Quando Anjos merecem Morrer

  Oiiii gente! Capítulo novinho para vocês, eu sinceramente espero que vocês estejam gostando de como a historia está se desenvolvendo. Esse capítulo é MUITO IMPORTANTE, ele vai funcionar como um divisor de água. Eu gostaria muito de ver suas opiniões, mas sem pressão (kkkkk)
Bjus e Boa leitura.  



The Black Spur- Beulah, Dakota do Norte.

O incômodo em seu estômago se tornou difícil de ignorar, a brisa tornou-se fria provocando uma sensação ruim em todo o seu corpo. Sam estava parado em frente ao endereço que Crowley havia lhe dado, a rua estava vazia, o que era estranho em plena 14h47min da tarde. Ele tinha um plano e saber que se tem um plano deveria deixá-lo um pouco menos preocupado, mas não é o que estava acontecendo. Sam estava preocupado, na verdade ele estava com medo – medo do que encontraria lá dentro daquele bar surrado. Medo de enfrentar o seu irmão ou mais precisamente. Medo de enfrentar aquilo que não era o seu irmão.

Ele aproximou-se da entrada e empurrou as portas duplas de madeira escura, o ranger delas pareciam gritos de alerta, Sam não podia dar para trás agora, seu irmão estava apenas a alguns metros, então ele simplesmente ignorou.

Sam avista Dean.

Ele estava sentado de costas para Sam e de frente a um piano velho. Dean dedilhava algumas notas aleatórias e fingiu não perceber a presença de seu irmão. Dean parou e encarou sua mão livre, tudo era muito novo para ele e ainda tentava se acostumar a ser imortal, ele segurou o cabo da Primeira Lâmina e pressionou ela contra a sua pele, sentia a dor da carne se abrindo contra a lâmina, mas não se importava, em poucos segundos o ferimento se fechou tornando-se rosado e por fim cicatrizando-se por completo. Ele não conseguia ignorar a voz de Crowley martelando na sua cabeça, escolha um lado!

Mesmo que Crowley o irritasse com todo esse blá blá blá de trabalho ele não podia negar que ele estava certo. Ele tinha que sair de cima do muro e escolher um lado de uma vez por todas. Ele sentiu Sam se aproximando timidamente, ele conseguiu sentir o aroma do medo de seu irmão.

— Oi, Sam. — ele disse enquanto voltava a dedilhar as notas no piano. Sam engoliu em seco, sua respiração estava descompassada e de novo o incômodo em seu estômago voltou a importuná-lo.

Dean levantou o olhar e encarou o seu irmão depois de semanas sem vê-lo. Sam estava diferente, um pouco mais magro, visivelmente abatido com toda aquela situação, mas Dean nem sequer se importou.

Dean relaxou e desviou seu olhar de Sam.

— Ei, Garv, por que não vai fumar? — Dean pediu ao bartender que jogou o pano de prato sobre o balcão e saiu imediatamente deixando os irmãos sozinhos. Dean desferiu um pequeno gole em seu uísque. — Quebrou a sua asa? — ele perguntou olhando para o braço quebrado de Sam.

É, quebrei por sua causa. Idiota! Sam pensou.

Ele balançou a cabeça.

— E isso importa? — ele rebateu.

Dean o fuzilou com o olhar e sorriu cinicamente.

— Não mesmo. — ele murmurou e bebeu o resto da sua bebida. — Eu te falei para me deixar partir.

Sam tencionou o corpo, ele conseguia sentir o ar pesado daquele buraco, sentia que talvez as coisas não fossem acabar bem por ali.

— Sabe que não posso fazer isso. A propósito, seu... Comparsa, Crowley, te entregou. — Sam disse e deu dois passos sutis para frente.

Dean deu de ombros.

— É a cara dele fazer isso. — ele disse desinteressado e levantou-se pegando a Primeira Lâmina.

Sam deu um passo para trás e seu coração disparou ao ver Dean segurando à tão temida arma.

— Dean, espere um pouco. Você não tem que fazer isso. Nós sabemos como curar demônios. Lembra? — Sam se afastou um pouco e Dean continuou andando em direção ao bar.

— Um pouco de latim, um monte de sangue. Lembro, sim. Já parou para pensar se eu quisesse ser curado, não teria caído fora? — ele disse.

Sam abriu a boca para argumentar, mas nada saia. Ouvir isso sair da boca de seu irmão era ainda mais doloroso para ele.

— Isso foi coisa do Crowley. — foi à única coisa que pensou em usar contra o que Dean dissera.

Dean pegou a garrafa de uísque e despejou em seu copo vazio.

— Não, não foi.

Sam respirou fundo.

— Isso não importa, certo? — ele deu alguns passos firmes em direção a Dean. — Porque o que deu errado... seja o que for, nós vamos dar um jeito.

Dean riu baixinho.

— Vamos? — ele perguntou com desdém. — Porque neste momento, eu estou me segurando para não ir até aí e estraçalhar sua garganta. Com os meus dentes. — Dean disse sombriamente fazendo Sam dar um passo para trás e engolir em seco. Ele estava completamente diferente e isso assustava Sam. — Estou te dando uma chance, Sam. Você deveria pegá-la.

— Eu vou ter que passar. — Sam forçou as palavras a saírem, se ele tivesse que lutar com Dean isso não iria acabar bem para ele, que estava completamente em desvantagem ali.

— Bem, eu não vou sair por aquela porta com você. Só isso. — Dean levantou o copo e deu outro gole generoso. — Então, o que vai fazer? Vai me matar?

Matar Dean... Sam nunca pensou nessa possibilidade de talvez tiver que matar seu próprio irmão. Mesmo que as coisas estivessem incrivelmente fora do controle, Sam não poderia matar Dean, não conseguiria fazer tal coisa.

— Não. — Sam disse balançando a cabeça.

— Por quê? — Dean indagou. — Você não sabe o que eu já fiz. Pode ser que eu mereça.

Sam balançou a cabeça e olhou para os lados.

— Eu sei o que você fez... As garotas ao norte do Kansas, o cara em Las Vegas. — Sam disse contra a sua vontade.

Dean semicerrou os olhos e curvou os lábios em um sorriso maldoso.

— Então, o que ainda faz aí parado... Seu dever é matar monstros, certo? Bom, eu sou o monstro agora. — Dean disse sério provocativo.

Sam encarou Dean, seu olhar estava longe, pois Dean tinha razão.

— Bem, eu não me importo. — Sam avançou lentamente em direção a Dean — Porque você é meu irmão... — ele parou a menos de um metro de Dean. — E, estou aqui para te levar para casa. — concluiu.

Dean encarou Sam e deu mais um gole em seu uísque.

Uhum... — Dean murmura entre um riso desdenhoso. — "Você é meu irmão e estou aqui para te levar para casa". — Dean imitou Sam entre risos — O que é isso? Um filme do Lifetime? Com seus olhos de filhotinho? . — Sam baixou o olhar, seria mais difícil do que ele imaginava. — Obrigado, Sammy. Eu precisava disso. — ele disse levantou seu copo e brindando.

Sam apertou os olhos tentando se concentrar no que aconteceria nos próximos segundos, ele pegou as algemas mágicas do seu bolso traseiro da calça jeans, apertou os seus dedos em volta dela com força.

Dean olhou para as algemas e bufou.

— Acha mesmo que isso vai funcionar? — Sam levantou seu olhar para Dean, seu semblante estava sério.

— Só há um jeito de descobrir.

Sam avançou contra Dean e antes de tocá-lo algo atravessou uma das janelas de vidro do bar, uma fumaça branca e densa começou a preencher o ambiente. Sam começou a sufocar, sua garganta ardia e seus olhos lacrimejavam. Dean olhou para a granada de fumaça e percebeu que Sam não tinha nada haver com aquilo.

Sam anda em direção à porta, curvado e tentando puxar algum resquício de oxigênio ele empurrou as portas duplas e dá de cara com Cole, Sam tentou reagir, mas Cole foi mais rápido e o nocauteou.

Cole encarou Sam desmaiado no chão e depois de alguns segundos sentiu olhos sobre a suas costas, ele tirou sua 9mm do coldre e virou-se lentamente mirando em Dean.

— Uau... — ele disse avançando lentamente em direção de Dean. — É você mesmo.

— Nós nos conhecemos? — Dean perguntou curioso.

— Falamos ao telefone. — Cole lembrou Dean da conversa que tiveram.

— Certo... Certo... Você é o cara que ia colocar uma bala no cérebro do Sammy. Errou? — Dean perguntou zombeteiro.

— Tive uma ideia melhor. — Cole disse enquanto andava em direção a Dean sem tirá-lo da mira. — Calculei que se deixasse o seu irmãozinho escapar, ele iria até você, e tudo que eu tinha que fazer era segui-lo. E agora, cá estamos, finalmente... Dean Winchester.

Dean respirou cansado e revirou os olhos.

— Ótimo. Um fã. — Dean disse e deu dois passos em direção a Cole.

— Você se lembra de mim? — Cole perguntou esperançoso, ele queria que Dean soubesse do que aquilo tudo se tratava.

— Sim, sim. Você é aquele cara daquele dia. — disse como se não fosse nada demais. Cole se sentiu ofendido.

Nyack, Nova York, 21, de junho de 2003. — disse controlando sua voz.

Dean deu de ombros.

— Isso deveria me lembrar de algo?

— A noite que você matou um homem conhecido pelo nome de Edward Trenton. Ele era o meu pai.

Dean deu de ombros mais uma vez.

— Ok.

Cole parou, seu sangue ferveu, naquele minuto ele percebeu que Dean era mais que um psicopata. Ele era um monstro.

— "Ok"?

— Eu não disse que não fatiei o seu velho. Só que ele não foi o primeiro, e também não será o último, e todos meio que se misturam. — disse enquanto seus lábios se curvaram em um sorriso petulante.

— Eu te vi. — Cole disse nervoso. — Naquela noite... Depois. Você me deixou viver... Foi burro. Muito burro. — Cole tentava controlar sua voz, mas sua respiração estava descompassada e seu corpo todo tremia. — Passei metade da minha vida treinando para esse momento. Eu ensaiei essa luta milhares de vezes na minha cabeça. — Cole respirou fundo e fuzilou Dean com o olhar. — Eu sei tudo sobre você, Dean. E você é bom. Você é bom mesmo. Mas saiba eu sou melhor.

Dean deu mais um passo para frente e sorriu.

— Prove. — ele disse provocativo abrindo os braços deixando seu tórax desprotegido. — Atire.

Cole apertou ainda mais a arma em suas mãos, ele queria atirar, queria que tudo isso acabasse para finalmente voltar para a sua família, mas não podia fazer isso. Não foi assim que ele aprendeu, e, não era assim que ele queria que terminasse.

— Isso não é vingança. — ele abaixou a arma e a colocou de volta no coldre, depois embainhou sua faca de caça e ficou em posição de ataque. — Isso aqui é vingança.

Cole desferiu um golpe no abdômen de Dean que desviou, Cole subiu a faca tentando atingir o peito de Dean que desviou mais uma vez. Antes de Cole puxar sua mão de volta Dean a segurou travando o terceiro golpe de Cole e o empurrando com violência para trás. Cole respirou fundo e voltou atacar Dean, mas ele foi mais rápido e bateu forte na mão de Cole fazendo a faca voar para longe e o empurrou contra a porta de um carro estacionado. Cole gritou frustrado e decidiu enfrentar Dean no corpo a corpo.

Cole desferiu um chute mirando a lateral da perna de Dean, mas ele em um movimento rápido, segurou sua perna dobrando a e pegando a sua arma tirando o pente e jogando os em direções opostas.

— Sabe... Posso ter viajado, mas talvez... Você não seja tão bom quanto pensa que é.

Cole ficou em posição de ataque e desferiu um chute em direção à perna direita de Dean que bloqueou rapidamente devolvendo um chute mais forte. Cole lançou um soco na direção do rosto de Dean que novamente bloqueou com as duas mãos e aproveitou que Cole deixou a guarda desprotegida e golpeou seu estômago fazendo-o bater suas costas novamente de encontro ao carro.

Cole gritou com raiva, nenhum dos seus golpes havia o atingido, Cole havia treinado arduamente para esse momento, não acreditava que estava fracassando. Cole pulou ferozmente em cima de Dean e desferiu um chute onde Dean segurou sua perna e o rodopiou no ar fazendo-o cair de cara no chão.

— O que acha que ia acontecer, hein? — Dean começou a andar em volta de Cole, como um animal pronto para atacar a sua presa. Cole tentava se recompor. — Achou que ia chegar aqui e dizer "Meu nome é Inigo Montoya, você matou o meu pai. Prepare-se para morrer" e eu iria me curvar?

Cole permanecia com a cabeça baixa, sutilmente pegou outra faca que estava escondida na lateral do seu coturno. Levantou o seu olhar para Dean e lançou a faca em direção ao rosto dele cortando a sua têmpora.

Dean reagiu dando um forte soco e o segurou pelo pescoço olhando no fundo dos olhos de Cole, que já sangrava também.

— Até agora eu estava brincando, mas quer saber? Vou começar a pegar pesado. — Dean apertou um pouco mais o pescoço de Cole que começou a ficar sem oxigênio.

— O que... O que você é? — Cole perguntou tentando respirar.

Dean sorriu impiedoso.

— Eu sou o demônio. — ele deixou que sua besta interior assumisse o controle e revelou os seus olhos negros, Cole engasgou, jamais vira algo parecido.

Tentou empurrar Dean, mas ele desferiu uma cabeçada em seu nariz o jogando para o chão.

Dean o pegou pelo colarinho e o prensou contra o carro, ele desembainhou a Primeira Lâmina e a colocou sobre o pescoço de Cole.

Cole estava muito machucado, sentia o que estava preste a acontecer e pensava que talvez merecesse, ele envergonhou toda a memória de seu pai, envergonhou as forças armadas para qual serviu boa parte de sua vida e agora iria deixar sua esposa e seu filho porque não conseguiu seguir em frente, não conseguiu aceitar a morte de seu pai. Talvez esse fosse o seu verdadeiro destino e agora só restava aceitar a escolha que fez.

Dean não pensou duas vezes, ele levantou sua a faca na altura do ombro e golpeou Cole no peito. Uma. Duas. Três. Quatro vezes seguidas, por sorte Cole havia morrido na primeira facada que levou partiu seu coração em dois, o sangue jorrava manchando o rosto de Dean com a cor da sua fúria.

Era isso, sua vingança terminou onde havia começado.

Dean largou o corpo de Cole que tombou contra o asfalto, Dean se sentia tão vivo, nunca pensara que matar podia trazer tanto prazer e bem estar. Antes que ele apreciasse a obra artística que fizera em Cole ele sentiu sua pele queimar como brasa e gritou em agonia caindo de joelhos, Sam rapidamente prendeu a algema nos braços de Dean que tentou empurrá-lo.

— PARA! — Sam gritou em protesto. — Acabou Dean!

Dean fuzilou Sam, a dor estava excruciante, ele mal conseguia rebater, simplesmente aceitou que Sam o levasse consigo.

Lebanon, Kansas. — Bunker.

Sam encarava o cooler com as bolsas de sangue, ele estava totalmente consumido pela tensão. Antes de ir atrás de Dean, Sam passou em um hospital e roubou algumas bolsas de sangue onde os benzeu com a ajuda de um padre. Agora de volta ao bunker, Sam estava com medo do que iria acontecer nas próximas horas, curar um demônio não é um procedimento simples e nada agradável, ele teria que aguentar firme e tentar fazê-lo da melhor forma.

Ele pegou o cooler com a mão boa e andou em passos lentos até o calabouço, a cada passo o ar ficava mais pesado e uma sensação ruim se instalava em seu peito, apertando o seu coração. Ele envolveu seus dedos na maçaneta e respirou fundo, ele precisava se concentrar, precisava se manter forte. Entrou e empurrou as prateleiras com os documentos dos Homens de Letras, revelando Dean amarrado em uma cadeira sobre uma armadilha do diabo, ele estava nervoso, mas se controlando da maneira que podia. Sam deu uns pequenos passos até a mesa ao canto do ambiente e depositou o cooler.

Dean encarou o cooler e não pode deixar de rir debochado.

— Sério? — ele levantou seu olhar para Sam.

— Para o que quer que sirva, — Sam virou-se para encarar o irmão. — eu sei o seu tipo de sangue. — Sam voltou a organizar os utensílios que iria usar no procedimento. Dean bufou e olhos para os lados.

— Sam, sei que acha que vai me curar, mas já pensou... — Dean fuzilou Sam com o olhar. — Que talvez eu não queira ser curado? Só me deixe viver minha vida. Eu não vou incomodá-lo. O que te interessa? — Dean tentou argumentar tentando soar amigável, apesar de estar com raiva do irmão, ele ainda era o seu irmão e não queria ter que chegar ao ponto de machucá-lo.

Sam virou-se lentamente para encarar o irmão e franziu o cenho.

— O que me interessa? — indagou incrédulo. Sam balançou a cabeça e decidiu ignorar o irmão, ele tinha que focar no ritual. — Ritum sacrum... — Sam começou a dizer as palavras e a despejar água benta no chão em volta de Dean.

— Acha que eu vou ficar aqui sentado como Crowley, chorando enquanto você me droga? Dane-se isso! Eu não quero isso! — Dean começou a se exaltar. Sam voltou para a mesa e depositou o cantil de água benta sobre ela.

— Sim, eu já percebi. — Sam respondeu.

— Você nem mesmo sabe se isso funciona, sabe? — Dean perguntou provocativo. — Quer saber, tem muito mais do que sangue de demônio correndo aqui dentro de mim.

A Marca de Caim. Eu sei.

— Isso aí. — Dean disse se gabando. Seu sorriso se desfez quando Sam virou-se carregando em sua mão uma seringa com sangue purificado.

— Aperte o cinto irmão... — Sam se aproximou de Dean com a seringa. Dean se enrijeceu.

Sammy... — ele lançou um olhar sombrio para Sam. — Você sabe que eu odeio injeção.

Sam parou e olhou para a seringa em sua mão, apesar de não saber se ia funcionar ele sabia que precisava tentar trazer o verdadeiro Dean de volta. Ele suspirou e encarou o irmão furioso.

— E eu odeio demônios.

Sam avançou contra Dean, e ele em uma tentativa de intimidar o irmão, rosna mostrando os olhos negros, mas Sam joga em direção ao rosto do irmão uma quantidade de água benta fazendo-o gritar em agonia assim conseguindo injetar o sangue em Dean.

— Olha, temos mais um monte dessas pela frente. Você pode facilitar as coisas para si mesmo. — Sam disse.

Dean iria cuspir palavras duras, mas sentiu o seu estômago virar e um desconforto em seu peito, ele tentou puxar as amarras, o desespero tomou conta de si e a dor ela alucinante. Ele arqueou o tronco e gritou tão alto que Sam se assustou, ele deu um passo em direção a Dean, mas ele parou de gritar de repente e perdeu a consciência. Sam se aproximou de Dean e, meio hesitante, verificou os batimentos cardíacos. Ainda vivo.

Sam suspirou aliviado, ele precisava de um minuto e percebeu que precisava de reforço também. Saiu do calabouço indo até a biblioteca, sentou-se em uma das cadeiras, seu corpo implorava por descanso em uma cama quente e macia, mas sua mente o obrigava a continuar. Discou os números e torceu para que Cass atendesse.

— Sam?

— Cass... Deu tudo certo com a Claire? — Sam pergunta. Castiel suspirou cansado.

— Sim, ela é... — Castiel deu um longo e demorado suspiro. — Difícil, mas aceitou a minha ajuda e mandei-a para Jody Mills, ela ficará bem.

Sam assentiu e estalou seu pescoço em uma tentativa de afastar o cansaço.

— Cass, não vou mentir... Preciso de você aqui. Está sendo... — Sam passa a mão no rosto. — Muito difícil para eu fazer isso sozinho... Dean não está cooperando e eu não aguento ver o meu irmão nessa situação.

Estou a caminho Sam... Nós vamos trazer Dean de volta. — Sam assentiu e se sentiu aliviado por seu amigo estar perto para ajudá-lo com Dean.

Ele desligou e voltou ao calabouço, abriu a porta e Dean estava com a cabeça levemente abaixada, sua respiração estava acelerada e suava frio. Ele não podia sentir pena de Dean agora, precisava ignorar o seu coração e continuar com o ritual. Ele pegou mais uma seringa e injetou sem dó no braço de Dean, fazendo-o despertar e gritar por mais uma vez.

— Até onde você sabe, isso pode estar me matando. — Dean disse ofegante enquanto sentia dores agudas no seu peito.

Sam virou-se para a mesa depositando a seringa vazia.

— Ou... Você pode só estar me provocando. — Sam disse e se sentou na beirada da mesa cruzando os braços. — De qualquer maneira, a tradição não diz nada sobre exceções para a cura.

Dean fuzilou Sam com o olhar, ele sentia ódio, a cada injeção que Sam aplicava nele a sua vontade de se soltar e esmagar o seu crânio aumentava.

Hum... "Tradição"... — Dean curvou os lábios em um sorriso cruel. — Caçadores... Homens de Letras. Isso tudo é um monte de porcaria! — Dean encarou Sam, ele se sentia entediado e queria que Sam conversasse com ele.

— Não vai responder? — ele perguntou a Sam.

— Quer que eu discuta com você? — Sam rebateu franzindo a testa. — Nem é com você mesmo que eu estou falando.

Dean bufou com raiva.

— É comigo que está falando, sim. — Dean entortou o pescoço. — Com o novo eu. O eu que vê as coisas como elas realmente são. Winchesters, os benfeitores, lutando contra a ordem natural. Deixe-me dizer uma coisa... Caras como eu... São a ordem natural. É assim que tem que ser.

Sam balançou a cabeça negativamente, discordando de Dean.

— Caras como eu... Ainda fazem o que podem.

— Não seja tão convencido, Sammy. — Dean riu nervoso. — Por que, de onde eu vejo, não há muita diferença entre o que eu me tornei e o que você já é.

— E o que isso significa? — Sam perguntou levantando o tom de voz.

— Eu sei o que você fez quando estava me procurando. — Dean disse baixo. O coração de Sam congelou. — Sei até onde chegou. Crowley me contou tudo. — Dean semicerrou os olhos enquanto encarava intensamente o irmão. — Então, eu te pergunto... Quem de nós é o verdadeiro monstro?

Sam encarou o vazio ao se lembrar do que fizera semanas atrás, ele estava desesperado tentando encontrar alguma pista de seu irmão. Por um golpe do destino, Sam encontrou um homem em um bar de estrada, ele estava bêbado e desiludido com o seu casamento, pois descobriu uma traição de sua mulher, naquele momento Sam viu uma possível possibilidade de conseguir atrair Dean. Ele convenceu o homem a vender sua alma para matar a sua esposa.

Sam induziu Lester a vender sua alma para o diabo.

— Está se lembrando agora? — Dean perguntou desdenhando do irmão. — Crowley não queria ser encontrado, e ninguém apareceu quando você o invocou. Mas você deu um jeitinho, não é, Sam?

Sam engoliu em seco e cerrou os punhos, de fato ele tinha cometido um grande erro a ajudar Lester a vender sua alma.

— Só para você saber, eu mesmo matei o Lester. — Sam fechou os olhos e apoiou sua mão boa sobre a mesa.

— Eu não tive a intenção...

— Teve sim! — Dean rosnou cortando Sam. — Você não se importou com o pobre desgraçado. — Dean riu. — A linha que achávamos ser tão clara entre nós e as coisas que caçamos... Não é mais tão clara assim, certo? Uau! Talvez você seja pior do que eu! Você pegou um cara que estava em seu pior momento e o usou... E isso custou à vida e a alma dele. Belo trabalho irmãozinho.

Sam avançou contra Dean e injetou com força a agulha da seringa no pescoço dele, Dean fechou os olhos sentindo uma corrente elétrica atravessando o seu peito e apertando o seu coração, ele sentia como se estivesse sendo esfaqueado milhares de vezes seguidas, ele não conseguiu segurar e urrou de dor. Sam se afastou e observou o irmão agonizar. Ele virou-se e jogou com violência a seringa sobre a mesa, ele estava com raiva, na verdade ele estava furioso por ser tão idiota.

— Deixe-me perguntar uma coisa, Sammy. — Dean disse completamente ofegante e atordoado. — Se isso não funcionar... Sabemos o que você precisará fazer comigo, não é? Vai ter estômago para isso, Sam?! — Dean esbravejou raivoso.

Sam tentou engolir a bola de angústia presa em sua garganta, mas não conseguiu, ele também não conseguiu olhar para o seu irmão então simplesmente saiu apressado do calabouço. Enquanto seguia em direção à biblioteca ele pegou o seu celular e ligou novamente para Castiel.

Sam?

— Cass. Você ainda vem?

Estou há algumas horas daí. O tratamento está funcionando? — Castiel perguntou esperançoso. Sam respirou fundo cansado.

— Não, não muito bem. Não está sendo como foi com Crowley. Dean está sofrendo... Ele está sofrendo muito. Parece que mal está se aguentando. — Sam caminhou até uma das cadeiras e se jogou nela. — Cass... Talvez eu esteja matando-o.

Castiel respirou fundo.

É possível.

— Então... Eu devo parar? — Sam pergunta preocupado.

E fazer o quê? Ele não está possuído. Exorcismo está fora de questão. A purificação com sangue é o único tratamento que eu conheço.

— Cass, você não ouviu o que eu disse? Eu posso estar matando o meu irmão.

Sam, ele não é o seu irmão. Pelo menos não agora. Você deve estar preparado...

Para matar o meu irmão. — Sam concluiu o pensamento de Castiel.

— Estarei aí assim que eu puder.

— Sim, está bem. Deixarei a porta destrancada para você. Apresse-se.

Sam respirou fundo, ele precisava clarear sua mente e traçar um plano. Um plano. Um plano de quê? Isso soava tão estúpido, na verdade, Sam não fazia ideia de qual seria o passo seguinte. Não fazia ideia de como de como seria esse plano sem ter que matar o seu irmão.

Mais uma vez ele teria que fazer uma escolha, mais uma vez o destino estava em suas mãos.

Ele andou de volta para o calabouço, precisava tentar até o ultimo segundo, ele rezava para que tudo desse certo. Ele abriu a porta do calabouço e se assustou ao encarar a cadeira vazia. Sam olhou freneticamente para os lados, seu corpo entrou em estado de alerta. Ele escutou uma porta se abrir do lado norte do bunker, Sam embainhou a faca da Ruby e seguiu em direção ao som. Sam para, escorado em uma das paredes ele observava rapidamente o hall principal do bunker, a escuridão dificultava a sua visão periférica, mas ele conseguiu ver que Dean não estava ali. Ele atravessou o ambiente e abriu uma das gavetas de uma cômoda e pegou um molho de chaves, ele andou rápido de volta aos corredores e ouviu Dean gritar.

— Qual é, Sam! Não quer curtir o seu irmãozão?

Sam correu pelo corredor e parou em frente à porta da casa de máquinas, ele a destrancou com cuidado para não fazer barulho e entrou, caminhou até uma porta de metal e foi em direção ao disjuntor desligando toda a energia do bunker, deixando o lugar em estado de emergência dessa forma daria alguma chance a Sam de sair vivo desse pesadelo.

— Esperto, Sam. Trancando o lugar. As portas não abrem. Saquei. — Dean gritou. Sam se assustou, pois sua voz estava mais perto do que ele imaginava. — Mas tem uma coisa... Eu não quero ir embora. Não enquanto não te achar. — Dean disse alto fazendo Sam congelar.

Sammy! Só está tornando isso pior para sim mesmo, cara! Aliás, culpe a si mesmo por ter me soltado. Todo aquele sangue que injetou em mim para me tornar humano... Bem, — Dean riu. — quanto mais humano eu me tornava, menos as algemas funcionavam. E aquela armadilha do diabo... Foi só sair andando.

Sam saiu da casa de máquinas e se escondeu na dobra do corredor a leste, ele avistou Dean com um martelo em mãos, ele escondeu a cabeça e torceu para que Dean não o tivesse visto.

Dean entrou, sua fúria o deixava cego demais para ver as coisas claramente, sua raiva o consumia como fogo em papel. Ele sentia uma vontade insana de segurar Sam pelo pescoço e o sufocar lentamente, em parte esse pensamento o assustava, mas sua parte sombria ansiava para que isso aconteça.

Sam viu que Dean entrar e se assustou quando as luzes se acenderam de repente, sem pensar duas vezes, Sam correu e trancou a porta e ficou em posição de ataque.

— Essa é a sua grande jogada? — Dean perguntou através da porta.

— Escute, Dean! Nós estamos chegando perto, está bem? Sei que você está aí dentro, em algum lugar. Só me deixe terminar o tratamento. — Sam pediu, praticamente suplicou para que Dean caísse em sã consciência, mas houve um silêncio ensurdecedor, Sam encarou a porta, apreensivo. — Dean?

De repente, Sam escuta um estrondo e lascas da porta voam em direção ao seu rosto, Sam se afasta assustado.

— Você age como se eu quisesse ser curado. — Dean gritou. Ele desferiu mais e mais golpes sobre a porta aumentando o enorme rombo na madeira revelando um Dean insano. — Eu, particularmente, gosto da doença! — ele esbravejou e continuou desferindo golpes na madeira que já não era mais um obstáculo entre Dean e Sam.

— Dean! Pare com isso! — Sam gritou. — Eu não quero ter que usar essa faca em você! — Sam ameaçou o irmão em uma tentativa de fazê-lo parar.

Dean gargalhou desdenhado nas tentativas falhas do irmão.

— Isso é uma droga, não é?

— Olha, se você sair daí eu não terei outra escolha!

— É claro que terá! E eu sei bem o que vai escolher. Não é verdade, Sammy? Mas veja só... Aí é que está. Eu tenho sorte. Diabos! Eu sou abençoado... — Dean parou e olhou sério para Sam. — Porque sou demônio, o bastante para não hesitar quando for te matar.

Dean voltou a golpear o restante da porta que cedeu, Sam correu pelos corredores, seu coração estava acelerado e o medo que estava sentindo era algo que ele nunca havia sentido.

Sammy! Vamos tomar uma cerveja, vamos falar sobre isso. Estou cansado de brincar. — Dean gritou para que Sam escutasse.

Sam andava rapidamente pelos corredores, ele apertava firmemente o cabo da faca, ele estava assustado e atordoado demais com toda aquela situação. Sam parou e encostou-se na parede que virava em outro corredor, fechou os olhos e respirou fundo e espiou o corredor que estava vazio, respirou aliviado e voltou, mas sentiu algo passar raspando sobre a sua cabeça e se abaixou. Dean desferiu um golpe de martelo contra Sam que acabou pegando na parede e formando um buraco ali. Sam se levantou rapidamente e colocou a faca da Ruby contra o pescoço de Dean.

— Bem... Olha só para você. — Dean disse sorrindo perversamente, ele soltou o cabo do martelo que estava fincado na parede. A respiração de Sam estava acelerada assim como os seus batimentos, o medo de ter que fazer o que ele não queria aumentava a cada palavra de Dean. — Vá em frente. A escolha é sua.

Sam pressionou a faca mais ainda no pescoço do seu irmão, ele não queria, mas talvez essa seria a melhor escolha. Seu cérebro gritava para que ele fizesse antes que ele o matasse, mas seu coração ainda o via como o velho Dean, o seu irmão que o cuidou durante sua vida toda.

Talvez Sam merecesse morrer no lugar de Dean, talvez esse fosse o seu verdadeiro destino afinal. Sam baixou a faca para surpresa de Dean que não hesitou e avançou contra o irmão, Dean segurou Sam pelo colarinho e desferiu inúmeros socos no rosto do irmão e não resistiu, simplesmente deixou que Dean fizesse o que ele queria fazer. Sam se sentia mole, seu corpo não respondia e sua mente queria simplesmente apagar, a dor estava intensa e sentiu algo quente escorrer pelo seu nariz, um gosto forte e metálico invadiu a sua boca.

Dean jogou Sam contra a parede ao final do corredor, Sam chocou-se forte contra o concreto e perdeu a consciência.

Dean sorriu ao ver o irmão vulnerável, ele precisava fazer isso, precisava acabar logo com essa lenga lenga, era o único jeito para que ele conseguisse viver sua vida sem arrependimentos, sem que Sam passasse o resto dos seus dias caçando-o. Dean desprendeu o martelo da parede e andou em passos lentos em direção ao seu irmão inconsciente no chão e levantou o martelo na altura do ombro, ele estava preparado para dar o primeiro golpe para a sua liberdade definitiva.

— Dean! — Castiel o chamou. Dean virou-se e abaixou o martelo. — O que você fez? — Castiel olhou assustado para Sam coberto de sangue e inconsciente no chão.

— Nada né... Você me interrompeu. — Dean retruca decepcionado. Castiel o encarou, pela primeira vez ele estava frente a frente com o Dean demônio, ele sentia a escuridão impregnada na alma do amigo. Não era mais ele. Não era mais o Dean.

— Dean... Você precisa me deixar terminar o que Sam começou. Deixe-nos salvar você. — Castiel suplicou. Dean olhou de relance para o seu irmão caído no chão e depois voltou a encarar Castiel, ele apertou o cabo do martelo.

— É tão difícil de entender? Eu não quero ser salvo! — Dean correu contra Castiel e desferiu um golpe, o anjo bloqueou e socou o estômago de Dean fazendo dar três passos para trás.

Dean sorriu chutou o joelho do amigo e o golpeou no rosto com o martelo, Castiel se afastou e sentiu um filete de sangue escorrer pelo canto da sua boca. O anjo puxou Dean pela blusa e desferiu quatro socos fortes do rosto de Dean fazendo-o bater contra a parede.

— Dean... Eu não quero ter que te machucar. — Castiel embainhou sua espada angelical. Dean o fuzilou com o olhar.

— Acho que isso não será um problema. — Dean murmurou e avançou contra Castiel, ele empurrou Dean para aumentar a distância entre os dois, mas Dean segurou um de seus braços e torceu logo desferindo um soco forte em seu queixo e o jogando ao chão.

— Dean... Pare. Esse não é você. — Castiel disse baixo.

Dean segurou Castiel pelo colarinho de seu sobretudo e desferiu socos fortes. Um... Dois... Três. Castiel sentiu seu corpo amolecer. Dean arrancou a espada angelical da mão de Castiel.

— Não. — Castiel murmurou, sua boca estava inchada e o sangue já lhe cobria o rosto todo.

Dean encarou o ex-amigo, ele não sentia que devia parar, sentia que teria que fazer Sam acreditar que ele já tinha feito sua escolha e que não voltaria atrás. Castiel sentia o que estava por vir, sabia que Dean não iria parar, ele conseguia sentir a fúria que o novo Dean sentia, era algo que nunca vira antes, talvez ele merecesse morrer desse jeito, talvez essa fosse a forma que Deus queria que as coisas terminasse para ele e por um momento conseguiu sentir a paz que tanto procurou desde o dia que desceu até a terra, pela primeira vez sentiu que essa seria a primeira coisa certa que ele fazia.

Dean segurou firme o cabo da espada e golpeou o coração de Castiel que não soltou nenhum som em protesto, não gritou, não suplicou pela vida, simplesmente aceitou o seu destino. Segundos depois uma luz intensa atravessou o corpo do anjo e depois se apagou.

Era isso.

Castiel, o anjo do senhor estava morto.

Sam acordou aos poucos e piscou algumas vezes, sua cabeça girava e doía muito, mas antes que ele pudesse se dar conta do que estava acontecendo uma luz intensa ofuscou seus olhos e depois de segundos se apagou, ele demorou um minuto para perceber que aquela luz era o último suspiro do seu amigo Castiel.

— NÃO! — Sam gritou em protesto, mas era tarde demais.

Dean largou o corpo do anjo que fora, durante anos, um bom e leal amigo, que o ajudou tantas vezes e agora se sacrificou, pois pensara que seria o único jeito de poder se redimir depois de tantos erros cometidos ao longo dessa jornada ao lado dos Winchesters. Dean levantou os olhos e encarou o irmão ainda no chão, estático, completamente em choque pelo o que Dean fez.

— E você, — Dean olhou friamente para o irmão. — fique fora do meu caminho. A próxima vez que eu te ver... Não irei errar.

Dean deu as costas e saiu do bunker sem intenção alguma de voltar, ele não sabia o que faria a seguir, mas sabia que se Sam insistisse em tentar curá-lo, o seu irmão teria o mesmo destino que Castiel teve.

Sam engatinhou até o corpo sem vida do amigo, o segurou em seus braços e deixou que as lágrimas escorressem pelo seu rosto, como pôde deixar que isso acontecesse?

Dean definitivamente não era mais ele mesmo. O que ele fez deixou claro para Sam que ele não queria ser salvo, e que não mediria esforços para fixar isso na cabeça de Sam.

Será que vale a pena continuar tentando salvar alguém que não quer ser salvo?    




  e ENTÃO? Deixe seus comentários! Eu iria amar saber o que vocês pensam sobre a história e o que aconteceu nesse capítulo.
Bjus na bunda de vocês e até o próximo.  

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