Surpresas...
Hoje pus a fotinho do "biloquê", esse brinquedo estranho de encaixar uma peça na outra. Coisa do Fê, hehe.
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Por Marçal...
Comecei a semana do dia 8 de maio bem tranquilo. Consegui sossegar quando o Liseu aceitou de vez o posto de namorado. Tem gente que não liga pra essas coisas, mas eu quero que fique bem claro o papel que representamos um pro outro.
Em poucos dias em que gente se conhece é pouco pra fazer planos, comprar um imóvel juntos ou entrar na fila de adoção, mas é o tempo perfeito para ficar juntinho, conversar muito como temos feito e descobrir pequenas coisas um do outro a todo instante.
Na terça-feira de manhã o Liseu está meio chateado e a tarde quem está uma pilha de nervos sou eu. Só na quarta-feira que ambos estamos leves e tranquilos o suficiente para recebermos um casal de amigos.
— Gente que gostoso! Eu sinto vocês dois como um casal. Vocês passam isso... — Viviane a esposa do Evaldo que está grávida nos conta sobre a descoberta do sexo do bebê e o nome que ambos escolheram para a menina: Ana Carolina, acho tão lindo que eu mesmo queria ter uma filha pra pôr esse nome.
— Ai, vocês... Não consigo ficar imune à essas barrigas de grávida... — Tem dia que o Eliseu amolece o coração e isso me dá esperança "da gente" adotar duas crianças como sempre achei que seria legal. Mas não é todo dia que ele fica balançado, porque está acostumado com a molecada das escolas onde leciona.
— Pois é Marçal... Queria trocar pelo diurno pelo menos no início, porque fica complicado pra Vivi se virar sozinha, só que não queria tirar ninguém da rotina. Temos colegas que estão cursando faculdade e esses não conseguem revezar ou alterar seus turnos ou jornadas. O Cabral deu aquela prensa em você e eu me senti culpado, cara. Não sabia que você tava num relacionamento.
Ah que cara bocudo, merda! Eu nem tinha comentado com o Liseu isso e agora ele pode ficar cabreiro.
— Mas o Marçal quer? — Eliseu pergunta e eu concordo que seria interessante pelo adicional sobre a hora noturna e a escala 12x36. — Então se joga, gato. Olha, eu nem ia te perguntar se fosse comigo. Imagina se por que você tem uma relação, vai deixar de cumprir com a obrigação. Também sou funcionário público, sei como é...
Dou aquela respirada aliviado. Conversa vai e conversa vem, enquanto a pizza não chega. De repente parecemos velhos amigos e quando a conversa fica mais íntima e descontraída, Viviane nos conta como conheceu o Evaldo.
— Eu era secretária na sauna do meu tio e a gente morava no "predinho" velho em cima do estabelecimento. Por ali sempre tinha ronda da PM, porque tem um bar no anexo que era "CD" de drogas... — Viviane é aquele tipo de gaúcha conversadeira que engata um assunto no outro e ninguém mais fala, mas é bom, ela nos faz rir muito quando manda o Evaldo ficar quieto. Justo ele que é chamado de "demonho" pela marginalidade da região, baixa a orelha com essa pequena.
— Eu queria Ivete...
— Imagina que minha filha ia se chamar Ivete! — Pobre companheiro de profissão. Viviane o corta e defende suas razões para o nome da menina ser Ana Carolina.
Só sei que eles vão embora quando passa da uma da uma.
Quinta dessa semana deu pra combinar nossas folgas e ele que me acorda sorrindo:
— Hoje eu que fiz o café na sua casa.
— Vem morar aqui de uma vez...
— Nem pulamos pra segunda etapa.
— Ah é verdade...
Jogo a coberta para o lado e meu short de malha faz uma tenda na frente.
— Caralho! — Eliseu mira no meu pau e fica todo sorridente. Eu baixo aquela única peça de roupa para me mostrar e ele dá uma gargalhada. — Não vou dar pra você agora...
— Não faz mal, mas olha... — Desço a pele do cacete pra mostrar a cabeça, mas faço-o várias vezes, com a outra mão no meu saco pesado...
— Provoca, vai. — Ele me desafia e senta na cama. — Agora termina isso. Capricha!
Não fico tímido em homenagear o Liseu com ele me olhando. Na verdade isso me desperta a safadeza. O danado cruza os braços, estreita os olhos e aprecia meu pequeno espetáculo...
— Liseu, vê... Ah que delícia, tô sensível, molhado. E você nem pode me tocar...
— Quem disse que eu quero!
Ah, peste! Ele provoca só pra levar rola na boca, provoca mais ainda pra sair vermelho e esfolado pela minha barba roçando na pele da sua bunda grande e provoca três vezes mais quando o maltrato, me negando a penetrá-lo enquanto acaricio com a cabecinha do pau, seu buraquinho que não para de se contrair... ou me nego em beijá-lo com voracidade e ele pede "por favor, me beija".
Mesmo de preservativo continua gostoso, pois o sexo que fazemos como dois tarados, representa parte de uma relação. E a relação a possibilidade de uma família.
Mais tarde quando ele deita a cabeça no meu peito para compartilhar a delícia do momento que compartilhamos, ele me diz:
— Marçal. Posso ser direto?
— Deve!
— Estou gostando de você.
— Oh Liseu... — Não sou um cara que chora fácil nessas horas. Mas é forte pra mim, ouvir essa alegação. — Eu adoro você.
— Parece que estamos juntos há tanto tempo. E a gente tá só se conhecendo. Acho que fomos muito rápido na intimidade um do outro, você não acha?
— É, um pouco.
Damos aquelas risadinhas e mais uns beijos carinhosos, do tipo que não dá vontade de parar. Sua boca tem um sabor delicioso, seus lábios entreabertos recebem os meus, proporcionando sempre o encaixe perfeito. A música baixinha que ele colocou, não nos impede de ouvirmos os sons dos nossos suspiros juntos.
Sexta feira... Quase meia noite, nós conversamos sobre o futuro dessa relação, Eliseu me parece muito disposto a caminhar comigo e fico meio envergonhado pela pressão que coloquei.
— Ei, Liseu, eu tava me esquecendo disso...
Ele arregala os olhos bonitos e duas lágrimas se formam...
♥♥♥
Por Eliseu...
Tive uma semana tranquila daquele jeito que já comentei. Professor ama o que faz ou desiste e vira artesão ou aquilo que melhor lhe convir.
Finalmente a mãe do meu aluno problemático, o Cleiton, deu o ar da graça na escola. Eu não sou ninguém pra julgar a conduta de uma pessoa e muiiiito menos a aparência, mas aquela criatura me inspirou vulgaridade. Se fosse isso era o menor dos problemas, pois tenho amigas que fazem programa ou fizeram no passado e se esforçavam pra acompanhar os filhos na escola.
Enfim, cheguei a ter raiva da mulher.
— Ai professor, meu filho é impossível e não tem mais jeito, não adianta bater e dar castigo, que ele vem pra cima de mim. Nunca vi tão revoltado, parece que me odeia.
— Bom, mãezinha do Cleiton, não tenho filhos para querer te dar aula de como educar, mas da forma que você fala, faz parecer que ele é um caso perdido. Ele é um menino de 11 anos e faz isso tudo pra chamar sua atenção.
— Nem o pai dele tem paciência, eu tenho que trabalhar. O meu marido atual e eu, a gente tá brigando muito por causa dele. Imagina, eu tenho mais um pequeno na creche...
— Porque teve mais filhos?
— A vida é minha, faço que eu quero. Olha, professor tenho mais o que fazer.
— QUÊ!!! Acha que eu estou fazendo você perder tempo?! Tô falando de seu filho! — Perco a cabeça e grito com a mulher. — A vida é sua! Ponto. Mas... e o Cleitinho, não percebeu que ele precisa de atenção? Precisa de um abraço, de um elogio, de uma bronca na hora certa com palavras que não firam ele. Olha, eu não tinha mais nenhuma paciência com seu filho e ele só não foi expulso da escola porque EU não deixei. Porra, mulher, teu filho tem onze anos!
Ela cai no choro e eu não alivio...
— Comecei a conversar mais com ele, demonstrar carinho, perguntar algumas coisas que ele gosta de fazer, chegamos a passar uma aula inteira que eu tinha de folga, sentados no balanço do parquinho e no final sabe o que ele disse: Fessor, você não é tão chato, é um pouco legal. Essa semana, notei que ele está mais cooperativo na aula. Por isso hoje, ficamos sentados conversando e ele me mostrou que é bom ouvinte. Tenta pelo menos, tenta resgatar essa afinidade... Já olhou como seu filho é bonitinho? Não consegue se lembrar dele quando era bebê? Não fica preocupada com o pai dele que não o atende. Faz tua parte.
Gente como essa criatura chorou na minha frente. No final parecia um quati com aquela maquiagem borrada nos olhos.
Coisas assim acontecem vez ou outra e confesso que hoje sexta feira, foi um dia pesado. Que só alivia quando chego no meu prédio e meu gato está me esperando pra subir.
— Ei Liseu, será que tem uma vaga de garagem sobrando, fico com dó de deixa minha "bebê" aqui fora. Não é melhor, você ficar lá em casa?
Pronto!
Achei um namorado. Um grude e um fofo! Não resisto e aperto ele forte num abraço e concordo.
— Vou, mas preciso comprar coisa pra tomar café. Me espera que já volto.
Entro no elevador que para um andar abaixo do meu e Túlio entra.
— Oi. Ué?
— Tudo bem contigo, Eliseu?... Achei que nem morava mais aqui.
— Ah, pois é... — Fico meio sem assunto. — E você?
— Eu havia locado o apartamento e os inquilinos desocuparam. Só vim dar uma conferida se está tudo em ordem.
— Certo! Não querendo te cortar, mas tô com um pouco de pressa, Túlio. Xau.
— Tchau, Eliseu.
Rio sozinho quando percebo o efeito Marçal sobre mim. De repente eu aceito que tenho um dono, meu macho, meu bofe ou como eu quiser chamar. Nem sei porque, mas estou imune ao Túlio. Faz quase um ano que ele me deu a última cortada e eu parei de dar em cima. Hoje me coloco em seu lugar. Eu acho que nesse momento faria o mesmo.
Fefê e eu conversamos entre um cliente e outro que ele atende na padaria de sua família e fico só observando-o atender. Esse menino tem um dom, só pode ser isso, não vejo ninguém rejeitar o que ele oferece. Sem preguiça de cortar bolo, abrir o pacote e pôr mais dois pãezinhos, fatiar um pão igual aos fatiados prontos, só pra agradar, ter paciência com crianças que ficam "meia hora" escolhendo alguma coisa no balcão. Um garoto chega com um real e pergunta se consegue comprar uma fatia de um bolo com aquela moeda. Aquilo me aperta o coração de um jeito que eu pago pra ele, que de tão feliz sai correndo da padaria, mas volta em segundos e diz:
— Tio, "brigado". Tava me esquecendo de agradecer.
Vou até a porta e vejo mais umas crianças com ele, que olham encantadas para dentro da embalagem plástica o pedaço de bolo. Sinto uma coisa nova dentro do meu coração. Até hoje só me vi como transmissor de um conhecimento específico e eles como a parte que precisa absorver esse conteúdo.
Lembro do Cleiton e pela primeira vez minha aversão por ele, se converte em ternura.
Ahhh o que tá acontecendo comigo? Marçal fica falando tanto de adotar dois "pimpolhos" e todas as coisas que pretende fazer, sendo pai, que eu amoleço. Mas não é hora!!! Sai pra lá pensamento! Xô!
— Mana, eu vi o boy! — Fê me viu conversando com Marçal, nem sei onde e comenta empolgado sobre nós dois juntos. — Que "pacote"! Você deve estar se realizando, né? Ah eu queria um desse só pra brincar de cão policial e varejar a mala...
Claro que ele me faz rir, mas digo:
— Fê, o Marçal é mais que um pau, criatura. Ele é querido, romântico e família... sabia que domingo vamos visitar a mãe dele de manhã e a tarde a minha? Ele tá assim, todo apressado com essas coisas.
— Deixa ele! Cada romance começa de um jeito diferente! Não dá pra ficar esperando alguma coisa tipo como foi com o Carlinho. O romance dele, foi perfeitinho, mas é o dele! O seu está muito gostoso mesmo assim apressado, Liseu. Curte, amor! Curte, porque você merece mesmo sendo essa bicha nojenta e ruim.
Isso é amor entre amigos, eu mesmo o chamo de coisas muito piores e continuamos a nos amar profundamente. Tem dia que parecemos estar brigando, que chegamos assustar as pessoas em volta.
Depois do lanchinho, vamos dormir na casa dele. Onde me sinto tão à vontade e espalho minhas coisas sem querer. Tenho objetos de higiene no seu banheiro, coisas minhas na sua geladeira e a última: a senha do cartão débito dele. Mentiraaa!!! Isso é demais né, antes cagar de porta aberta que passar senha de cartão. Ou seja, intimidade tem limite.
— Liseu...
— Fala, mas fala... Porque você começou o assunto uma cinco vezes.
— É que eu tô errado...
— Ah tá. Só o que me falta, Lipe. Anda PM, desembucha!
Brinco pra ver ele sorrindo.
— Ei, Liseu, eu tava me esquecendo disso... Casa comigo?
— É cedo, Marçal!
— Não é cedo, são onze e meia da noite.
Ah esse pedido, a aliança dourada de noivado que me pegou de surpresa e um macho musculoso de joelhos. Seu olhar de moleque fixo nos meus que parecem uma cachoeira descontrolada. Isso foi surpresa demais. Choro, mas começo a rir ao mesmo tempo quando estico a mão pra ele pôr a aliança no dedo direito e depois ganho um beijinho sobre a mão.
— Pronto, tá noivo!
— AHHH!!!
Eu esqueço de repetir a cerimônia e pulo em cima dele aos gritos e lágrimas e rindo caímos no piso.
Quando eu sonhava com esse momento, geralmente derivava de um longo relacionamento. Meus sonhos eram lindos e perfeitos, mas meu momento real não correspondeu a nenhuma dessas expectativas, foi surrealista!
— Marçal, eu tô noivo?
— Só você por enquanto... — Ele levanta a mão direita pra me mostrar que falta algo nela. Segurando sua mão de dedos grossos, leio meu nome gravado dentro daquele anel e encaixo-o certinho no seu anelar. Depois, ele me puxa pela cintura e sela o momento com um beijo apaixonado. — Agora, nós estamos noivos!
— Ahhh, eu queria esfregar na cara das inimigas, hahaha.
Ele cai na risada com minhas palavras eufóricas. E bem de verdade, eu não preciso de nada disso que comentei, porque a alegria que me preenche na hora é tanta que gostaria de compartilhar com as pessoas que me amam e merecem. E beijinho no ombro para as invejosas!
Ele fica me abraçando um pouco, me deixando ouvir o som de seu coração calmo e sentir o calor de seu corpo amado. Enquanto isso fica amassando minha cintura, onde eu não deixava ninguém mexer antes. Ele adora me apertar, morder e fazer cócegas ali. De supetão beija minha bochecha e morde de levinho meu pescoço e ficamos no olhando. Minha timidez é expressada pelo gesto de morder o lábio inferior e a dele é olhando pra baixo e depois caímos na risada.
— Liseu, somos dois bobos!
— Só você que é! Eu sou foda!
— Opaaaa, peraí mona!!! Faço a egípcia pra você!
Marçal é sempre assustador quando faz isso e eu morro!
— Na PM, você faz isso?
— Não né, Liseu! Sou natural lá.
— O quê? Natural? Ahahaha.
Entendi que ele quis dizer que não tem grilo em se assumir, mas apenas mantém-se do seu jeito "natural". Afinal é a vida particular dele e não tenho o menor receio em dar uns arranhões nas caras dos PM que o perturbarem. Eu que nem fique sabendo porque já armo escândalo, passeata com toda a nossa comunidade da região.
Barraco é comigo!
Nem que ele for expulso da corporação, mas lavo nossa alma...
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Tá muito "lovinho", hehehe. Acho que vou concluir o conto no próximo capítulo e os demais posto em forma de bônus. Porque o romance deles foi diferente, rápido e direto. Agora é compromisso e sempre haverão momentos bons do casal pra compartilhar. Fico com o coração apertado quando tenho que finalizar algo, mas precisa... Amei escrever sobre esses lindos e estou pra lá de feliz com a atenção, o carinho e os votos.
E hoje deixo um carinho especial ao @danielcarvi, que comentou que teve um começo de relacionamento assim: "amor a queima roupa" . Desejo toda alegria, amor e paixão ao casal. Que fiquem coladinhos pra sempre!
Hoje é bem provável que eu poste o conto do Davi, um dos capítulos que revisei.
Obrigado!! E recebam todo meu carinho e abraços apertadinhos. Tudo anjinho vocês!
Hoje não cortei a foto...
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