Episódio Especial - Na visão de um certo baixista...

Esse episódio é todo do ponto de vista dele: Charles Keller, ou Chuck pros amigos, e Quinho pros mais chegados, hahaha. Não vou falar demais aqui, só aproveitem mesmo :)

Você só pode ter perdido completamente o juízo Bart! Se por um minuto você pensa que eu vou estar de boa por participar de uma palhaçada dessas... — esmurrei a mesa pra não quebrar a cara do meu irmão.

— Vamos lá Quinho... Relaxa nem é de todo mal assim...

— Até parece que eu vou ser prêmio de um programa desses... — a calma já tinha ido ralo abaixo. Estava puto da vida e com muita razão.

— Pode ser bem legal... E se me permite dizer, você perdeu de maneira justa e honesta...

— Honesta é o caralho Bartolomeu! Eu ainda não sei como você fez isso, mas eu tenho certeza que você roubou para que eu perdesse!

— Sem provas não há crime... E pelo visto isso está te tirando do sério, não é mesmo? Me chamando pelo nome certinho... Pelo menos não foi pelo nome completo, senão a gente ia ter um problema aqui.

— Isso não vai dar certo... — ignoro o monólogo dele e a tentativa de me convencer.

— Ah, deixa de bobagem! Vamos lá, quero ver você me apontar o grande problema disso tudo... Você vai ter a oportunidade de conhecer um monte de mulher bonita e que estarão louquinhas pra dar em cima e tirar uma casquinha!

— Não vai ser natural!

— Nem precisa ser mano... No final basta escolher a que você gosta mais e pronto! Não precisa ser um amor eterno... Basta durar o programa.

— Mas que droga Bart! Eu acho isso muito errado! Eu nem de longe sou um príncipe encantado ou bom partido que vai roubar o coração de alguma fã... Pessoas podem se machucar.

— E ninguém está te pedindo pra ser um príncipe! Acho que vai ser até melhor se você for verdadeiro. Pessoas se machucam em todos os lugares e não temos controle total sobre isso. Sei que você nunca magoaria alguém por querer, então qual o mal disso?

— E como dá pra ser verdadeiro com pessoas gravando e vigiando todos os nossos passos?

— Não vão ser todos os passos, ainda vamos ter certa privacidade... E isso é diferente da nossa vida em qual aspecto? Vai dar certo... A banda vai ganhar uma publicidade absurda, a emissora também, nós vamos descansar um pouco e você vai ganhar um pouco de ação...

Solto um suspiro triste. Essa discussão já tinha um vencedor.

— Mas eu ainda quero descobrir como foi que você me roubou seu sacana!

— Isso quer dizer que você está dentro? — Bart tem um sorriso vitorioso no rosto. Ele já sabe que essa batalha está perdida pra mim, mesmo não querendo, eu assinarei o contrato e participando do programa.

— Você é um escrotinho... E eu sou o cara mais azarado do mundo por ter uma pessoa tão irritantemente insistente que nem você como irmão...

— Olha lá como você fala comigo Quinho! Sei que isso é tudo da boca pra fora, sei que você me ama! E outra... Azarado você vai ser mesmo, mas no bom sentido, assim que começarem as gravações!

— Não sei por qual motivo a decisão final ficou entre eu e você... Poderíamos ter escolhido o Taz... Ele já vive de pegar todas as formas femininas pelos shows... Não ia ter muita diferença... Seria melhor.

— Só se o programa fosse pornô! Você sabe que aquele ali não tem o menor controle sobre a cabeça de baixo.

— Isso você tem razão... Mas e o Fred? Ele é bem melhor nisso, é bem mais sensível, essas coisas...

— Aquele ali é todo enrolado com os seus relacionamentos... Você sabe como ele é. Pra dar um problema maior ia ser muito fácil...

— E o pai? O que ele está achando disso?

— Ele está é animado com a ideia... Mas disse que a decisão final é nossa para tomar... Foi unânime que isso vai ser bom pra banda... Então por Destino, o escolhido é você...

— Destino é uma ova!

— Destino ou enganação, o resultado é que você perdeu Quinho... Você vai fazer e levar essa pela banda, mas prometo que penso em alguma coisa para recompensar você depois...

— Não quero recompensa nenhuma! O que eu quero mesmo é me livrar dessa maluquice!

— Fica frio mano... Vai dar tudo certo... — ele me passa a folha do contrato, e sabendo que ele já passou por muitas mãos antes de mim, o assino, antes que perca a coragem.

Era o nosso primeiro dia naquela fazenda enorme e eu ainda estava tentado assimilar tudo aquilo. Lembro de ter apertado a mão de um monte de gente, mas pra falar a verdade não olhei com muito afinco ninguém.

Nem mesmo as candidatas.

Claro que eu tinha escolhido e dado minha opinião, já que eu era o maior interessado em saber quais eram as suas personalidades, pelo menos no papel.

Elas estavam bem sorridentes quando fazíamos as apresentações. Fiquei bem sufocado, ali, sem ter para onde ir naquele mar de sorrisos brancos e brilhantes, penteados com cheiros fortes e vestidos provocantes. Tudo gritava classe e eu só queria sumir dali.

Passei a tarde trancado no quarto, com o Taz, e ele até que tentou me animar.

Tudo era muito grandioso, e quando teve a primeira gravação, vi que aquilo seria bem mais complicado. Tentei permanecer calmo e com um sorriso enquanto cumprimentava as meninas que realmente eram lindas, mas nem sei como consegui passar por essa gravação.

Eu tinha a maior parte da minha atenção nos outros meninos e vi movimentações suspeitas de todos eles entre as candidatas. Do Fontanza principalmente. Mas apenas engoli em seco e tentei não beber o tanto que o meu estado queria.

Não sei como eu fui e nem quero saber. No momento, acho que só preciso surtar um pouco e ficar um pouco distante de tudo isso.

Acabo andando sem me importar muito com o destino. Encontro um armazém, sem ninguém e pra minha sorte, a porta está aberta. Entro lá e depois começo a fazer uns exercícios de respiração pra tentar me acalmar. Quando não dá muito certo, começo a falar para mim mesmo, e então aos poucos vou me sentindo melhor.

Só que então escuto alguma coisa cair, e antes que eu pense que é um animal ou algo parecido, vem um xingamento baixo. Depois que pergunto quem está ali, uma pessoa baixinha e esguia sai detrás de uma pequena estante com caixas, mas só quando ela se aproximou um pouco mais foi que eu percebi que era uma mulher.

E ela tinha os seus charmes, mas como estava tão nervosa quanto eu, parecia querer se esconder atrás de alguma coisa. Não me lembro dela no meio das candidatas, mas isso não é surpresa alguma, já que eu estava só querendo fugir dali.

Algo naquela roupa casual, despretensiosa me chama a atenção. Foi um sopro de ar fresco muito bem vindo. Longe das roupas caras de grife, dos perfumes importados que passei a noite cheirando, aquela pequena mulher com os cabelos ao natural, a blusa meio amarrotada e mãos trêmulas me fez querer sorrir verdadeiramente pela primeira vez no dia.

Só que quando eu percebo que ela está ali, mas não como candidata, e sim como produtora, fico incomodado. Aquela conversa calmante e sorriso bonito estão focados em mim como um dos participantes principais do programa. Nada mais do que isso. E eu apenas troquei um par de palavras com ela, isso não deveria me incomodar tanto assim...

Ela me explica que a ideia não foi dela, e enquanto ela fala um pouco mais sobre a experiência dela aqui, não dá pra não notar o quanto ela está animada por estar ali, e isso, em vez de aumentar o meu incômodo, faz com que eu simpatize com a bela mulher de olhos grandes e cabelos meio bagunçados.

Quase exalando nervosismo, acabo falando que ela vai se acostumar com tudo aquilo, e que em questão de dias, ela nem vai lembrar que tem todas aquelas câmeras para nos cercar. Só vim perceber da bobagem que tinha falando, quando ela abre um sorriso largo e nada nervoso e diz que aquilo se aplica mais para mim do que para ela.

Claro que ela tem razão... 

É então que ela se apresenta, e ainda me chamando de senhor quer que eu a chame pelo apelido, ah, mas isso não vai acontecer nunquinha! Como eu vou chamá-la de Cat, ela com certeza vai me chamar de Chuck.

Quando concorda, percebo que ela ainda está um tanto quanto nervosa com a minha presença. Não quero forçar demais, por mais que eu esteja me acalmando com essa conversa com ela, não poderia ficar calmo deixando outra pessoa alvoroçada.

Já me despedi e agradeci a ela. Só que quando chego na porta do pequeno armazém, eu acabo sentindo uma vontade absurda de não terminar a conversa. Eu tinha que manter de algum modo a nossa conversa aberta...

— Acho que te vejo detrás das câmeras, não é Cat? — digo, sendo a melhor frase que consigo formular na minha cabeça.

Ela parece um pouco atordoada, não sei se foi por causa da minha piscada ou algo que aconteceu mais cedo, mas de uma forma bem maluca e egoísta, espero que seja por minha causa. Se o dia de hoje teve algo de positivo, com certeza foi a Catarina.

Mal abro a porta do quarto e vejo o Taz todo esparramado em cima da sua cama, sem camisa ele olha pro teto e solta um pequeno suspiro. Hm... Aqui tem alguma coisa.

— Já está cansado? — digo sentando numa pequena poltrona e me livrando dos meus calçados.

— Não é isso... É só que isso é bem diferente do que eu esperava. Pra ser sincero nem sei o que eu esperava, mas não era isso. Acho que pode ser uma coisa boa esse programa... — e lembro dele olhando com muita atenção para uma das candidatas. Não vou falar nada por enquanto, mas melhor ficar de olho para ver onde essa história vai dar.

— Quanto o meu irmão te deu pra você estar falando isso... — de repente a imagem de uma produtora adoravelmente descabelada entra no meu pensamento. — Mas estou com bons pressentimentos sobre a nossa estadia aqui...

Mais cedo tínhamos gravado até mais tarde na eliminação da Lorena e da Bruna. Foi um dia extremamente puxado, e eu quando cheguei na minha cama não demorei nem três segundos para apagar completamente.

Meu corpo desligou, mas a minha mente ainda estava acordada e pensando muito numa certa produtora de pernas de fora. E não deu outra, depois de acordar duas vezes depois de sonhos, digamos, reveladores, sobre ela, resolvi que não precisava de um terceiro sonho e resolvi ir até a piscina, nadar um pouco e quem sabe relaxar.

Eu falei umas poucas de vezes com a Catarina e sempre me sinto melhor das nossas conversas, mesmo sendo rápidas, ou até mesmo quando a vejo trabalhando, já melhora o meu dia.

Sei bem que não deveria, mas senti algo mudar em mim quando vi a Aline a destratando. E não dá pra fazer muita coisa sobre isso, pelo menos enquanto eu não souber se ela... Mas é melhor meus pensamentos não continuarem por aí.

Já está tarde, e a equipe já deve dormindo. Mas mesmo se tiver alguém, acho que não vai ser problema.

Não faço a menor ideia de onde estão as toalhas do banheiro, e então o jeito é ir só com a roupa do corpo mesmo e pronto.

Ao chegar na piscina sorrio ao ver a superfície calma toda pra mim. Dou duas olhadas pros lados só pra ter certeza, mas então retiro a camisa e me jogo lá dentro. A temperatura está perfeita! Quando eu saio da água, vejo a Catarina olhando pra mim meio espantada.

Estou surpreso por ela estar aqui, mas eu estou adorando me encontrar de surpresa com ela.

As imagens do sonho ainda estavam frescas na minha mente, e correndo o risco de não dormir pelo resto da noite, e contrariando a minha tentativa de mudar os meus caminhos, quero ficar aqui conversando com ela, então quando ela sugere sair, eu espero não ter soado tão desesperado para que ficasse.

Acho uma graça ela vindo cheia de coisa na mão, mas a determinação no rosto dela me impede de oferecer ajuda. Ela senta na borda da piscina e fico em silêncio enquanto ela dá a primeira mordida. Fico feliz ao ver que ela não parece ter frescuras, nem medo de pegar uma garfada generosa, ela á das minhas.

E acho que alguma coisa na minha cabeça fritou quando ela solta um gemido. É baixo, e se eu não tivesse prestando tanto atenção nela talvez não tivesse escutado, mas o adolescente em mim ficou babando ao escutar.

Mas como eu não sou mais um adolescente, consigo ter uma conversa normal com ela. Fico tanto tempo olhando pro rosto bonito dela que só percebo que a camisa dela está toda manchada já com algum tempo de conversa.

Me sinto culpado por ter sido o responsável pelo susto que ela tomou e por isso a camisa toda suja, e para tentar compensar, vou buscar a minha camisa para que ela troque.

Catarina não parece querer aceitar, mas quando eu ameacei puxá-la pra piscina, ela cedeu e decidiu se trocar. Mas se bem que ela na piscina aqui comigo...

Não, melhor não...

E quando ela pede para que eu me vire para que ela se troque, eu faço isso. E por mais tentado que eu estivesse no momento, eu espero que ela peça para que eu me vire, e quando ela o faz, eu viro e tento não parecer alterado demais ao dizer que ela está melhor.

E estava melhor mesmo, mas aquele trechinho que até poderia passar desapercebido de pele e renda em seu sutiã ativou mais uma vez o adolescente. Só que jogo o pensamento pro lado e resolvo ir por um caminho neutro, que é a produção. Não é possível que essa mulher vai me fazer ficar com tesão falando sobre trabalho...

Só que o que ela faz é ainda "pior" do que tesão.

Ao conversar ali, sobre como a Lorena e a Bruna conseguiram se apaixonar aqui, percebo que é bem possível isso acontecer. Digo que consegui ver uma coisa positiva naquilo e ela pergunta o que é, e claro que eu digo isso.

— Impressão minha ou eu escutei esperança na sua voz? — ela abre um sorriso tão bonito, que a minha esperança aumenta.

— Você está certa. É esperança mesmo... É totalmente possível. E isso me deixa muito animado. De verdade — sou bem sincero.

— Vou torcer para que isso aconteça com você — ah, mas o sorriso que ela dá aqui é diferente, e me chame de maluco, mas a minha esperança foi nas alturas.

O tempo passa rápido e ela acha melhor encerrar a noite. Preciso só saber uma coisa...

Saio da piscina, e sem dar muita bandeira, fico observando a reação da Catarina. Fico muito feliz ao ver ela me analisar e parecer nervosa ou ver tanto de mim. Ótimo. Deixo que ela fiquei com a minha camisa, eu não estou com frio e, com certeza, aquela camisa está bem melhor nela.

Sem conseguir resistir ao impulso, dou um beijo em sua testa e então saio correndo para o quarto, acenando pra ela e olhando só mais uma vez o quão bonita ela tá com a minha camisa.

Tento não fazer muito barulho ao entrar no quarto, mas o Taz está acordado.

— Tava onde fofinho? — Fontanza diz, erguendo o olhar do seu leitor de livros digital.

— Me esperando querida? — digo irônico e ele dá uma gargalhada.

— Só nos seus sonhos... Na realidade acordei pra ir ao banheiro e não consegui mais dormir, você já tinha saído quando acordei... Então resolvi ler pra ver se o sono vinha, mas surtiu o efeito contrário. Mas você, foi visitar alguma candidata? — ele ergue uma sobrancelha.

— Eu fui nadar — ignoro as suposições dele. E eu não estou mentindo, realmente fui nadar.

— Poderia ter me chamado...

— Você estava dormindo, realmente não achei que fosse demorar tanto pra voltar. Vou tomar um banho — melhor cortar logo o assunto para não falar mais do que devo.

— Se desmaiar depois de tanto bater umas no banheiro, não vou te ajudar. Então cuidado fofinho...

— Não se engane, se alguém tem a chance de entupir o ralo do banheiro é você!

— Vai logo pro teu cinco contra um e me deixa voltar pra minha leitura...

— Tão insensível... Promete que vem escutar atrás da porta querida?

Ele me mostra o dedo do meio e eu vou gargalhando pro banheiro. Mas é melhor eu tomar um banho gelado, só por precaução, só pra não precisar desses métodos para ficar mais calmo ao lembrar da Catarina. E não correr o risco do Taz realmente escutar algo.

Terceiro dia de maratona e minha nossa, como eu AMEI escrever esses fragmentos de pensamentos e momentos do Chuck! Acho que dá pra ver ver uma evolução nos momentos, e quem diria não é mesmo? Blusas amarrotadas e cabelos sem produção podem sim chamar atenção e de uma maneira positiva!

Gente, acho que vocês já perceberam um apelido que chamam o nosso Chuck, que é Quinho. Gente, esse apelido é uma redução de Chuckinho e eu não resisti colocar aqui, morro de rir sempre que escrevo esse apelido!

Mas me contem, o que acharam desse capítulo na visão do Quinho? Calma, que a conversa do Bóris vem vindo, hahahahah vamos finalmente matar essa curiosidade. E talvez tenha um pouco mais de curiosidade saciada ao também escutarmos a conversa da dona Cláudia, vulgo mãe de Cat, com o Quinho.

A conversa do final desse capítulo entre o Chuck e o Taz me fez rir alto aqui. Seguimos firmes aqui e quero ver essa interação linda meu Charles!

Até amanhã com mais um pouco sobre os pensamentos dele! Boas leituras!

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