Reichenback
Oláaaa capítulo longoooo para vocês, eu tive que dividir em dois, mas mesmo assim ficou grande. Esse cap é uma ligação para o próximo capítulo onde Dean fará uma escolha não muito agradável. Será triste.
Boa leitura.
Sentado em uma das mesas em uma lanchonete no Kansas, Sam não se sentia bem, na verdade ele sentia que nada estava bem. Sem fome, apenas remexia sua salada. Mas que merda está acontecendo? Pensou cansado.
— Sam? Você está bem? — Castiel perguntou preocupado. Sam olhou Cass, mas não conseguiu dizer nada, o cansaço e a dúvida o circundam assombrando cada pensamento seu.
— Não temos certeza Sam, precisamos falar com Crowley... Só ele poderá sanar essa dúvida.
— Você não acha muita coincidência? O Impala sumir e aparecer perto da cena do crime, o bartender dar as descrições exatas de Dean? — Sam perguntou, sua voz estava baixa e visivelmente cansada. — Cass, seja lá o que for não é o Dean.
Castiel encarou Sam pensativo. Sim, poderia ser outra coisa, mas se Dean voltou mais uma vez? Dean morrera muitas vezes, tantas que nem se lembra, mas se ele voltou apenas pode estar desorientado vagando sem rumo? Eram muitas questões a serem pensadas.
— Sim é estranho, mas e se ele for ele mais apenas não se lembra? Às vezes voltar dos mortos pode nos deixar confusos.
— Isso não justifica a morte daquelas garotas... Dean não faria algo tão cruel com pessoas inocentes.
Sam rebateu e entrelaçou os dedos apoiando seu queixo sobre eles. O verdadeiro Dean não faria algo do gênero, não machucaria ninguém que não merecesse ser machucado. Ele era um herói, daria sua vida para salvar pessoas inocentes. Antes que Castiel falasse algo seu celular começou a tocar e ao atender ficou surpreso ao escutar a voz do outro lado da linha.
— Castiel? — uma voz feminina ecoou pelo telefone chamando a atenção de Sam. Cass franziu a testa.
— Claire? — Castiel disse. Claire respirou fundo, parecia tensa.
— Eu não queria te ligar, mas preciso de sua ajuda...
— O que aconteceu? Você está bem? — Castiel perguntou preocupado. Outro longo suspiro cansado ela soltou.
— Sim, estou inteira, não graças a você... Eu preciso de um favor.
— O que precisa? — Castiel perguntou paciente. Claire hesitou no começo, mas logo engoliu o seu orgulho.
— Eu... Eu estou presa e preciso que você me tire daqui. — Cass olhou para Sam que retribuiu o mesmo olhar curioso. — E antes dizer "não" lembre-se que você me deve isso. Por favor, eu só quero ir para casa. — Sua voz estava falha e trêmula, era difícil para Claire pedir algo para o anjo que possuiu o corpo de seu pai Jimmy Novak e mais difícil ainda olhar para ele e não se lembrar da família perfeita que ela perdeu para algo que ela imaginava ser bom e puro. Um anjo.
Castiel suspirou de fato ele devia não apenas um, mas todos os favores possíveis que ela pedisse. Castiel roubou a vida de uma garotinha, deixou que ela acreditasse que seu pai não a amava não se importava e principalmente deixou que pensasse que estava sozinha nesse mundo. Ele não podia dizer não, ele iria ajudá-la e tentaria recuperar uma parte da sua inocência perdida.
— Claro, onde você está?
— Centro de Transição Juvenil em Pontiac, Illinois. Por favor, não me deixe... Não de novo. — Foram as últimas palavras de Claire antes de desligar.
Castiel encarou o telefone, ainda estava surpreso por ter recebido essa ligação, fazia anos que não via Claire e a última vez não foi nada agradável, talvez ele precisasse disso, mais uma vez ele precisava concertar aquilo que destruiu.
— Claire Novak? Era ela ao telefone? — Sam pergunta tirando Castiel dos seus pensamentos.
— Sim, ela precisa de minha ajuda... — Cass disse levantando-se, Sam franziu a testa preocupado.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não... Mais ou menos. Eu tenho que ir, desculpe por não poder te ajudar com Crowley, mas Claire precisa de mim.
— Sem problemas, vá até ela. Qualquer coisa me liga. — Castiel assentiu e saiu pela porta da lanchonete torcendo para que tudo ocorra bem em Illinois. Sam abriu o seu notebook e pesquisou sobre as notícias mais recentes nos Estados Unidos, e uma manchete chamou sua atenção.
"Massacre na Cidade do Pecado" Sam clicou no link e leu atentamente as palavras e sua dúvida ficou cada vez mais latente.
"Hoje o dono do maior complexo de hotéis e cassinos intitulado CityCenter foi brutalmente assassinado em sua cobertura localizada na Strip, a mais famosa avenida de Las Vegas. Oliver King foi morto por um homem desconhecido que não apenas o matou, mas também assassinou todos os seus seguranças, no local do crime foi encontrada apenas uma sobrevivente visivelmente abalada. Loise Petit, noiva de Oliver, foi encontrada desorientada dizendo que o próprio Diabo que matou Oliver. Loise foi encaminhada para um hospital e passa bem. A polícia ainda não tem pistas sobre o suspeito, mas divulgou um vídeo que capturou perfeitamente o momento do crime."
Sam baixou a página e clicou em cima do vídeo.
Seu coração congelou no momento que viu Dean, ele estava diferente, não apenas em seu visual que estava mais sofisticado, mas o andar e o seu olhar. Dean entrou na cobertura de Oliver, tinha muitas pessoas elegantes, Oliver entrou na frente sendo seguido por Dean e uma loira, eles conversaram por alguns segundos e depois Dean foi sendo puxado pela mesma loira. Loise, noiva de Oliver, Sam pensou. Vários minutos depois, Oliver começa a mandar as pessoas embora, Oliver estava extremamente exaltado e muito irritado, ele chama os seguranças que correm para a direção onde Dean e Loise foram e voltaram trazendo os dois.
Loise grita com Oliver que lhe dá um belo de um tapa e depois começa a falar com Dean, Sam ficou frustrado, pois queria saber o que os dois estavam conversando. Segundos depois a conversa tornou-se uma briga sangrenta na qual Dean matou sem escrúpulos algum todos que estavam presentes deixando Oliver para o final. Nesse momento a câmera não conseguiu filmar, pois os dois ficaram em um lugar um pouco abaixo da câmera, mas Dean saiu caminhando em direção à porta.
A loira ficou encolhida perto de um dos sofás e diz algo para Dean fazendo-o parar e olhar para trás, ele diz algo de volta para ela e nesse momento Sam parou de respirar. Os olhos de Dean tornaram-se negros, negros como a noite.
Sam fechou bruscamente o notebook tentando manter sua sanidade intacta, toda a sua teoria estava certa. O corpo de Dean foi possuído por um demônio.
Sam jogou vinte pratas sobre a mesa e levantou-se bruscamente pegando suas coisas e indo o mais rápido que conseguia até o carro.
Antes de abrir a porta o seu celular começa a tocar, ele pensou em ignorar, mas sentiu que devia atender.
— Alô?
— Alce! Você demorou a atender hein. — Crowley riu fazendo o sangue de Sam ferver. — Seu irmão e eu estávamos começando a nos perguntar se você tinha atropelado outro cachorro. Sabe?
Sam respirou fundo controlando a sua raiva. Filho da puta, pensou.
— Meu irmão está morto Crowley. Eu sei que você tem algum demônio maldito por aí no corpo dele... — Sam apertou o punho envolto do celular. — E acredite, você vai pagar por isso.
— Alce, Alce... — Crowley riu com desdém. — Temo que não tenha se permitido sonhar grande. Seu irmão está bem vivo, por cortesia da Marca. E a única alma demoníaca dentro de Dean é dele mesmo. Um pouco mais distorcida, um pouquinho mais mutilada, difícil de reconhecer, mas posso te garantir, toda dele. Sente-se melhor agora?
O quê?! Pensou Sam.
—Lembra-se dos apoiadores de Abaddon que você mandou para matar o meu irmão antes de ele se tornar essa coisa que ele se tornou? Como Dean se sente com essa traição? — Sam rebateu.
— Se acha que está acontecendo isso então está mais por fora do que eu pensei.
Sam não conseguia acreditar que o seu irmão havia se tornado um demônio.
— Eu não sei como você fez isso, que tipo de magia negra usou, mas ouça... — Sam andou até a porta do motorista. — Eu vou salvar o meu irmão ou morrerei tentando.
Crowley riu mais uma vez e Sam tinha que se esforçar para manter o foco e não perder o controle.
— Sabe o que me faz cócegas em tudo isso? É o que realmente está te comendo vivo. Você não se importa dele ser um demônio. Caramba! Você já foi um demônio. Nós todos fomos demônios. Não. É que ele está comigo e está se divertindo pra cacete. Você não pode suportar o fato que ele é meu.
— Ele não é um animal de estimação. — Sam rebateu nervoso.
— Animal de estimação? Ele é meu amigo, meu parceiro no crime. Um dia escreverão músicas sobre nós, quadrinhos! "As desventuras de Crowley e esquilo" Dean Winchester me completa e isso é o que faz você perder as estribeiras.
— Eu vou te achar, eu vou salvar o meu irmão e então vou te matar de vez! — Sam esbravejou perdendo a cabeça.
— Bom, essa é a questão, não é? "Vou te achar" ... — Crowley imitou a voz de Sam. — Boa sorte com isso. — Crowley desligou fazendo Sam perder a chance de gritar com ele mais uma vez.
Sam gritou e deu um murro sobre o teto do carro, as coisas não podiam estar piores. Ele entrou no carro e arrancou em alta velocidade rumo ao bunker.
The black Spur- Beulah, Dakota do Norte.
— Então deixa ver se entendi... — Dean pegou o seu copo e deu um gole generoso no uísque, limpou a boca com as costas da mão e encarou Crowley. — Você mandou aqueles demônios para me matar? — Dean indagou arqueando a sobrancelha lembrando-se do que aconteceu nas primeiras horas que ele havia renascido, alguns demônios o atacaram no Kansas.
Crowley engoliu em seco e abaixou sutilmente o seu olhar.
— Não, não, não... Fiz isso para te deixar afiado. — Rebateu.
— Sério? — Dean esboçou um meio sorriso debochado custando a acreditar em Crowley.
— Se não fosse por mim mandando isca de demônio, o que acha que teria acontecido? A Marca precisa ser saciada, senão...
— Senão eu viro um demônio. — Dean cortou Crowley — É, é. Isso eu entendi seis semanas atrás. — Ele voltou a dar outro gole na sua bebida. Crowley olhou para o lado e levantou as mãos.
— Estou só tentando ajudar.
— Você mentiu. — Dean disse e olhou sério para Crowley.
— Com quem pensa que está falando? — Crowley perguntou ofendido. — "O homem de lata tem pinto de metal?" Claro que menti! — Crowley disse e bebericou seu gin com gelo. Dean deu um tapa no balcão e se levantou suspirando cansado.
— Tá legal. — Ele estava pronto para ir embora, mas Crowley virou-se para ele.
— Ei. Sente-se... — Dean o ignorou.
— Senta. — Ele disse mais uma vez e Dean franziu a testa semicerrando os olhos, olhou para o banco e depois de volta para Crowley. Crowley engoliu em seco e se xingou mentalmente, ele estava brincando com a sorte. Respirou fundo e disse. — Eu preciso de você afiado para o nosso futuro, sobre o qual precisamos conversar.
— Nosso futuro?
— Nosso futuro profissional. — Crowley reformulou a frase.
— Já não fiz o que você queria em Las Vegas? — Dean perguntou desinteressado enquanto piscava para uma garçonete bonita que passava na sua frente.
Crowley suspirou.
— Sim e eu te agradeço por isso. Foi perfeito, digno de um Oscar! — Crowley disse sarcástico. — Mas precisamos aceitar o que somos e voltar ao trabalho.
— Ok, olha, o trato era uivar para a lua... — ele voltou a se sentar ao lado de Crowley. — Sem tempo rodando, sem prazo de validade. — Ele sorriu e mandou uma piscadela para outra garçonete que riu baixinho e continuou a atender um cliente.
— E nós vamos, mas primeiro temos prioridades Dean... Quanto mais tempo você fica sem matar, mas difícil será de saciar sua companheira aí. — Crowley olhou de relance para o braço de Dean.
De fato, Dean sentia a Marca coçar, ela o chamava e implorava para ser alimentada, mas ele queria um descanso.
Ele olhou para Crowley.
— Passo. — Ele voltou a beber e pediu mais uma dose para o garçom. Crowley suspirou aborrecido.
— Pense nisso... O Rei do inferno com Dean Winchester ao seu lado. Juntos nós reinaremos. Juntos podemos criar o inferno perfeito. E tudo isso que floresceu entre nós nunca vai acabar. Nós vamos festejar, mas o quanto antes definirmos a nossa situação no inferno, mais rápido você vai curtir todas as regalias de sua nova vida. Pense nisso. — Crowley se levantou e foi em direção à saída, mas antes lembrou-se de dizer uma coisa importante para Dean. — Esqueci-me de mencionar que falei com o Alce agora há pouco.
Dean tencionou o seu corpo e depositou o copo sobre o balcão virando-se para encarar Crowley que tinha um sorrisinho maldoso no rosto.
— O quê?
— Sim. Aparentemente ele vem nos procurando faz um tempo. Palavras foram ditas... Emoções. Eu percebo, em retrospecto, talvez palavras demais, muitas emoções.
Dean cerrou os punhos.
— Ele rastreou a ligação. — disse sério. Crowley deu de ombros.
— Acho que não, pois fui eu que liguei para ele... Ele está cada vez mais perto de achar você Dean e não parece que vai desistir tão cedo.
Dean apertou os olhos e entortou um pouco o pescoço. Mais uma traição.
— Você me entregou. Bem, isso é adorável. — Riu com desdém. Crowley chegou mais perto, seu semblante estava sério.
— Eu não sei o que está havendo com você. Não mesmo. Mas já cansei. Te entreguei? Que tal te fiz um favor? Tudo que eu fiz por você nos últimos seis meses... A Marca, A Primeira Lâmina, te trazer de volta à vida, te oferecer um lugar ao meu lado... Foi um favor, um presente veja você ou não. Use essa noite. Decida. Sabe onde me encontrar.
Crowley ajeitou seu sobretudo e saiu daquele bar miserável deixando Dean imerso em pensamentos.
Lebanon, Kansas
Sam apertava o volante com tamanha força que os nós de seus dedos estavam brancos. Só podia ser uma piada cósmica tudo isso, não conseguia acreditar que seu irmão estava vivo e trabalhando com Crowley. Tantas vezes que aquele verme de sotaque escocês os enganou, trapaceou ao ponto de colocá-los inúmeras vezes em risco de vida.
Sam voltou a acelerar, estava perto do bunker quando escutou um barulho estranho e o carro começou a engasgar e piscar os faróis dianteiros até morrer completamente. Droga! Pensou.
Puxou o freio de mão e olhou em volta, ele estava em uma via totalmente deserta e completamente imerso na escuridão. Ele puxou a pequena alavanca abaixo do painel para abrir o capô, saiu do carro ligando a lanterna e encarou o motor.
Antes tivesse prestado a atenção nas aulas de mecânica que Dean lhe deu há um tempo, mas agora era tarde, ele estava completamente fodido. Escutou barulho de um carro que parou no acostamento junto a Sam. Olhou em direção aos faróis e acenou amigavelmente.
— Ei!
Um homem caucasiano saiu do carro e andou despreocupadamente em direção a Sam com as mãos dentro dos bolsos da calça. O homem desconhecido olhou de relance para o carro de Sam.
— Precisa de ajuda?
— É. Eu acho que sim. — Sam apontou em direção ao motor. — Ele morreu.
— Aqui? — ele perguntou se aproximando do carro com o capô aberto e analisou.
— É.
— Seu carro realmente te odeia, hein? — ele brincou. Sam riu.
— É o que parece.
O homem voltou a olhar o motor.
— Esses carros novos com cérebros computadorizados? Uma coisa para, e o resto já era. — Ele olhou para Sam que concordou. — Bom, ali. Esse é o problema. — Ele apontou para um pequeno aparelho preto com uma luz vermelha. Sam franziu a testa analisando o tal aparelho.
— Que diabos é isso?
— É uma chave de emergência. — Ele explicou e tirou uma das mãos do bolso mostrando outro aparelho só que cinza que com um único botão.
— E esse aqui é o controle.
Sam arregalou os olhos e quando tentou sacar sua arma o homem misterioso lhe golpeou duas vezes na cabeça fazendo-o perder a consciência.
The Black Spur- Beulah, Dakota do Norte.
Dean bateu com força o copo de cerveja sobre o balcão, era a décima cerveja em menos de trinta minutos, e ainda por cima, ele intercalava com shots de tequila gerando uma mistura mortal, mas que para ele só lhe proporcionou uma tremenda dor de cabeça. Levantou-se e, meio cambaleante, andou até o palco onde estava o aparelho de Karaokê e selecionou uma música.
— Imaginary lovers Never turn you down — ele cantou alto e abriu os braços bruscamente derramando um pouco de sua cerveja. — When all the others turn you away They're around — Dean estava se divertindo, mas a plateia nem tanto. Vaias e objetos foram jogados em cima dele, ele nem ao menos ligou.
— Desafinado! Horrível! — pessoas gritavam para ele parar.
Dean os ignorou por completo e continuou a torturar seus ouvidos com sua voz grogue e desafinada.
— It's my private pleasure Midnight fantasy... — ele entornou o copo de cerveja deixando a metade cair pelo canto de sua boca. Uma das pessoas jogou um copo de plástico que passou raspando em sua cabeça, Dean olhou para a plateia e levantou o copo fazendo um brinde consigo mesmo.
— Vocês são uma droga! — ele disse alto no microfone.
Ele começou a dançar e continuar a cantar até que um dos seguranças pediu para que Dean se retirasse do palco, o segurança puxou o microfone de sua mão e Dean puxou de volta como um jogo de cabo de guerra.
Dean soltou e levantou os braços dando por vencido, o segurança relaxou e Dean aproveitou sua distração, o empurrou com força fazendo o pobre homem cair sobre uma das mesas quebrando-a ao meio. Esse era o tipo de diversão que ele estava precisando e daquele momento em diante a diversão que ele tanto queria nunca mais lhe faltaria.
**
Sam estava sendo obrigado a andar, ele não sabia onde estava tinha um saco sobre a sua cabeça, suas mãos estavam amarradas de forma que seus pulsos começaram a latejar de dor. Ele escutou o barulho de uma porta pesada se abrir.
— Vamos. Vamos. — O homem o puxava com violência. — Ok. Lar, doce, lar. — Ele murmurou para Sam.
O homem puxou Sam por mais uns metros e o jogou bruscamente contra uma cadeira velha. Amarrou as pernas de Sam na cadeira com enforca-gatos. Sam estava com dificuldade para respirar pela tensão que estava passando.
— Respire. — O tal homem disse baixo e puxou o saco. Sam Olhou a sua volta em alerta, estava em uma espécie de celeiro abandonado, uma luz forte caia sobre si machucando seus olhos. — Está bem, parceiro? — o homem perguntou e andou em volta de Sam.
— Quem é você? — Sam perguntou sério.
O homem riu e abaixou-se para pegar uma sacola e a depositou sobre uma mesa a menos de um metro e meio de Sam. Sam reconheceu a bolsa, era dele, o homem começou a vasculhar as coisas de Sam e depois se voltou para ele.
— Você é Sam Winchester. — Ele encarou Sam com um sorriso debochado. — E seu irmão mais velho, Dean... — ele colocou seus braços para trás e andou de um lado ao outro, Sam observava cada movimento dele. — Ele e eu temos uma longa história.
— Você é um caçador? — Sam questionou, pois não é a primeira vez que um caçador que se vingar dos Winchesters. O homem parou pensativo.
— Claro. É, podemos dizer isso. Caçar o seu irmão conta, certo? — ele perguntou.
Sam olhou para os lados e engoliu em seco.
— Eu não faria isso se fosse você. — disse baixo.
O homem riu.
— Confie em mim.
— Olha, amigo, eu não sei quem é você, certo? Não sei o que quer ou que o meu irmão fez, mas se você tem alguma noção, eu sugiro que vire e volte correndo para o recrutamento que te chutou para começar.
O homem riu por mais uma vez.
— Ele é um monstro. — Sam disse a contragosto. Por mais que doesse essa era a realidade, Dean não era o Dean, não mais.
— Bem, ele era. — Ele voltou a andar em volta do Sam e olhou para cima, pensativo. — É, ele era... Muitas e muitas luas atrás. — Ele parou na frente de Sam. — Mas agora ele é a caça. — Ele abaixou-se sutilmente para ficar na altura de Sam e o encarou — E eu sou o monstro agora. — Ele andou até a mesa e se encostou-se a ela cruzando os braços. — Chega desse papo... Vamos logo para o objetivo disso tudo. Ele pegou o celular de Sam e discou para o número de Dean.
— Deixei uma comanda aberta para você no bar. Manda bala.
Sam ouviu a voz de Dean pela primeira vez em semanas, seu coração disparou, mas manteve-se calado.
— Olha, é capaz de eu aceitar. — O homem disse zombeteiro. Houve um silêncio do outro lado da linha.
— E quem é você? — a voz de Dean mudou ao escutar a voz do homem desconhecido ao invés da do seu irmão.
— Eu? Eu sou o carma, irmão?
— Pelo celular do meu irmão? — Dean perguntou curioso.
— Pelo celular do seu irmão. — Confirmou o homem cinicamente. Outro momento de silêncio, apesar de tudo Sam conseguia sentir a tensão nas palavras de Dean.
— Ele está morto?
— Não. Ainda não. Contanto que você apareça onde eu disser para aparecer, seu irmão vai ficar bem.
— Como eu vou saber que ele ainda está vivo? — Dean indagou.
O homem virou-se e encarou Sam, ele esticou o celular na direção de Sam que encarou o aparelho.
— Fale. — O homem mandou. Sam queria dizer alguma coisa, mas se obrigou a ficar calado, ainda custava acreditar que Dean escolheu essa vida. Em um movimento rápido, o homem desferiu um soco no nariz de Sam fazendo- o gritar de dor. — Prova de vida.
— Dean! — Sam gritou sentindo o gosto metálico do sangue escorrendo de seu nariz.
— Tem uma caneta? — o homem perguntou.
— Não, escute aqui. Nada de troca. Nada de encontro. Nada de nada... Exceto a garantia total de que, em algum momento, eu vou te achar e vou te matar.
O homem misterioso riu sarcástico.
— Não vai ser muito reconfortante para o seu irmão morto.
— Eu disse para ele me deixar. E qualquer encrenca que ele tenha é problema dele.
— É, bem, eu direi isso a ele quando eu estiver cortando sua garganta.
— Faça isso, porque ele me conhece. E se ele sabe bem uma coisa de mim, eu sou um homem de palavra. — Antes de o homem falar alguma coisa Dean desliga o telefone.
— Uau! Dean é um péssimo irmão hein... — ele disse para Sam encarando o celular por alguns segundos e depois o depositando sobre a mesa. — Não me surpreende.
— O que ele fez para você? — Sam perguntou fungando, seu nariz ainda escorria sangue quente e espesso. O homem respirou fundo trazendo as memórias ruins de volta para assombrá-lo. — 21 de junho de 2003, eu estava no meu quarto dormindo, tinha tido um dia bom, mas acordei com os gritos do meu pai. Levantei assustado, na verdade eu estava me borrando de medo, abri a porta do meu quarto e parei na ponta da escada. — O homem relatava suas memórias tristes enquanto encara o vazio. — Tinha muito sangue, sangue por todos os lados e quando eu consegui chegar até ao meu pai... Era tarde demais, foi aí que seu irmão apareceu, com uma faca na mão. Ele me poupou, mas esse foi o grande erro dele. — o homem passou as mãos sobre a cabeça. — Foi nessa noite que Dean Winchester matou o meu pai. E é por isso... É por isso que ele vai morrer.
Sam balançou a cabeça.
— Eu sinto muito. — Sam disse sincero.
— Não quero sua compaixão Sammy. — Ele andou de volta até Sam. — Estou procurando o seu irmão. Então, porque você não me diz onde o Dean está, e eu te dou a minha palavra que sairá livre por aquela porta. — Ele apontou para a porta do celeiro.
— Isso não vai acontecer.
— Sério? Você sabe que seu irmão me deu luz verde para enfiar uma bala no meio da sua testa. Certo?
Sam balançou a cabeça, como ele iria explicar que Dean tornou-se um demônio.
— Dean... Não é o Dean nesse momento. Olha, eu não sei quem é você...
— Meu nome é Cole. — Ele cortou Sam. — Escuta Sam... Todas as noites desde que eu tinha 13 anos... Todas as noites eu fecho os meus olhos... — Cole fechou os olhos. — E tudo que eu consigo ver é o seu irmão... — ele suspirou ainda de olhos fechados. — E todo aquele sangue, meu pai... — ele segurou a nuca de Sam o obrigando a encará-lo. — Eu sei que Dean é a sua família e tal, mas ele desistiu de você. — Aquelas palavras fez o sangue de Sam ferver, mas era mais do que a verdade. Dean desistiu dele e ele sabia disso. — Você não tem nenhuma razão para protegê-lo. Então, me ajude. — Cole suplicou. Sam engoliu em seco, por mais que estivesse decepcionado com Dean ele não poderia simplesmente entregá-lo.
— Olha, eu sinto muito pelo seu pai. O que aconteceu... Dean tinha um motivo. Eu não sei como dizer isso, mas há monstro lá fora.
— Acha que não sei disso?! — Cole interrompeu Sam. — Eu fui duas vezes para o Iraque. Operações especiais, Darfur... Congo. — Cole andou de um lado para o outro esfregando os dedos em suas têmporas. — Já vi homens-bomba e crianças-soldados tão alucinadas por anfetaminas que mal podiam falar! — Cole estava muito nervoso. — Mas conseguiam usar uma A.K.
— Não estou falando desse tipo de monstro.
— Não me fale sobre monstro! Porque eu já conheci o bastante.
Sam balançou a cabeça, se ele não falasse logo Cole iria perder a cabeça e Sam levaria a pior.
— Que quero dizer vampiros! Certo? Lobisomens. Monstros de verdade! — Sam gritou.
Cole quase engasgou, ele olhou parou e encarou Sam por alguns segundos um silêncio constrangedor se instalou sobre eles até ser interrompido pela risada histérica de Cole.
— Olha na bolsa. — Sam pediu e apontou sutilmente em direção a bolsa. Cole andou até a mesa e vasculhou a bolsa achando um cantil com uma cruz cravada.
— Acho que até os psicopatas precisam se hidratar.
— É água benta. — Sam falou cansado.
— Porra! — Cole riu e jogou o cantil sobre a mesa.
— Olha, eu não sou psicopata. E também não estou mentindo. — rebateu nervoso.
— Veja só, é exatamente o que um psicopata diria, então... — ele agachou-se e pegou outra bolsa colocando-a em cima da mesa. — Entende o meu dilema? — ele concluiu cínico. Cole pegou um par de luvas e começou a colocá-las. — Eu acho... Que teremos que fazer isso da maneira difícil. — Ele pegou um martelo e o segurou com firmeza, Sam conseguia sentir que aquilo não terminaria bem.
Cole estava com raiva e cansado, queria estar com seu filho e sua esposa, mas sua sede de vingança implorava para que ele continuasse o que começou há anos atrás. Ele queria Dean Winchester e se para isso ele teria que torturar e matar uma pessoa que até então é inocente, ele faria.
— Isso pode doer... — ele alertou. — Na verdade, eu espero que doa. — Ele sorriu diabolicamente aproximando-se de Sam.
Beulah, Dakota do Norte.
Dean arrastava seus pés, seu corpo estava em alerta, mas sua cabeça estava estourando. Segurando firme a garrafa de cerveja ele desfere um gole demorado enquanto mira um banco em uma praça mal iluminada. Dean não disse a Crowley o que Onoskelis dissera em Las Vegas, mas ele tinha que admitir que ficou preocupado. A possibilidade de Lúcifer solto o deixava extremamente inquieto, não foi fácil colocá-lo na jaula da última vez e definitivamente não seria fácil colocá-lo de volta. Mas ele precisava ter certeza, Onoskelis aparecera do nada e ele mal a conhecia, apesar de que ela se arriscou o avisando da possível traição de Ishtar. Muitas consequências a serem medidas.
— Pensando? — Crowley perguntou tirando Dean dos seus pensamentos.
Dean suspirou e deu mais um gole em sua bebida enquanto encarava as árvores que balançavam com a brisa noturna. Ele não respondeu apenas ficou ali calado analisando todas as decisões que deveria tomar.
— Então... Como está? — Crowley insistiu. — Agitado? Nervoso? Insatisfeito?
— Você parece um comercial de Viagra. Sabe disso, certo? — Dean murmurou encarando Crowley. Crowley revirou os olhos.
— Não estou falando do "Deanzinho", mas da Marca. Ela mudou você. — Crowley disse.
Dean sorriu cínico.
— Eu percebi. — Ele deixou os olhos negros aparecerem e depois voltou a encarar as árvores.
— Eu sei que você quer continuar com a diversão. Você só quer se divertir. — Crowley diz a contragosto. — O fato é que... Agora você precisa matar.
Dean engoliu em seco tentando ignorar a Marca coçava.
— Não é querer, não é escolher, é... Precisar. — Crowley disse fazendo Dean respirar fundo e revirar os olhos. — É a realidade, querido. Você é um viciado. A morte é a sua droga. E você vai passar o resto da vida em busca de mais.
Dean deu de ombros e bebeu o resto da cerveja jogando a garrafa no meio de um arbusto.
— E daí?
— "E daí", que eu estou aqui para facilitar as coisas. — Crowley cruzou os braços e se recostou no banco. Dean sorriu e encarou Crowley.
— Quem é o próximo?
Crowley riu satisfeito e entregou um dossiê pardo para Dean. — Mindy Morris. — Dean olhou para a foto de uma mulher loira na casa dos trinta anos, bonita. — Mãe devotada... Esposa dedicada... Traidora dissimulada. Depois que seu marido, Lester, descobriu as ligações perigosas de Mindy, palavras duras foram ditas. No final, Mindy pediu o divórcio e 50% de tudo. Mas Lester...
— Mas Lester preferiu entregar a sua alma do que a metade dos bens.
— Vivemos em um mundo muito materialista. — Crowley disse e suspirou. — Mindy vai morrer de uma forma ou de outra... — ele deu de ombros e voltou-se para Dean. — Por que não pegar o trabalho e alimentar o vício?
Dean sorriu.
— Está bem.
**
Parado em frente à casa bonita de classe média alta, Dean atravessou a rua e parou ao lado da janela da cozinha, A Primeira Lâmina estava firme em sua mão direita.
Ele conseguia ver o seu alvo movendo-se pela cozinha, despreocupadamente fazendo o seu jantar, mas ela mal sabia que os próximos minutos seriam seus últimos. Mas algo tinha que sair errado. Dean avistou um carro parando e estacionando do outro lado da rua.
A mão de bater em pessoas burras chega a tremer. Pensou.
Atravessando a rua, Dean abriu a porta e entrou no carro daquele ser estúpido sem pedir permissão.
— Ei! — o homem adverte assustado. Dean ignora e arruma sua camisa.
— Deixe-me adivinhar... Lester?
O homem ainda assustado olhou confuso para Dean.
— Eu... Quem é você? — pergunta curioso com a voz trêmula. Dean se aproximou um pouco intimidando Lester.
— Quem acha que eu sou? — ele mostrou-lhe os seus olhos negros fazendo Lester engasgar.
— Owoo... — Lester encarou o vazio por alguns segundos depois de perceber do que se tratava. — Owooooo...
— Que diabos está fazendo aqui, cara? — Dean perguntou se segurando para não matar aquele idiota.
Lester olhou para a fachada da casa e depois encarou Dean tentando se explicar.
— Bem, meu contato ... Ele me contou que estava na hora, então vim até aqui me certificar de que deu tudo certo.
Dean riu debochado.
— Ah, claro, porque você é um especialista, certo? — Dean disse deixando Lester desconfortável pela patada que recebeu fazendo-o perceber o quanto idiota ele soou. — Olha, regra básica do assassinato: quando você contrata alguém para matar a sua mulher, você não fica por perto para ver a coisa rolar. — Dean explicava pacientemente na medida do possível. — Chama-se álibi. — Concluiu.
Lester franziu a testa e balançou a cabeça.
— Sim, eu sei o que é um álibi... Eu assisto "Franklin & Bash".
Dean encarou o homem perplexo pelo tamanho da burrice que um único ser humano era capaz de ter.
— Legal. — Apenas disse desviando o olhar de Lester. — Olha, você vendeu sua alma para isso, então... — Dean tentou argumentar para que Lester fosse embora para ele fazer o que devia fazer com Mindy, mas Lester o cortou.
— Não é pouca coisa. — Lester disse encarando o painel de seu carro. — É a minha vida. — Ele concluiu nervoso. — E ela... — ele olhou novamente para a fachada da casa com um semblante tristonho. — Ela deu a descarga. — Lester passou as mãos sobre os olhos limpando as falsas lágrimas que escorriam.
Dean queria rir da cena de quinta que ele lhe proporcionou, mas se manteve sério.
— Les... — Dean segurou mais uma vez o riso. — Vou te dizer uma coisa. Preciso que me ouça. — Dean respirou fundo e deixou a sua expressão a mais séria possível, Lester balançou a cabeça prestando a atenção que Dean queria. — Você é um perdedor. Sua mulher... — Dean apontou sutilmente para a casa. — Ela é nota oito. E você é quatro e meio no máximo. Eu não a culpo por dar uma escapada... Especialmente se ela te pegou dando uma escapada primeiro. — Lester enrugou a testa ofendido.
— Não. Ah, não. Eu nunca... — ele tentava se explicar, mas Dean sabia que ele estava mentindo. Lester encarou Dean e desistiu. — Como você sabe? — ele perguntou sério.
— Hum... Você tem esse jeitão pervertido de ator pornô dos anos 70, esse bigode te deixa com cara de pedófilo... Eu não te deixaria andar menos de quinhentos metros de uma escola. — Dean brincou. Lester fez uma careta e ignorou a piada ofensiva de Dean.
— É diferente para os homens. — Lester disse. Dean riu do seu pensamento extremamente machista.
— Sério? — Dean questionou o homem.
— É. Chama-se "Ciência". — Dean colocou as mãos sobre a boca segurando o riso. Que otário! Pensou. — Os homens não foram feitos para a monogamia, por causa da evolução. Nós fomos programados, sabe, para espalhar nossa semente... — antes que Lester terminasse o seu discurso idiota, Dean desfere um forte soco no seu maxilar fazendo Lester chorar de dor. Lester chorava com as mãos sobre a boca tentando estancar o sangue brilhante que escorria de seus dentes.
— Como eu disse... — Dean limpou sua mão no banco do carro de Lester. — Você é um perdedor com P maiúsculo e rima com "Você é um bosta".
— Sim, e você é um demônio idiota! E trabalha para mim agora. Então entre lá e faça o seu trabalho, aberração! — Lester gritou autoritário.
Dean semicerrou os olhos, a Marca coçava mais que uma DST, a raiva em seu peito foi aumentando a níveis catastróficos. Ele não deixaria que um ser insignificante como Lester desperdiçasse o oxigênio desse planeta.
— E o que você vai fazer? Assistir? É o que você gosta de fazer, Lester? Ficar olhando? — a respiração de Lester estava descompassada, suas mãos tremiam e uma camada de suor se formou na sua testa. Ele cometeu um erro. Um grande erro.
Dean se aproximou lentamente sem desviar o seu olhar gélido para Lester, sua mão escorregou para o cabo da sua companheira e ele pode sentir o poder possuir cada músculo de seu corpo.
— Bem, olhe isso aqui. — Dean sussurrou fazendo o coração de Lester gelar e antes que ele pudesse fazer algo para se defender, Dean fincou a Primeira Lâmina com força no seu peito, Lester agonizava, engasgado no próprio sangue e a última coisa que viu foi o sorriso perverso recheado de satisfação de Dean Winchester.
**
A pancada fez Sam virar o rosto com o impacto, a dor e ardência fazia seus olhos lacrimejarem, Cole estalou os dedos e o pescoço.
— Onde está Dean, Sam? — ele perguntou pela enésima vez. Sam cuspiu um pouco de sangue nas botas de Cole e levantou lentamente sua cabeça encarando o homem cheio de ódio.
Sam se manteve calado e se preparou para o próximo golpe.
— Onde ele está?! — ele insistiu e Sam permanecia em silêncio. Cole balançou a cabeça um tanto decepcionado e desferiu outro golpe mais forte. — ONDE ELE ESTÁ?! — Cole esbravejou perdendo a paciência. Cole pegou o martelo e golpeou o braço direito de Sam, os dois ouviram um "crack" e Sam sentiu uma dor latejante e intensa no local. Cole quebrou o seu braço.
Sam engoliu um grito de dor e se obrigou a dizer.
— Vá se ferrar!
Cole se afastou e passou as mãos sobre a cabeça.
— Acho que é hora de aumentar o volume. — Cole pegou uma faca de caça, sua lâmina tinha no mínimo uns vinte centímetros, ele voltou-se para Sam e posicionou a ponta dela em cima da coxa de Sam.
Quando Cole começou a forçar a faca de encontro à pele de Sam uma musiquinha começou a tocar salvando Sam.
— Garoto de sorte, você. — Ele resmungou tirando as luvas.
Sam soltou o ar aliviado.
Cole começou a se afastar, seu tom de voz se amansou quando começou a conversar com sua esposa preocupada do outro lado da linha.
Sam balançou a cabeça tentando aliviar a tontura que se instalou sobre ele, quando sua cabeça pendeu para baixo ele viu uma luz no fim dessa tortura toda. Um molho de chaves com um canivete como chaveiro era tudo que Sam precisava.
Cole encostou-se na madeira judiada pelo tempo do celeiro enquanto falava com o seu filho.
— Ouça, papai está muito ocupado agora, está bem? Eu te amo. — Cole se despede de seu filho enquanto volta para o celeiro deparando-se com uma cadeira vazia.
Beulah, Dakota do Norte.
— No fim das contas, temos que calibrar expectativas estratégicas, então fazendo essas sessenta e quatro alterações, acredito que possamos aumentar nossa taxa de conversão de demônios em 0,03%... — um dos demônios de Crowley explicava as planilhas de vendas de almas.
Crowley estava completamente entediado, sua essência demoníaca pedia por uma pausa, a única coisa que martelava em sua mente era se deu tudo certo na pequena missão de Dean. O demônio finalizou esperando ansioso pela resposta de Crowley que suspirou cansado o encarando.
— Mate-me. — pediu. Antes que o demônio confuso respondesse, ambos escutaram a porta da lanchonete abrir, Crowley olhou para o lado vendo a silhueta de Dean. — Dean! — disse animado. — Como foi? — perguntou ansioso para ouvir cada detalhe.
— Foi bem. — Dean respondeu casualmente. — Ele está morto e você tem razão. Sinto-me ótimo. — Dean sorriu satisfeito. Crowley entortou um pouco o pescoço e franziu a testa confuso.
— Acho que escutei errado... Você disse "ele"? — Dean sorriu, mas desfez logo em seguida.
— É, tivemos um pequeno problema e a minha faca sem querer escorregou e esfaqueou o Lester. Posso afirmar que não foi uma grande perda. — Dean disse desinteressado.
— O cliente? Você matou o cliente? — Crowley perguntou incrédulo. Dean deu de ombros.
— E isso importa? Ele era um verme e agora ele é um verme morto.
— É claro que importa! — Crowley diz exaltado. — O pacto era uma esposa morta em troca de uma alma. Se a esposa não morreu eu não pego a alma. É matemática.
Dean fez uma careta como uma criança que acabara de fazer uma travessura e estava pronto para levar uma bronca dos pais.
Crowley passou as mãos sobre o rosto, não acreditava que Dean tinha feito isso, Satã estava certo, Dean é muito instável e talvez essa ideia de eles juntos trabalhando como uma equipe feliz fosse apenas à droga de um sonho americano.
Dean deu de ombros e deu à volta, ele estava cansado e tinha feito coisas até a mais do que queria e agora ele precisava de uma bebida e uma cama.
— Ei! Não vire as costas para mim! — Crowley gritou autoritário.
Dean parou e virou-se lentamente, mais uma vez a Marca estava comandando Dean como se ele fosse um maldito fantoche, ele não conseguia se conter, na verdade ele simplesmente não podia se conter.
Antes que Crowley pudesse perceber o que estava por vir, Dean desfere um empurrão forte fazendo-o cair ao chão como se fosse nada. Perplexo, Crowley o encarava, mas no fundo ele não estava surpreso com essa reação, Dean era algo que estava além da incompreensão. Ele se levantou, estava envergonhado, mas precisava se impor, ele arrumou o seu sobretudo e encarou Dean com um semblante sério.
— O que pensa que está fazendo?
— O que eu quiser. — Dean disse igualmente sério e o encarando de volta. Os demônios presentes se afastaram um pouco, eles sentiam que aquilo poderia acabar em um banho de sangue.
— Sério? Porque eu acho que não sabe o que quer. — Dean engoliu em seco. — Diga-me, Dean... O que você é? Um demônio? Então, porque a esposa de Lester não está morta? Você teve pena dela? — Dean baixou levemente a cabeça e sorriu debochado, mas no fundo Crowley tinha razão. Por que não a matei? — Exceto pelos seus lindos olhos negros e está trabalhando para mim. — Crowley cerrou os punhos. — Por que você não nos faz um favorzão... E ESCOLHE UM LADO?!
— Ou o que? — Dean indagou sério e deu dois passos para frente intimidando Crowley, que se manteve firme. Dean poderia ser um demônio, mas Crowley também era.
— Vá em frente... Ataque. — Crowley nada disse, apenas continuava sustentando o olhar odioso de Dean.
— Eu não sou o seu amigão e também não aceito ordens de você. Te ligo quando precisar matar. — Dean disse virando as costas e saindo pela porta deixando Crowley furioso para trás.
**
Sam estava cansado, porém muito puto, depois de sair do hospital com o braço imobilizado, ele se instalou em um motel por ali mesmo, Cole poderia estar por perto e não seria uma boa dar de bandeja a localização do bunker.
Tomou os anti-inflamatórios que o médico receitou e resolveu ir até a pequena loja de conveniência para comprar algumas coisas para comer. Saiu do seu quarto e passou à chave, o céu estava claro e o clima agradável, ele pegou o seu celular para verificar as ligações perdidas.
— Olá, Dentinho. — Sam escutou a voz de Crowley e parou imediatamente virando-se encarando o demônio. — Sentiu saudades? — ele disse e sorriu debochado.
Sam tencionou o maxilar e embainhou a faca da Ruby.
— Demais. — Ele murmurou e avançou contra Crowley, mas antes que ele chegasse mais perto de Crowley ele diz.
— Está aqui atrás de Dean. Eu estou aqui para entregá-lo. — Sam parou bruscamente e franziu a testa confuso.
— O quê?
— O babaca é ruim para os negócios. Ele está incontrolável, deve ser a Marca. — explicou. — De qualquer forma, Dean é problema seu agora... Outra vez. Para sempre.
— Onde ele está? — Sam perguntou.
— Beulah, Dakota do Norte. Divirta-se tentando trazer ele de volta. — Crowley disse antes de desaparecer.
Sam engoliu em seco, era isso ele iria atrás de Dean, ele iria salvar o seu irmão.
Então? Comentem! Espero que vocês tenham gostado, o próximo é bem especial.
Bjus.
obs: Desculpe se tiver algum erro.
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