Capítulo 17 - Época lunar.

Oásis - Castelo real.
22 do ano de XXXX
Horário:20:25

~~<○EMILY○>~~

— Ele não vem jantar? — Perguntava vendo Ana oferecendo um pedaço de cenoura a sua lebre com a cabeça apoiada na mesa.

— Não — James fala enquanto remexia em seu prato sentado à mesa enquanto olhava para direção da janela — Não por algumas noites...

— É, a maldição? — Pergunto preocupada.

— Não gosto dessas épocas — Ana fala.

         Valery, James e Oliver estavam sentados a mesa e via as gêmeas de antes servindo a mesa junto com as outras empregadas, todos estavam parecendo preocupados com algo, obviamente com seu rei sobre efeito de sua maldição, admito que estava preocupada, tínhamos voltado da escola logo em vez de ficar muito na festa, aquele rosnado que Lunion deu pareceu deixar tanto Oliver e Ana atentos, seu familiar também tinha sumido e podia notar certa tensão nos ombros de Lunion.

        Olho minha mão um instante vendo um arranhão leve em minha palma, agradeci por ele não ter notado que tinha feito isso e apenas aceitou que segurasse sua mão em seguida, me assustei um pouco notando ele transparecer suas emoções mais ainda em um desespero interno, Ana foi a ponte, ele estava preocupado e claramente isso transparece em algo mais o deixando um pouco, talvez, sensível:

"Nunca achei que ele ficaria desse jeito...Mas, quantas vezes ele lida com isso para esconder tão bem para o povo?"

        Olho para Ana vendo ela comer devagar e logo seu familiar deixar as patas sobre sua cabeça se apoiando nela bagunçando alguns fios de seu cabelo e ela pega o mesmo fazendo um carinho sorrindo:

— Ana, já está chegando a hora de dormir — Falo enquanto ela resmunga.

— Mas queria dar boa noite para o papai — Ela olhava para a porta.

— Sabe que não pode, amanhã de manhã fala com ele — Oliver passava a mão em sua cabeça a confortando.

— Eu leio uma história para você — Falo enquanto termino de beber um copo de suco.

— Está bem — Ela concorda.

(.....)

— Escovou os dentes direitinho, né? — Valery vestia o pijama da Ana.

— Eu escovei sim — Ana fala enquanto se solta de Valery subindo na cama enquanto se senta no colchão de costas para nós.

— Ela não está muito bem — Falo baixo enquanto Valery suspira.

— Quando o príncipe não pode aparecer a noite, Ana sempre fica um pouco chateada, ela se preocupa com o pai — Valery fala levando as roupas sujas — Ela sabe que a maldição dele é dolorosa...

— Ela já viu oque acontece? — Pergunto virando para Valery e ela olha para mim e desvia o olhar saindo.

        Fico um pouco quieta e logo olho Ana abraçando pelúcias deitada na cama e chego perto e logo olho os livros sobre a cômoda e toco um deles vendo uma história antiga, pego o livro em minhas mãos enquanto passo minha mão na capa sobre as letras:

— Alice no pais das maravilhas? — Leio em voz alta me sentando na cadeira perto da cômoda chamando um pouco a atenção de Ana — Nossa, faz tempo que não leio esse...

— Não leu tem quanto tempo? — Ela perguntou virando para mim.

— Eu parei na festa do chapeleiro, sabe ele é meu personagem favorito — Ri abrindo o livro mexendo as páginas vendo uma ilustração bem velha da cena da festa do chá.

— Meu também... Papai e ele são parecidos — Ela fala enquanto ri fraco — Menos as noites..

         Ana fala apertando suas pelúcias e logo virou de barriga para cima entrelaçando os dedos:

— Emily, vai demorar muito para ele não ter mais que se prender? — Ela pergunta.

— Ana, isso é um assunto de adultos, não precisa...

— Todo mundo fala isso, só queria saber — Ela vira o olhar para mim — Papai vai ficar bem?

~~|||~~

— Mamãe, Papai vai ficar bem? — Perguntava parada perto da porta esfregando meu olho sonolenta, vendo minha mãe de costas olhando uma lanterna se afastando pelas ruas escuras.

— Emily, volte a dormir — Ela fala sem se virar para mim, mas notava ela tremer e desvio o olhar.

"Mamãe não está bem..."

~~|||~~

       Sabia bem a sensação de preocupação que ela estava tendo, passei por isso a anos atrás...Nenhum adulto nunca me dizia a verdade e depois tive que enxergar sozinha que éramos só eu e minha mãe, eu olhava Ana e lembrava do que Lunion havia me pedido quando voltamos da escola.

~~|||~~

— Eu estou passando por um problema — Ele penteava o cabelo para trás nervoso enquanto os outros se afastavam e notava suas presas um pouco maiores quando ele sorria e suas unhas se curvando novamente — Eu sei que não devia exagerar com sua gentileza mais...Ana gosta de você, então será que pode tomar conta dela...Por certos períodos.

— Você vai sair?

— Não diria sair, mas quase isso — Olhava para ele confusa.

— Não tem ninguém do seu sangue na cidade...Por que....? — Pergunto e outro rosnado soou, mas não me afastei

— Bem, tendo sangue ou não, sou perigoso....Eu só quero te pedir esse favor, depois lhe compensarei prometo — Ele fala.

— Mas e o James, Valery, Oliver? Entendo que a Ana goste de mim, mas eles estão mais acostumados com ela e vice e versa — Falo enquanto ele se senta em um sofá e me sento ao seu lado.

— Mas você não vai mentir se ela perguntar uma coisa, sei que ela não é mais tão bobinha quanto antes, Ana já está ciente — Ele pede.

— Isso é um assunto que devia conversar com ela — Falo enquanto ele concorda.

— Eu sei, mas se for falar disso....Praticamente vou ter que exaltar que ela não é minha filha de sangue e nunca vai ser, não quero ela magoada com isso, emoções de uma criança são delicadas — Ele fala.

— De um jeito ou de outro, você tem que falar com ela mais abertamente sobre sua maldição...Ela sabe só uma superfície correto?

— Eu tinha que falar porque às vezes eu sumo durante as noites e...Porque eu às vezes parecia muito abatido...

— Crianças notam pequenos detalhes, por mais que tentem esconder — Falo e logo ajeito meu cabelo — Eu faço isso..

— Obrigado, que tal para compensar amanhã fazemos algo que você queira...Conhecer a cidade se quiser — Ele segura minha mão sorrindo.

— Eu vou pensar, Você não tem deveres da realeza para cuid... — Olhava ele parando vendo seus olhos um pouco sem brilho olhando para baixo com minha mão perto de seu rosto, suas pupilas pareciam diferentes.

      Eu pressiono os meus lábios um no outro e chego perto beijando sua bochecha depressa e me levanto soltando minha mão da sua:

— Até amanhã...

        Eu sinto um puxão caindo para trás entrando em pânico enquanto braços me envolvem, fecho os olhos com força fechando os punhos tremendo e respiro fundo sabendo que ele não iria me machucar, ele estava quente, suas mãos apenas seguravam meus braços no abraço.

         Não tinha toques a mais e sem me forçar contra ele, sentia sua cabeça em meu ombro e sua respiração contra as minhas costas, ficamos parados por um tempo e olhava suas mãos, as unhas dele estavam curvadas um pouco afiadas ainda, mas ele tomava cuidado:

— Eu sei que não gosta de toques...Lamento, queria só agradecer por me acalmar hoje e ajudar a Ana — Ele fala — Estranho....Eu não consigo entender porque esse aroma é tão calmante para mim..

— Aroma? — Pergunto.

— Avelã...

~~|||~~

"...Seu cabelo cheira a avelã, eu gosto."

— Eu não sei, me preocupo também...Isso não é simples, foi algo forçado que o faz perder o controle e machucar quem é próximo a ele, tirar isso não é simples Ana — Respondia.

— Mas não é justo — Ela se sentava.

— Como? — Questiono.

— Papai não é uma pessoa ruim, porque colocar algo ruim nele? — Ela pergunta.

— Por medo — Me sento do lado dela na cama — Ana seu pai nunca explicou sobre...Bem, quando as pessoas tratam outras ruim por serem diferentes?

— Preconceito — Ana move a cabeça concordando.

— Então, a pessoa que fez isso não gostava dele porque ele era diferente, esses tipos de pessoa não se importam com a dor que podem causar, eles só querem se sentir de alguma forma superior a alguém diferente, eles não os vêem como iguais — Explico da forma mais simples que podia — Por seu pai ter olhos estranhos o tratam assim..

— Mas eles não são feios nem nada, acho bem bonitos.

— Não discordo de você, também acho bonitos....Mas nem todos vêem assim — Respondi um pouco sem jeito.

— Essa pessoa não recebeu um castigo?

— Bem, seu pai o castigou severamente, mas ele não pode mais tirar essa coisa por isso — Falo e ela pareceu entender.

— Mas porque não posso ficar com ele? Eu e o papai não temos laços de sangue...

— Ana....

— Eu já ouvi muitos falando sobre isso — Ela abraçava o joelho — Eu sei..

— Você ouve muitas conversas escondida em cantos? Ou é por acidente? — Pergunto e ela junta os dedos um pouco com um risinho de canto — Já entendi...Você é esperta.

— Eu só quero ver ele feliz —Ana fala.

— Ele é feliz e eu prometo, vamos nos livrar da maldição — Falo e ela suspira e abre os braços.

       Hesitei, mas a abraço com cuidado para não mostrar uma visão fazendo um leve carinho em suas costas a ouvindo bocejar e ela logo deita a cabeça em meu colo:

— Obrigado Emily — Ela fala com voz de sono.

— Disponha.. — Sorri levemente.

— Queria que você e papai ficassem juntos — Ela fala caindo no sono aos poucos.

      Fico quieta olhando ela dormir e me encosto na cabeceira da cama enquanto suspiro colocando a outra mão em meu rosto:

"Que situação..."

(.....)

Castelo Real - Torre Sul.
23 do ano de XXXX
Horário:05:17

~~<○LUNION○>~~

         Estava rosnando sentindo as correntes fazendo barulho acordando, vejo Oliver na minha frente encostado na porta olhando ao redor, sigo o seu olhar vendo madeira partida e marcas de garras pelo chão vendo o lugar onde a corrente do meu braço esquerdo estava quebrado com lascas de madeira pelo chão e sangue por algumas parte e levo minha mão solta ao resto sentindo o peso da corrente no meu pulso ainda:

— Foi mais violento dessa vez, estava estressado — Oliver falava pegando as chaves.

— Calado — Reclamo vendo ele soltar me sentindo exausto.

— Você pode quebrar seu pulso assim... — Ele suspira e olho meus pulsos — Seu banho já está pronto e o café estará pronto em uma hora, tempo suficiente para se recompor.

— Sim, sim...

       Sinto as correntes me soltarem e levanto tossindo um pouco colocando a mão na garganta penteando meu cabelo para trás:

— Se vista antes de sair — Oliver joga roupas em mim me fazendo virar para ele — Alteza..

— Conseguiu informações para mim? — Perguntava tirando o resto de roupas que sobraram da noite me trocando.

— Sobre o pai dela, aparentemente a passagem dele em Erakuna foi de muito tempo então não tenho tanta informação...A não ser que pegou uma carruagem em direção sul, pelo destino talvez para a cidade de Solaris — Oliver falava.

— A cidade daquela "santa"? — Estava pensativo.

— Ainda estamos investigando...

— Tente ver isso e quanto ao outro assunto — Comecei.

— Sobre um espião do seu tio em Oásis, estaremos atentos — Oliver abre a porta para mim.

— Certo...

(....)

       Depois de um banho descia as escadas faminto enquanto ajeitava as mangas de minha camisa escondendo as marcas e logo andava até o salão ouvindo me cumprimentarem, o cheiro do café recém preparado entrou por meu nariz e paro na porta:

— Dar um nome a um familiar não é considerado desapego? Tipo você dá a seu familiar certa independência — Uma empregada falava com Ana.

— Não é não, papai deu o nome do lobo de Monty, porque não posso dar um nome pra minha também? — Ana segurava seu familiar e virou para Emily — O que acha Emily?

— Bem, eu não sei — Ela responde limpando a boca em um guardanapo.

— Sarah a escolha é da princesa pare de ser inconveniente! — A irmã gêmea puxava ela para longe.

— Silvia! — A outra resmunga fazendo Ana e Emily rirem.

— Parece que estão se divertindo — Entrei tentando disfarçar meu cansaço.

— Papai! — Ana sai de seu lugar me abraçando.

— Bom dia minha estrelinha — Sorri fazendo um leve carinho sobre sua cabeça.

— Como você está? — James pergunta.

— Faminto — Respondo rindo andando até a mesa.

        Me sento enquanto colocavam meu prato preparando minha bebida e olho Emily e ela sorri movendo a cabeça indicando que estava tudo bem e logo levo o garfo a boca provando a massa fofinha de uma panqueca soltando um som baixo:

— Delicioso...

— Falando assim parece que não come a dias — Emily fala parecendo preocupada.

— Sabe quantos nutrientes e calorias eu perco quando "mudo", francamente é exaustivo — Pegava um pequeno jarro de mel jogando sobre as panquecas — Se pudesse evitar isso fico feliz, mas infelizmente não posso...Preciso recompor tudo que perdi.

— Isso explica seu apetite voraz, as pessoas às vezes se surpreendem com o quanto você ingere — Valery entrou na sala.

— A comida da chefe é ótima, não resisto — Falo.

— Certeza que não prefere ir dormir um pouco — Valery olhava meu rosto.

— Eu consigo lidar com cansaço, a fome é difícil — Lambia os dedos um pouco sujos e sorri.

— O que vai fazer hoje? — James perguntou.

— Oliver adiou meus compromissos, não é? — Pergunto vendo ele afirmar com Silvia servindo café — Ótimo, Ana você vem comigo hoje ou prefere ficar em casa?

— Vamos em alguma festa? — Ana pergunta.

— Na verdade, vamos mostrar a cidade a Emily — Falo vendo Emily parar de comer.

— Espera já...?

— É, por que não? — Bebi um pouco de chocolate quente — Ah, adoro chocolate.

— Você é apressado — Ela fala e parece pensar — Okay, mas com calma..

— Como desejar — Sorri lambendo um pouco meu dedo vendo ela virar o rosto.




----////----

Lunion parece estar numa época complicada.

Emily e Ana se aproximam mais e mais...

Essa família tem muitos esqueletos em seus armários, mas lidam com isso de suas formas.

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