Tecnologias fundamentais
— Você sempre atende todo mundo de cueca? — Enji perguntou na porta.
— Não… — Kei respondeu sem muita certeza com uma nota dobrada na mão. — E eu não estou de cueca. É um short.
Enji olhou com desprezo de cima a baixo para o garoto loiro, a boca dele estava suja de molho e os dedos também.
Enji entrou no apartamento já tirando o casaco e dizendo:
— Vá se limpar. — Não queria dedos gordurosos o apertando aqui e ali.
— Agora não vai dar. — Kei fechou a porta e chupou os dedos.
— Como assim "não vai dar"?
— Eu tô almoçando.
— São quatro da tarde.
— Eu tô almoçando agora. — Deu de ombros, deixou o dinheiro na bancada e sentou na cadeira pegando o balde de frango e mordendo uma asa.
— Coma depois.
— Não dá, não comi nada hoje ainda.
— Que horas você acordou?
— Cedo. — Mentiu descaradamente.
— Termine logo.
— Estou apreciando a comida. — Sugava os ossos da asa junto com o molho.
Comida? Aquilo era fast-food ultraprocessado com um molho que devia ser apenas sódio, gordura e corante. Kei comia como se fosse um manjar dos deuses.
— Não demore. — Enji ficou em pé no meio da sala.
— Vai demorar um pouquinho.
— Por quê? — Enji já estava impaciente.
— Porque eu tô comendo.
— Isso não vai demorar mais que alguns minutos.
— Na verdade, vai demorar umas três horas… — Mordeu outra asinha o olhando.
— Hã? — Irritado. Como alguém demorava três horas para comer um balde de frango de fast-food por maior que fosse?
— A comida demora para digerir.
Enji não entendeu. Kei continuou tentado fazer com que ele chegasse a conclusão:
— E ela tem que sair… e por onde ela sai outra coisa entra… que é… — instigava — Você sabe o que é.
Enji o olhou confuso.
— Seu pau. — Kei clarificou. — Seu pau entra por onde sai a…
— Não precisa completar. — Enji interrompeu.
— Vai demorar três horas e depois vou ter que fazer a chuca.
— O que é isso? — Enji perguntou.
— Bom, você coloca água com a ajuda de um enema e então fica de quatro, na verdade, fica antes, quer dizer, depende, depende do seu gosto…
— Chega. — Enji não queria mais ouvir nenhum pouco daquela conversa. Encarou Kei e decidiu sentar no sofá.
— Você vai esperar? — O rosto do garoto se iluminou.
Enji não respondeu, apenas cruzou os braços e passou a observar a televisão em que um jogo estava pausado.
Kei ficou nas alturas de tão alegre, comia ainda mais feliz. Enji se perguntava o que uma ereção não fazia enquanto esperava o moleque terminar tudo.
— Nos outros dias — falava —, você não precisou fazer a… fazer isso. — concluiu com a certeza de que Kei o enrolava para ficar mais tempo.
— Nos outros dias — Kei respondia —, eu só bebi e a minha dieta tava boa com muita fibra.
Enji enrugou o nariz irritado.
— Você pode jogar se quiser. Eu ensino. — Kei cantarolou a última parte.
— Coloque no jornal.
— Não quer mesmo jogar? É muito legal.
— Coloque no jornal. — repetiu categórico.
— O controle da televisão tá aí do lado. — Kei apontou com o queixo. — É só colocar.
Enji pegou o longo controle da televisão e ficou sem saber o que fazer com tantos botões. Qual era o certo? E se clicasse no errado? Ninguém jogava videogames na sua casa, não tinha que se preocupar com mais isso, jogos eram distrações e deixavam as crianças burras. Esse devia ser o motivo de Kei ser tão relapso, quando Enji descobriu que Natsuo ia de jogar na casa dos colegas ao invés de estudar, o proibiu de sair de casa e o trocou de escola. Qual botão apertar?
— Você não quer assistir ao jornal? — Kei perguntou enquanto Enji ainda analisava os inúmeros botões.
— Calado. — Será esse botão grande do meio ou esse pequenino do canto?
— Você pode colocar no canal de notícias… espera aí… você não sabe como botar? — Enji ouviu a risada se formar na garganta do garoto.
— Calado. — Enji se decidiu, apontou o controle para a televisão e apertou no do meio. Não era esse.
Kei riu alto. Enji apertou em outro e Kei continuou rindo mais e mais. O homem apertava em vários agora com a cara emburrada. Por que tantos malditos botões?!
— OK, boomer. — Kei saltou da cadeira, lambeu os dedos do molho, tirou o controle da manzorra e mostrou o botão, era um dos últimos. — Aqui, vovô. — riu e voltou para o seu frango.
Enji queria jogar o controle na cara de Kei só pelo modo jocoso que o moleque agiu e que droga era "boomer"?
— Olha só, bem a tempo das notícias da tarde. Que sorte, não? — Kei falava de boca cheia. Um moleque mal-educado. Merecia uma surra.
Tudo no mundo estava um caos como sempre, falavam de conflitos políticos e de gangues de universitários desocupados. Enji pensou em Natsuo, ele estava na universidade há um ano e há quanto tempo não se falavam? Há quanto tempo não se viam? Dois anos e alguns meses que não via o terceiro filho, será que ele estava bem? Natsuo nunca aparecia para nada, Enji achou que ele viria quando acabasse o dinheiro ou visse o quanto a vida era difícil sozinho por aí sem a ajuda do pai. Natsuo sempre teve tudo, não se acostumaria com a vida comum, mas não foi o que aconteceu. O molecote rebelde não voltou nenhuma vez, Enji sentia raiva ou orgulho? E se ele tivesse passado por alguma dificuldade? Enji teria como saber, não teria? Fuyumi viria contar, não veria? Enji não tinha certeza. Talvez devesse ligar e foi a primeira vez que Enji percebeu que não tinha o número de nenhum dos filhos. Checou o celular para ter certeza, estava certo.
— Você sabe usar celular? — Kei zombou naquele tom idiota e alegre.
— Ninguém falou com você.
Kei assobiou e disse se rendendo:
— Tudo bem, tudo bem. — Para a infelicidade de Enji não demorou nem meio segundo antes do garoto perguntar: — Ei! Qual app de mensagens você usa?
— O quê? — O que era "épi"?
— Qual aplicativo de mensagem você usa, Sr. Todoroki? — Kei deu outra mordida no frango.
Então o tal de "épi" era app para aplicativo. Enji compreendeu tudo. Por que usar tanta abreviação?
— Não te interessa.
— Como assim? Eu já tenho seu número, devia te achar, não te encontrei em lugar nenhum.
— Eu não quero que você me encontre. — falou sem rodeios e sem entender como essas coisas funcionavam, mas o garoto não ter lhe achado era bom.
— Não é bem assim que os apps funcionam. Me diz logo! Vai!
Enji expirou pelo nariz, o moleque já tinha o seu número mesmo, não tinha o quê fazer a respeito de qualquer forma além de ignorar as ligações. Mas Kei também quase nunca ligava.
— Eu uso o que vem no celular. — Enji falou.
— O que vem no celular? — Kei estreitou as grossas sobrancelhas em confusão e em seguida falou um monte de nomes ridículos que Enji não entendeu nem a metade. — Nenhum desses? Ora, não sei se existem mais outros.
— É um que é uma nuvem.
— Nuvem?
— Sim. — Além de irritante era surdo? — Uma nuvem branca com uns riscos.
— Nunca ouvi falar desse.
— É uma nuvem branca retangular com uma pontinha.
— Hã? Qual é esse? Nunca ouvi falar. — Kei saltou do banco do balcão novamente e foi até Enji. — Me mostra.
Enji ficou irritado, pegou o celular e apontou para o ícone. Kei viu, seus olhos dourados o encararam e voltaram para a tela.
— Isso é SMS. — disse. — E não é uma nuvem, é um balão de mensagens.
— Não é esse negócio. É mensagem.
— SMS é mensagem. — Kei rebateu explicando. — Quem usa SMS hoje em dia?
— Eu uso. Veio no celular.
— Tá explicado, vovô.
Kei catou o celular no balcão e mostrou os vários ícones da tela:
— Esses aqui são aplicativos de mensagem. Você baixa um e usa, é bem mais simples e útil.
— Qual a diferença?
— Dá para enviar arquivos de mídia mais rápido.
— Meu assistente faz isso para mim. — Enji desprezou.
— E enviar carinhas. Olha só. — Kei mostrou uma miríade de rostos redondos em expressões imbecis que não faziam sentido algum. Enji não precisava dessa porcaria. — É muito divertido. — Realmente não precisava desse lixo. — Dá para postar fotos e…
— Não me interessam essas bobagens.
— Yagi tem um. — Kei disse. — Todo mundo tem.
— Eu não sou todo mundo.
Kei rindo jogou o celular no sofá, seus dedos traçaram o maxilar do homem até o queixo o erguendo para ambos se encararem nos olhos e então apoiando a perna entre as de Enji, disse:
— Tenho certeza disso, meu rei. — Os dedos do pé de Kei roçaram na braguilha da calça de Enji já o deixando meio duro.
O garoto loiro tirou o pé dali voltando à postura normal, Enji quis o pegar pela cintura e o foder ali mesmo, mas Kei foi mais rápido e se afastou dizendo num sorriso:
— Deixa eu almoçar para você poder jantar mais tarde.
Kei era o tipo de pessoa que não conseguia ficar calada mesmo nas refeições a toda hora oferecia um pouco do frango ultraprocessado para o homem.
— Qual a sua comida preferida? — perguntou depois da segunda rejeição e décima quarta ignorada.
Enji estava sem paciência, irritado e excitado. As coisas não terminariam bem.
— Não tenho.
— Sério? Primeira vez que escuto isso… igual ao seu app de SMS! — Riu e comeu a última asa.
Enji aumentou o volume da televisão, ao menos esse botão ele sabia usar e estava escrito volume nele! Por que todo o resto tinha que ser tão complicado?
Kei pegou o balde de frango, jogou no lixo e abriu a geladeira:
— Agora a sobremesa.
— Você não para de comer? — Enji se irritou ainda mais. Veio aqui transar e esperaria três horas para o garoto ir ao banheiro. Era uma consulta para colonoscopia por acaso?
— É só um suco. — falou apaziguando. — Tenho que beber muita água, sabe?
— Todo mundo tem que beber muita água. — Enji rebateu cruzando os braços, seu pé batendo irritado no tapete.
— Eu tenho que beber mais. — Insinuou. — Comer muita ameixa…
— Que conversa é essa? — Enji ergueu uma sobrancelha furioso. Tudo o que ele via pela casa era embalagens da marca daquele frango e nenhum indício de fruta.
— Quer um pouco? É de abacaxi. — Kei se serviu num copo de uma grande caixa de suco.
— Isso não é suco de verdade.
— Não? — Kei olhou para a caixa na mão. — Tem um abacaxi feliz enorme com óculos de sol na embalagem. — Mostrou para Enji.
— Você não comprou essa caixa baseado no desenho da frente, comprou?
— Não. — Kei não parecia ter muita certeza. — Mas olha, tem um monte de vitaminas: a, b, c…
— Você sabe para o quê essas vitaminas servem? — Enji se levantou do sofá.
— Sei? — Kei encolheu os ombros.
Enji tomou a caixa da mão dele e a leu.
— Você é uma anta, garoto. Isso não é suco, é néctar de fruta. — Apontou com o dedo enorme para as palavras da embalagem.
— Ué, é de fruta. — Kei concluiu.
— Néctar de fruta e suco de fruta são diferentes.
Kei ficou sem entender, Enji respirou fundo apertando com o indicador e o polegar a base do nariz.
— Néctar não é aquela coisa que as abelhas…
— Néctar é puro açúcar, garoto! E isso aqui é puro néctar com aromatizante de abacaxi!
— Sério?
— Você é surdo?
— Calma, meu rei. — Kei pegou a caixa de volta, pegou o celular e tirou uma foto da embalagem. — Não acredito que não é suco de verdade, gasto uma fortuna nele numa daquelas lojas chiques de posto de gasolina. — Kei digitou uma mensagem com a foto do néctar.
Enji se perguntou para quem era aquilo? O detetive não achou nenhum amigo em especial ou caso, além do que ele tinha com o Yagi. Nos dias em que mandou o detetive pesquisar toda a vida dele tudo que encontrou foi sobre o trabalho de Kei, Yagi e uma vida quase desleixada.
— Viu só? — Kei mostrou a tela para Enji que escondeu a surpresa. — São esses apps que as pessoas que não tiram selfie com pintura à óleo usam.
— O que é selfie?
Kei o encarou com grandes olhos esbugalhados e então gargalhou muito mais alto do que antes.
— Uau! — Kei tinha lágrimas escorrendo pelos cantos dos olhos de tanto rir. — Que velho engraçado! — Ele segurava o peito perdendo o ar.
Enji quis socar o garoto, lhe chamava de velho agora chorando de tanto rir, mas outras vezes chorava por outros motivos.
— Selfie é isso. — Kei do nada passou o braço pelo de Enji apontando a tela do celular para os dois e tirou uma foto.
Enji quase morreu de susto.
— Apague agora. — rosnou.
— Calma, eu vou apagar, mas vê só. — Mostrou a foto. — Isso é uma selfie.
— É uma foto normal.
Kei revirou os olhos parecendo muito mais o moleque que era e corrigiu:
— É uma foto que você tira de si mesmo. — Virou a tela do celular para Enji ver ele apagando.
— Ridículo.
— Eu acho legal. — Kei se distraía na galeria de imagens até que surgiu uma foto de um pênis. — Opa. — Ele desligou a tela. — Enji viu o de Kei muitas vezes e teve a certeza que aquele não era o do garoto. — Nem sei como isso veio parar aqui. — Riu disfarçando.
— Seria legal você ter um app. Facilitaria muito a sua vida.
— Essa é a função do meu assistente.
— Nas questões pessoais, digo. É cansativo atender ligações, ninguém mais faz isso hoje em dia. Mensagens são mais fáceis de responder.
— Em que sentido? — Talvez fosse mais fácil se aproximar de Fuyumi assim, ela era a que parecia bem mais aberta.
— Em todos!
— Quanto é um desses?
— É de graça! — Kei respondeu animado. — É só baixar.
— Baixar o quê? O celular?
Foi extremamente perceptível o imenso esforço que Kei fez para não rir. Seus lábios tremiam apertados.
— Você… baixa… o… aplicativo… — Kei mal conseguia se conter. — É facílimo.
Enji pesou a sua decisão e disse:
— Me mostre.
— Claro! — O semblante do garoto iluminou.
Eles foram para o sofá, Kei pegou o celular para fazer com que Enji fizesse igual no próprio. O homem digitou a senha rapidamente para desbloquear a tela.
— Sua senha ser o seu aniversário é meio… idiota? — Kei comentou ao observar. Enji ficou surpreso com o quão a visão do mais novo era afiada e como ele sabia o seu aniversário? — Melhor mudar. Mas não coloca o aniversário dos seus filhos também. — Kei exterminou a ideia assim que ela surgiu na mente de Enji.
Eles fizeram tudo de acordo. Enji escreveu Fuyumi na busca, mas nada encontrou.
— Não funciona. — falou. Ou talvez ela não tivesse um também.
— Nesse você precisa do número da pessoa. — Kei explicou. — Se não tem o número, não aparece nada.
— Dá para achar alguém pelo e-mail?
Kei riu:
— Você sabe o que é um email?! Estou chocado.
— É claro que sei, tenho um corporativo que uso no celular.
— Uau, você me surpreende, meu rei. — Kei encostou a cabeça no sofá. — Mas para o email você precisa do email da outra pessoa.
— De que servem essas porcarias então?! — Enji se irritou com o celular até que outra ideia veio a sua mente: — E essas redes sociais?
Kei se empertigou no sofá, seus olhos brilhando excitados:
— Você quer fazer uma?
— Muitas pessoas têm elas, não?
— Sim. — Kei acenou. — Mas meu rei não é qualquer pessoa.
— Nem Shoto!
— Aaaa, tudo faz sentido agora. — Concluiu. — Meu rei quer espionar o filho.
— Não é espionar! É meu dever como pai!
— Claro, claro. — Kei concordou não acreditando muito. — Se ele tem um celular, então ele deve ter um. Ele é adolescente, não? Todo mundo tem um até as essas velhinhas do mercado, mas você é o primeiro que conheço que não. Quer ajuda para fazer uma?
No final, Enji aceitou a ajuda, tiveram que fazer um email pessoal antes e depois uma conta no tal site, agora era quase de madrugada e Kei dormia ao seu lado nem a penumbra escondia as marcas que Enji deixou no corpo dele das nádegas até as costelas. Kei no sono tremeu de frio e puxou o lençol para se cobrir até o pescoço, virou para o outro lado mostrando as costas desnudas, haviam coisas ali na nuca loira que Enji teve certeza que não foi ele que fez. Com quantos esse moleque dormia? Quantos vinham aqui na casa dele?
Enji pegou o celular, entrou na rede como foi ensinado e digitou o nome de Fuyumi, Natsuo e por fim Shoto. Encontrou os três. Touya também teria uma se estivesse vivo? Enji não queria que nenhum deles soubesse que os sondava. Natsuo tinha e Shoto tinham os perfis fechados, Fuyumi era a única com o aberto. Enji viu as fotos dos alunos dela, das festas que ela participava com outros professores e fotos com os amigos, ele não conhecia ninguém de lá. O que sabia da vida dos filhos?
O homem saía do tal do aplicativo quando teve a ideia de pesquisar o nome daquele que ele checou para ter certeza que dormia ao seu lado. Não foi nenhum pouco difícil de achar, o garoto tinha quase dois mil seguidores, um arsenal interminável daquelas selfies e várias fotos de frango frito ou qualquer receita absurda que envolvesse. Enji ficou em choque ao saber o quanto as pessoas eram taradas ao ler os comentários que Kei recebia e em alguns criativos ele até respondia flertando de volta com um "dm me". O que significava? Drogas? Kei tinha cara de quem usava drogas? Bem provável.
Ele desligou o celular estressado com essas gírias de jovens de internet, deixou o aparelho sobre a cômoda e foi dormir. Apenas hoje dormiria aqui, acordaria cedo antes do loiro e deixaria um dinheiro a mais pela ajuda. Ficaria aqui porque estava muito cansado de todos aqueles pensamentos sobre a sua família e porque seria muito trabalhoso chamar um carro agora além do mais seria trabalhoso se vestir com as luzes apagadas. Apenas isso.
Kei sussurrou um nome no seu sonho, Enji soube que era seu. Puxou os lençóis para si e dormiu ciente de estar tão nu quanto o outro.
Olá!
Só quero agradecer a todo mundo que tá lendo a fic! Fico muito feliz com os votos e comentários, eles animam de mais e aumentam a vontade de escrever!
Obrigado mesmo.
Bjinhus!
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