Capítulo 14
Caminhei pela sala dele enquanto os cachorros brincavam. Barry ameaçava atacar Rocky e o rottweiller apenas o afastava com a pata. Deixei que brincassem e me concentrei em outra coisa. Observei que não tinha fotos na casa, nenhuma foto de parentes, dos pais, de infância, nem mesmo uma foto do Rock. Das duas uma: ou ele tinha algum problema com os parentes, ou ele ainda estava arrumando essa parte da casa.
Franzi a testa enquanto pensava nisso, mas pensei que na verdade ele podia simplesmente não gostar de fotos; já que não ter foto dele criança e nenhuma do Rocky, não implicava em problemas parentais, e bem... O apartamento já se encontrava organizado e arrumado demais para ainda estar arrumando as coisas de uma pós mudança. Franzi os lábios, mas logo dei de ombros e resolvi ver os DVDs na prateleira. Para minha total alegria eram jogos de videogame.
- Carlos! Carlos! – chamei com uma enorme urgência no tom.
Ele praticamente se materializou na sala escorregando no caminho.
- O que aconteceu? Se machucou? – correu os olhos com rapidez pela sala procurando algo.
Juro, fiquei com pena.
- Não aconteceu nada, só queria saber se podemos jogar depois. – disse apontando um pouco constrangida para os jogos na prateleira.
- Ah, podemos sim, só deixa terminar aqui – o alivio em sua voz era palpável – escolhe qualquer jogo ai.
Me concentrei em olhar jogo por jogo, ficando animada com alguns que eu queria comprar e nostálgica com outros que eu tinha e não jogava há muito tempo. Senti meu coração disparar de animação quando vi meu jogo de luta preferido e não teve para mais nenhum. Era um jogo de luta asiática que eu jogava há anos, eu era a melhor nele – ok, exagerei, talvez eu estivesse no top dez mil - e eu ia vencer todas as partidas. Carlos voltou animado e parou do meu lado.
- Vai ser esse jogo? – perguntou em tom irônico, me olhando como se eu já tivesse perdido.
Espontaneamente concordei animada, quase que em pulos por ele não ter ideia do que estava por vir.
– Você vai levar uma surra, eu sempre ganho nesse jogo – respondeu aos meus saltos, já convencido da vitória.
- É o que veremos, – disse, entregando o CD do game – coloca o jogo logo! – joguei o cabelo na cara dele e fui andando até o sofá toda poderosa.
- Nossa...perigosa! – ele provocou.
Preferi não responder, até porque ele tinha que saber que eu realmente sou perigosa.
Inocente por não saber o que significava bem aquilo, ele ligou o consoler para colocar o CD e foi até o sofá sentando do meu lado e me deu um dos joysticks. Agora não tinha mais volta.
– Se prepare que você vai perder. – provocou mais uma vez.
- Você só fala, quero ver quando o jogo começar – retruquei me aprumando no sofá, na minha 'posição' de jogo.
Sim, eu tenho uma posição de jogo.
Escolhemos os personagens para a luta: eu escolhi o clássico e inseparável king, ele é meu preferido e nem penso em jogar com outro. O Carlos inicialmente escolheu o Paul, outro personagem clássico e extremamente forte. Demos início à batalha.
Eu estava completamente concentrada na luta. A minha concentração no primeiro round foi enorme, conhecia o personagem muito bem e tinha memorizado quase todos os combos, o que fazia a luta se tornar tão fácil que ganhei. Mas no segundo eu relaxei subestimando o personagem – erro irreparável - e também quem o controlava. Conclusão: perdi o segundo round, o que me irritou bastante. O último round foi completamente tenso e estávamos praticamente empatados no nível de sangue. Nenhum dos dois piscavam e sempre que um atacava, o outro esquivava e contra-atacava. A esquiva se repetia e assim ficamos até um dos dois errar o tempo do golpe.
Carlos fez o personagem dele dar um soco no meu personagem, um soco que me faria perder se acertasse, mas eu desviei a tempo já armando meu contra-ataque e...
- Ganhei! Eu ganhei, rá! – levantei de um salto e comecei a fazer a dança da vitória – Eu vou contar para os seus filhos e eles nunca vão te respeitar! – continuava fazendo a minha gloriosa dança da vitória.
Carlos estava de braços cruzados e com um bico enorme.
– Isso que dá falar muito antes do jogo terminar. – provoquei.
- Não valeu – resmungou.
- Claro que valeu, eu ganhei e você perdeu – falei toda convencida.
- Você roubou que eu vi – acusou com o dedo em riste.
- Não roubei não – me defendi.
- Roubou sim!
- Se não acredita vamos jogar outra partida – disse me sentando no sofá.
- Vamos.
Demos início a outra partida com os mesmos personagens e mais uma vez foi incrivelmente equilibrado, terminando com outra vitória minha. Na terceira partida Carlos mudou de personagem, dessa vez pegando o Jin – apelão – e ganhou a luta. Com isso, ficamos revezando as vitorias até que ele empatou comigo, ele tinha roubado para isso acontecer, é claro.
- Está ficando tarde. – disse depois da derrota – vamos jogar mais uma para desempatar e eu vou para casa.
- Já? Fica mais um pouco – pediu todo manhoso.
- Vamos jogar, se você ganhar eu fico mais um pouco. Se eu ganhar, penso no seu caso.
- Está bem – ele concordou animado.
Demos início a nova luta.
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