado e Kei sorriu, então pareceu lembrar de mais uma coisa e tirou um celular do casaco.
— Para você. — ofereceu.
— A Comissão que mandou?
— Não — Tsunagu meneou — , é um presente meu.
Kei ficou extremamente surpreso.
— Sério? Por quê?
— Nós somos amigos.
O sorriso do garoto por baixo das faixas que enrolavam boa parte do rosto era tênue. Kei aceitou o presente.
— Você é 100, cara.
— Obrigado. — Tsunagu acenou educado.
Kei guardou a bolsinha com suas jóias na jaqueta e continuou com o celular na mão ao convidar animado:
— Vamos comemorar minha alta com frango frito! Eu pago!
Eles andavam pelos corredores do hospital, Kei atualizava o celular novo com suas informações e dados. Mal olhava para frente, mas sabia por onde andar e nunca perdia o compasso com o de Tsunagu. Ao chegarem ao estacionamento, Kei já navegava na internet vendo as notícias e então parou em pé na porta do carro.
— Sequestraram Enji ontem? — Não tirava os olhos da tela do celular, eles passavam voando pelas linhas da reportagem.
O estômago de Tsunagu pesou com a consciência culpada.
— Sim. — afirmou sentindo-se péssimo e a revolta de Kei contra si.
No entanto, Kei falou calmo:
— A Comissão não avisou, não foi?
— Sim. — acenou.
— Mera?
— Mera.
— Você sabia de tudo?
— Sim. — Mera não inventaria desculpas. Aceitaria toda a raiva de Kei com razão.
Contudo, a fúria de Kei não veio, ele abaixou o celular e inclinou a cabeça refletindo:
— É, já era de se esperar. Assim seria mais fácil pegar Shigaraki. Bem que eu suspeitei do porquê não poder chegar nem perto da internet. — Kei abriu a porta do carro e entrou. — Vamos? — perguntou olhando curioso para o homem que permanecia do lado de fora.
Tsunagu abriu a porta do carro e entrou, pôs o cinto e as mãos no volante, mas não deu a partida. Virou para Kei:
— Você não está bravo comigo? É seu direito. — Encorajou.
Kei riu confuso com a atitude:
— Não! Por que estaria? A Comissão mandou não contar, não foi?
— E com Mera?
— Também não. O que vocês poderiam fazer contra uma decisão da Comissão? — questionou como se fosse o óbvio.
— Mas o que você faria no nosso lugar?
Kei refletiu por alguns segundos e então falou:
— Do que adianta pensar nisso agora? Enji está bem segundo a notícia e logo eu pretendo falar com ele. Eu sou eu e vocês são vocês. Não dá para saber o que eu faria. O que faria se fosse você no incêndio?
Kei tinha um ponto, não saberia o que fazer. Não havia necessidade de ficarem em “e se” do passado quando tinham um futuro a frente.
— Vamos comer no primeiro fast-food que aparecer. — Kei falou. — Toda essa comida saudável de hospital tá me fazendo mal.
Tsunagu concordou.
— Posso ligar o rádio? — perguntou educadamente para Kei.
Kei sorriu e disse:
— O carro é seu.
Capítulo curtinho! O que acham da amizade desses dois?
O que acharam do capítulo? Deixem seus comentários, críticas, teorias e elogios.
Até amanhã!
Bjinhus!
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