Episódio 13 - E quando chega o ao-vivo

Juliana?

Sério mesmo isso?

Engulo tudo o que se formou na minha garganta e só sinto um empurrão de lado. Não estou esperando por aquilo, então acabo por me desequilibrar um pouco, mas a pessoa que tinha me empurrado me segura pelo ombro.

— Meu Deus Muniz, foi mal, te empurrei forte assim? — Marcelo pergunta e logo que me deixa em pé, me larga.

— Ah não... Eu só estava um pouco distraída mesmo, desculpa, o que você falou?

— Só estava te parabenizando por chegar a té a final!

— Claro, sim, chegar até a final, valeu! Mas acho que isso é mais mérito da Raquel do que meu...

— Sorte ou não, parabéns — ele sorri e eu dou o meu melhor para sorrir também.

Bóris pede que dois produtores acompanhem a Juliana para a sua entrevista final. E para a equipe que ainda estava no local, meu chefe chama a atenção de todos.

— Boa noite pessoal. Mais uma vez o trabalho maravilhoso! A nossa audiência está aumentando a cada dia! E isso é fruto do trabalho duro de vocês! E com apenas o programa final na nossa linha de chegada, grande parte de vocês vão ganhar dias de descanso! Já sabem que nada pode vazar, temos que manter a atenção do nosso público! Então vão para suas casas se quiserem, descansem, enfim, façam o que tem que fazer e nos vemos daqui a uns dias para darmos início as últimas preparações do nosso programa!

Muitos abraços foram trocados, despedidas calorosas e promessas de nos vermos em breve. Vou ajudar o Chuck a retirar o microfone.

— E você vai pra casa? — ele pergunta, e a curiosidade escorria da sua pergunta.

Ainda não tinha falado sobre a possibilidade com os meus pais, mas pra ser bem sincera, por mais que o pensamento de ficar aqui seja bem atrativo — principalmente pela equipe reduzida e menos câmeras ativas — estou com saudade dos meus pais e cachorro. 

Passar uns dias em casa não seria de todo ruim.

— Que pergunta a minha... Parece que você quer ir. Não pense demais, apenas vá.

— Mas quem sabe eu possa voltar uns dias antes, sabe... Não preciso voltar apenas para preparar o programa ao vivo...

— Uns dias antes é mais do que eu deveria pedir... — ele abre um sorriso. — Vou esperar por você — e sem se importar, me dá um abraço.

Taz aparece poucos momentos depois, também me dando um abraço, então o do Chuck não foi tão escandaloso. — Vou sentir sua falta KitKat! — ele se aproxima do meu ouvido. — Mas com certeza bem menos que o meu colega de quarto.

Rio com ele e me despeço de Fred e Bart. Os abraços são bem menos calorosos, mas ainda dá pra sentir o carinho. Acabamos ficando um pouco mais de tempo no set, apenas trocando ideias. Mas a madrugada chega, e percebo que tenho que voltar pro meu quarto, arrumar minhas coisas, para que eu possa voltar pra casa.

Me despeço e volto com outras pessoas para o dormitório. Começo a arrumar a mala e tento ligar para a minha mãe, mas ela não atende. Demoro mais do que o esperado pra colocar as roupas de volta, mas consigo.

Depois de deitar na mala pra fechar, vou tomar um banho. Antes de dormir, tento ligar mais uma vez pra minha mãe. E dessa vez ela atende.

— Filha! Desculpa não ter prestado atenção no celular mais cedo, estava concentrada na televisão, estava assistindo a um filme com o seu pai...

— Tudo bem mãe...

— Aconteceu alguma coisa?

— Não... Na verdade, é só pra avisar que eu vou dar uma passada em casa, coisa pouca, apenas uns dias, mas consegui uns dias de folga!

— Já tem as finalistas? — minha mãe arregala os olhos. — Quem são?

— Mãe! A senhora sabe que eu não posso...

— Deixa pra lá, quando você estiver aqui eu consigo retirar essa informação de você... E você vem pra cá mesmo não é?

— Não sei mãe, melhor eu ir pro meu apartamento e...

— Deve estar cheio de poeira querida, com cheiro de lugar fechado... Nada disso, como você disse que são apenas alguns dias, melhor vir aqui pra casa mesmo filha.

— Claro... Então eu vou direto para a sua casa. Devo chegar na hora do almoço.

— Ah que bom filha! Finalmente vou matar a minha saudade de você! — ela diz toda animada e tenho certeza que fiz a escolha certa em ir pra casa e...

Batidas na minha porta. Quem é a essa hora?

— Visita a essa hora Catarina? Muito bem!

— Mãe!

— Só vem meu netinho!

— Por Deus mãe! Fala baixo! — vou até a porta e não me importo em desligar o telefone. Abro a porta e é o Chuck, então o puxo para dentro, sem querer dar bobeira. — Mãe eu tenho que ir e...

— Antes de você desligar, posso pedir uma coisa para você? — ela pede baixo novamente. Então eu murmuro um sim baixinho. Chuck estava olhando para a mala em cima da cama. — Posso falar com ele?

— Oi?

— Não se faça de boba... Posso falar com o Charles? Vai ser rapidinho.

— Mãe eu...

— Catarina!

— Tá, eu vou perguntar... — coloco a mão sobre o microfone do celular e olho para o Chuck. — Minha mãe quer falar com você, mas não precisa se não...

— Eu adoraria — ele abre um sorriso e estica a mão para pegar o aparelho da minha mão. — Olá, boa noite! — ele diz todo alegre e percebo que estou morrendo de curiosidade para saber o que eles estão conversando.

Não dá pra escutar a minha mãe, o que é estranho, já que o tom de voz dela é bem alto. Chuck diz um monte de "sim", "mas é claro", "entendo", além de vez em quando olhar pra mim e soltar uma risada curta.

Ah, quem vai escrutinar alguém por informações sou eu! Minha mãe que me aguarde!

— Eu também... — Chuck diz me perfurando com um olhar que me fez derreter. — Pode deixar que eu falo pra ela sim. Boa noite também! Até! — desligando a ligação ele me estende o celular. — Sua mãe te mandou um beijo.

— Só isso? — pergunto arqueando a sobrancelha.

— Por enquanto sim — ele sorri misterioso. — Você vai amanhã cedo não é? — ele pergunta mexendo numa linha solta na barra da sua camisa.

— É...

— Ainda bem que eu vim hoje então... Vou precisar de uns desses para aguentar esses dias... — ele se aproxima e começa a me abraçar. Um abraço apertado e que me deu vontade de sorrir.

— Só vai precisar disso? — digo enquanto meus dedos fazem padrões aleatórios nas suas costas, erguendo o rosto e olhando descaradamente para a sua boca.

— Com toda a certeza não, mas eu gosto de ir aos poucos... — suas mãos ficam mais ativas e descem pelo meu corpo. 

— Tome o tempo que precisar... — aproveito o abraço para tirar uma casquinha dele pra levar pra casa também.

— E o que eu precisar também? — sua voz provoca o meu juízo e com certeza o Chuck está fazendo a minha volta para casa bem mais cheia de saudade.

— Claro... O que eu puder fazer para ajudar... — sorrio e ele então com uma lentidão que nem sabia que habitava nele, me beija.

Uso a chave que a minha mãe me deu para abrir a porta da casa dos meus pais. Sou recebida com um cheirinho de alho e cebola fritando que faz a minha barriga se agitar.

Sem fazer barulho, vou entrando, colocando as minhas coisas pela sala, claro que uma audição normal não teria escutado, mas a de um certo cachorrinho...

Um latido alto e então aquela massa de pelos brilhantes e curtos pula em meu joelho. Sem demora, me abaixo, e pego no colo, deixando que ele libere todo aquele amor em cima de mim. Seu rabo balança com tanta intensidade que eu tenho que segurar a risada.

Longas lambidas no rosto e passo uns bons minutos afagando o meu cachorro no chão.

— Também senti sua falta — digo fazendo um carinho entre as suas orelhas.

Depois de conseguir acalmar o meu cachorro, fico de pé e vou procurar a minha mãe, pelo cheiro não tem como não ser a cozinha. Bart ainda está ao meu lado enquanto ando.

Dona Cláudia está de frente para o fogão, cantarolando a música que tocava baixinho no rádio e dançando conforme o ritmo. Vou na ponta dos pés, abraçando e dando um beijo estalado em sua bochecha.

— Precisando de ajuda? — digo casualmente.

— ROBERTO CORRE AQUI! — minha mãe dá um grito, que quase me faz largar ela, mas só quase, a saudade ainda tá enorme. Ela gira o corpo para poder me abraçar melhor.

— Oi mãe! — aperto um pouco mais o abraço.

Passos ecoam pelo corredor e eu e minha mãe viramos para a porta da cozinha a tempo suficiente para ver o meu pai passando todo molhado pela porta, segurando uma toalha de rosto, cobrindo apenas o necessário e quase caindo no chão.

Engoli uma risada ao ver meu pai ter que usar uma mão e a coxa peluda na porta aberta da cozinha para poder se equilibrar.

— O que aconteceu meu amor? — meu pai pergunta e então percebe que estou abraçada na minha mãe. Ele sorri pra mim. — Chegou filha!

— Oi pai... — tento não ficar muito traumatizada pela cena.

— Pelo amor de Deus querida... Você só podia ter gritado que a Catarina chegou... Quase morri agora... Até pensei que alguém pudesse ter invadido aqui...

— E exatamente como você colocaria o invasor pra fora querido? Você está nu... — minha mãe diz, mas vejo suas bochechas ficando vermelhas.

— Eu ia dar o meu jeito... — ele ainda segura a toalha, mas já está vindo na minha direção, com um braço estendido para um abraço.

— Que tal a gente deixar os abraços com o mínimo de roupa pra mamãe? — digo levantando uma palma e quase implorando silenciosamente para não acontecer esse carinho agora.

— Esperta como sempre filha, volto já... — ele diz e vai na direção do quarto deles.

Minha mãe me enche de carinho e meu pai quando volta já vestido faz o mesmo. Então eu e meu pai ajudamos como dá a minha mãe com o almoço, e nem me importei com a demora para a comida ficar pronta.

A falta que eu sentia deles era absurda.

Uma semana foi o que eu "gastei"conversando e matando a saudade bem pertinho dos meus pais e filho de 4 patas. Não teve choro, nem muito menos chantagem para que a minha mãe falasse o que ela conversou com o Chuck. E olha que eu tentei. Muito.

Mas ela não contou.

Conversamos sobre muitas coisas, mas sempre que eu tentava tirar algo dela, a mulher era rápida para desconversas e emendar logo outro assunto. Mas como eu também não falei para ela quem eram as finalistas do programa, ficou por isso mesmo.

Quando estava indo embora a minha mãe, que foi me deixar no carro, já que o meu pai ficou na casa com o Bart, tinha um sorriso enigmático no rosto.

— A senhora está com cara de quem aprontou alguma coisa... O que aconteceu?

— Eu aprontar? Quando eu fiz isso?

— Vou nem me dignar a responder isso... Mas se a senhora está dizendo...

— Ah filha, ia esquecendo, coloquei umas coisas a mais na sua mala, espero que use...

— Oi? — digo e já abrindo a mala, apenas pra fechar o zíper na mesma velocidade que abri. Rendas de diversas cores. — Isso são lingeries mãe?

— Sim... Eu comprei umas pra você depois que você me disse dos seus avanços com o Charles...

— Mãe! Pelo amor de Deus! Isso é estranho...

— Só leva filha... Não precisa usar se não for necessário, mas uma mulher precavida vale por duas... Nada de camisinhas, já que quero o meu neto!

— Fala bem controversa a sua agora dona Cláudia...

— Não estou nem aí filha... Você vai entender o sentimento quando tiver os seus, certo?

— Te amo mãe — a encho de beijos e abraços depois de colocar a mala dentro do porta mala.

E então liguei o carro e fiz o caminho de volta para a fazenda. A cada quilômetro mais perto, o sorriso se alarga um pouco mais. A noite tinha acabado de começar quando eu estaciono o carro, já querendo muito vê-lo.

A quantidade de pessoas está bem menor do que eu tinha esperado. Vou falando com algumas pessoas no caminho e fico feliz ao ser muito bem recebida.

Então depois de deixar a minha mala no quarto, já vou pegando um carrinho e indo em direção a fazenda. Tem algumas pessoas perto da piscina, e acho que pode ser um bom começo para ver quem está por lá. Estaciono perto e vou andando, bem atenta ao meu redor.

E a primeira pessoa que vem falar comigo, é o Taz, que está conversando com dois câmeras e o Marcelo. Ele dá um pulo quando me vê chegando e me dá logo um abraço pra me tirar do chão.

— Saudades KitKat! Como foram esses dias de liberdade.

— Foram bons, mas estou feliz por estar de volta.

— Alguém vai ficar bem mais do que feliz quando souber que você voltou — ele diz baixo no meu ouvido e eu dou apenas um sorriso como resposta.

Nenhum outro membro da banda estava lá. Depois de dar abraços e trocar cumprimentos com mais pessoas, entro facilmente na conversa que estava acontecendo.

Fiquei sabendo que a banda estava no estúdio, praticando algumas músicas. Raquel e Diana estavam andando de cavalo. E quem não estava ali pela piscina era melhor nem saber o que estavam fazendo...

— KitKat, será que posso falar um pouco com você? Sozinho? — concordo com a cabeça e acompanho o baterista quando ele começa a se afastar dos olhares atentos e ouvidos curiosos.

— Em que posso ajudar? — pergunto quando tenho a certeza que ninguém mais pode nos ouvir. Até mesmo ver.

— Primeiro deixa só eu fazer isso... — ele passa os braços ao meu redor, me abraçando tão apertado que fico sem reação. Ué, mas ele já tinha me abraçado mais cedo. — Só queria te agradecer mesmo. O que você está fazendo por ele... Não deveria estar te falando isso, mas fazia muito tempo que eu não o via assim tão... Ele mesmo.

Sem saber o que falar depois disso, eu apenas devolvo o abraço e sorrio de encontro com o peito largo e aquecido do Taz.

— Eu nem sei como eu posso começar a te pedir isso Catarina... — ele fala enquanto coloca as mãos nos meus ombros e olha pra cima. — Mas como você já sabe sobre, eu...

— É sobre a Raquel?

— Sim... É que eu queria ter um encontro legal com ela sabe? Sei que não vai ter como ser uma coisa muito produzida, como os que o Chuck tem para as gravações, mas queria uma coisa legal para nós dois... Será que é impossível?

— Claro que não, e eu adoraria te ajudar com o seu encontro Taz! Vou arrumar alguma coisa para antes das preparações pro ao vivo...

— Sabia que eu poderia contar com você Catarina!

— Claro! Mas você sabe que o Chuck que organizou muitas coisas entre nós dois, não sabe? Você tentou falar com ele?

— Se você não tivesse voltado hoje, eu falaria... Mas melhor assim que eu não vou precisar ficar escutando mais brincadeiras vindo dele. 

— Tudo bem por mim... 

— Isso já resolvido, quer me acompanhar até o estúdio? 

Concordo e meu coração já dá um pulo, já que estou indo de encontro a ele — e mais o Fred e o Bart, mas meu coração só está focado nele.

Olá leitores, primeiro dia da nossa maratona e já começamos encerrando ciclos e começando outros, não é mesmo? Ah meu Deus, eu realmente não estou preparada para a segunda parte desse capítulo... E como o título desse episódio não me deixa negar, vamos lá programa ao vivo!

Vou reforçar as forças pq amanhã tem preparações valendo para o fim! Já que hoje foi só saudades, reencontros e tranquilidade.

Beijos e até pessoal!

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