Capítulo 18


Barbara e Tony foram de taxi para casa que ficava do lado oposto da minha casa e da de Carlos. Decidimos dar uma passada na praia que ficava a poucos minutos de caminhada e depois iríamos de taxi para casa.

Caminhamos calmamente lado a lado em um silêncio acolhedor até chegar à orla da praia. Assim que chegamos, tirei os saltos e deixei meus pés afundarem na areia morna. Fechei os olhos em completo êxtase enquanto esperava Carlos tirar o tênis e as meias. Fazia meses que não ia à praia, meses esses que mais pareciam anos.

É estranho ficar tanto tempo fora sem ir à praia. Na minha infância eu era totalmente ligada a natureza, todo final de semana quando eu não estava na praia, estava em uma cachoeira, ao contrário de hoje em dia, que eu ia uma vez na vida e a outra na morte.

Abri os olhos quando Carlos pegou os saltos agulha que eu carregava nas mãos. Ele passou os braços sobre meus ombros e fomos caminhando pela areia. A brisa que vinha do mar era fresca e suave, tão delicada que parecia seda deslizando sobre a pele.

O calor do corpo do Carlos aquecia o meu corpo e parecia completamente certa que tudo aquilo acontecia: o momento, a pessoa, o local, tudo parecia completamente certo e conectado. Apesar de toda a certeza, algo estava errado e começava a me incomodar profundamente, não devia ser natural eu me sentir tão à vontade com alguém que eu conhecia a pouquíssimo tempo, isso não era normal. Era estranho, realmente era...

Olhei para o rosto tranquilo e feliz dele procurando uma palavra adequada.

...Era magnifico e excitante.

Paramos próximo ao mar para observar, eu estava completamente absorvida pela vista maravilhosa da natureza quando pelo canto dos olhos vi Carlos se abaixar. Ele tinha tirado a camisa e estava tirando as calças, ficando só de cueca box. Olhei para ele esperando explicações.

- Vou nadar um pouco. – disse apontando para o mar – Vamos?

- Claro que não. – rejeitei com a voz um pouco tremula.

- Por qual motivo? Posso saber? – ele virou em minha direção com os braços cruzados, realçando os músculos e o peitoral.

Respira, Lívia, respira. Puxa o ar pelo nariz e solta pela boca, você consegue.

- Claro que pode: eu não tenho roupa para isso. – disse fazendo força para minha voz ficar firme.

Valeu a intenção.

- Calcinha e sutiã são o mesmo que biquíni – declarou com um ar de sabedoria.

- Não, são não – rebati birrenta – e também... Eu não estou usando sutiã – confessei constrangida.

- Usa a minha camiseta. – sugeriu como quem sugere acender a luz para quem está lendo.

Ele abaixou pegando uma camiseta regata que estava usando por baixo da camisa social dobrada na areia e me entregou.

- Eu não sei se vai dar certo – respondi segurando a camiseta, receosa em aceitar.

- Veste logo essa camiseta, para de frescura. – falou tentando colocar a camiseta pela minha cabeça.

- Calma, menino, me deixa tirar o vestido então. Vira para a rua e fica vendo se alguém aparece.

- Sim senhorita – obedeceu fazendo uma reverencia exagerada e se virou.

Tirei o vestido com cuidado e rápido, estendi a camisa na minha frente, analisando se era uma boa ideia. Aquilo obviamente ficaria transparente molhado e seria o mesmo que não estar usando algo. Olhei rapidamente para trás e o vi completamente imóvel com os braços cruzados nas costas olhando fixamente para frente. A sensação era estranha e eu mordia o lábio inferior ainda um pouco indecisa, nunca fazia coisas do tipo.

Fechei os olhos tentando lembrar a coisa mais doida que já tinha feito e sinceramente, no meu top 10, poucas eram emocionantes ou eletrizantes como me jogar de um balanço quando se tem medo de cair, ou tomar banho de mar na madrugada só de roupas intimas. Em dois dias eu já tinha feito uma loucura na companhia dele e já estava seguindo para outra.

Carlos continuava esperando, então só para ter certeza olhei mais uma vez por cima do ombro completamente consciente de que ele poderia ter tentado espiar, mas me respeitou e se manteve imóvel enquanto me vestia. Acho que estava precisando fazer mais algumas coisas doidas e se ele estiva disposto a me proporcionar essas coisas, que seja.

Bem, o pior eu já tinha feito: tirei o vestido. Vesti a camiseta sempre olhando para ver se tinha alguém vindo então dobrei o vestido e coloquei por cima da roupa de Carlos. Quando tinha terminado virei para ele e toquei o ombro com cuidado e toda a delicadeza que me era possível, naquele caso era quase nula.

Ele virou com calma e com um o sorriso sapeca no rosto, me olhou com uma incrível intensidade de cima a baixo. Eu estava me sentindo exposta, nua e....

...Desejada?

Seus olhos estavam em chamas, um fogo diferente de tudo que eu já tinha visto, parecia carvão em brasa. Me deixava absorta tamanha era a intensidade que emanava não só daqueles olhos, mas também de todo o corpo, e, apesar da distância que mantínhamos, eu era capaz de sentir o calor saindo do corpo dele e envolvendo o meu como um abraço que me puxava.

Todo o meu corpo agia contra minha vontade, se aproximando cada vez mais daquele homem sem que eu percebesse, minha mão se ergueu na intenção de acariciar o rosto dele e já estava na metade do caminho quando ele se abaixou e aproximou o rosto do meu. Ainda mantinha o sorriso sapeca no rosto. Suspirei e esperei o beijo inevitável olhando sempre dentro daqueles olhos. Que olhos.

Levei o corpo um pouco mais para perto dele e... o chão sumiu. Estava nos braços dele. Arquejei de surpresa, ele me mantinha firme. Mãos de ferro. Braços de ferro. Meio segundo depois ele saiu em disparada para o mar.

- Vamos mergulhar! – Carlos gritou em completa animação.

Eu o garrei pelo pescoço e escondi o rosto ali para abafar a risada e também o medo de que ele me deixasse cair enquanto esperava o impacto da água gelada, mas esse impacto não aconteceu. A água estava morna devido todo o calor que fez durante o dia, era agradável e relaxante. Depois que o Carlos avançou em uma profundidade razoável me desceu deixando ficar de pé no mar.

Afastei-me um pouco e mergulhei, a água morna aquecia todo o meu corpo, as ondas fracas passavam de leve por ele fazendo leves massagens e levando as preocupações para longe. Emergi depois de todo esse relaxamento ficando de costas para o horizonte. Com um sorriso de pura satisfação olhei para Carlos que me observava com uma completa calma. Pisquei para ele e virei para o horizonte, admirando o contraste do céu com o mar. É engraçado porque lembrei que quando criança eu sempre queria chegar ao horizonte apenas para saber o que tinha lá, pensava que se minha mãe deixasse eu iria nadando e voltaria a tempo de ir para casa. Sinto falta da minha inocência de infância.

Carlos apareceu do meu lado e passou os braços pela minha cintura, me puxando para perto. Ainda aproveitando cada momento me permiti encostar a cabeça no peitoral dele enquanto acompanhava a sua respiração, sobe... desce... sobe... desce.

Ele abaixou a cabeça e ficou passando o rosto de leve no meu cabelo, me virou para ele dando um beijo afável na minha testa, em seguida um beijo em cada lado do meu rosto. As mãos enormes apertaram minha cintura com força, colando mais os nossos corpos. Mantendo uma mão que pressionava minha cintura e a outra no meu rosto, ele acariciou minha bochecha pouco abaixo do local do beijo. Esfregou lentamente o nariz no meu e aquilo me fez rir de leve, adoro beijo de esquimó. Ele abaixou mais o rosto fazendo nossos lábios se encostarem com suavidade, beijou meu queixo e o mordeu de leve. Arquejei em completo desejo por aquele homem maravilhoso, então agarrei-lhe o ombro direito puxando-o o máximo possível.

Minha cabeça girava e eu não conseguia mais pensar em nada que não fosse o quanto eu queria beija-lo.

- Carlos – chamei tentando manter o pouco da sanidade que me restava.

- Sim? – ele me olhou.

Os olhos estavam muito mais escuros que o normal, se é que isso era possível.

- Não devíamos ficar olhando as nossas coisas? – falei a primeira coisa que me veio à mente.

Ele sorriu.

- Sim, devíamos – respondeu mordendo meu lábio de leve.

- Ata, só para saber mesmo – disse só para saber que ainda não tinha me entregado totalmente.

- Uhum.

Carlos concordou com algo que eu não sabia o que era, a única coisa que importou foi o que aconteceu depois dessa concordância.

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