A Canção do Carrasco
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA CARALHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO DEMOREI MAIS CHEGAY!
Gente trago para vocês o desfecho dessa grandiosa jornada! Nem sei o que dizer,na verdade estou sem palavras. Me doei de corpo e alma para essa fanfiction, e apesar de ser apenas uma fanfiction, sinto um imenso orgulho de mim mesma, pois tenho certeza que passei a minha mensagem a vocês. Esse é o meu final, como eu gostaria que a série terminasse (é obvio que não vai acabar assim, mas...) Enfim, espero do fundo do coração que vocês tenham gostado de acompanhar O Rei dos Condenados e espero vocês nas minhas futuras outras histórias. NÃO SE ESQUEÇAM DO LIVRO DA ONOSKELIS! Não tenho uma data definida, mas logo mais postarei. Bjus e apreciem o capítulo.
Ps: escutem a música na mídia.
"— Minha história começa quando eu matei o meu irmão. E é onde a sua inevitavelmente terminará."
- Caim
O olhar de Sam recai sobre toda a destruição provocada pela batalha entre Dean e Lúcifer e não consegue acreditar se tudo o que está vendo é real. Tudo o que está passando nos jornais, sites e rádios, é preocupante demais, nem ele sabia ao certo se isso teria um conserto. Mas nada disso faz com que seu estômago se contorça como está ao ver Dean tão diferente e principalmente, segurando a primeira lâmina banhada com o sangue do Arcanjo Sombrio.
— Sam? — Onoskelis indaga confusa, mas no fundo temia que ele fosse fazer algo imprudente. — O que faz aqui? Eu te disse para não se aproximar. — ela o lembra do alerta que havia lhe dado.
Sam não consegue desviar seus olhos dos do seu irmão e continua mantendo sua postura hesitantemente.
— E eu me lembro de dizer que não iria recuar. — ele responde calmamente a ela que engole em seco.
Dean nada diz se mantém apenas em completo silêncio observando seu irmão. Nunca o viu dessa forma, visivelmente abatido como se tivesse passado pelas piores coisas nesses últimos meses, como se tudo que já amou e que importava a ele tivesse sido arrancado de suas mãos.
Alguém que perdeu tudo.
Dean consegue escutar perfeitamente as batidas aceleradas de Sam, sentia o medo e a hesitação travar seu corpo, sentia a agonia que a alma de Sam demostra em sua áurea cor pardo-cinzenta. A cor da dor e do terror.
Toda a vida de Sam começa a passar perante seus olhos, toda a sua infância com Dean, todas as vezes que tiveram que se mudar por causa das caçadas de John, todas as noites que chorava com saudade da mãe que nunca teve a oportunidade de conhecer. Toda a culpa que carrega sobre si desde criança ainda lhe pesa os ombros, mas Dean sempre amenizava essa dor. Sempre dava um jeito de alegrá-lo e fazê-lo esquecer da culpa. O protegia, zelava por sua vida como um verdadeiro irmão.
Querendo ou não, Dean foi o pai que Sam precisou quando John não podia exercer esse papel, Dean não pôde ser a criança que queria ser para proteger seu irmão. Era mais que apenas sua obrigação, era sua responsabilidade.
— Sam. — foi à única coisa que pôde sair dos lábios de Dean.
Seu nome soou vazio, completamente sem emoção alguma. Passaram-se meses até que esse encontro inesperado pudesse acontecer e apesar das expectativas de Sam ser as melhores possíveis, parte de seu coração já sabia que isso poderia acontecer. Não estava nem um pouco surpreso.
O som da batalha cessa gradativamente até que último grito é escutado, os guerreiros infernais que restavam começaram a se aproximar curiosos demais para ver o que aconteceria a seguir. Satã fez um gesto sutil para que seus demônios se mantivessem em uma distância razoável deles, não queria intromissões desnecessárias, pois é uma coisa que apenas os irmãos Winchesters poderiam resolver.
— Eu disse que iria voltar por você, Dean. — ele começa a dizer em um tom baixo. —Estou aqui para te levar para casa. — conclui seriamente.
O sangue de Onoskelis congela em suas veias, seu medo que isso se torne uma batalha sangrenta entre os irmãos faz com que seu coração sufoque, não poderia deixar que Sam Winchester cometa esse suicídio.
— Sam... — Onoskelis dá um passo sutil em sua direção, mas resolve parar. — Não faça isso. — ela o alerta enfaticamente.
Sam nem se dá ao trabalho de olhá-la nos olhos, continua a encarar Dean de maneira intensa e confiante.
— Deixe-o, Onoskelis. — Dean diz. — Se é isso que quer, ele pode muito bem tentar. — os olhos verdes de Dean fuzilam Sam. — Mas não garanto que vá conseguir muita coisa. — Dean desdenha da coragem disfarçada de audácia de Sam.
Seu jeito de falar soou duro e sem remorso algum, e isso doeu em Sam. Como se tudo o que ele viveu e conhecesse em seu irmão não importasse mais, pois ele já não era mais o mesmo.
— Dean, fala sério, cara. Isso o que se tornou não é você. — Sam diz em uma tentativa frustrada de despertar algo em Dean. — Você ainda pode lutar contra. — ele enfatiza de forma que abre sutilmente os braços, abaixando sua guarda.
Dean sorri.
Não o seu famoso sorriso debochado, mas um sorriso de divertimento, algo que Sam diz o faz lembrar-se de tudo que o fez desistir de ser o velho Dean.
— Eu não sei quando aconteceu. Talvez quando eu fui para o inferno pela primeira vez ou talvez quando eu olhava para você. — Dean caminha em passos lentos formando um semicírculo em todo aquele sangue acumulado no asfalto, seu olhar torna-se feroz a cada segundo. — Mas o Sam que eu conhecia não existe mais.
— É mesmo?
Sam o interrompe já sabendo a que caminho essa conversa irá seguir.
— Não era o poder psíquico que você tinha ou a merda do sangue de demônio que você usou... São as pequenas coisas, as mentiras, os segredos o peso por ter te carregado por tanto tempo sobre os meus ombros. — ele para em frente ao corpo mutilado de Lúcifer. — Chega uma hora em que simplesmente nos cansamos e eu... — ele ergue seus olhos na direção de Sam. — Me cansei de você.
Sam engole em seco e aperta seus punhos de forma que as unhas cravam na palma da mão. Por mais que seja doloroso ouvir isso, ele não pôde ignorar a verdade nua e crua.
— Esse não é você falando, Dean. — Sam baixa o olhar, negando-se a acreditar nas palavras afiadas que seu irmão diz.
— Disse a mesma coisa a mim mesmo quando você falou que não me salvaria.
Dean revela de forma dura fazendo Sam encarar o irmão com o cenho franzido com confusão em seu olhar.
— O que? — Sam indaga.
Dean sorri e balança a cabeça em negativa.
— Não se lembra? Permita-me refrescar sua memória... — Dean desdenha. — Nós íamos fechar as portas do inferno, íamos desfazer o erro que deixamos acontecer a tantos anos atrás. Mas tinha um preço a se pagar e eu estava pronto para fazê-lo.
E era a mais pura verdade, Dean iria pagar um alto preço para selar os portões do inferno, ele sabia das consequências de se fazer os testes da Tábua dos Demônios escritos por Deus, e não se importou para ser mais exato ele se sentiu orgulhoso por sacrificar sua vida para salvar a humanidade e manter a legião de condenados ardendo no fogo de Geena.
— Mas foi você que concluiu o primeiro teste. — ele diz levantando seus olhos nefastos. — Depois de cada teste eu sabia que o final de tudo não seria bom, você iria morrer e eu não podia deixar isso acontecer. Você entrou em coma após eu te convencer a não finalizar o último teste, eu sabia que a culpa era minha e somente minha. — Dean sente seu âmago obscuro se contorcer com a fúria que preenche suas veias demoníacas. — Você ficou puto por eu ter deixado um anjo salvar a sua vida e disse que não faria o mesmo por mim. Agora eu me pergunto, por que está enchendo o meu saco com esse papo de salvar o meu irmão custe o que custar, sendo que você não faria isso por mim? — Dean questiona de forma que sua voz soa ameaçadoramente séria. — O que foi? Bateu peso na consciência?
Por mais que a verdade doa, Sam sabe que tudo o que seu irmão disse é a mais pura verdade. Quando passou pelos testes ele não queria mais voltar a essa vida, na verdade ele não queria mais viver. Estava tão saturado dessa vida de caçador, desse ciclo interminável de vilões a serem destruídos que achou os testes como sua válvula de escape. Era a sua passagem para descansar, mas se esqueceu de que Dean precisava dele e foi egoísta demais ao dizer aquelas palavras cruéis ao seu irmão. Um completo idiota.
— Por mais que a Marca esteja gritando para te matar uma parte de mim não me deixa... — Dean confessa. — Então Sam, pela última vez, dê meia volta e não volte nunca mais.
Apesar das ameaças, no fundo Dean não queria ter que sujar suas mãos com o sangue de Sam, mas não é fácil convencer o Winchester de que não tinha mais volta. Sam não desistirá do seu irmão mais velho.
Toda a legião demoníaca observa a cena em silêncio, sabiam que isso seria a coisa mais difícil que Dean teria que enfrentar. Lúcifer foi apenas um obstáculo minúsculo que Dean teve o prazer de ultrapassar, mas matar Sam seria a decisão mais penosa que ele teria que tomar.
O céu enegreceu-se e o vento gélido os alertou que o inevitável está prestes a acontecer. Crowley atravessa a legião de forma discreta, ele não consegue acreditar em que seus olhos demoníacos conseguem ver. O rei do inferno conseguiu ludibriar as potências humanas e apaziguar a guerra que Lúcifer tentou iniciar, mas isso não foi nada perto do que Dean terá que enfrentar
Sam está aflito.
— Essa é a última chance que eu posso te dar, Sam. Vai embora e viva o resto de sua vida miserável. — Dean tenta parecer indiferente a Sam, mas no fundo de sua essência ele deseja que Sam desse as costas e partisse para assim não manchar o último resquício de humanidade que ainda lhe resta.
— Não irei a lugar algum. Ou você vem comigo e consertamos isso como sempre fizemos ou você terá que me matar. — Sam diz firme.
Dean respira fundo e passa seus olhos ao redor, ele percebe que todos os demônios o esperam com expectativa.
— Não me obrigue a fazer isso. — ele sussurra apertando os olhos.
Suas palavras soam pausadamente.
Sam segura o cabo da faca especial que fora de Ruby e mantém sua postura firme, ele tem plena consciência que a faca não mataria Dean, mas ele não tem outra opção.
— Eu não vou embora. — Sam diz convicto.
Dean semicerra o maxilar.
— Então irmão, você fez sua cama... — com um movimento calmo, mas com uma intensidade demasiada, Dean embainha a Primeira Lâmina completamente encharcada com o sangue espesso do que fora o Arcanjo sombrio, e aperta o cabo sentindo a maldição da escuridão preencher cada milímetro do seu corpo. Os sentimentos que borbulham dentro de Dean se foram ao toque da lâmina, mas a única coisa que permaneceu é a simples vontade de matar. — Agora terá que deitar-se nela.
Seus olhos verde mar tornam-se negros como uma noite tempestuosa.
Sam engole em seco e se obriga a ficar em posição de ataque, ele não tem ideia do que poderá acontecer ou do desfecho que essa luta sem sentido possa tomar, mas não poderia se dar ao luxo de dar as costas a Dean, não poderia negar a ajuda a seu irmão, por mais que ele não queira. Dean está completamente relaxado, sua lâmina o conduz com maestria, mas algo no fundo de sua essência enegrecida o incomoda, como se alguém estivesse atado a correntes e esperneasse para que Dean não fizesse isso, mas a raiva e a sede de sangue são mais forte do que tudo.
Dean sacode a cabeça e avança contra Sam desferindo um forte golpe com a Primeira Lâmina de direita, mas Sam segura seu punho e lhe desfere um soco em seu estômago que dá dois passos para trás, ele para e põe a mão na região onde o Sam o golpeou e sorri para seu irmão. Dean avança novamente contra Sam que dá um passo para trás tentando ao máximo aumentar a distância entre os dois, mas tropeça em algo que, por um segundo, tira sua concentração nos movimentos de Dean. O loiro aproveita essa distração do irmão e lhe dá um golpe no queixo e o agarrando pelo colarinho, com uma força sobre-humana, desfere uma joelhada no estômago de Sam que urra de dor caindo sobre o solo destruído. Dean vira-se de costas e se afasta de Sam com um olhar satisfeito plantado em sua face. Sam recupera o fôlego com dificuldade, mas impõe que seu corpo se levante e continue a tentar, ele percebe que Dean não nota sua recuperação e finca com força a faca entre a terceira e quarta vértebra de Dean, em um humano, tal golpe poderia ser fatal, mas em Dean não passou de um pequeno desconforto.
Dean vira-se e encara Sam com indiferença.
— Para um nerd, achei que você fosse mais esperto do que isso. — diz.
Seu caminhar lento se aproxima do irmão, como um leão que observa atentamente sua presa. — Levante-se e lute como um homem. — sua fala soa ameaçadora fazendo Sam estremecer por dentro e obedecê-lo sem pestanejar. — Sabe de uma coisa, Sam? Desde aquele dia em que disse que não me salvaria, comecei a rever algumas coisas. — ele começa a andar despreocupadamente de um lado a outro. — Sua ingratidão me ofende. — ele olha para Sam que escuta todas as palavras atentamente. — Quantas vezes eu salvei você? Quantas vezes sacrifiquei a mim mesmo por você? — as perguntas não obtiveram respostas de Sam, ele apenas engole em seco e desvia seu olhar.
— Não vai responder, irmão? — Dean pergunta e arqueia a sobrancelha. — Tudo bem, nem eu mesmo sei ao certo. Eu perdi a conta também, mas o que você já me deu em troca? Falta de confiança, quando eu te avisei que aquela puta demoníaca estava te manipulando e te viciando em sangue de demônio você me deu as costas e o que aconteceu? Simplesmente o apocalipse na terra. — Sam baixa os olhos.
Ele sente-se péssimo agora que Dean esfrega todos os seus erros em sua cara.
— Ou quando você deveria tentar achar um jeito de me tirar do purgatório, mas ao invés disso, você atropela um cachorro e brinca de casinha durante um ano me deixando apodrecer naquele lugar. Cara! Aquilo magoou. — Dean faz uma careta debochada, desdenhando dos inúmeros erros de Sam. — Me diz uma única coisa que você fez por mim de verdade, Sam? — sua pergunta ecoa pelos destroços e trovoadas que ressoam no céu.
Sam não tem palavras para responder a seu irmão, ele realmente, em todos esses anos, havia sido um grande filho da puta egoísta com seu irmão.
— Você tem razão, eu nunca fiz nada por você, nada comparado ao que você fez por mim. Mas por favor, me deixe consertar isso, me deixe curar você. — Sam pede em forma de súplica.
Dean chega mais perto de Sam e seus olhos o fuzilam com uma fúria demasiada.
— Quem disse que eu quero ser curado? — indaga sombriamente fazendo o sangue de Sam gelar.
Dean solta uma sonora e assustadora gargalhada enquanto seus olhos foca no irmão.
— Eu gosto dessa doença.
Ao término da frase, Dean dá um soco no rosto do irmão fazendo-o sair de seu estado de transe. Ele vira-se e empurra Dean dando um espaço de tempo para pegar sua e descarregando-a no peito do irmão em uma tentativa de afastá-lo e aumentar a distância entre os dois.
Deu certo.
Ele para e olha para seu tórax ensanguentado, não sente dor, mas seu olhar recai sobre Sam que encara a cena, aturdido demais para esboçar qualquer reação.
— Gostava dessa camisa.
Sam mal pode esperar para que ele se recupere e lança para longe a arma descarregada empurrando Dean logo em seguida e desfere uma série de socos desesperados, até que Dean segura seu punho e puxa seu braço apertando tão forte que ambos conseguem ouvir o osso se partir em dois. Sam dá um berro de dor e Dean o empurra com força, Sam se desequilibra e cai segurando seu braço quebrado, seus olhos encaram Dean sem acreditar no que acaba de acontecer.
Sam está cansado demais, e naquele momento pôde perceber que Dean não era mais o mesmo, que talvez o caminho que ele já traçou não tenha mais volta.
— Outra boa lembrança no álbum das merdas que o Sam fez. Você perdeu sua alma, sabia da gravidade disso e não me disse! — Dean sorri. — Você trabalhou com o nosso avô Samuel e sabia que o que ele estava fazendo era errado e mesmo assim não me disse nada. Minha vida acabou quando você nasceu.
O semblante de Dean é feroz e agressivo, sua ira descomunal transcende além do seu âmago infernal. Depois de tudo o que aconteceu desde que chegou naquele lugar destroçado, Sam derrama suas primeiras lágrimas, sua dor física nem chega aos pés na ferida aberta em seu peito, aquilo era como um soco na cara para ele.
Dean encara o irmão que não consegue olhá-lo nos olhos.
— E isso aqui, Sam... — levanta a lâmina que reluz suavemente ao brilho de mais um intenso relâmpago. — É a chave para finalmente me libertar de você.
Sam suspira longa e pausadamente, como se estivesse tão exausto e se pôs de joelhos. Aquelas palavras perfuraram seu coração como uma faca serrilhada, ele está cansado de salvar pessoas, caçar coisas e de todo o negócio da família. Cansado do ciclo vicioso em que um tenta incansavelmente salvar o outro, aquilo deveria ter um fim ali e agora. Pela Primeira Lâmina, pelas mãos de Dean. Antes que Dean pudesse continuar com o seu discurso acusatório, Sam leva sua mão até o bolso da calça e de lá retirou duas pequenas fotos um pouco maltratadas pelo tempo.
— Leve estas... — Sam coloca as pequenas fotografias sobre o chão, perto suficiente de Dean. — E um dia, quando achar o caminho de volta, deixe que elas o guiem. — Sam soluça tentando controlar as lágrimas que escorrem pelo seu rosto. — Elas vão ajudá-lo a lembrar como era ser bom e o que era amar.
Dean baixa o olhar e encara as fotos deixando que suas lembranças humanas inundem seu cérebro. Ele teve uma vida feliz, estranha, mas feliz. Apesar de ter odiado John por muito tempo por ter privado seus próprios filhos de terem uma infância normal para poderem embarcar em uma estrada em busca de vingança, em parte agradecia a seu pai por ter ensinado uma coisa muito importante a eles: O verdadeiro significado da palavra família.
— Feche os olhos. — Dean pede a Sam. — Sammy, feche os olhos. — ele sussurra.
Seu semblante muda sua fúria tinha sido envolvida por uma camada de medo. Medo do que ele teria que fazer nos próximos minutos. Dean sabe que Sam jamais desistiria dessa ideia de curá-lo, sabia que seu irmão percorreria ainda mais nessa estrada sem volta e se arrependeria disso no futuro, não poderia deixá-lo condenar-se a uma desgraça colossal dessa forma. Ele respira fundo e tenta ao máximo impedir que seus sentimentos humanos o controlem, imaginou uma grande muralha entre ele e o antigo Dean que gritava em agonia. Obrigou-se a apertar o cabo da lâmina e finalmente selou o destino que já estava predestinado sobre os irmãos Winchester.
Seus olhos não desviaram dos de Sam e sentiu a lâmina perfurar o abdômen do irmão mais novo, Sam não grita ou mostra qualquer reação de dor ou de resistência, apenas deixa que seu irmão mais velho faça o que foi destinado a fazer. Sam começa a perder sangue e com isso, a força que lhe resta se vai aos poucos, Dean apoia Sam com o braço esquerdo enquanto a Primeira Lâmina permanece fincada em seu corpo, ele o deita gentilmente sobre o solo desgastado, Sam sorri enquanto um filete escarlate escorre por entre seus lábios pálidos.
— Está- Está tudo bem, Dean. — ele diz enquanto respira com dificuldade.
Dean nada diz, apenas apoia o pescoço de Sam para que pudesse respirar melhor. Sam, com certa dificuldade, segura a mão livre de Dean e deposita um pequeno objeto na palma de sua mão. — Talvez- Talvez seja melhor assim. — Sam sussurra encarando os olhos do irmão.
Dean engole em seco e se recusa a dizer algo, sua mão envolve o cabo da lâmina e a puxa tirando do local e a colocando de volta em sua cintura, Sam tosse e tenta ao máximo reunir um pouco de energia, ele precisa dizer aquelas palavras antes de finalmente partir.
— Eu te perdoo, irmão. — ele sussurra entre tosses.
Sam derrama sua última lágrima e dá sua última lufada de vida. O corpo de Sam relaxa e seu olhar torna-se vazio. Dean semicerra o maxilar e reprimi um grito de dor, sua pouca humanidade que lhe restava agora escorre pelos seus dedos como areia no deserto. Seus dedos fecham suavemente as pálpebras de Sam e em seguida abre a mão para ver o que seu irmão havia lhe dado. Seu coração negro acelerou por um segundo, era o amuleto que ele havia lhe presenteado quando eram apenas crianças. Dean sente o pequeno objeto sobre seus dedos e baixa levemente a cabeça enquanto aperta seus olhos.
Um monstro.
Como pôde assassinar seu próprio irmão? Por tantas vezes Dean não podia se imaginar viver em um mundo o qual seu irmão não estivesse, mas pensando sobre toda a jornada que tiveram juntos, ele sabia que esse era o único jeito de quebrar a maldição entre os dois. Guardou o amuleto no bolso, Crowley aproxima-se calmamente, ele não sabe ao certo o que dizer, então apenas encara o corpo sem vida de Sam e usa uma frase usual.
— Eu sinto muito. — ele diz.
Dean não diz nada, apenas dá uma leve ajeitada em seus ombros. Ele não culpa Crowley pelo ocorrido ou por qualquer coisa nessa jornada demoníaca que sua alma atravessou, pois ele sabe que o único culpado de tudo é ele mesmo.
— O que pretende fazer agora? — ele questiona.
Dean olha por mais um tempo o corpo de seu irmão.
— Irei enterrá-lo com a nossa família.
Onoskelis não consegue pensar em mais nada a não ser em Sam, apesar de saber que apenas Dean poderia resolver essa questão com o irmão, ela criou uma ligação com Sam, afinal ela a curou. Transformou sua essência demoníaca em humana novamente, e isso jamais será esquecido. Ela se aproxima do corpo de Sam e não percebe que já derrama lágrimas pela alma ceifada do amigo. Dean se aproxima do corpo do irmão o tomando nos braços, toda a legião demoníaca se afasta, Dean anda em direção ao exército que abre o caminho para ele. Seria uma cena memorável se não fosse profundamente triste.
Após usar seu poder de teletransporte, Dean chega ao cemitério. Seu andar calmo provoca um farfalhar sobre as folhas secas, a lua cheia deixa sua timidez e sai de trás das nuvens pesadas. O ressoar de corvos faz companhia a Dean que resolve começar a cavar, ele pode muito bem estalar os dedos e terminar com isso de uma vez por todas, mas ele precisa fazer isso. Precisa pensar no que acabara de acontecer. Após finalizar a cova ao lado dos túmulos de John e Mary Winchester, ele ajeita o corpo de Sam dentro do grande buraco na terra fofa, riscando um fósforo após encharcar o corpo com querosene, Dean cremou o corpo de Sam e então o enterrou, deixando para trás toda a dor, sofrimento e memórias felizes, resolveu todos eles junto a Sam.
***
Uma brisa suave atravessa as cortinas de seda branca deixando que um feixe pequeno de luz do sol invada o quarto e atinja seu rosto, ele sente um calor agradável esquentar sua pele o fazendo despertar. Ele abre lentamente seus olhos, ainda um pouco desnorteado pela sonolência ele senta-se sobre o colchão aconchegante e pisca algumas vezes tentando acostumar seus olhos com a claridade. O branco é a cor mais presente no quarto tirando pelos móveis de madeira escura que provoca um charme exuberante ao ambiente.
— Mas que... — ele encara todo o ambiente e não consegue reconhecer nada daquele lugar.
— Sam... Amor? — Uma cabeleira loira vira-se na cama e senta-se sobre o colchão da mesma forma que Sam fez momentos antes.
O coração do Winchester salta do peito dando palpitadas rápidas e descompassadas, não conseguia acreditar no que seus olhos viam até que a moça toca-lhe o rosto com as sobrancelhas franzidas em preocupação.
— Amor, você está bem? Parece que vai vomitar a qualquer momento. — ela diz esboçando um meio sorriso gentil.
— Jessica? — sua voz saiu em um sussurro enquanto coloca sua mão sobre a dela que ainda repousa sobre seu rosto.
Ele pôde sentir ela, pôde sentir sua pele morna sobre a dele e por esse momento, Sam derrama uma lágrima solitária de felicidade. Ele estica suas mãos e envolve o corpo da mulher amada em um abraço terno. Ele sente todo o corpo dela ao seu, sem entender direito, Jessica o abraça de volta passando seus braços em torno de Sam se aconchegando em seus braços. Ele sente um pequeno movimento entre os dois o fazendo se separar dela.
— Acho que a Deanna ficou com um pouquinho de ciúmes. — ela diz acariciando o ventre volumoso.
Sam arregala os olhos ao encarar a barriga de Jessica, ele estava tão atordoado em vê-la depois de anos que não percebeu essa grande e maravilhosa surpresa.
— Grávida... — ele sussurra para si, mas não pôde evitar que Jessica ouvisse.
— É... Já tem oito meses que eu estou grávida. — ela ri da expressão boba de Sam. — Amor, você tem certeza que está bem? — ela pergunta novamente.
Sam solta o ar preso de seus pulmões, por um momento ele sente flashes invadir sua mente lhe atormentando.
Dean com a Primeira Lâmina.
Destruição.
A batalha.
Sua morte.
Ele sente que está sendo sufocado e coloca as mãos sobre o pescoço enquanto sai rapidamente da capa, Jessica se assusta e vai atrás de Sam o acudindo.
— Ei, ei, ei... Respira, vamos lá. Um... — ela segura o rosto de Sam e o ajuda a lembrar-se de respirar. — Dois... Três. — Sam faz o que a mulher mostra normalizando sua respiração.
Ela o leva de volta a cama e o faz sentar-se na beirada, ela se agacha e se ajoelha entre suas pernas ainda segurando seu rosto que começa a ganhar cor novamente.
— Eu sei como é, foi difícil para mim também. — ela revela a Sam que arqueia as sobrancelhas. — É... Eu sei que estou morta. Eu me lembro de como morri, me lembro de como nós paramos aqui no céu. — ela sussurra para ele.
— Nós? — Sam indaga curioso.
Jessica sorri e acaricia a barriga por cima da camisola de seda perolada.
— Lembra-se daquela noite em que Dean apareceu pedindo sua ajuda para achar seu pai? Eu não queria que você fosse porque queria te dizer uma coisa, mas você teve que ir e eu nunca consegui dizer que esperava um filho nosso. — ela revela com o cenho triste.
Sam a encara em choque, não sabia o que dizer a ela ou o que pensar direito. Sua vida poderia ser completamente diferente, um bebê de Jessica. Sentiu-se nauseado e com o coração apertado, durante todos esses anos ele viveu pensando no futuro que morreu junto a mulher que tanto amou.
— Eu sinto muito, Jess. — foi a única coisa que poderia sair de seus lábios. — Eu deveria ter ficado, eu queria ter ficado, mas não podia.
Ela sorri.
— Está tudo bem, Sam. Nós duas entendemos, não era o momento certo, seu caminho era outro, nossos destinos já estava traçados há muito tempo, não podíamos mudar o que já estava escrito.
Sam olha além de Jessica e deixa que todas as memórias invadam sua cabeça. Dean realmente fez o que tanto disse, ele realmente o matou. Mas não entendia por que o paraíso? Ele havia feito tantas coisas ruins nessa jornada inútil, matou pessoas, deixou outras para morrer. Destruiu futuros tudo para que ao final sua jornada fracassasse e seu irmão o matar.
— Então isso não é real? — ele indaga desesperançoso.
— Mas é claro que é. Essa... — ela aponta para si. — É a minha alma e essa é a sua, somos nós dois de verdade que estamos aqui. Esse é o nosso paraíso, nosso sonho desde que começamos a namorar.
Sam toca o rosto de Jessica e acaricia sua pele macia.
— Não faz sentido eu estar no paraíso, Jess. — ele sussurra de forma tristonha.
Jessica esboça um meio sorriso para Sam.
— Sam, você se sacrificou por Dean, quando se sacrifica dessa forma todos os erros cometidos em vida são quitados. No fundo você sabia que esse era o único jeito de toda essa dor sobre vocês finalmente cessar.
Ela estava certa e Sam sabe disso, bem no fundo ele sabe disso, toda a dor e perda que estava sobre suas vidas era penosa demais. Todas as pessoas que conhecia e amava sofreram e morreram de formas horríveis e dolorosas, tudo por culpa dessa maldição que os circundava. Talvez morrer foi o que ele precisava, o que todos precisavam, Sam estava cansado demais para poder continuar, foi uma jornada difícil e árdua até onde chegou e seu destino foi selado do jeito que sempre pensou que seria.
Pelas mãos de seu irmão.
— Jess, eu estou com medo. — Sam sussurra enchendo os olhos com lágrimas pesadas.
A loira se aproxima e o deita sobre a cama, aninhando-o sobre seus braços, ela sente a dor que seu amado Sam vivência dentro de si e seu coração aperta ao vê-lo assim.
— Está tudo bem, meu amor. — ela aperta um pouco mais seus braços envoltos de Sam. — Dean fez o que fez, pois te ama, ele ainda te ama. Apenas pense nisso, nos bons momentos que viveram juntos, nas boas lembranças e no amor incondicional que ambos sentem um pelo outro. — ela sussurra contra as mechas castanhas dele. — Lembre-se que essa dor passará e apenas o amor prevalecerá. Não há dor no paraíso, Sam. — ela diz.
Nesse instante sua delicada mão segura a de Sam e repousa sobre seu ventre volumoso, Sam acariciou a barriga de Jessica e sentiu seu calor confortar sua alma estilhaçada pela dor do fracasso. Mas Sam sabia que essa dor iria desaparecer, pois Jessica sempre tinha razão e com o tempo essa dor cessou. Sam viveu longos anos ao lado de Jessica e sua família, apesar de saber que aqui era apenas seu céu pessoal, ele não se importou. Tinha o seu amor verdadeiro ao seu lado e o sentimento reconfortante do perdão que aquecia seu coração que cicatrizou por completo depois de tanto tempo sangrando.
Sam finalmente perdoou a si mesmo e era apenas isso que lhe consolava.
***
O vento transpassa pelas mechas ruivas da mulher no banco do carona, seu coração permanece apertado, pois as imagens da batalha dos irmãos Winchester ainda permeiam em seu cérebro a deixando atordoada. Dean dirige algumas horas em uma estrada deserta, mas os dois nem sequer trocaram palavras durante o longo percurso. Não que ela estivesse com medo dele, longe disso, mas ela estava respeitando sua dor. Por mais que Dean tenha agido de forma fria e impetuosa, ela sabia que seu coração negro ainda sentia o peso da perda do irmão e preferiu esperar até ser a hora certa de conversar com ele.
Um pequeno motel de estrada surge e de repente, Dean encosta o Impala no acostamento. Seus dedos apertam com força o volante como se ele estivesse ao ponto de explodir.
— Dean? — a ruiva chama por sua atenção.
Dean respira fundo, mas deixa seus olhos fixos no horizonte, pois não consegue olhá-la nos olhos.
Não podia.
— Acabou. — ele apenas diz as palavras de forma fria e sem rodeios.
O coração humano de Onoskelis apenas dá uma leve palpitada e sua respiração torna-se descompassada como se já soubesse do que ele estava falando, mas por incerteza fez questão de perguntar-lhe.
— Acabou o que? — ela o questiona, temerosa.
Dean vira seu rosto para olhá-la nos olhos.
— Nós. Acabou, não podemos continuar com isso. — ele diz.
As mãos de Onoskelis começam a tremer de forma gradativa, em seu estômago, um frio desconfortável se instala ali e seu rosto começa a esquentar. Ela tinha se esquecido de como é dolorosa a dor da rejeição.
— O que? — sua voz sai de forma chorosa.
Onoskelis não queria chorar na frente dele, sentia-se fraca e incapaz ao mostrar seus sentimentos dessa forma, mas ela não consegue mais controlar as suas emoções, tinha se esquecido de como essa era a parte ruim de ser humana. Dean engole em seco e sente um desconforto dentro de si, não sabia o que estava fazendo direito, mas sabia que o relacionamento deles não poderia continuar, não haveria futuro para ela estando ao seu lado. Um demônio não poderia amar uma humana.
Ele estica sua mão até o banco de trás e pega uma mochila a colocando sobre o colo da ruiva que permanece encarando Dean com os olhos marejados.
— Dentro dessa bolsa tem documentos novos, passaporte e dinheiro para você recomeçar sua vida. — ele explica.
Ela ainda não conseguia acreditar no que está ouvindo, Dean estava acabando com tudo de forma mais fria e dolorosa possível.
— No estacionamento daquele motel tem um carro com a chave na ignição, pegue-o e dirija para o mais longe que conseguir. — ele diz.
Dean sai do carro e caminha poucos passos para longe do Impala, passa as mãos por entre os fios loiros e curtos enquanto encara o pôr do sol. Esse dia está se saindo pior impossível, era a segunda coisa mais difícil que ele tinha de fazer em apenas poucas horas.
Onoskelis também deixa o carro e caminha em direção a Dean, parando a pouco menos de um metro dele.
— Não faz isso comigo. — ela sussurra em súplica. — Não faz isso com a gente. — conclui derramando lágrimas pesadas pelo seu belo rosto alvo.
Dean vira-se.
— Não posso te dar o que deseja, não posso te dar uma casa, uma vida normal, filhos. Eu sou um demônio agora. — ele mostra a marca em seu braço. — Ela é o meu destino, Onoskelis e eu já abracei esse destino a partir do momento que assassinei meu irmão. Você nunca estará segura ao meu lado, sou um demônio movido pela morte, pela fúria e desejo de sangue. — ele diz de forma séria.
No fundo, a ruiva sabe que ele tem razão, mas não consegue imaginar uma vida onde Dean não esteja nela. Em pouco tempo, ela conseguiu se apaixonar por ele de uma forma arrebatadora, ele a fez sentir coisas que ela não sentia desde quando era humana no passado. Dean aproxima-se da pobre ruiva que chora incontrolavelmente, suas fortes mãos envolvem seus braços finos e a puxa em direção a seu peito, aninhando-a em um abraço sincero. Ela olha para cima, encarando os o verde dos olhos de Dean o puxando para um beijo intensamente triste, seus lábios movem-se em sincronia como uma dança melancólica e lamentosa. Dean entende o sofrimento da moça, pois também sente o mesmo, pois também gosta muito dela e desejava que ela ficasse ao seu lado, mas sabe que mais e mais inimigos poderiam surgir e Onoskelis seria o primeiro alvo a ser atacado. Seria o calcanhar de Aquiles de Dean. Os lábios se afastaram, mas permaneceram de testas coladas ainda sentindo o sabor um do outro.
— O que farei sem você, Dean? — ela questiona.
— Você vai viver. — ele responde.
Ambos abrem os olhos e Dean deposita um beijo suave na testa de Onoskelis e logo em seguida se afasta voltando para o Impala. Onoskelis ajeita a mochila sobre o ombro, Dean dá partida no carro e observa o rosto de Onoskelis através do retrovisor, ele jamais se esquecerá das lágrimas de dor que viu escorrer pela face da pobre ruiva.
Jamais a esquecerá.
— Adeus, Dean.
Onoskelis sussurra observando a traseira do carro desaparecer no horizonte.
***
Faz exatamente cinco horas que ele está dirigindo sem um destino concreto, apenas acelera na direção norte de uma via qualquer. Ainda sente o peso de ter feito o que fez a seu irmão e ter deixado sua amada ruiva para trás, mas não podia voltar atrás em nada das suas decisões. O que está feito está feito.
Ao olhar para os lados, avista um pequeno festival acontecer em uma fazenda, as luzes brilhantes iluminam a escuridão da noite. Dean encosta o Impala perto de algumas motos e carros. Ao sair, observa as pessoas a sua volta.
— Uau! Que carro incrível. — um jovem se aproxima do Impala.
Seus olhos brilham enquanto observa o carro em sua frente.
— Um Chevrolet Impala 1967. — ele diz boquiaberto. — Cara! Tem noção de como esse carro é incrível? Eu faria qualquer coisa para tê-lo. — ele diz enquanto toca o capô lustroso do carro.
Dean observa o rapaz que fala animadamente sobre seu carro, por um momento, ele seu olhar recai sobre o carro. Sua baby era a coisa mais importante do universo para ele, o seu ciúmes com ela era algo completamente surreal, Dean passou por inúmeros bons momentos dentro dela. Ela era mais que um simples carro, era a sua casa. Mas olhá-la agora é um trabalho árduo, pois tudo o que ela representa é o que ele não pode levar para a sua nova vida.
— Queria ter um carro assim, mas não tinha dinheiro suficiente então tive que comprar uma moto.
— Você tem uma moto? — Dean pergunta, abrindo a boca pela primeira vez em um minuto de conversa.
O garoto assente.
— Sim, uma Harley 883 Custom, comprei de um amigo. — ele aponta para o lado e mostra sua moto estacionada a apenas alguns metros.
Dean caminha em direção a moto e toca no guidão cromado da moto, sentindo o design. Ele gostou.
— Quer fazer uma troca? — ele pergunta.
O garoto engasga e arqueia a sobrancelha.
— O que?! Você está falando sério? — ele indaga.
Dean balança a cabeça confirmando. O jovem o olha desconfiado para Dean.
— Ele tem algum problema? Por isso quer trocar? — ele questiona.
— Não, na verdade ele está em perfeitas condições, só que ele me trás muitas boas memórias e eu não quero mais.
— Boas memórias não deveria ser algo bom? — O jovem cruza os braços.
Dean suspira.
— Não para mim, não mais. E ai, vai querer trocar? — ele reforça a oferta.
O jovem sorri extasiado.
— Com certeza!
Dean volta ao Impala e recolhe suas coisas colocando-as em uma mochila, e volta para frente da moto. Seus olhos olharam por uma última vez para o carro, ele sentiria saudades da sua antiga vida, por mais que tenha dito a si mesmo por tantas vezes que não se importa mais com nada, e depois de tudo o que lhe aconteceu percebeu que não passava de um blefe. Ele se importa e por um bom tempo ele se importará.
Jogou a chave do Impala para o garoto que sorria como uma criança em um dia de natal, subiu em cima da moto girando a chave.
— Cuide muito bem desse carro, garoto. Pois ele cuidou muito bem de mim, ele fará o mesmo por você. — Dean pede ao jovem que assente sem demora.
— Pode deixar, senhor.
Dean acena para o jovem que arranca com o Impala desaparecendo no final da estrada sob a luz do luar, ele se sente bem e não se arrepende de ter dado o carro, sabia que não podia largá-lo em qualquer lugar, esse carro possui uma história que não poderia terminar de qualquer forma. Agora o Impala participará de outra história, vivenciará outra jornada e será o refúgio de outra pessoa e isso acalma a essência de Dean. Ele baixa levemente o olhar e solta o ar preso em seus pulmões enquanto coloca o capacete, essa era sua vida a partir de agora, precisaria de um tempo para si, para se recuperar de tudo o que aconteceu então viajaria por um tempo.
Dean acelera a Harley rumo ao destino sombrio e desconhecido, como o mesmo cavalo que galopa na mesma obscura jornada que apenas ele, com o tempo, saberá o verdadeiro significado da escuridão marcada em sua alma. Descobrirá que o lado sombrio que tanto temia sempre lhe foi destinado.
Descobrirá que ele é o verdadeiro Rei dos Condenados.
E ENTÃO! ? GOSTARAM? COMENTEM!!! Espero do fundo do meu coração que vocês tenham gostado do meu livro e não deixem de acompanhar minhas histórias, há várias outras no meu perfil, escrevo muitos gêneros. Vejo vocês em breve no livro da Onoskelis. Um beijo no coração de cada um que me apoiou. Até logo.
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