Episódio 3 - Na Sombra de Nove Garotas

O Sol brilhava com intensidade e eu suava de acordo com a exposição. A sensação térmica deve estar no mínimo uns quarenta graus e ficar de calça jeans e camiseta não era nada fácil, mesmo a camiseta sendo bem arejada e branca.

Meu costume de trabalhar dentro de um escritório, com ar-condicionado estava me desgastando ao ficar ao ar livre. Eu ficava a maior parte do tempo debaixo dos toldos montados pela produção, mas mesmo assim eu pegava a minha cota de Sol.

E hoje que as filmagens seriam feitas ao redor da grande piscina da fazenda, nossa exposição seria máxima, só não mais do que os filmados em si. A piscina está linda, com algumas boias e objetos flutuando com as pequenas ondulações da superfície. Cadeiras de deitar estavam ao redor, com grandes guarda-sóis abertos, fornecendo uma sombra parcial para as cadeiras.

Um pequeno bar com opções de bebidas estava disposto perto, com dois rapazes que já organizavam tudo para começar a trabalhar.

Eu bebia a quarta garrafinha de meio litro de água quando as meninas começaram a chegar. Elas vinham batendo os saltos no chão, com enormes roupões e óculos escuros no topo da cabeça. Não sei como elas estavam aguentando de calor.

Fazendo meu trabalho, me aproximo delas e pergunto se está tudo bem com elas. Assim que vão se aproximando da piscina, os roupões vão embora e elas começam a ostentar biquínis dos mais diversos tamanhos, corpos tonificados, devidamente bronzeados e sorrisos satisfeitos nos rostos.

Já estou na televisão tempo o suficiente para saber que o biquíni de algumas delas custaram bem mais do que eu estou usando da cabeça aos pés. Impressionante, mas se eu aprendi algo com o Chuck, é que ele não se deixa levar pela aparência.

Olho para o lado e vejo que a Bruna quase escorrega, mas consegue se segurar no produtor e na Lorena que estavam do lado dela.

Karina também dá pequenos passos, parecendo muito incerta. Raquel está se apoiando em Samantha que parece não estar gostando muito da situação. Das que eu consegui ver, apenas a Rose parecia acostumada e andava sem problemas e com classe.

Se continuar assim não vamos conseguir nada de bom. Falo com dois produtores e eles apoiam a minha ideia. Chamo a atenção das meninas.

— Oi meninas! Sei que vocês se sentem mais poderosas de salto alto, mas como as filmagens vão ser perto da água, pra evitarmos acidentes desnecessários, vou precisar que vocês diminuam o salto, queremos firmeza na pisada!

A maioria parece aliviada e vejo quando elas preferem ficar descalças mesmo. O clima fica mais descontraído e as meninas vão passar um pouco mais de maquiagem. Espero que tudo seja à prova d'água, pois senão vai ser um circo de horrores.

Já tinham se passado cinco dias depois da eliminação da Aline e ontem o Boris me confidenciou que caso precisássemos fazer mais um episódio de eliminação, já conseguiríamos o conteúdo. Temos boas imagens do Charles interagindo com as meninas e se fizéssemos direito, daria até para formar algum tipo de drama.

Ainda restavam nove meninas.

Tudo estava pronto e estávamos apenas esperando a banda aparecer. Um produtor nos comunica que eles já estão chegando e eu olho na direção da casa principal. Então vejo algumas cabeças se aproximando e assim que eles estão perto suficiente para que possam ser capturados pelas câmeras eu engulo seco a respiração.

Minha nossa Senhora das bandas de Rock! Se eu estava com calor antes, agora eu posso entrar em combustão!

Aquilo parecia um sonho de fã. Fontanza era quem vinha na frente e ele nem se deu ao trabalho de vestir uma camisa, sua bermuda estava baixa e evidenciava aquele corpo bronzeado enorme e de cair o queixo, usava um óculos aviador no rosto e um sorriso discreto. 

Frederico vinha logo atrás, com uma camiseta cinza e uma bermuda, e com certeza era o menos bronzeado de todos. Seus óculos estavam pendurados na camiseta e o peso mostrava de leve o topo do peito com pequenos cabelos ruivos. Parando para analisar ele tem o corpo todo no lugar, tudo bem proporcional e impressionante.

Bart vinha conversando ao lado percursionista e usava camiseta e sunga. Suas pernas grossas dando o ar das graças para a alegria geral da nação, com uma bela tatuagem em sua coxa. Seus cabelos brilhantes um tanto quanto grandes estavam presos no alto da cabeça, o que deixavam ele ainda mais bonito.

E Charles... Ah... Esse era uma visão a parte. Ele passava as mãos pelos cabelos úmidos, tentando domá-los sem muito sucesso, aqueles movimentos estavam fazendo maravilhas pelos seus braços. Ele segurava uma das pernas do seu óculos escuro com os dentes e a visão da sua boca me fez suspirar. Charles usa uma camisa azul escura folgada, bermuda preta e chinelos. Nunca pensei que canelas pudessem ser bonitas, mas as dele eram.

Ele muda de câmera e eu me levanto para poder acompanhar ele pelas câmeras. Claro que eu vou andando um pouco mais apressada, sem querer perder nada.

Na pressa, não vejo uma cadeira de Sol, esbarro nela, girando o corpo e tropeço de bunda, e como eu tenho sorte, acabo caindo bem em cima de uma poça de água da piscina. mal tenho tempo de assimilar a queda, quando já vejo uma mão na minha frente, me ajudando a levantar. Era o Bóris.

— Você está bem Muniz?

— Estou... Não foi nada demais, apenas uma distração minha... — olho para trás, para ver o estado da minha calça jeans e a situação não estava boa para ela.

— Depois de dizer para as meninas tomarem cuidado você que me cai no set? — sinto a diversão em sua voz.

Sem saber o que falar agora, me reservo na minha vergonha e antes que eu abra a boca pra dizer que vou dar uma passada rápida no quarto pra trocar de roupa, o Bóris já está segurando o meu braço e acenando para um dos rapazes da equipe.

— Mesmo com o Sol, melhor você se trocar pra não ficar doente. Não posso me dar ao luxo de perder uma produtora... — ele me olha brevemente e logo está apressando o rapaz que ele chamou. — Você tem mais ou menos o tamanho das meninas... Vamos te arrumar algo delas.

— Não precisa se incomodar com isso... Não foi nada demais, e eu posso ir no meu...

— Nada disso. Vou precisar sair em breve e quero que você fique responsável por essa gravação.

— Eu nem vou demorar e... — as palavras morrem na minha garganta. Espera um momento... Ele disse responsável pela gravação?

— Anda Pedro! — finalmente o figurinista chega. — Preciso que arrume algo para a Muniz. Vê se arruma um short, o dia tá quente demais pra usar calça... Você usa qual numeração?

Sem conseguir pensar em outra coisa, apenas digo a minha numeração e acompanho o rapaz. Nem dois minutos depois ele vem com umas cinco opções de short jeans. Nenhum deles era normalmente o que eu escolheria para mim, mas acabo escolhendo o que parecia ser maior e me troco.

Não tinha planejado passar o resto da gravação de short, mas ainda bem que eu não sou de deixar pra lá a depilação na minha perna, mesmo as cobrindo, eu sempre gosto de estar com a perna lisinha.

Antes de sair do trailer em que tinha me trocado, dou uma olhada no espelho, conferindo o comprimento do short e fico um pouco frustrada por ver que ele só ia até o final da minha bunda. O desfiado no final ajudava um pouco, mas ainda sim, era bem curto. Esse era o maior e eu vou aguentar. Volto a colocar meus tênis confortáveis.

Estava segurando um resmungo, mas assim que abro a porta do trailer e me ponho em movimento, a sensação de frescor me arrebatou em cheio. As primeiras brisas que passaram pelas minhas pernas foram tão boas que eu tive que me controlar para não fechar os olhos e gemer de alegria. 

— Vamos lá pessoal! Tudo pronto! Podemos começar! — Boris diz e vejo o pessoal se movimentar e tudo funcionar como se deve.

As bebidas começam a ser servidas, petiscos são preparados servidos. Os participantes ocupam bem o ambiente e sorrio ao olhar as diferentes imagens, estão ficando ótimas. Aquilo vai ter uma audiência que não estava escrita.

Mulheres bonitas de biquíni e uma banda de sucesso provocam esse efeito.

Boris antes de sair me dá algumas dicas e então me deixa responsável quando vai resolver algumas pequenas pendências na emissora. Meu coração está acelerado e meu estado se agrava demais quando o Charles resolve mergulhar e tira a camisa lentamente.

Mudo de câmera, pois se eu ficasse olhando demais, eu não faria o meu trabalho.

Vou orientando alguns câmeras, pra pegar bons closes das meninas. E ao estar ali tão perto delas, não tenho como livrar meus pensamentos de irem a um certo local...

Como não ficar insegura com o meu corpo olhando aquele desfile de beldades, com a pele lisa e sem nenhuma marca? Qual é... Nem uma mísera celulite sequer para tornar essas meninas mais próximas a 95% da população feminina...

Quem é que não tem celulite? Olho pra minha perna e assim em pé não dava pra ver tanto, mas ainda sim dava pra ver os pequenos furinhos criados pelo Coisa Ruim pra entristecer e enlouquecer.

Onde estão as gordurinhas debaixo do braço? O resto de uma espinha que nunca foi propriamente embora? Estava aceitando até um pelo encravado pra tirar algo dali!

Não que eu fosse toda problemática, mas é difícil não se comparar e o nível aqui tá tão alto que é difícil alcançar. Elas estavam ali para parecerem lindas na frente da câmera, e eu estava aqui do outro lado pra que tudo desse certo e não para ficar me martirizando.

Escuto uma risada masculina e abafada não muito longe de mim. Olho para ver a origem e vejo um dos produtores com um sorriso largo ao olhar por um dos monitores. Ao perceber que estava sendo observado ele me chama.

— Temos um probleminha... — ele diz e tenta ficar sério, mas não consegue.

— Que problema? — nem preciso esperar uma resposta dele. Assim que olho para o monitor que ele encarava, percebo o que tinha acontecido. — Deixa comigo.

Já me movimento e me aproximo da Karina. Ela tinha acabado de sair da piscina e estava indo para o bar. Pego um roupão pelo caminho. Tento me colocar entre ela e a câmera quando vou falar com ela.

— Oi Karina — digo com um sorriso e ela me devolve o sorriso com facilidade. Ela é um doce de pessoa.

— Catarina... Aconteceu alguma coisa? — ele pergunta um pouco confusa por eu estar me intrometendo na gravação.

— Mais ou menos... Acontece que aconteceu algo com o seu biquíni... Bem, como é que eu posso dizer isso... Ele está completamente transparente e se você continuar desse jeito, o programa vai ganhar uma censura alta...

— Meu biquíni não é... — ela olha para baixo e arregala os olhos. Num gesto rápido ela cobre os mamilos que apareciam pela parte de cima e se contorce um pouco para esconder a parte de baixo. A depilação dela estava em dia e completa, e dava pra ver pelo contorno. — Mas que merda!

— Vamos resolver isso. Você trouxe uma outra roupa de banho? Quem sabe um mais escuro... Se não trouxe, posso ver o que podemos arrumar no figurino.

— Não precisa, eu tenho um preto na minha mala.

— Ótimo. Agora, vem comigo, eu vou te levar pra um lugar onde você vai poder esperar enquanto providenciamos tudo, certo?

— Obrigada. Você é muito gentil Catarina.

— Disponha... Vem comigo, você pode mandar me chamar se precisar de alguma coisa...

— Mais uma vez obrigada.

Entrego o roupão e ela o coloca sem demora. Vamos caminhando e vejo o olhar decepcionado de alguns homens da equipe. Sério mesmo que eles correriam o risco de perder parte das filmagens pra ficar vendo o contorno de um mamilo e outras coisas?

Impressionante como homens podem agir como um bando de adolescentes tarados em certas ocasiões. Mando o pessoal continuar as gravações. Peço para irem buscar o biquíni.

Os meninos estavam entretidos com as outras meninas e nem repararam que uma tinha sumido. Eu fico encostada do lado do trailer fazendo companhia para a Karina enquanto esperamos. Ela conta pra mim como estava se divertindo ali e como estava esperançosa em seguir em frente.

Ela é uma garota doce e com uma personalidade calma, mas agradável.

O biquíni dela chega e então ela entra no trailer para se trocar. Eu continuo encostado no trailer, com os olhos fechados e o rosto virado para cima, absorvendo a luz do Sol. Deveria ter pegue meus óculos escuros hoje de manhã quando soube que as filmagens iam ser na piscina.

— Kat! KitKat! — alguém me chama e eu nem preciso abrir os olhos pra saber quem era.

Apenas o Fontanza ali me chamava daquele jeito. Abro os olhos e tento me preparar para a imagem dele sem camisa e molhado. Olha foi difícil.

— Oi Fontanza — ele já está a poucos passos de mim.

— Uau KitKat, quem diria que você escondia essas pernas debaixo daquelas calças... Estou impressionado, e de um jeito muito bom...

— Como assim? — certeza que os meus olhos estão fora da órbita. Eu tinha acabado de receber um elogio do Fontanza? Esse homem com esse corpo todo? Esse homem que estava com aquelas meninas na piscina?

— Só digo que temos beleza tanto na frente, como atrás das câmeras — ele sorri e acho que vou ter um derrame. — E não precisa ficar com vergonha e passar por todo aquele drama de mulher bonita, que não se acha bonita, somente aceite o elogio.

— Obrigada então... — como foi que eu ainda consegui agradecer com a minha mente em parafuso assim?

— Mas deixa eu te falar o motivo de vir falar com você... Não tenho culpa se você me distraiu — seu sorriso é travesso e eu o encorajo a continuar falando. — Sei que não é bem você que eu deveria procurar, mas o Bóris disse que a gente podia te procurar caso desse algum problema, e prefiro falar com você...

— Em que posso ajudar?

— Então, o ar-condicionado do quarto que eu estou dividindo com o Chuck parou de funcionar ontem a noite. E o Chuck é magrinho, quase nem se mexe ou sua, mas eu sou quase um forno. Não sei se dá pra passar outra noite no calor... Eu aceito qualquer solução, desde que ela seja fria...

— Pode ficar tranquilo Fonta... — ele ergue o dedo e me impede de falar.

— Já disse que prefiro Taz.

— Taz — corrijo e sorrio. — Pode deixar, eu mando um técnico ainda hoje pra dar uma olhada...

— Sabia que podia contar com você KitKat...

— Feliz em ajudar... Disponha.

A porta do trailer se abre. Karina que tinha um sorriso aliviado, ajusta a postura quando percebe que tínhamos companhia.

— Olá Fontanza... — o sorriso dela alarga e ela se aproxima dele, ficando meio que de costas pra mim. Eu nem a culpo.

— Oi... — ele demorar um pouco pra responder a mulher e percebo que ele está lutando com a memória, buscando o nome dela. Então fico num ângulo que a Karina não me veja e movo a minha boca sem fazer som para dizer o nome. — Karina.

— Taz, você pode ser um cavalheiro e levar a Karina de volta para o set de gravação? Vou ver se eu posso resolver o seu problema logo — digo, já me afastando um pouco.

— Claro que sim, será uma honra pra mim. Bom saber que eu realmente posso sempre contar com você KitKat — ele sorri e oferece o seu braço para a Karina, que aceita numa nuvem de felicidade.

Vejo os dois se afastando e faço logo as ligações para o técnico que temos aqui em set e peço prioridade no serviço, ele me disse que iria resolver isso agora. Agradeço e volto para o set. O restante das gravações continua sem o menor dos problemas.

Quando vejo que temos uma quantidade boa de imagens que podemos usar no episódio, encerro as filmagens. Digo a todos que podem ficar o quanto quiserem na piscina, mas que parte da equipe ia se recolher, mas ainda tínhamos algumas câmeras postas ali.

Aprendemos que as melhores coisas acontecem quando a equipe era menor. Só tínhamos que ter a certeza que ninguém ia dar um perdido no microfone nem escapar do set. Mas eu bem que queria escapar com um certo baixista as vezes, sem câmeras, nem nada...

Oi pessoal! Mais um sábado e mais um capítulo da nossa história queridinha! Hoje tivemos a participação mais do que especial desse baterista maravilhoso e conhecemos um tantinho de uma das candidatas, nem todas são o mal encarnado! Hahahahaha

E então, o que estão achando da narrativa?  Se gostaram do capítulo, não se esqueçam do votinho do amor e comentário para que assim mais pessoa cheguem aqui! Meu sonho é uma audiência altíssima nesse livro!

Beijos e até a próxima semana!

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