Episódio Especial - Na visão de um certo baixista... : Parte 2
— Tem certeza que você não quer companhia fofinho? — Taz pergunta apertando um travesseiro em seu peito. — Não é incômodo ficar de olho em você.
— Valeu querida, mas dispenso. Depois que o médico vier, ele deve passar algum remédio que vai me deixar cheio de sono, devo dormir o resto da manhã e a tarde inteira, então não vou ser uma boa companhia.
— E quando foi mesmo que você foi uma?
— Vai se ferrar!
— Estou brincando fofinho! Mas sério, estou preocupado com você. E eu nem deveria, já que essa sua gripe é de chuva e eu deveria mesmo é estar puto contigo por cuidar tão pouco de sim mesmo...
— Preocupado com a minha saúde querida? Sei que por baixo dessa imagem de brutamonte tem um coraçãozinho todo fofo! Fico lisonjeado de ser o alvo de tamanho afeto e cuidado.
Não tenho tempo de esquivar a almofada que é arremessada na minha direção, mas as plumas não machucam e só agravam a minha risada. Só que quando eu interrompo a risada para poder tossir, a diversão morre um pouco.
— Tá vendo seu irresponsável? Mas só vou te desculpar, já que fazia um bom tempo que eu não te via feliz assim.
— Estou mesmo.
— Bom, muito bom... Então vou aproveitar o dia para ficar de bobeira na piscina e ficar com o resto do pessoal...
Resto do pessoal ou Raquel? Quis dizer, mas achei melhor deixar a brincadeira para outra hora, já que começam a bater à porta. Era o doutor, e Taz se oferece para ficar comigo, mas eu digo que ele vá logo aproveitar o Sol e a piscina sem se preocupar demais comigo, eu estaria em boas mãos.
Depois de me examinar e conversar um pouco sobre os meus sintomas, o médico diz que se eu me cuidar devo estar bom em poucos dias.
Nada que eu já não soubesse... Mas enfim.
Como tinha suado um pouco mais cedo, resolvi tomar um banho e trocar o pijama. Aceito toda e qualquer distância que posso criar da doença. Depois de me vestir, fico de frente a janela, a paisagem lateral da fazenda é cheia de vida e movimentação. Mas bem que eu poderia ter deixado o Taz ficar por aqui, é meio solitário ficar aqui sozinho sem fazer nada.
Mas posso até que sabe ensaiar um pouco. Não é a mesma coisa sem o resto, mas vai servir para passar o tempo.
Quando batem na porta do quarto, até penso que é o Taz que mudou de ideia e fico feliz, só que quando a porta se abre e é a Catarina, eu fico radiante. Quer dizer, o quão radiante uma pessoa pode ficar mesmo estando doente.
Ela tem os olhos um pouco inchados e os cabelos está ainda mais desarrumado do que o usual, mas tenho a certeza que nunca tinha a visto tão bonita. Aquele sorriso era o melhor acessório.
Depois dela pedir desculpas, o que eu achei bem desnecessário, já que não trocaria nada do que aconteceu ontem entre nós. Mas depois que consegui com que ela deixasse as coisas para lá, foi um dia muito agradável, comemos juntos, e aquela interação que eu tanto adoro.
Já que eu não queria passar a minha gripe pra ela, me controlei ao máximo para não beijá-la. Claro, que deslizes e momentos de fraqueza acontecem, mas foram poucos.
O que serviu apenas para que conversássemos bem mais, até comecei a ensinar a ela o básico de tocar baixo, só que me aproveitando muito mais das posições e toques do que querendo realmente fazer com que ela pudesse tocar profissionalmente algum dia. Foi a melhor ideia que eu tive em um bom tempo.
Mesmo que essa ideia tenha colocado para a estratosfera o plano de não beijá-la. Já que eu pretendo fazer isso e muito. Só que não na minha cama, por Deus... O que eu quero ainda fazer com ela em cima de uma cama, eu preciso estar saudável pra isso.
Só que antes que ela chegue no meu alcance, tem gente batendo na porta. Mesmo puto pela interrupção, pode vir a ser uma coisa boa, assim, meus germes realmente vão ficar comigo.
Taz, Fred e meu irmão vão entrando sem cerimônias e se espalhando pelo quarto. Eles não demoram para ocupar o espaço deles e a Catarina logo já está rindo das piadas idiotas deles, dos comentários sarcásticos e se equilibrando com o ambiente e fazendo parte dele com o seu brilho especial.
Só que ela diz que está de saída, já que eu já tenho a companhia dos meninos. Sorrio para todos eles quando os escuto dizer que ela pode ficar por ali, e é bem-vinda. Mas mesmo assim ela vai.
— Espera Cat! — antes que eu perceba, já estou de pé e indo na direção dela. Quando ela vira, está tão perto de mim, que eu só posso abraçá-la e agradecer pelo dia.
Depois que eu desfaço o abraço e ela se despede com as bochechas coradas, eu me viro para os meninos e ele estão com expressões que eu sei que virão perguntas por aí.
— Mandem... — digo num suspiro.
— O que foi Chuck? Nem tenho nada para dizer... — Fred dá de ombros. — Agora se você tem alguma coisa a nos dizer, acho que digo por todos quando digo que somos todo ouvidos.
— Não posso opinar no momento com as informações que peguei no ar Quinho... — Bart morde o lábio. — Mas espera um momento... O senhor "sempre tenho uma opinião" aqui não falou nada... — meu irmão aponta pro Taz que apenas observava com um sorriso.
— Privilégios de estarmos no mesmo quarto... — Taz ri. — Não é mesmo fofinho?
— Quinho... Você sabe o que está fazendo? — meu irmão ignora e me encara e sei que aquilo brilhando em seu olhar é preocupação.
— Não preciso desse olhar agora Bart.
— E pensar que você não queria tudo isso, a confusão que você fez pra assinar o contrato... Pagando pela língua, o melhor jeito de aprendermos que nem sempre é ruim dar uma chance pras coisas... — Bart diz, mas não digo que ele tem razão.
Sei que estou correndo um risco enorme de ser visto aqui do lado de fora do quarto da Catarina, mas se ela realmente está indo pra casa, eu preciso de mais uns minutinhos com ela.
Estou na porta dela e espero que ela tenha escutado as batidas.
Nem tenho tempo de dizer nada quando ela abre e me puxa pra dentro. Catarina está falando no telefone, mas parece já estar se despedindo. E é a mãe dela. Olho a mala fechada em cima da sua cama e já estou querendo sentir a falta da Catarina, seria cômico se não apertasse meu coração.
Dou uma risada quando ela me estende o telefone e diz que a mãe dela quer falar comigo. Pego o aparelho e vou logo dando uma boa noite para a mulher do outro lado da linha.
— Boa noite Charles Keller. A Catarina disse com quem você está falando, certo?
— Sim...
— Então menos uma coisa, mas posso te chamar de Chuck? Já que você está envolvido com a minha filha, acho que já podemos ter essas intimidades... — ah, ela é bem direta nos assuntos.
E parece saber de mais coisas do que imaginei. Ela já sabe que eu e a Catarina estamos envolvidos, o que parece ser um tanto quanto óbvio parando pra pensar agora, já que ela quis falar comigo....
— Mas é claro! — e quando olho para a Catarina, ela está me encarando com uma curiosidade que me faz querer sorrir de tão adorável que é.
— Bom Chuck. Você já deve ter percebido que a minha filha tem um bom coração, e ela usa de certos recursos para se proteger.
— Percebi.
— Mas isso não quer dizer que ela não sinta. Ela sente, talvez até mais do que a maioria das pessoas, por isso que é assim. Mas pelo jeito você também deve ter percebido isso. E se for por esse motivo que se aproximou dela, pela dificuldade, ou pelo desafio, saiba que não tem influência ou poder suficiente que me impeça de ir atrás de você e fazer picadinho! Mesmo sendo um desperdício de beleza, não tenha dúvidas que eu vou pensar duas vezes antes de proteger a minha filha.
— Entendido.
— E pode deixar que eu conduzo melhor a conversa. Não precisa falar muita coisa agora, mas você está me acompanhando querido?
— Sim... — tenho que morder o interior da bochecha para não rir.
A mãe da Catarina e o meu pai vão se dar muito bem. Os dois têm o mesmo sentimento para proteger família, e tenho certeza que depois das demonstrações de força e quem sabe até umas poucas faíscas nos primeiros momentos, no final, já estariam rindo e fazendo planos para mim e a Catarina que não ousaríamos questionar, mas que passaríamos bem longe desse plano.
O pensamento me faz sorrir.
— Quero deixar bem claro que eu amo muito a minha filha e quero que ela seja feliz... — a mãe dela fala com a voz cheia de emoção.
— Eu também... — meu coração também enche de emoção ao olhar para a dona de tudo novo que crescia dentro de mim. Eu não digo com qual das duas afirmações estou concordando, mas pensando sobre o assunto, percebo que pode ser facilmente as duas coisas.
— Entendo... Acho que eu não preciso me preocupar muito com vocês dois então... Obrigada por aceitar falar comigo. Não preciso mais falar com a minha filha, pode só dizer que eu mandei um beijo e que eu a vejo amanhã! Boa noite querido! E até qualquer dia desses!
— Pode deixar que eu falo pra ela sim. Boa noite também! Até!
Ela desliga a ligação e entrego o aparelho para a Catarina. Ela me questiona quando eu digo que a mãe dela mandou um beijo, erguendo a sobrancelha e perguntando se era apenas aquilo.
Não vou falar isso agora, então digo que por enquanto é só isso mesmo. Pergunto se ela vai no outro dia cedo, e quando ela confirma, fico feliz por ter vindo hoje.
Então não demoro muito pra enchê-la de abraços e aproveito para gravar o seu cheiro suave na minha memória. Mas só que ela brinca comigo, perguntando se eu só precisaria de abraços. E ainda tem a ousadia de encarar desejosa a minha boca.
E aquele momento me fez gostar ainda mais dela.
Só que eu preciso ir com calma, minhas mãos precisam segurar cada pedacinho dela. Não seria certo mal trocar duas palavras com ela ou a tocar, e já ir imprensando o seu corpo no meu... Eu não sou um adolescente afobado, eu gosto muito de aproveitar o despertar do corpo dela.
— Tome o tempo que precisar — ela diz e começa a me alisar também.
— E o que eu precisar também? — ah como eu amo ver as bochechas dela se inundarem de cor quando eu sou direto. Seus joelhos se juntam um pouco e aquilo incha meu peito, e outras partes. Ela tem as melhores reações.
— Claro... O que eu puder fazer pra ajudar... — ah Catarina... Assim faz ficar muito mais difícil passar esses dias sem você...
Mas aquela voz sussurrada e cheia de promessas me faz sorrir. Vou gravando o caminho do seu beijo na minha mente, e tomo seus lábios, me fazendo completo.
— Olá Bóris... Mandaram me chamar, disseram que o senhor quer falar comigo...
— Ah sim! Entre, entre Keller! Sente-se aqui.
— Obrigado — sento e fico confortável na cadeira. A sala era pequena e nada aconchegante, mas o semblante que o Bóris tinha fazia aquilo quase ser aceitável.
— Você aceita beber alguma coisa? — ele aponta para um pequeno bar com garrafas de vidro bem organizadas numa estante atrás dele.
— Ah, não precisa, estou bem, agradecido.
— Certo... Você sabe que eu não sou uma pessoa de ficar dando rodeios, e com a proximidade do final do programa, melhor eu ir direto ao ponto. O que exatamente está acontecendo entre você e a Muniz?
— Oi senhor? — pergunto arregalando os olhos, quase dando um salto da cadeira, mas ajustando a minha postura no encosto acolchoado.
— Não precisamos disso... Sei que fui bem claro. Eu já tinha percebido alguns olhares, mas não quis falar nada, e nem preciso começar a falar sobre os rumores que andei escutando por aí, com certeza vocês já sabem bem mais do que eu sobre o que falaram sobre os dois. E só quero saber se isso vai comprometer o término do meu show...
— Ah, isso não vai acontecer.
— Maravilha. Eu gosto de você garoto, e gosto da Muniz também, mas caso vocês estragassem o meu show, nós teríamos um problema, e dos grandes...
Nem precisa me lembrar disso...
— Acho que não dá pra esconder isso de você por muito tempo não é mesmo?
— Não é necessariamente um segredo quando já tem tanto olhos, ouvidos atentos ao que vocês fazem. Mas admito que vocês estão sob controle... Ou isso nunca realmente existiu. Mas acredito que não seja isso. Até fora do dormitório foram vistos.
— Isso foi verdade. Eu fui procurá-la — meu coração pulsava veloz.
— Entendo... E sobre as coisas para piqueniques que você arrumou algumas vezes? Foi para se encontrar com a Muniz também?
— E-eu... — ele está certo, mas não consigo formular direito os meus pensamentos.
Nada na postura dele parecia tão assustadora assim, e parecia mais uma pessoa tentando ter certeza sobre alguns boatos, do que alguém julgando e querendo o meu pior.
— Sua expressão disse o que eu preciso saber garoto. Tá tudo bem, não vou fingir que entendo os sentimentos dos jovens, e com todas aquelas opções você preferiu a nossa produtora, mas o que foi feito não tem como ser alterado. Agora é lidar com as consequências que estão por vir.
— Falando assim, até parece que a Catarina é uma aberração, mas ela é uma das melhores pessoas que eu tive o prazer de conhecer aqui dentro!
— Acredito que você deve ter me entendido mal. Sei muito bem das qualidades da Muniz. Tanto as externas quanto as internas, eu trabalho com ela a um bom tempo e só se eu fosse um idiota pra não perceber isso.
— Ah, entendo. Ela é incrível mesmo...
— Mas você sabe que a Catarina não está tecnicamente no programa não é Keller? Que as coisas entre vocês não são tão fáceis de serem alcançadas.
— Eu me lembro disso todos os dias senhor... — digo com o coração pesado. Eu já sabia disso, mas escutar da boca de outra pessoa tornou o sentimento ainda mais amargo.
— Hm, como eu pensei, realmente está sendo melhor ter essa conversa apenas com você meu jovem. Vejo o quanto você está consciente dos seus atos e o que eles podem causar no futuro. Você tem coragem e eu admiro isso.
— Você sabe muito bem que uma pessoa sem coragem ou uma mente preparada não sobrevive muito tempo nesse meio.
— De fato. Mas o que você pretende fazer meu jovem? Não posso te fornecer algum tipo de solução mágica. Mas você tem que terminar o programa, e você vai ter que escolher uma pessoa no final.
É, eu sei bem que teria que escolher. E pensar em dizer outro nome além do dela me deixava mal. Desde que percebi que os sentimentos entre a Raquel e o Taz, soube que uma das vagas ao final seria dela.
A decisão de deixar a Diana na final não tinha sido fácil, se eu pensasse apenas um pouco diferente, eu teria mandado ela logo depois do beijo. Mas eu tinha que pensar no programa também. Quero que esse programa seja um sucesso, quero que tudo isso, tudo isso que a Catarina tanto ama e trabalhou para colocar em prática, seja um sucesso.
Já vivenciei bem na mídia para saber o que vende, o que é reconhecido. E o que eu mais quero é que o nome dela ganhe o reconhecimento que merece.
— E então Keller, o que me diz? — Bóris me pergunta. Não assimilei direito as suas palavras, mas sei que ele está falando sobre deixar a Catarina de lado e fazer o que deveria fazer.
E meu sangue ferveu. Não vou deixar as coisas assim. Já me escondi por tempo demais. Não quero ser aquela pessoa que não teve a coragem de falar o que sente, a que não teve a força de pelo menos tentar ir atrás daquilo que deseja, a que só se arrepende das coisas não feitas.
— O que você quer que eu diga? Que a Catarina não passa de um caso sem a menor importância pra mim? — só de falar aquilo, me doeu. Mantenho a minha voz calma. — Que o tempo que eu passei ao lado dela não foi importante e que posso deixar tudo pra lá? Sinto muito, mas eu não posso falar isso. Eu estaria mentindo e você sabe disso.
— Então você admite?
— Claro que sim. Não foi exatamente uma coisa à primeira vista, mas quando eu dei por mim já tinha saído do meu controle Bóris...
— Foi uma sábia decisão deixar a Diana no páreo, por causa do beijo. Admiro a sua decisão.
— Eu gosto muito da Catarina senhor... — outro sentimento tremeu na minha língua, mas não seria para ele que primeiro falaria.
— Eu também gosto muito da Muniz. Só que de uma maneira bem diferente da sua... Mas acho que estamos chegando num entendimento. Eu realmente não me importo, muito menos quero saber sobre o que vocês crianças fazem nos seus horários livres.
— Certo.
— Nunca tive problemas com nenhum de vocês durante as gravações ou quando precisei de algo, então para mim isso é suficiente jovem.
— Entendo.
— E que fique bem claro: enquanto eu tiver a minha final ao vivo, vamos ficar bem. Acho que você entendeu, não é mesmo?
— Nem se preocupe com isso — solto uma longa respiração. Sim, certamente entendi o que você quis dizer. — Você vai ter a sua final. E pode se preparar para quebrar qualquer recorde ou expectativa. Essa vai ser a melhor final que o senhor já produziu. Vão falar muito sobre ela...
Bóris abre um sorriso ambicioso e sei que ele comprou a minha ideia, só espero que as outras pessoas também comprem esse plano, ou vai ser meio complicado.
Penúltimo dia de maratona e temos esse episódio de novo na visão do Chuck e eu apenas não sei lidar com isso! Então finalmente descobrimos o que ele tanto falou com o chefinho! Agora que nós já sabemos que realmente tinha mais da conversa dele com o Bóris, e apenas não foi escutado até o fim.
O resto vocês já descobriram com a Catarina... Ele tentando falar e se encontrar com ela, e ela, como uma boa cabeça dura magoada, fugindo dele como se não houvesse um amanhã.
Foi uma delícia escrever esses pedacinhos com os pensamentos e sentimentos do Quinho! Espero que tenham se divertido também e que não tenha ficado cansativo, mesmo revivendo alguns momentos da narrativa!
Vou aparafusar o meu forninho, que o episódio de amanhã, voltará aos olhos da Catarina e estamos apenas aguardando esse final maravilhoso! Escrevi o final com muito carinho, então realmente espero que gostem! Até amanhã com a atualização que eu mais esperei para colocar no ar!
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