Lámen frio
Comiam quase em absoluto silêncio, Fuyumi sempre começava as conversas e eles nunca tocavam em nada relacionado àquele dia. Ele parecia bem ferido ainda.
Aos poucos Fuyumi sentia que podiam voltar ao que estavam construindo e ela perguntaria sobre Kei. No entanto, hoje o pai estava diferente, mais cabisbaixo do que o usual para esses dias e sua expressão imersa em pensamentos.
Fuyumi pegou mais um ovo cozido do lámen. O pai apenas encarava a tigela intocada com os hashis na mão. Será que Kei entrou em contato? Já fazia um mês afinal.
Daquela posição podia ver as bolsas embaixo dos olhos do pai e o leve vinco entre as sobrancelhas. Ele permanecia parado como uma estátua e não disse sequer uma palavra desde que ela chegou.
— Pai, está tudo bem? — Fuyumi decidiu perguntar, porém ele não ouviu, continuou concentrado na tigela fria de comida.
O peito subia e descia na respiração pesada, ele não estava ali de verdade, era igual quando… ah, Fuyumi lembrou. Houve um incêndio na cidade. Os jornais não paravam de falar na pane elétrica que queimou o prédio e do fio de fumaça que podia ser visto de qualquer lugar da cidade, mas sem mortes. Natsuo também ficou apreensivo ao ver as notícias e toda vez que a televisão começava a falar sobre, ele era fisgado para a tela não importa o que estivesse fazendo enquanto seu rosto desenhava uma expressão tensa.
Os lábios do pai se apertaram mais e ele engoliu em seco. Fuyumi engoliu o macarrão e deixou os hashis de lado. Touya sempre era outro assunto em que ninguém tocava, mas Fuyumi não pretendia que tudo fosse intocável nesta família.
Seus dedos roçaram nos do pai segurando a tigela, ele despertou surpreso de seus pensamentos ao ver a mão da filha sobre a sua. Há quanto tempo não segurava ela? Fuyumi e Touya ainda eram crianças na última vez e Shouto não tinha nascido.
Ela apertou seus dedos, tinha as mãos quentes porque seu prato estava quente, já o pai tinha as mãos quentes porque sempre foi assim. Fuyumi olhou-o serena e disse ao fechar a mão na sua:
— Vai ficar tudo bem, pai.
Ele segurou de volta e continuou calado em luto observando o lámen frio.
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Até amanhã.
Bjinhus!
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