Não há Lugar como o Inferno
Oláaaaaaaa olha só quem voltou dos mortos... Eu! Gente desculpa, mas eu estou muitooooo ferrada!! Provas que não acabam mais, trabalhos, problemas familiares e para me fuder eu tenho um TCC para produzir e apresentar em dezembro agora e eu to com o cú na mão. Enfim capítulo novinho para vocês e espero que gostem... E antes que eu me esqueça... Comentem! Por favor, quero saber se estão gostando ou não. Bjus e Boa leitura.
Sentado em seu trono, com o cotovelo apoiado desajeitadamente sobre o braço da enorme poltrona de madeira longaeva, Crowley solta um longo e angustiante suspiro cansado e revira os olhos enquanto escutava as suplicas de um demônio corrupto.
– Majestade! Eu não queria trapacear... Eu não sei o que deu em mim. – o demônio metade bode metade homem tentava se explicar inutilmente, Crowley levantou-se bruscamente.
– Já chega! – ele rosnou fazendo com que o ar no grande salão torna-se gélido e provocando olhares de receio e medo entre os demônios presentes. – Você não queria "trapacear"?... – Crowley desceu, lentamente, dois degraus do altar e olhou fixamente nas duplas íris avermelhadas do infeliz. – Há somente uma regra, fazer o pacto e mantê-lo. Há uma razão para nós não pedirmos nossa parte mais cedo. Confiança dos consumidores. Isso não é o Wall Street! Isso é o inferno! – Crowley grita derramando sua fúria sobre o pobre desgraçado. – Nós temos uma coisa chamada integridade. Se isso se espalha, quem fará acordo conosco? Ninguém! Então, onde nós estamos? – ele perguntou nervoso, o demônio olhou assustado para os lados e gaguejou.
– Eu... Eu... Eu não sei. – ele baixou sutilmente a cabeça.
– Está certo. Você não sabe. Porque você é um idiota burro de visão pequena. De onde surgiu a ideia genial de selar pactos e levar as almas na mesma hora?
O demônio olhou, por mais uma vez, para os lados e ficou claro o seu desespero, pois ele sabia que o destino que lhe esperava não seria nada agradável.
– Eu não queria! – ele esbravejou. – Disse que não daria certo, mas ela me obrigou. – Crowley semicerrou os olhos e o fuzilou com o olhar, ele acenou sutilmente com a cabeça para que seus guardas saíssem por um minuto. Crowley precisava conversar a sós com ele.
– Qual é o seu nome? – ele pergunta ao demônio normalizando o tom da sua voz.
– Belphegor, sua alteza. – ele baixou levemente sua cabeça mostrando o seu respeito pelo rei. Crowley voltou a sentar-se em seu trono e bebericou seu uísque.
– Quem o obrigou, Belphegor? – Crowley foi direto ao ponto, o rei da encruzilhada questionou sem rodeios o homem bode que abriu a boca para responder, mas a fechou imediatamente. Crowley respirou fundo e apertou os olhos controlando a vontade de esmagar o crânio daquele miserável. – Belphegor, vale a pena morrer terrivelmente por apenas um nome?
O demônio respirou fundo e por mais estranho que pareça, rezou mentalmente pelos sete infernos por misericórdia.
– Foi à duquesa Ishtar, majestade. Ela me obrigou a fraudar os pactos, ela queria que o senhor perdesse a credibilidade e que todos pensassem que não tem palavra.
Crowley serrou os punhos e soltou o ar preso em sua garganta, ele esperava que houvesse algum tipo de retaliação, mas fazer o que ela fez foi um golpe muito baixo. A raiva fluía como lava quente em suas veias e, no momento certo, sua fúria jorraria sobre Ishtar como um vulcão em erupção.
– Tudo bem. – Crowley apenas disse. Belphegor soltou o ar aliviado.
– Então... O senhor me dará uma segunda chance? – o demônio perguntou hesitantemente, Crowley sorriu levantando-se e chegando perto de Belphegor.
– Eu nunca dou "segundas chances". – ele sussurrou suavemente ao pé do ouvido do homem bode e cravou punho no peito demoníaco, Crowley puxou sua mão e encarou o coração negro, coberto com uma gosma preta e espessa, e sorriu enquanto o esmagava por entre os seus dedos. O corpo de Belphegor tombou no chão como uma rocha, completamente vazio. Os demônios que faziam a escolta de Crowley voltaram e encaravam a cena, tomados pelo medo, engoliram em seco e levaram o corpo espalhando seus pedaços pela corte, mostrando para toda a corja demoníaca qual é o destino de traidores.
Ishtar, vaca desprezível! Isso não iria ficar assim, Crowley precisava fazer algo para deixar mais que claro a sua soberania sobre toda a legião demoníaca, no momento, sua imagem estava manchada graças à duquesa dos súcubos.
– Onoskelis! – Crowley gritou chamando pela sua mais leal e confiável serva, mas tudo que escutou foi o mais absoluto silencio. Crowley franziu a testa e olhou ao redor, os demônios presentes fizeram o mesmo. Onoskelis nunca se atrasava, na verdade já era para ela estar ali presente, antes que Crowley dissesse ou fizesse algo o clap, clap, clap dos saltos caros romperam o silencio e uma cascata ruiva emergiu entre as portas em frente ao trono de Crowley.
– Perdoe-me pelo atraso, majestade. Estava formulando os gráficos das vendas de almas... Acabei perdendo a hora. – ela desfere um meio sorriso envergonhado, Crowley assente e sorri para a ruiva.
– Está perdoada. Quero que invoque Andras... Eu tenho um servicinho para ele... – ele disse enquanto encarava o vazio com os dedos entrelaçados. Onoskelis assentiu, ela sabia que quando o anjo caído, Andras O demônio assassino, era solicitado então o caso era realmente sério. Andras não apenas era um "assassino de aluguel" ele era um homicida sanguinário por natureza. Ela virou-se e dirigiu-se até a saída.
– Acho que não será necessário, Crowley.
A voz grossa e tipicamente debochada ecoou pelo grande salão do trono, Onoskelis parou e encarou de onde vinha o som assim como todos os demônios presentes.
– Dean? – Crowley diz surpreso encarando um Dean sorridente.
Des Moines, Iowa.
Sam dirigiu o carro pela a estrada de terra úmida e macia, o cinza do céu refletia o que Sam estava sentindo. Ele estacionou a alguns metros da pequena cabana de madeira castigada pelo tempo, suas paredes revestidas de limo e ervas daninha. Sam saiu do carro e respirou fundo, ele sentiu o forte aroma do orvalho das arvores e por um segundo pode sentir uma pequena faísca de esperança acender em seu peito. Ele pegou as sacolas e entrou na cabana.
– Feliz natal! – a pequena ruiva grita assustada com a cara amassada de quem acabou de acordar de um péssimo sono, ela olha para Sam e suspira aliviada. Charlie levanta e tira um pequeno postiche de papel colado em sua bochecha e joga-o para o lado revelando um enorme sorriso ao abraçar Sam. – Você foi seguido? – Charlie pergunta ainda com o rosto escondido sobre o peito de Sam.
– Não. – ele respondeu e eles se afastaram. – Como se sente? – Sam perguntou preocupado olhando para o curativo na lateral da barriga de Charlie. Ela fez uma careta ao passar levemente os dedos sobre o ferimento desferiu um meio sorriso amarelo para Sam.
– Ah... Eu devo ter desmanhado, mas estou melhor. – ela deu de ombros. Sam olhou em volta.
– Cadê o livro? – Sam perguntou ansioso.
– Ok. Até agora é isso que eu sei. – ela voltou até a mesa e apontou para as inúmeras anotações sobre a mesa, espalhadas desorganizadamente. – Cerca de 700 anos atrás, uma freira se trancou depois de ter "Visões das Trevas". – ela começou a desembrulhar algo dentro de uma sacola de pano velha e esfarrapada. – Depois de algumas décadas escondida sozinha, ela surgiu com isso. – ela pegou o livro com cuidado e o estendeu para enxergá-lo sobre a luz. – As páginas são feitas com fatias da pele dela e escritas com seu sangue. – Sam fez uma careta, enojado e Charlie estendeu o livro para que ele pegasse. – Eu te disse, é nojento. De acordo com as anotações que encontrei, ele foi usado por cultos, covens e esteve em poder do Vaticano por um tempo. Tem um feitiço dentro dessa coisa para tudo. Fala da missa negra, magia negra, umas nojeiras de níveis fim do mundo. Quanto à língua em que está escrito, eu acho que é algum tipo... Para falar a verdade... – ela balançou a cabeça cansada. – Eu não faço ideia... Ainda, mas prometo que vou achar a resposta para isso.
– Nós vamos. – Sam concluiu.
Depois de algumas horas pesquisando, Sam deixou que Charlie descansa-se, ela estava exausta e tinha levado um tiro, ela merecia um verdadeiro descanso. Olhando para aquelas páginas Sam não podia deixar de lado o medo que sentia apenas em tocar naquele livro amaldiçoado. Os símbolos pintados em escarlate opaco fazia seu estômago se contorcer, ele conseguia sentir a escuridão que cercava aquele punhado de páginas de pele humana, mas se a cura estava em algum lugar ele teria que ignora seu medo e procurar, pois a vida de seu irmão estava em jogo.
– Nossa, por quanto tempo eu dormir? – Charlie se levanta da poltrona coçando os olhos olhando para os lados, Sam olha para a ruiva.
– Umas três ou quatro horas... Não sei. – Sam suspira cansado e passa as mãos sobre os cabelos.
– Você sabe de alguma coisa do Dean? – Charlie pergunta enquanto se senta em uma das cadeiras da mesa em frente a Sam.
– Por onde eu começo? Da ultima vez que nos vimos ele tentou me matar... - Charlie abriu a boca espantada. – Eu tentei salvar ele, eu tinha um plano sabe? Mas deu tudo errado e por minha causa... – Sam respirou fundo tentando controlar a dor da perda. – Dean matou o Castiel.
– Meu Deus. – Charlie sussurrou encanto encarava as folhas sobre a mesa.
– Eu não sei o que fazer e nem por onde recomeçar, mas... – Sam olhou de relance para o Livro dos Condenados e engoliu em seco. – Esse livro é a minha ultima esperança. – Charlie apertou levemente a mão de Sam transmitindo apoio.
– Nós vamos achar a cura, eu prometo. – ela disse. – Achou alguma coisa? – ela apontou para os papeis espalhados sobre a mesa.
– Talvez. É um dialeto sumério obscuro... Na verdade achei meio que um equivalente nesse livro. – ele mostrou o livro para Charlie.
– Ótimo. – ela disse animada.
– Também achei. Mas estou traduzinho e nenhuma das palavras traduzidas faz sentido. É só texto sem nexo. – Sam diz e franzi a testa. Charlie analisa as palavras traduzidas por Sam. – Talvez seja um dialeto diferente? – Sam pensa.
– Não. Está certo, mas eu acho... Que está codificado.
– Um livro inteiro de texto ilegível que além de tudo está em código. Ótimo. – Sam resmunga.
– Calma. Vamos dar uma de Alan Turing! Decodificar esse treco!
Sam sorri.
– Charlie, me conte sobre o cara que te atacou... Como eles eram? – Charlie pega um pedaço de papel e começa a rabiscar ele.
– Eu dei uma bela olhada na tatuagem daquele idiota. É mais ou menos assim. – ela disse e entrega o papel a Sam.
– Ok. Eu trouxe tudo o que os Homens de Letras sabiam sobre famílias ocultistas. Deve ter alguma coisa aqui.
Inferno – Grande Salão.
– E ai pessoal! – Dean sorri descaradamente e acena para os demônios que o encaravam como se fosse um ser de outro mundo.
– O que faz aqui? – Crowley pergunta confuso. Dean franzi a testa e desfere sua melhor expressão de arrependimento.
– Eu pensei muito no que você me disse e depois daquela conversa eu percebi o que você queria me dizer... – Dean andou até uma ponta e brincou com um fêmur quebrado cravado na parede vermelho sangue. – Não vale a pena não ter um objetivo, logo agora que me tornei... – Dean olhou para o teto e depois para Crowley. – Um demônio. E isso... – ele passou os dedos sobre a marca em seu braço, um aroma temperado penetrou seus pulmões, Dean conseguia sentir o medo no ar, ele olhou de esguelha para os demônios enfileirados perto das portas e sorriu diabolicamente para eles. – Eu não posso desperdiçar um poder como esse não é mesmo?
Crowley sorriu e pediu para que todos saíssem, Onoskelis virou-se para sair também.
– Você fica Onoskelis. – a ruiva aproximou-se do trono e ficou parada ao lado da grande poltrona de madeira, Dean sorriu sacana para a ruiva que desviou o olhar e reprimiu um sorriso. – Então... Você finalmente acordou para a realidade? Fico feliz Dean, feliz de verdade. Seja bem-vindo ao inferno. – Crowley levantou-se e estendeu a mão para Dean que o cumprimentou com um forte aperto de mão selando sua amizade e lealdade.
– Vou levá-lo para um tour, você precisa conhecer sua mais nova casa... – Crowley diz, mas foi interrompido pelo toque do seu celular. – Vou ter que atender só um momento.
Crowley se afastou e atendeu a ligação, Onoskelis se aproximou de Dean e sorriu para o loiro que ria maliciosamente para a ruiva.
– Entrada triunfante. – ela disse baixinho, Dean sorriu.
– Digamos que é minha marca registrada. – ele devolveu o sussurro. A ruiva pôs uma mecha rúbea para trás de sua orelha e deu um meio sorriso para Dean. O loiro segurou a mão de Onoskelis e olhou intensamente dentro daquele oceano azul. – Quero você essa noite. – ele sussurrou com a voz firme, Onoskelis sentia o desejo latente que emanava nas palavras e principalmente de seu corpo. Era um dom perceber a luxuria de cada um, mas ela também não conseguia ignorar o que Dean despertava nela. Ele era como uma droga, totalmente viciante.
– Eu não sei... Se eu tiver livre. – ela disse enquanto espiava Crowley que ainda conversava no celular. – A gente pode combinar alguma coisa. – Onoskelis se afastou de Dean quando percebeu que Crowley havia desligado o telefone.
– Outra pessoa terá que levá-lo no passeio, um tal de Donald Trump quer fazer um pacto. Parece que já temos o mais novo presidente dos Estados Unidos. – Crowley riu assim como Onoskelis. – Onoskelis você ficará encarregada de mostrar todos os reinos para Dean, recrute para sua escolta...
– Com todo respeito Crowley, mas ela não precisa de escolta nenhuma. – Dean corta Crowley que assente.
– Tenho que ir, o babaca é meio impaciente. – Crowley sai do grande salão deixando Onoskelis e Dean sozinhos.
– Parece que o universo está ao meu favor hoje... – Dean disse e se aproximou de Onoskelis que sorria maliciosamente. Dean segurou a cintura da ruiva e a puxou de encontro ao seu corpo.
– Espere! – ela disse e colocou a mão direta sobre o peitoral de Dean na tentativa de aumentar a distancia entre os dois.
– O que? – Dean pergunta.
– Não podemos fazer isso aqui... Esse lugar tem olhos e ouvidos por todos os lugares.
– Você parece paranoica. – Dean zomba e rouba um beijo de Onoskelis. Mas ela o afasta de novo.
– Não, é sério! Se perceberem que nós temos algo... Podem usar isso contra a gente.
– Tudo bem. – Dean se afastou a contra gosto. – Então onde a gente pode fazer isso? – ele perguntou esperançoso fazendo a ruiva cair na gargalhada. – O que é tão engraçado? – ele pergunta curioso.
– Você... É completamente tarado.
Des Moines, Iowa.
– Arg... Nem o Bletchley Circle conseguiria decifrar isso aqui. Eu já tentei todos os algoritmos criptográficos existentes. Nadinha. – ela jogou o Ipad sobre a mesa e desabou no sofá bufando de raiva. Sam se levantou da cadeira e sentou ao lado de Charlie.
– Bem, talvez isso não seja ruim... – ele abriu um livro sobre as famílias ocultistas e estendeu para Charlie. – Aquelas pessoas que te seguiram? Gente da pesada. Eles praticam o mal há varias gerações, há séculos. – ele apontou para o brasão. – A família Styne. Os homens das Letras têm dados sobre eles desde 1800. Usavam feitiços para criar doenças, para desestabilizar os mercados. Ajudaram até os nazistas antes de tomarem o poder e ainda lucraram com isso.
– Então eles são os Du ponts sobrenaturais? – Charlie brinca enquanto analisa o texto no livro.
– Basicamente. Todos os feitiços que eles usavam vinham de um livro sobre "O mal impronunciável" – Sam explicou. – Perdido há quase 100 anos.
– Ok. Eles são maus, e daí? Você já enfrentou coisa pior. – Charlie diz fechando o livro. Sam balançou a cabeça.
– Charlie, leia o arquivo. Quando se usa o Livro dos Condenados há uma reação negativa de proporções bíblicas. Magia negra sempre tem o seu preço. Eu sei disso. Já passamos por isso.
– Bem, vamos ao menos traduzi-lo, ver o que diz.
Sam se levantou e passou as mãos sobre o rosto, ele precisava raciocinar direito, era muita coisa que estava em jogo ali.
– Charlie... Eu não acho que devemos usar esse livro. – Charlie franziu a testa confusa.
– O que? Por quê?! – ela pergunta confusa.
– Charlie, esse livro... – ele apontou para o livro medonho sobre a mesa. – Não é um simples livro, tem algo maligno de verdade. Um mal que vai além da nossa compreensão. Não podemos mexer nisso.
Charlie se levantou e andou de um lado para o outro, ela tentava controlar ao máximo a sua respiração, parecia que iria ter um ataque a qualquer momento.
– Você tem ideia de como foi difícil achar esse livro? Sam, eu levei um tiro! Levei um tiro só para ter uma chance de salvar Dean e agora você me diz que não vamos usá-lo... – Charlie encarava Sam, o magenta havia assumido a cor de seu rosto, Sam nunca tinha lhe visto agir desse jeito.
– Charlie, eu queria que esse livro fosse à solução, de verdade. Mas temos que nos livrar dele. Vamos achar outra maneira de acabar com a Marca.
– Como o que? – Charlie pergunta, mas o silencio de Sam foi à única resposta que obteve. – Sam... – a voz de Charlie estava mais calma, ela deu dois passos em direção a Sam que continuava parado imerso em um milhão de pensamentos. – Deixe-me ao menos traduzir o livro, se houver uma cura vamos fazer e lidar com as consequências depois. Não podemos perdê-lo.
Sam caminhou lentamente até a pequena janela de vidro, seu olhar se perdeu no meio do verde desbotado do outono, em sua essência ele se sentia acabado, como se tivesse perdido uma grande parte dela, na verdade ele sentia a vida de seu irmão passar por entre seus dedos como areia de um deserto. Seu coração murchava a cada segundo que se passava, a dor da perda estava cada vez mais latente em sua triste e cansada alma.
– Quando Dean foi me buscar na faculdade, eu disse a mim mesmo... "É o último trabalho. Só mais um" E aí quando eu... – Sam engoliu em seco e segurou as lágrimas. – Quando eu perdi a Jess... – ainda doía falar de seu único e verdadeiro amor. Jessica. – Eu mais uma vez disse a mim mesmo " Só mais um trabalho" Mas sempre tinha mais um trabalho, sabe? E mais outro e mais outro, e aí eu voltaria a estudar Direito, retomar a minha vida.
Sam deixou que suas primeiras lágrimas lavassem as enormes e profundas marcas de seu interior fossem levadas, mas eram difíceis demais para serem removidas com simples lágrimas.
– Acho que agora eu entendo que... – ele virou-se para encarar a ruiva que já chorava também. – Está é a minha vida. Eu amo isso aqui. Mas eu não posso seguir sem o meu irmão. Não quero vivê-la sem o meu irmão e se ele morrer, eu não... – Sam engoliu a dor e baixou levemente sua cabeça deixando que algumas lágrimas caíssem no chão de madeira surrada.
– Eu entendi. Mesmo. – Charlie se aproximou e abraçou forte Sam, ela tentou transmitir apoio ao amigo, tentou confortá-lo de alguma maneira.
– Tudo bem... Vamos traduzir.
Charlie sorriu batendo continência e correu para seu computador.
– Sam, mesmo se nós traduzirmos o livro, vamos ter que precisar de uma bruxa para realizar o feitiço.
– Eu acho que sei quem pode fazer... Fique aqui, vou encontrar alguém que poderá nós ajudar. Qualquer novidade me ligue, Ok?
A ruiva assentiu e voltou ao trabalho. Sam pegou as chaves do carro e saiu em disparada, ele não podia mais perder tempo, ela seria sua última esperança.
Inferno- A caminho do Abismo dos pecadores.
Vermelho, o "céu" era de um vermelho vivido que fazia Dean lembrar-se de sague, a brisa quente trazia consigo o pútrido aroma de carne humana temperada com enxofre. Dean encarou o horizonte e só conseguia ver raios acompanhados de trovões estrondosos.
– Eu sei... Nada glamoroso. – Onoskelis pôs a mão sobre a cintura e expirou o ar para dentro de seus pulmões e sorriu. – Mas você vai se acostumar. – ela deu uma piscadela e começou a caminhar pela trilha demarcada com ossos humanos.
– Onde estamos indo? – Dean pergunta seguindo Onoskelis um pouco atrás.
– Para a zona Neutra... Lá é tem um bar bem legal. – a ruiva diz casualmente.
– Zona Neutra? – Dean perguntou intrigado.
– É onde as Quatros regiões infernais se encontram, lá todos os demônios vão para "relaxar"... – a ruiva explicou e deu uma piscadela para Dean. – Não fica longe daqui. Dean assente e observa o perímetro encara uma cena um tanto inusitada. Um homem correndo desesperadamente em sua direção, suas roupas rasgadas banhadas em sague logo atrás dele um ser travestido de palhaço, sua roupa vermelha de couro se camuflava no carmim do céu. Seus olhos negros se sobressaia sobre a sua pele incrivelmente pálida e seus enormes dentes serrilhados e pontiagudos se transformaram em um estranho e medonho sorriso ao ver o homem se estatelar no chão. O palhaço ficou cada vez mais perto do homem que gritava por misericórdia, Dean se aproximou para observar melhor a cena. Enormes chifres brotaram de suas têmporas e em um movimento tão rápido quanto o piscar dos olhos, o ser segurou o homem pelo pescoço sentindo o adocicado aroma de seu medo, antes que Onoskelis resmungasse algo para que Dean continuasse a andar, o palhaço segurou a pele do tórax do homem, que gritou em agonia, e puxou com tamanha força, arrancado toda a pele do corpo do pobre desgraçado como se fosse um pedaço de frango. O palhaço derrubou a carcaça sangrenta no chão e mordeu um pedaço da pele dissecada do homem que agonizava, enquanto fazia sua "refeição" ele reparou que Dean estava o observando e o encarou.
– Nossa... – Dean murmurou e acenou para o ser.
– O que foi? – Onoskelis perguntou curiosa com a mão apoiada sobre a cintura, Dean continua encarando o palhaço que mastigava a carne do homem como se fosse chiclete, o monstro encarava Dean com seus olhos negros, ele levantou sua mão livre e devolveu o aceno um pouco mais animado e saiu correndo rindo sumindo por entre as árvores mortas.
– Sam iria gostar desse lugar! – Dean disse e sorriu travesso para a ruiva.
A ruiva revirou os olhos e sorriu.
– Vêm logo, eu tenho muitas coisas para lhe mostrar ainda.
O loiro devolveu um sorriso malicioso para Onoskelis que entendeu suas intenções.
– Aposto que tem muito a me mostrar ainda...
– Nossa! Você só pensa em sexo! – ela riu enquanto os dois continuavam a caminhar rumo.
Depois de um tempo caminhando entre piadas maliciosas e coisas estranhas no meio do caminho. Dean e Onoskelis chegaram até uma pequena igreja de aparência primitiva devastada pelo tempo, suas janelas quebras. Sua madeira surrada e desgastada encoberta de musgo que o pintava até o teto. O céu tornou-se negro e um vento gélido atravessou os corpos dos dois demônios e sacudiu os galhos da floresta morta. Onoskelis caminhou até a entrada onde surgiu um homem que fez Dean segurar institivamente no braço de da ruiva se pondo na sua frente em posição de ataque. O demônio cruzou os braços fortes sobre o peito, ele estava em sua forma humana, a alto e aparentava ter no mínimo meia idade, sua barba escura batia no meio do peito, ele tinha uma cicatriz que começava na testa até um pouco abaixo do olho esquerdo, seu olhar era duro e cruel.
– Olha só, não é que os boatos eram verdadeiros. Dean Winchester. Um demônio. – Onoskelis passou na frente de Dean que não desviava o olhar de seu possível oponente.
– Afaste-se Furcas, vai ser melhor para você. – ela disse firme. O "homem" aproximou-se da ruiva ficando a poucos centímetros dela.
– É mesmo? Vai me esfaquear com aquela faca como fez com a Zepar? Ou vai sair correndo para contar para o seu Reizinho como eu fui mal com você?
Onoskelis semicerrou os olhos, mas não os desviou, manteve-se firme.
– Ela não vai fazer nada, mas eu vou gostar de te rasgar ao meio. – Dean disse e embainhou a Primeira lâmina, de repente tudo ao seu redor desapareceu e a única coisa que conseguiu ver era o maldito demônio na sua frente mudar de postura, seus olhos arregalaram-se quando viu a temida Marca de Caim pulsando no braço de Dean.
– Espere! Você tem a Marca? – O demônio deu alguns passos para trás, seu olhar esbanjava medo. Dean riu ao ver o qual covarde aquele maldito era e guardou a Primeira lâmina.
– Você não merece morrer por ela, você é covarde demais para isso.
Dean empurrou Furcas para o lado e entrou na igreja sendo seguido por Onoskelis.
O lado de dentro não se parecia em nada com o lado de fora, o cinza foi substituído pelo escarlate e dourado, os objetos feitos com os melhores materiais possíveis, demônios de diversas formas e tamanhos pararam e olharam para Dean, ele passou seus olhos sobre a multidão demoníaca e sorriu. Essa seria a sua vida agora, ele teria que se acostumar com os olhares, os sussurros e a fama. Não era o que ele planejava no inicio, mas ele sentia que estava fazendo a coisa certa. Ele faria se tornar certo.
Entre bebidas e brincadeiras, Dean e Onoskelis ficaram um bom tempo naquele bar, mas eles mal sabiam que longe dali algo grande iria acontecer, algo que tornaria a vida de Crowley mais difícil como também de todos os humanos.
O mal preso em uma jaula nas profundezas do submundo iria ressurgir e o inferno não seria mais o mesmo.
Em algum lugar perto de Des moines – Iowa
– Eu não confio em você. – Sam disse olhando diretamente nos olhos da mulher em sua frente. – E jamais confiarei. – ele respirou fundo. – Mas preciso de sua ajuda.
Sam pega a caixa mágica que continha o Livro dos Condenados e o abre revelando a capa tenebrosa o mostrando para a mulher de cabelos avermelhados sentada em sua frente.
– Você entende disso aqui?
Sam olhou para suas mãos e depois voltou a encara a mulher.
– Preciso tirar a Marca de Caim do meu irmão. E algo me diz... Que você pode decifrar esse livro e encontrar a cura. – Sam semicerrou o maxilar e inclinou-se para frente. – A questão é... Você vai me ajudar?
A mulher também se inclinou em direção a Sam e apoiou seu queixo sobre o punho, seus lábios se ergueram em satisfação ao ver o qual desesperado Sam Winchester estava para pedir-lhe ajuda.
– Podemos discutir os termos? – perguntou Rowena ainda sorrindo.
E então... Gostaram? Comentem! O que será que vai acontecer no inferno hein? Será que Charlie vai conseguir decodificar o livro? E a Rowena, será que vai topar ajudar Sam? Fiquem ligados nos próximos capítulos de O Rei dos Condenados.
Bjus e até mais.
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