CAPÍTULO 6

Não pude acreditar na atitude de Rafael, Marieta estava morrendo e ele não iria fazer nada. Ainda na escuridão Rafael apareceu em minha frente

— Como pôde não ajudar?

— Preciso te lembrar que tudo isso aconteceu no passado, e como sabe, senhorita Marieta é sua avó, ou seja, ela não morreu. Você mesmo foi ao enterro dela e eu não vou justificar minhas ações no passado. Mas não me julgue antes do tempo.

Fiquei em silêncio, me acalmei pois sei que Maria também avó teve uma vida feliz e longa ao lado de meu avô

— Agora vou lhe mostrar outra coisa que estava acontecendo enquanto eu estava com Empuza e Antônio. Você se lembra que abandonei o céu e meus irmãos ficaram furiosos comigo?

Acenei positivamente com minha cabeça não sabendo aonde ele queria chegar

— Tive acesso a algumas lembranças que não são minhas.

— Como assim?

— Eu roubei para poder entender tudo o que aconteceu.

— Como é possível roubar lembranças?

— Você esquece que sou um anjo e tenho inúmeras capacidades que fogem de sua compreensão. 

Não disse nada e tudo ao redor de mim foi se formando e tomando cores. A primeira coisa que vi foi Yofiel diante de alguns cadáveres.  Reconheci um deles sendo de Ariel.

— Yofiel, o que houve?  - Uma anjo lhe perguntou.

— Rafael fugiu, matou nossos irmãos e caiu no mundo dos humanos.

— Como fugiu?

Yofiel se ajoelhou ao lado de Ariel.

— Raguel, não sei como, mas Rafael... de algum jeito o corrompeu, depois o matou... Pobre Ariel sempre foi tão ingênuo.

- Yofiel, isso não vai ficar assim! Pegue suas legiões e vamos à procura de Rafael. Desta vez vamos matá-lo! Vou informar Adonai.

A anjo Raguel disse isso e as trevas tomaram o mundo ao meu redor e vi Rafael.

— Yofiel matou Ariel e todos os corpos que estavam ao seu lado, e eu só matei Miguel, Uriel e Samuel, e mesmo assim não foi intencional, foi aquilo que vocês humanos chamam de legítima defesa.

— Por que Yofiel mentiu falando que foi você?

— Ela queria minha morte, o motivo não sei. Ela queria que eu fosse morto tentando fugir.  Matar Ariel para ela era de vital importância, ou então ele contaria que foi tudo ideia dela. O que Yofiel não contava era que  eu realmente tivesse conseguido fugir. Isso meio que atrapalhou o plano dela, mas não totalmente, pois eu, como você sabe, fugi. E ela inventou que eu matei todos para poder sair à minha procura, para terminar o serviço.

— Mas por quê?

— Os motivos de Yofiel eu nunca soube.

Rafael ficou em silêncio, então perguntei:

— Ela foi atrás de você, não é? Ela te encontrou?

— Sim.

— Como? Achei que a cidade era protegida.

Rafael continuou em silêncio e aos poucos as cores se formaram no mundo ao meu redor.

*****

— Aí está você!

Ouvi a voz antes da minha visão ficar nítida.

Rafael se encontrava em frente a um pequeno lago muito bonito. O campo ao redor do lago estava cheio de flores vermelhas e Rafael estava sentado em uma grande pedra na beira do lago.

— O  que quer Empuza? - Perguntou Rafael com cara de poucos amigos.

Eu já estava começando a me irritar com o Rafael, toda essa atitude dele era de alguém muito babaca. Afinal Empuza só estava ajudando ele, então não tinha motivo para ele tratá-la daquele jeito, e também... eu não entendia porque Rafael não quis curar minha avó. O fato de que ele falou que eu vi ela morrer quando ela estava mais velha não mudava o fato de que ele não quis ajudar quando Antônio pediu, e foi muito rude.

Empuza se aproximou de Rafael e em um rápido gesto simples de mãos fez com que ele fosse lançado do outro lado do pequeno logo, e antes que ele se levantasse, ela apareceu atrás dele, agarrou-lhe o pescoço com uma mão e o ergueu.

— Olha aqui anjinho, eu não tenho nada contra você, mas você está começando a me irritar, lembrando que você está aqui porque quer e eu não estou forçando você a ficar aqui. Você fez um acordo comigo então o mínimo que pode fazer é respeitar a mim e os humanos que vivem ao meu redor. Assim que você for embora você não precisará mais se preocupar comigo ou com eles. Mas enquanto estiver aqui tente ser no mínimo agradável.

— Ou o que? - Ele perguntou com dificuldade,  com a voz se arrastando pelos lábios enquanto sufocava.

— Te entrego para os anjos que fizeram isso com você.

E tudo ao meu redor sumiu

Não me arrependo em dizer que adorei assistir aquela cena. Já estava na hora de alguém dizer isso a Rafael.

— Achei merecido. - Falei rindo. — Rafael, francamente, você estava agindo como um idiota completo

— Foi neste momento que percebi isso. Foi a partir daí que minha história com Empuza realmente começou.

Agora sim eu fiquei ainda mais interessada no desenrolar daquela história. Eu queria ver o que ia acontecer e estava curiosa para saber o que Rafael quis dizer com aquilo.

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