Capítulo 11
Abri a porta do apartamento e uma coisa fofa e agitada começou a latir, pulando nas minhas pernas. Fechei a porta sentando logo no chão para poder começar a brincar com o Barry, rolando de um lado para o outro. Depois de uma leve brincadeira arrumei a bagunça acumulada que tinha na casa, peguei o Barry no colo e fomos dormir na minha cama. Era ótimo ter um bicho para dormir, pelo menos tentar dormir. Fiquei tanto tempo brincando com ele que quando conseguimos fechar os olhos já era bem tarde.
~=~
Eu estava sentada no chão da sala com ele do meu lado. Estávamos jogando videogame, era nosso jogo de luta favorito.
- Aaah não, não valeu, Du.
Choraminguei cruzando os braços e fazendo o maior bico que eu conseguia, o que arrancou gargalhadas dele.
- Claro que valeu, eu ganhei e você perdeu. – ele falou todo exibido.
- Você roubou que eu vi. – acusei energicamente.
- Não roubei não
- Roubou sim!
- Se não acredita vamos de novo então.
- Vamos – concordei animada.
Quando o jogo começou me lancei sobre ele o impossibilitando de usar o controle e apertei todos os botões possíveis do meu controle enquanto ria com gosto.
- Quem está roubando agora?- Du perguntou tentando pegar o controle de volta.
- Você! – gritei de volta rindo enquanto ganhava o jogo.
~=~
Acordei com alguém lambendo o meu rosto desesperadamente - o que é isso? – Barry me lambia como podia. Tentei afastá-lo, mas sem sucesso tive que me render aos seus encantos da manhã, fazendo carinho na cabeça dele até que se acalmasse.
Quando ele por fim se acalmou, sentei na cama e escondi o rosto nas mãos, eu estava suando frio. Respirei fundo e tentei refazer todo o meu trabalho mental para não viver no inferno que eu voltava a afundar. Quando consegui acalmar meu coração e levantar as barreiras que se encontravam pela metade, levantei e andei até o banheiro para tomar um bom banho gelado, o dia estava quente e eu acordei pingando de suor.
Depois que terminei o banho, vesti um short soltinho e uma camiseta, coloquei o café na cafeteira, e enquanto esquentava a bebida fui colocar água e comida para o Barry, para só então começar a dar uma geral na casa. Parei apenas para tomar uma caneca de café assim que ficou pronto.
Quando terminei tudo liguei para minha amiga para contar sobre a noite anterior, mas eu teria que fazer isso a caminho da veterinária, pois já me encontrava sem tempo. Prendi a guia na coleira do Barry e peguei o celular já ligando para Barbara enquanto descia as escadas para ter alguns minutos a mais de conversa. Ela leu os meus pensamentos e atendeu logo no segundo toque.
- Estava esperando eu ligar, é? Quanto amor envolvido.
- Claro que eu estava esperando, sabe que não sobrevivo sem falar com você.
- Pois é, eu sei.
- Humildade mandou lembranças... – eu quase conseguia ver os olhos dela revirando – mas me diga o motivo de ter ligado.
- Apenas para ter o privilégio de ouvir sua linda e maravilhosa voz.
- Ta bom, conta outra.
Eu ri.
- Ontem eu sai para comer pizza com o veterinário do Barry – respondi segurando o telefone entre o ombro e a orelha para poder abrir e fechar o portão, segurei bem a guia para o Bar não fugir e voltei a segurar o telefone com a outra mão – ele é muito louco. – conclui.
– Como assim você sai com alguém e não me comunica? Conte-me TU-DO.
– Caso não tenha percebido eu estava contando agora.
- Vai contar ou não?
Revirei os olhos - era inevitável - e contei tudo sobre a noite anterior, desde como nos encontramos passando pela conversa doida e sem sentido da pizzaria, emendei falando da aposta maluca que fizemos no parque e terminando no beijo roubado que ele deu no meu rosto. Minha amiga esperou calmamente ao telefone sem me interromper uma única vez, o que é um milagre, devo ressaltar.
- E você demorou todo esse tempo para me contar por qual motivo, dona Lívia?
- Eu fui dormir, queria que eu ligasse logo em seguida?
- É claro, é a ordem natural das coisas.
Eu ri.
- Está bem, depois nos falamos porque acabei de chegar na veterinária.
- Está bem, tchau.
- Tchau.
Desliguei o telefone e entrei na veterinária, dei meu nome na recepção dizendo o que iria fazer ali e me sentei no banco para ficar esperando a minha vez.
O local estava cheio, ia demorar bastante para eu ser atendida. Tentei me distrair com um jogo no celular, mas logo tive que parar já que o Barry não parava de latir e avançar em todo e qualquer animal no local. Conclusão: tive que manter ele preso entre os meus braços até ser chamada.
Eu era a última e definitivamente não tinha mais ninguém ali quando finalmente fui chamada. Assim que um senhor saiu da sala carregando um gato, a recepcionista me chamou. Ela estava claramente impaciente querendo ir pra casa, então tratei de me apressar até a sala do Carlos, onde o encontrei limpando a mesa metálica, com um papel e álcool.
Fechei a porta e soltei o Barry que começou a correr para todos os lados. Carlos terminou de limpar a mesa e jogou o papel fora, se abaixou e ficou brincando com meu cachorrinho.
- Se ele soubesse o que veio fazer aqui não ficaria tão feliz. – Carlos comentou sorrindo.
Eu concordei com a cabeça.
Ele pegou o Barry no colo e o coloco na mesa.
– Segura ele, por favor. – o tom profissional estava de volta, parecia até outra pessoa.
Segurei Barry com carinho e fiquei observando o veterinário preparar as vacinas. Ele era habilidoso e injetou todas que eram necessárias, o que levou o paciente a reclamar um pouco, mas logo esqueceu. Coloquei ele no chão e me voltei para Carlos que escrevia algo na ficha.
- Aqui. Escrevi as datas que ele vai precisar voltar, ele pode ficar meio pra baixo e com febre, mas isso passa até amanhã.
Concordei e peguei a ficha do Barry, esperei alguns segundos para ver se ele iria comentar algo sobre a noite anterior, como ele não fez, praticamente me ignorando, resolvi ir embora. Virei e já estava com a mão na maçaneta quando ele segurou o meu braço.
– Já vai? - seus olhos pareciam tristes e a sua voz chateada.
O tom profissional já não mais existia.
- Sim. – o obvio palpável na minha voz.
- Você já almoçou? – os lábios fizeram um leve momento, a sombra de um sorriso.
- Ah, para falar a verdade ainda não. – respondi um pouco pensativa.
- Então que tal almoçarmos juntos? Não tomei nem café ainda e estou cheio de fome. – um meio sorriso brincava nos lábios dele, claramente me provocando.
Comecei a me coçar para fazer alguma provocação, aquele sorriso pedia por isso e eu não posso me negar tal prazer.
- Eu devo ser uma companhia ótima, vive me convidando para fazer alguma coisa.
Ergui as sobrancelhas e dei um sorriso de lado. Apesar das poucas vezes que nos vimos, em um só dia fizemos muito, mesmo para pessoas que não se conhecia há muito tempo.
Carlos riu.
- Seu convencimento é incrível, menina. – agora ele sorria abertamente.
- Apenas sou realista, velho. – alfinetei.
Ele fechou a cara e revirou os olhos, mas logo um sorriso carinhoso surgiu nos lábios.
- E o que você sugere para o almoço? – perguntei já imaginando um banquete.
Ele ficou pensativo por alguns segundos antes de se decidir.
- Eu faço um macarrão que é rápido e uma delícia – sugeriu esperançoso.
Concordei animadamente com a cabeça e os olhos dele brilharam diante da minha animação.
- Ótimo! Então vamos fazer assim eu já estou fechando aqui, o Barry pode ficar lá em casa que o Rocky não vai avançar, na verdade nem vai ligar pra ele. O que acha?
- Está bem, eu te espero, mas não demora, querido. - Joguei o cabelo e saí rebolando.
Infelizmente não fechei a porta rápido o suficiente para não ouvir a gargalhada que ele deu.
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