Capítulo 5 - Flocos de Neve e Estrelas

    Kyungsoo se encontrava paralizado, em completo estado de choque, tentando assimilar o que havia acontecido. Era óbvio quem era o culpado de tudo aquilo. Era óbvio quem havia sumido com Baekhyun. Ele deveria estar preso naquele casarão! Mas aquilo era possível quando Jongin não via Baekhyun há tanto tempo? Deveriam descobrir aquilo e o mais rápido possível. Quando abriu a boca para tentar falar com o antigo amigo, foi calado por um soco forte na boca, apenas sentiu uma dor aguda.

    — É tudo culpa sua! Sua e daquela aberração pela qual você tinha uma quedinha! — Junmyeon apontava furiosamente para sua cara com toda a força do mundo.

    O psicólogo respirou fundo, pondo as mãos em frente ao corpo, tanto para tentar acalmar Kim Junmyeon quanto para tentar se defender caso ele fosse tentar ir para cima de si. Conseguia ver os sentimentos pelo olhar de raiva que ele lhe lançava. Não era ódio, era mágoa, ressentimento e mais do que tudo: dor. Aquela carcaça violenta pertencia a um homem que sentia todo o dia a dor de ter perdido sua única família (até porque ele não era muito íntimo de Minseok) e o amor da sua vida. Porque sim! Era óbvio que Junmyeon e Baekhyun se amavam. Eles apenas não sabiam o quão fácil era perceber aquilo. Eles sequer reparavam que Kyungsoo ouvia o barulho dos beijos molhados que trocavam quando iam dormir uns na casa dos outros e achavam que ele já havia dormido. E antes mesmo de se descobrir bissexual no final da escola média, Kyungsoo já reconhecia e respeitava a relação que ambos tinham.

    — Junmyeon, não foi culpa minha, nem do Jongin que isso aconteceu. Você só está descontando em mim, porque não pode descontar no verdadeiro culpado. Foi ele, Junmyeon! Foi o Cientista!

    — Você pensa que eu não sei?! Caralho! Você acha que eu sou burro? — Junmyeon gritava alto, espantando um cliente que deu meia volta ao perceber a discussão que se passava dentro da floricultura.

    — A vida é uma rede de fatos que interferem um no outro. Não pode me culpar por tê-lo apresentado a Jongin, porque com essa lógica, eu posso te culpar. Foi graças a você que eu conheci o Nini. Sem aquele desafio, eu não o teria conhecido. Consequentemente, Baekhyun também não.

    Junmyeon se encontrava vermelho, os olhos se encheram de lágrimas, enquanto percebia que o Do não mentia. No fim das contas, sabia que ele estava correto, porque ele já tinha pensado sobre isso daquela forma. Colocar a culpa em Do Kyungsoo foi sua saída para não colocar a culpa em si próprio. Sentou-se numa cadeira próxima a bancada, e então deixou que as lágrimas escorressem. Sem desejar que o Do visse seu estado, pôs as mãos no rosto.

    Kyungsoo se aproximou devagar, ajoelhou-se no chão para ficar mais próximo dele, e então disse:

    — Não é culpa sua, Myeon. Não foi isso que eu quis dizer. Mas se eu te machuquei, me desculpe, não foi minha intenção.

    — Vá embora daqui… — pediu, com a voz cheia de dor. — Por favor.

    — Eu entendo que precise de um tempo, mas há muito mais coisas por trás disso do que se pode imaginar. E preciso de você para conseguir fazer justiça por Baekhyun. Vivo ou morto, precisamos encontrá-lo. Estou na sede do Asas de Pássaro. Passe lá quando desejar me encontrar.

    Em seguida, Kyungsoo saiu da floricultura tentando manter a pose de calmo e sereno. Entrou no carro, fechou as janelas e se pôs a chorar. Por mais que soubesse que a culpa não era sua, doía e doía muito saber que tudo aquilo poderia ser evitado. Que tipo de fim levara Baekhyun, um de seus melhores amigos? O Byun, por mais superprotetor que fosse com o amante, era uma das pessoas mais doces que já conhecera na vida. E agora, ele poderia estar morto. No fim das contas, sempre que reclamava da sua falta de contato com ele e com Junmyeon, esteve ausente da dor que ambos tinham passado. Esteve ausente também do que Jongin passara. Se não tivesse ido embora, será que as coisas estariam desse jeito?

[ °°° ]

    A noite chegou devagar depois de um dia cansativo. Kyungsoo se sentia exausto. Jamais imaginaria que poderia chegar àquele estado em tão pouco tempo. Havia tomado um longo banho para tentar aliviar o peso do corpo, mas a mente ainda se encontrava pesada por conta de Baekhyun. Ainda assim, tinha que alimentar Jongin antes de comer e ir dormir. Respirou fundo, como se de alguma forma se preparasse para enfrentar mais um problema. Talvez fosse realmente isso.

    Jongin se encontrava no banquinho próximo à janela, com os olhos fixos no céu estrelado. Kyungsoo deixou a bandeja de alimentos sobre uma pequena mesa que se localizava no canto do quarto. Se aproximou dele com cuidado, e se pôs a observar as estrelas com ele. O céu de Nyeonsae! Céus, como sentiu falta daquilo! Não era a primeira vez que fazia aquilo com Jongin. Lembrava bem do dia em que resolveu roubá-lo por uma noite, para que pudesse participar de sua primeira noite dos garotos com eles. Aquela foi uma das primeiras vezes em que o Kim demonstrou o quão dependente era de seu “mestre”.

[ °°° ]

17 de fevereiro de 1980,

Nyeonsae, Gangwon-do,

Coreia do Sul

      O relógio apontava às 17 da tarde, enquanto Kyungsoo tentava convencer Baekhyun e Junmyeon de que tinham que ver como Jongin estava. No dia em que encontraram o menino desmaiado, fugiram logo após o Cientista sair de perto do quarto, com Jongin nos braços, saindo pela janela antes que ele percebesse. Desde aquele dia, Kyungsoo ficou extremamente preocupado com o outro. Se foi Jongin que se machucou, aquilo tornava as coisas ainda mais tristes.

    — Mãe… — lembrava de ter chamado a progenitora.

    — O que foi, querido?

    — O que a senhora faria se conhecesse alguém que é capaz de se machucar… tipo, de forma grave?

    — Eu tentaria falar com a família dessa pessoa.

    — E se a família já souber?

    — Não sei se tem como fazer mais por essa pessoa. É obrigação da família cuidar dela. O máximo que pode fazer é aconselhá-la. — ela parecia incerta, e depois mudou de assunto, mostrando que aquilo era um verdadeiro tabu de se falar dentro da família.

    Precisava aconselhar Jongin. Sua consciência pesava por não ter feito mais por ele. Porém, precisava da ajuda dos amigos para alcançá-lo.

    — Eu não sei não, Kyungsoo… — Junmyeon murmurou. — Eu não confio naquele homem. Toda essa história é muito estranha.

    — Exatamente por isso, acredito que temos que ir visitar aquele garoto. — Baekhyun argumentou. — Ele precisa urgentemente de amigos.

    — Mas Baek…

    — Você pode ficar aqui, Junmyeon, mas eu vou com o Soo. Não me perdoaria caso algo viesse a acontecer com esse menino. — ele levantou-se do sofá da casa de Kyungsoo, pronto para sair com o outro.

   — Então, eu vou com vocês. — Junmyeon pegou o casaco grosso que estava disposto na mesa de centro. 

    — Mas é um verdadeiro maria vai com as outras! — implicou Kyungsoo, logo recebendo um tapa na nuca do Kim. — Esperem, eu vou pegar uns biscoitos com a minha mãe.

    O Do se dirigiu à cozinha, mas logo voltou, guardando uma lata na bolsa de couro.

    O fim da tarde estava enfeitado de branco pela neve que caía do céu aos montes. A sorte de ambos era que os pais de Kyungsoo não eram superprotetores (apenas um pouco irritadiços, quando ele aprontava), os de Baekhyun não sabiam que estavam saindo da casa do amigo e bem, o pai de Junmyeon era quem era.

    Quando se aproximaram do casarão, observaram que o carro do dono não se localizava ali. Além disso, a neve cobria boa parte da porta. Tudo indicava que o Cientista teria ido viajar. Será que teria levado Jongin consigo? Só saberiam se entrassem ali. Fizeram o mesmo esquema de antes para entrarem no local. Kyungsoo foi o primeiro a ficar pendurado ali, uma vez que a porta da janela estava fechada, muito provavelmente por conta do frio.

     — Jongin! — Kyungsoo chamou.

    Demorou poucos segundos até que o menino aparecesse com uma máscara de médico para ajudá-lo a adentrar o local. Logo, Baekhyun e Junmyeon também estavam lá dentro. Uma vez dentro de casa, o menino retirou a máscara do rosto. Ele parecia um pouco mais magro desde o dia em que o avistaram pela última vez.

    — Acho que não nos conhecemos direito da última vez, Jongin. — Baekhyun começou, estendendo a mão. — Meu nome é Byun Baekhyun.

    — Kim Jongin. — ele respondeu, segurando a mão alheia, um pouco pensativo.

    — Eu sou o Junmyeon — ele fez o mesmo.

    — Jongin, precisamos falar com você, mas antes de tudo, você está bem? Parece um tanto magro. — Kyungsoo estava visivelmente preocupado.

    — É que eu não sinto muita vontade de comer quando o meu Mestre sai para viajar.

    — Ele deixou comida para você? — Baekhyun perguntou, segurando a mão dele, com cuidado. O sentimento de proteção que Jongin dispertava tanto nele quanto em Kyungsoo era uma novidade para ambos.

    — Claro. A geladeira e os armários estão cheios. Meu Mestre é bom, não me deixaria passar fome. — ele falava como se aquilo estivesse recitando um conhecimento passado por gerações. — Eu só… estou triste.

    — Por que? — Kyungsoo perguntou.

    — Porque eu não quero ficar sozinho.

    — Nini… — o garoto estranhou ser chamado por aquele apelido, mas não achou ruim. — Venha com a gente pra minha casa. Estamos fazendo uma noite dos garotos.

    — Eu não posso… — lembrou-se das palavras de seu mestre. “No dia que você sair daqui, podem te roubar de mim. Pode ser que você nunca mais volte, e o meu coração ficará quebrado para todo sempre.”

    — Há quanto tempo ele te deixou aqui? — foi Junmyeon quem veio a questionar.

    — Três dias, eu contei no calendário.

    — Por favor, venha com a gente, Jongin. — Kyungsoo voltou a pedir. — Estamos preocupados com você, e não podemos te deixar aqui sozinho.

    — Meu Mestre não aceitaria.

    — Ele não precisa saber. — Baekhyun seduziu. — Meus pais também não sabem que eu estou aqui. Eles não sofrem, e eu me divirto.

    — Não posso mentir para ele.

    — Você não vai, só vai omitir. — o Do argumentou. — Por favor, você vai ficar feliz. Amanhã você poderá voltar para casa.

    — Vocês não acham que eu posso ser roubado? — perguntou, com uma estranha inocência para uma criança na faixa de idade deles.

    — Não se preocupe, Nyeonsae não possui uma grande criminalidade. Além disso, você estaria comigo. — Kim Junmyeon colocou as mãos na cintura, como se fosse um super herói.

    Baekhyun imitou a pose de uma forma desengonçada, de modo que fez Jongin rir. O menino se pôs a refletir. Era só uma noite. Não sabia direito há quanto tempo não saía de casa. Não conhecia muito do mundo. Para ele, a vida se resumia àquelas paredes revestidas de estampas antigas. Não iriam lhe roubar, certo? Estaria com mais três garotos. Não tinha como uma pessoa mal intencionada lhe pegar à força… certo? Além disso, estava faminto. Não queria comer o que o Mestre lhe deixou, pois estava começando a ficar enjoado de tanta comida industrializada. Eram bolachas, refrigerantes, doces… mas nada daquilo lhe deixava bem havia muito tempo.

    — Amanhã de manhã… vocês têm que me trazer de volta às seis da manhã.

    Baekhyun e Kyungsoo deram as mãos e começaram a girar  em círculos com pulinhos para comemorar. Junmyeon se limitou a sorrir ladino. O Byun seguiu até o closet e, entre a grande quantidade de roupas, teve dificuldade em encontrar um casaco de frio, mas depois de alguns minutos avistou um verde escuro e um par de luvas pretas. O menino vestiu tudo muito rápido. Estava empolgado.

    — Está faltando um gorro. Está bem frio. — Baekhyun reclamou.

    — Ele pode usar o meu. Meu cabelo está longo, ele protege as minhas orelhas. — Kyungsoo ofereceu, retirando o próprio gorro azul cobalto para colocar a na cabeça do menor ali.

     Jongin abriu a porta do quarto, indicando para que lhe seguissem. Desceram as escadas um tanto encantados com o tamanho do local. Nunca haviam visto o casarão por dentro. Haviam muitas imagens de crianças felizes e paisagens nas paredes. Além disso, tinham flores em todos os locais, vasos que pareciam extremamente caros e papéis de parede antigos, junto de um relógio de gato. Parecia o local ideal para a criação de mais de uma criança. Com certeza parecia a casa de uma família grande. Por outro lado, quando pensavam que ali só moravam o Cientista e Jongin, parecia um tanto solitário.

    A sala era muito ampla, com dois sofás grandes na cor de um verde musgo, uma televisão e um tapete chinês, mas o que surpreendia mais era a quantidade enorme de portas espalhadas pela casa. Jongin se aproximou de uma janela, e então a abriu, pois não tinha a chave da porta. Os quatro saíram após pularem a janela. O mais novo ali suspirou, sentindo os flocos de neve tocarem sua pele pela primeira vez em muito tempo, fumaça saindo por seus lábios. Olhou para o céu lotado de nuvens e para a imensidão branca, encantado por estar sentindo um pouco daquilo. Mas o que seria aquilo, no fim das contas? Aquela felicidade súbita, os sentidos despertos, o sentimento de que, pelo menos por aquele momento, era imparável. Jongin não sabia o que era se sentir livre.

    Foi despertado do transe quando Kyungsoo segurou sua mão.

    — Vem comigo, quero te apresentar minha mãe.

    Aquela palavra pegou Jongin de surpresa. Afinal, por muito tempo, ela vinha sendo proibida dentro dos domínios do Mestre.

    “Por que minha mãe não me ama? Por que ela me jogou fora?” — aquelas palavras foram ouvidas muitas vezes por aquele homem, até que ele decidiu que não desejava mais ouvir.

    ”Porque você é um peso, sempre será. Um peso que somente uma pessoa boa como eu conseguiria carregar. E a partir de hoje, não quero uma menção a essa mulher dentro de casa. Isso é pura demonstração de ingratidão.” — ele falou, baixo, mas num tom rude, fazendo com que a criança, que na época tinha uns seis anos, engolisse a vontade imensa que tinha de chorar.

    — Sua mãe te ama? — perguntou inocentemente.

    — Que tipo de pergun… — Kyungsoo não terminou, uma vez que um olhar de Junmyeon foi o suficiente para ele perceber o quão errado estaria em responder daquele jeito.

    Logo quando Junmyeon completou seis anos, sua mãe encontrou outro homem e saiu de casa para ir morar com ele na capital da província. O Kim entendia, é claro que entendia. Ninguém merece morar com um bêbado agressivo e abusivo. Mas era exatamente isso, ninguém merece. Se ela sabia disso, se não desejava aquilo para ela, por que deixar o próprio filho para sofrer o que ela não deveria desejar sequer para o pior inimigo? No fim do dia, Junmyeon sabia bem o motivo para ser odiado por ambos os pais: tinha muito dela para lembrar a ele, e tinha muito dele para lembrar a ela. Eles se odiavam o suficiente para não quererem o fruto daquele relacionamento. Era desprezado por ambos os pais e não sabia qual deles odiava mais: o que lhe batia por ter os olhos da mãe, ou essa, que tinha tido a oportunidade de lhe tirar dessa vida e não o fez. No fim das contas, via nos amigos, somente Baekhyun e Kyungsoo até então, a verdadeira família.

    — Vamos, Jonginnie. — Baekhyun acabou com o clima ruim que se formou, puxando o menino para andar com ele no meio da neve.

    O caminho de volta para a casa dos Do foi um pouco difícil, uma vez que a neve estava mais alta. Eram as únicas pessoas na rua naquele momento, o resto a população temendo o temporal difícil. Entretanto, apesar de os lábios tremerem pelo frio, Kim Jongin parecia maravilhado com tudo, cada pequena coisa que aparecia.

    — A espécie do Darwin! — apontou, aleatoriamente, para um pássaro que voou de um poste para dentro de um ninho numa árvore próxima. Apenas Kyungsoo pôde compreender a fala.

    A frente da casa de Kyungsoo era muito diferente da frente do casarão. O jardim era cheio de rosas, apesar de a família Do não ser muito obcecada com jardinagem, o que era o caso da mãe de Baekhyun. A frente do casarão, por outro lado, era apenas formado por uma grama baixa e sem vida.

    Kyungsoo abriu a porta e o cheiro de comida atingiu o olfato do garoto.

    — Minha mãe ainda está preparando o jantar, mas eu tenho uns biscoitos aqui. — falou, retirando alguns biscoitos embalados em alguns guardanapos. — Eu tinha levado para comer no caminho, mas esqueci completamente deles.

    Jongin pegou um dos quatro biscoitos, desembalou, e então o cheiro fez sua barriga roncar. Levou o alimento à boca e sentiu um gosto diferente de outros biscoitos que havia provado há muito tempo. Não parecia artificial. Acabou comendo os quatro.

   — Olá! — a voz da mãe de Kyungsoo assustou Jongin. — Eu nunca te vi por aqui…

   — Mãe, esse é o Jongin, ele…

   — Estou de passagem pela cidade. Acabei conhecendo o Kyungsoo há alguns dias e ficamos amigos.

    Os outros três meninos não entenderam bem o que aquilo significava. Ele estava mentindo? Se sim, por quê? De qualquer forma, não falaram nada.

    — Filho, você deveria ter me falado para fazer um jantar mais decente.

    — A comida da senhora é sempre maravilhosa, Senhora Do! — Baekhyun elogiou, recebendo logo um aperto carinhoso no queixo pela mulher.

    Assim que ela se retirou para a cozinha, Jongin respirou fundo.

     — Por favor, não falem sobre eu viver com o Mestre.

    — Por que não? Ele é da sua família, certo? — Junmyeon perguntou.

    — Claro! Ele é a minha família.

    — Então, por quê?

    — Porque existem pessoas ruins que podem me tirar dele. Meu Mestre é muito cauteloso e preocupado, além de sermos reservados.

    — Se você se sente mais confortável sem as pessoas saberem que você mora com o Cientista, não iremos contar. — Baekhyun o tranquilizou.

    A Senhora Do logo os chamou para a mesa, só aí Jongin pôde conhecer o pai de Kyungsoo. Ficou um tanto envergonhado, mas sentou-se junto a todos.

    — É um prazer conhecê-lo, rapazinho. — o homem sorriu, tentando ser simpático.

    Jongin tentou sorrir, mas de longe era perceptível que estava se esforçando para isso.

    Não demorou muito tempo para que a dona da casa aparecesse com jajangmyeon e alguns acompanhamentos. Durante a refeição, Jongin não falou nada, ainda que os três novos amigos tagarelassem. Se sentia um tanto intimidado, e não conseguia olhar os adultos nos olhos. Apenas comeu devagar e agradeceu no fim da refeição.

    Kyungsoo logo puxou Jongin para fora, ambos sendo seguidos por Baekhyun e Junmyeon. Quando foi atingido por uma bola de neve, Jongin ficou um tanto confuso, mas logo compreendeu o motivo para Kyungsoo ter jogado nele, quando o Byun fez o mesmo com ele e Junmyeon entrou na bagunça. Acabou se divertindo mais do que imaginou, quando formou a primeira bola de neve da sua vida e atirou no Do.

    Após um bom tempo, o céu foi se limpando e algumas estrelas apareceram. Os quatro se deitaram na neve, e então puderam apreciar a visão por alguns instantes. Quando Kyungsoo olhou para o lado, pôde reparar no rosto concentrado do mais novo, tal qual nas mãos de Junmyeon e Baekhyun quase se encostando. Quando voltou a olhar para Jongin novamente, uma lágrima desceu do rosto dele. Não falou nada naquele momento, mas quando ambos foram se deitar, questionou baixinho:

    — O que está acontecendo, Jongin?

    — Eu tenho medo de ele me abandonar.

    — Olha, ele vai voltar, e enquanto não voltar, eu estarei aqui. — Kyungsoo murmurou, abraçando ele. E pelo menos por alguns segundos, Jongin sentiu algo que nunca sentira ao longo de sua vida.

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