Concussão
— Todo esse plano é idiota. — o tatuado falou.
Enji não tinha conseguido ver o rosto de ninguém. Colocaram um saco de pano na sua cabeça e prenderam seus pulsos com correntes, tudo o que suspeitava era que estavam na estrada há algum tempo e algum deles fumava.
— Você é sempre tão pessimista. — a mulher falou. — Trouxe alguma arma?
— Não, se a polícia nos pegar vai ser melhor eu não estar armado.
— Dá para apagar o cigarro? — o careca pediu, Enji não enxergava, mas sabia que ele ainda apontava a arma.
O tatuado riu e fez algo que o careca quase saltou do lugar para evitar.
— Filho da puta!
— Tá com medo desse foguinho de nada?
— Vai se foder! Você não tava lá!
— Estamos quase chegando. — a mulher avisou.
O carro passou do asfalto para o seixo e pedrinhas batiam contra a carroceria. E vez ou outra Enji ouvia pílulas sendo sacudidas.
— Você toma tantas dessa merda que nem deve mais fazer efeito. — o careca que lhe vigiava disse de repente.
— Ah, faz efeito sim. — A voz do tatuado estava relaxada. — Se não fizesse quem estaria em um saco seria eu.
Passaram mais alguns minutos na estrada de seixo e então o carro parou.
— Se você se mexer, morre! — ele não precisava repetir o tempo todo, Enji não reagiria, estava muito perto da pistola e mesmo que só dois estivessem armados, Enji preferia não arriscar sua vida nessa chance ínfima.
— Tem medo de não dar conta dele também? — o tatuado falou entediado ao abrir a porta do carro e puxar Enji.
— Cala a boca! Você é sempre um filho da puta!
Ouviu outro riso do tatuado enquanto era arrastado por um chão de seixo que deformava as solas dos seus sapatos. Outras portas foram abertas e alguém empurrou Enji para outro carro. Sua cabeça bateu na entrada.
— Já me livrei do carro. Quer dirigir? OK. — a mulher entrou e deu partida.
Seguiram por mais uma ou duas horas no carro, até que finalmente pararam em um local. Enji foi puxado com força pelos pulsos presos, outras portas abriram e fecharam. Enji sentia o cano da pistola nas costas forçando-o a prosseguir.
— Não vai atirar nele sem querer. — o tatuado falou calmo.
— Dá para calar a boca?!
Eles estavam em algum lugar fechado e pelos ruídos haviam ratos lá. Jogaram-no com força contra uma parede.
— Se você se mexer, morre!
Pegaram um dos pés de Enji e envolveram numa corrente. Os cadeados foram fechados.
— Eu vou trazer o chefe. — a mulher falou. — Vocês ficam aqui vigiando.
Uma porta foi aberta e fechada.
Um pote de pílulas foi chacoalhado aberto.
— Vai se drogar mais?! — o careca perguntou consternado para o companheiro. — Já não deu no carro?
— É hora do meu remedinho. — o tatuado brincou engolindo a pílula em seco. — E tá na hora de dar algo para ele beber.
— Não, vamos deixar ele assim.
— Essas não foram as ordens. — falou entre o tédio e a diversão. — Tá com medo de que outro cara tente te matar? Ele tá amarrado com correntes. Dá logo água pra ele.
— Vai se foder, Dabi! Você não manda aqui!
Dabi?
O coração de Enji disparou, conhecia esse nome. Podia ser a mesma pessoa?
— Aquele cara quase matou eu e o meu grupo!
— Por que seu grupo foi burro pra caralho. — Ouviu o chacoalhar do remédio novamente. — Aposto que Ai queria comer ele e por isso que ele conseguiu se soltar.
— As cordas estavam queimadas! Ele era muito mais ardiloso do que a gente achava! Ele atrapalhou até a primeira tentativa de pegar esse boçal! Mas mesmo assim aquele Kei queimou no inferno!
— Kei? — Enji não conseguiu conter a voz. — O que fizeram com ele!
Assim que falou, sua cabeça foi atingida com algo duro que fez com que batesse as costas contra a parede de novo. De repente sentiu um gosto amargo subir pela sua garganta e vazar entre os dentes, Enji começou a engasgar no próprio vômito. A concussão deixava-o tonto e cansado.
— Por que fez isso? — Sentiu uma mão esguia o segurar pela nuca e puxar o saco de pano grosso tapando sua visão.
— Você… — Enji falou e apesar da visão embaçada e da pouca luz que entrava no cômodo conseguiu enxergar o tatuado. — É o Dabi de Kei… levava para o apartamento…
Reconheceu quando cruzou com ele sem que percebesse na rua no dia em que pegou Kei no flagra.
Os olhos turquesa dele cintilaram aí encontrar os de Enji. O rapaz tinha tatuagens e piercings no rosto, um olhar baixo e seu cabelo era longo, escuro e espetado. Nunca viu alguém com tantos piercings.
— Então é você que comia Kei. — Dabi falou ainda o segurando pela nuca. Seu rosto impassível se contorceu. — Argh, que nojo.
O que acharam do capítulo? Deixem seus comentários, críticas, teorias e elogios.
Até amanhã!
Bjinhus!
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