Dez
O vídeo para e eu limpo as lágrimas que molham meu rosto. Ela ansiosamente me esperou, ela me queria
Mas então por que me trata assim? Se ela me amava sem eu ter vindo, por que não me ama agora que estou aqui?
Sou despertada dos meus devaneios com o meu celular tocando
- Alô - Atendo meio área
- Dez empresas - Diz o Júnior do outro lado da linha
- Dez, o que? - Pergunto sem entender
- Dez empresas Malu, do nome que você me pediu para procurar
- Ah! Caramba dez?
- Pois é, também achei muito, mas foi o que minhas pesquisas descobriram
- Todas elas aqui em Seattle?
- Todas, pega uma caneta que vou te passar o endereço de cada uma delas
- Tá, espera um pouco
Coloco o celular encima da cama, tiro o DVD do aparelho, coloco de volta na caixa e guardo a caixa no lugar que estava. Pego a foto que a Jennifer me entregou e vou para o meu quarto. Pego papel e caneta e volto para a linha com o Júnior
- Pode falar
Demorou quase vinte minutos para ele me passar todos os endereços
- Obrigada Júnior - Agradeço quando finalmente acabamos
- Estou aqui para o que precisar
Ele desliga e eu deito na cama. Suspiro fundo e sinto o cansaço psicológico cair sobre mim
- Por que tudo precisa ser tão difícil?
Viro para o lado, fecho os olhos e acabo adormecendo
{...}
- Malu? Malu acorda - Sinto duas mãos me balançado
Olho para o lado e vejo a Amanda
- Oi Amanda, o que aconteceu?
- Sua mãe pediu para te acordar, vocês vão ir jantar na casa do seus avós
- Jantar? Que horas são?
- Oito horas
Meu Deus como eu dormir
- Tudo bem, vou me arrumar e já desço, obrigada
Ela sorri e sai do quarto. Levanto da cama e vou para o banheiro
Tomo um banheiro rápido, visto uma calça jeans, uma camiseta branca e uma blusa de frio fina
- Vamos? - Pergunta a Ana quando chego ao fim da escada
- Vamos
{...}
- Amo vê a familia toda reunida - Diz minha vó quando todos sentamos a mesa
- Mas eu e o Lucas, não somos da família - Diz minha tia Jennifer, com uma voz fingindo chateação
- Claro que são da família! Podem não ser de sangue, mas são da família!
Todos entram em uma conversa animada, e eu me deixo ir para longe nos meus pensamentos.
Volto minha atenção para a mesa, quando percebo a Ana levantando. Sigo ela com o olhar e vejo ela entrando em outro cômodo
Aproveito a distração de todos e a sigo
Ela entra na sala do piano, como ela mesma chama, e deixa a porta entreaberta
Me aproximo devagar da porta, me abaixo e olho pela fresta. Ela está sentada no piano
Ela solta um longo suspiro e então começa a tocar
- Lembro bem, você me ganhou tudo maravilha quando começou, eu tava sem ninguém e ele também, foi rolando um clima e a gente ficou - Ela canta com um fervor e uma tristeza que faz a música se tornar ainda mais bela - Em pouco tempo a gente começou a se encontrar, fizemos tantos planos, até em namorar e de repente, veio contra a gente uma chuva de mentiras para nos separar, inexplicavelmente o que era pra sempre foi desaparecendo, e se perdeu no ar
Ela abaixa a cabeça de forma que seus cabelos cubram seu rosto
- Até agora não entendi direito o que rolou foi cada um pra um lado, acabou - Ela para de cantar, olho para mais dentro da sala. Ela está com a cabeça levantada, olhando para a parede a sua frente, as lágrimas molham seu rosto
Quando ela volta a cantar sua voz está embargada por conta do choro, mas ainda sim ela continua cantando bem
- Pior que eu sinto falta, do beijo. Eu sinto sua falta, amor, pior que eu sinto falta, do cheiro, seus olhos, do seu jeito, do calor - Ela continua tocando olhando para o nada - Pior que eu sinto falta, do beijo. Eu sinto sua falta amor, pior que eu sinto falta do cheiro, seus olhos, do seu jeito, do calor
Fecho os olhos e tento imaginar a Ana e o Gustavo vivendo tudo que a música narra
- Não esqueço, quase me enlouqueço quando eu me lembro do fim de semana, a gente se beijava até de madrugada e quando acordava, ainda te via sorrindo na cama - Sinto algumas lágrimas molharem meu rosto - Você de palhaçada, me descabelava e me segurava, como sempre fazendo cosquinhas e outra vez a gente se amava e o tempo passava e depois ficava de conchinha
Ela para de cantar. Olho para dentro da sala de novo e vejo ela com a cabeça encima do piano, provavelmente chorando
Ela fica uns dois minutos assim e então volta a cantar, com uma voz mais calma
- Eu adoro esse seu carinho, essa sua cara de santinho que não vale nada, me sentia bem no paraíso olhando esse teu sorriso lindo já me atentava - Ela prende o cabelo em um coque e canta com mais fervor - Que saudade de nós, que vontade de amor, que saudade, vontade, amor!
"Pior que eu sinto falta, do beijo, eu sinto sua falta, amor. Pior que eu sinto falta, do cheiro, seus olhos, do seu jeito, do calor. Pior que eu sinto falta, do beijo, eu sinto sua falta, amor. Pior que eu sinto falta, do cheiro, seus olhos, do seu jeito, do calor"
Ela acaba a música, fecha a tampa do piano e de repente começa a gritar
Me levanto assustada e pronta para entrar na sala quando ouço passos correndo até nós, ao mesmo tempo que ouço um vaso sendo quebrado
A Jennifer aparece e entra na sala, sem nem olhar pra mim
- ANA! ANA SE A CALMA! - Ela segura a Ana pelos braços e a puxa para um abraço
- Por favor, por favor, não deixe ele voltar, não deixe as lembranças continuar, eu não aguento mais - A Ana diz em uma voz baixa e chorosa.
Me afasto da sala e caminho até o jardim dos fundos ignorando todos os olhares que são lançados pra mim quando passo pela sala
{...}
- Vamos Malu, tenho que ir trabalhar - Chama a Ana assim que eu pareço na sala
- Vamos
Saio de casa sem falar com ninguém. Entro no carro e fico esperando a Ana chegar
- Por que você não se despediu de ninguém?
Dou de ombros, coloco meu fone no ouvido e me viro para a janela
{...}
- Não sei que horas vou chegar - Avisa a Ana quando para o carro na porta de casa
- Tá
Entro em casa, e fico olhando da janela até ela embora, assim que ela vai, corro para o meu quarto.
Pego uma mochila, jogo algumas coisas dentro e saio de casa correndo
Hoje eu encontro meu pai, ou eu não me chamo Maria Luiza Lancaster!
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