14
De Volta ao Bosque, Porém Gelado
E lá estavam Liz, Afonso e a nova amiga Ara. Prontos para fugir daquele inferno e talvez entrarem num pior ainda. Vestiram-se com roupas velhas e antigas, que nem sabiam de quem eram, em suas cabeças era inevitável pensar: "Três pessoas já moraram aqui, mas onde devem estar agora?". Como também era forçoso ponderar sobre o frio que enfrentariam lá fora.
– Ara – Afonso chamou –, talvez você saiba onde está o livro de Sophia, pode nos ajudar?
Até aí, ninguém deixara claro para onde a fada iria, Liz contara para ela onde deveria ir, entretanto, antes precisaria apanhar o livro, no qual explicaria tudo o que fosse necessário. E principalmente sobre o Diamante Negro.
– Mas é claro que vou ajudar, além do mais, preciso encontrar minha família... Se é que ela está viva... Mas vou ajudar sim, porém não digo que sei onde está o livro, mas tenho uma noção... – Retorquiu a fada numa singela e serena narração.
– Uma noção, é tudo o que precisamos! – Elizabeth troou animada.
– O mapa, está com você Liz? – Afonso indagou. Esquecera completamente do mapa, sem ele, estariam todos perdidos.
– Ah sim... A feiticeira não pegou... Está aqui – a Elementure tirou do cinto, que acompanhara o vestido, um papel todo enrolado.
O que acabara de desenrolar era o mapa que Águila fizera com magia.
– Nós estamos aqui – a Elementure disse apontando para uma parte do rio no mapa. – Precisamos ir para o Castelo de Mou – deslizou o dedo até o desenho maquiavélico. – Esse é o nome do castelo de Cona? – Indagou.
– Sim – Ara afirmou. – Mou era o pai de Cona, ele cuidou dela por anos e anos, porém as fadas que ele mantinha presa, a quais davam a Fruta da Vida para o mesmo, fugiram todas, não restou nem uma. Foi por isso que Mou morreu, já era muito velho, ficou dias sem comer a fruta, seu corpo enrugou, a pele ficou seca. Isso diziam as fadas donde eu morava, quando eu ainda era pequena, com uns 10 anos eu acho...
– Nossa... – Afonso não sabia da história. Já ouvira muitas vezes seus amigos animais dizerem sobre tal castelo, porém nunca parou para pensar o porquê de ser chamado Castelo de Mou. – Então é nesse castelo que acharemos o livro?
– Creio que sim – Ara discorreu sem muita certeza. – Mas no Pico dos Lobos, onde você viu pela primeira vez, lá tenho certeza que não está mais – a fada ouvira também a história do arqueiro.
– Bom – Liz sorriu –, o que estamos esperando para quebrar esse telhado maldito e sumir desse chalé infernal?
Todos sorriram animados, o coração parecia querer sair pela boca. Mesmo tendo dificuldades, passando fome e sabendo que o pior nem chegara perto, ainda sentiam um espírito de aventura saltitando dentro de si e não viam a hora de alegrarem-se com o selamento do portal, salvando por fim, Clarissa e o resto do mundo.
– Antes, vamos pegar algumas frutas no meu quarto e beber água...
E lá foram aos pulos apanhar frutas e água. Tiverem a ideia de pegar a mochila de Liz na base ensopada de neve lá fora, assim podendo guardar o necessário. Com dois golpes fortes, Afonso quebrou o telhado de madeira fina, dando de cara com um breu frio e tenebroso. O mesmo correu até a base, vendo um pouco mais que um palmo a sua frente, e não demorou muito achar o que procurava. Depois de cavar mais de meio metro na neve, apanhou a mochila de couro e subiu correndo para o sótão, pisando primeiro na janela de vidro e depois na calha de metal barato, seguindo, então, o telhado vertical até chegar na abertura que fizera.
– Aqui está – entregou a mochila para Liz. – Encha-a o quanto puder – concluiu ofegante.
Jogaram as frutas congeladas no chão e a água congelada derreteu com as lamparinas. No total, possuíam dez pêssegos, seis maças, cinco bananas, um isqueiro e três cantís de água. O que acharam bom, sendo que teriam que consumir somente o necessário. Jogaram tudo na mochila de couro deixando que Elizabeth a carregasse, já que nas costas de Afonso estava a aljava e nas de Ara um par de asas.
Zarparam-se rapidamente, trilhando o mesmo caminho de Afonso, que ia na frente por segurança. A fada não podia voar naquele tempo, primeiro que suas asas congelariam e segundo que a tempestade de neve não deixava nem se quer dar um pulo. Chegaram na base de madeira, que agora mais parecia de gelo, fitaram o Rio de Cárcara a frente dos mesmos, com sua superfície completamente congelada. Se o dia estivesse claro, veriam com mais venustidade a extensão vigorosa das águas, porém só viam um breu inacabável com silhuetas enormes a seu lado, na qual logo perceberam serem árvores envolvidas de neve.
– Para onde vamos? – A voz de Liz saiu abafada em meio à tempestade que caíra.
– Para oeste, naquela direção – Ara apontou com seu dedo delicado, o qual tremia de frio.
É dispensável dizer que todos ainda sentiam muito frio, pois aqueles trajes não eram tão quentes como pensaram, o que salvou foi o capuz da capa das meninas, que inibiu a algidez mortal dos ventos que soavam para todos os lados. Afonso transformou-se em raposa, sua roupa, apesar de grossa, não inibiu nem um terço do frio que os castigavam. Mas sabia que com a forma mágica, não sofreria como antes, já que as raposas vivem em ambientes gelados como também em quentes.
As meninas iam segurando o capuz enquanto andavam, o vento estava forte de mais naquela noite, o manto grosso e cinza parecia querer voar, as asas de Ara nunca ficaram tão encolhidas como estavam, que por ventura, resolvera colocá-la para dentro do vestido. Os pés atolavam-se por inteiro nos cristais de gelo, Afonso saltitava de floco em floco com seus pés 44. Não viam a hora de chegar num lugar tranquilo, longe daquela tempestade penosa.
– Precisamos descansar! – A Elementure gritou depois de um vasto silêncio. Já andavam cerca de duas horas.
Afonso e Ara assentiram com a cabeça, contemplaram a escuridão do lugar e entraram por baixo de alguns pinheiros. Nunca tiveram tanta sorte, acabavam de encontrar um amontoado de árvores, bem juntas, folhudas e grossas. Ao entrarem por entre a vegetação, deram de cara com uma espécie de toca, rodeadas por galhos e folhas. O lugar era um pouco úmido, mas já não sentiam tanto frio.
– Como é bom sentar e descansar os pés! – Liz sorriu após sentar-se de costas para um tronco.
– Quanta sorte tivemos em encontrar esse lugar – Ara pronunciou num riso muxoxo.
– Pra mim – disse Afonso –, estamos numa toca de algum animal... Olhem, não é possível que a própria natureza tenha feito um abrigo tão formidável quanto esse.
– Bom, então acho melhor olharmos em volta – sugeriu Elizabeth.
– Eu olho! Podem ficar aqui, tentem se aquecer – reiterou o arqueiro enquanto engatinhava para fora da toca.
Literalmente não era seguro dormirem num abrigo tão perfeito como aquele sem antes dar uma olhada em volta. Afonso saiu entre as folhas dando de cara com mais árvores, viu que estava rodeado de arbustos e logo concluiu que ali era um ótimo esconderijo. Continuou a andar de focinho empinado, sarrando seus pelos vermelhos nos galhos e folhas. Quando saiu do amontoado, assustou-se com o que viu. Diante de seus olhos, jazia uma raposa vermelha, como ele, morta, quase congelada. Sem dúvidas estava doente há algum tempo e com a chegada do inverno, morrera com hipotermia.
– Oh Deus! – Bradou em uma voz falhada.
Correu de volta à toca, encontrou as meninas reclinadas nos caules das árvores. Fitou-as com um aperto no coração e disse:
– Estamos em uma antiga toca de raposa... – As meninas não mostraram-se surpresas. – E o morador está morto lá fora!
Ambas gemeram aterrorizadas, mesmo não tendo a mesma aflição de Afonso, tentaram ao máximo se por no lugar do amigo.
– Como assim morto?
– Morto. Sem vida. Esse tal de Sombras de Inverno está matando os animais! – Com um pouco de esforço lembrou-se do nome do feitiço.
Já não estavam tão tranquilos como antes. Sentiram-se no direito de enterrar o animal, cavando com a lança um buraco na neve e colocando a raposa lá dentro, tapando por fim. Naquela noite, que já estava chegando ao seu término, os três dormiram tristes. Agora teriam que correr contra o tempo, antes que o próprio inverno acabasse com tudo. Encostaram os rostos pálidos e gelados no solo de folhas secas e adormeceram um ao lado do outro, com os corpos encolhidos para que coubessem todos no lugarzinho nem tão confortável. O silêncio reinava para todo a lado. Nada, a não ser a tempestade, podia ser ouvido. O primeiro à acordar na manhã seguinte fora Afonso, com os lábios ressecados e o rosto nem um pouco flexível. Ainda estava na forma mágica, a raposa vermelha, o qual não ocupara muito espaço e seus longos e macios pelos inibia grande parte do frio. Levantou-se num pulo, sacudindo-se logo em seguida calmamente, algumas folhas e pequenos flocos de cristais ainda estavam em seu pelo. Fitou Ara, viu-a com o capuz bem largo tapando quase toda a sua cabeça e a capa cobrindo-a perfeitamente. Não demorou muito e pegou-se olhando o rosto alvo de Elizabeth, pensando no quanto ela era bonita, gentil e amável. Se o arqueiro gostava de Liz? Bem, é claro que sim, porém sabia que a menina nunca amaria um saco de ossos como ele. Se a Elementure gostava de Afonso? É lógico que sim, mas ainda não conhecia nada sobre amor. Para ela, tudo não passava de carinho e nem passara pela sua cabeça algum tipo de namoro, já que mal conhecia a expressão. Entretanto, os dois ainda não sabiam onde tudo ia chegar. O rapaz decidira que só amaria Liz dentro de si. Não expressaria seus sentimentos, pois pensava que sairia machucado no fim. Já Elizabeth era vergonhosa e ingênua, e talvez, nunca falaria o que realmente sentia por ele.
Afonso transformou-se de volta em humano, passou as mãos frias sobre o rosto e sussurrou:
– Ara, Liz, acordem... Acordem... Meninas – sacudiu os ombros das mesmas.
– Afonso? – A voz sonolenta da Elementure transcorreu no ar.
– Sim, sou eu. Levante, temos que continuar andando.
A menina sentou-se no solo úmido, jogou o capuz para trás, ajeitou os cabelos e sibilou numa voz fina e suave:
– A tempestade passou?
– Acho que não, mas creio que diminuiu um pouco – o arqueiro respondeu enquanto retirava da mochila uma maça.
Um silêncio insólito permaneceu por alguns minutos, sendo logo interrompido por um sussurrar solene.
– Ara, acorde! Temos que ir – Liz a cutucou.
A fada virou-se de barriga para cima, olhou o teto folhudo e sentou-se com os olhos inchados e pequenos. Seus cabelos curtos raspavam no topo do abrigo.
– Bom dia! – Sorriu. – Bem, esse chão duro não é muito bom, mas...
– Eu achei confortável – Afonso proferiu num sorriso branco e brilhante.
– Ah claro, eu também tenho pelos grandes e macios e sedosos e confortáveis... Olhe só – apontou para as penugens que tinha nas costas da mão. – São enormes! – Gargalhou.
Todos riram, não pareciam tão animados quanto estavam na fuga do chalé. Todavia estavam com pressa, comeram uma fruta cada um e beberam bem pouca água. Ajeitaram as vestes e as armas, saíram rastejando do meio das folhagens e depararam-se com um bosque claro, branco e sem vida. Na noite passada a escuridão estava tão densa e a tempestade tão nefanda que mal viram o verdadeiro aspecto da floresta. O feitiço de Cona acabara com parte da vida do reino, a neve cobriu toda a relva, era inevitável pensar onde podiam estar os pássaros e os animais, o que acontecera com os insetos e até quando tudo aquilo ia durar. Com um olhar triste, os três voltaram para a trilha na qual andavam desde o começo e ainda, as meninas colocaram o capuz, ajeitaram os cabelos e as sapatilhas. Por sorte, o frio já não era tão intenso e a tempestade nem tão forte, podiam andar tranquilamente sob os cristais de gelo e nem precisavam ficar pulando de pedra em pedra.
– Temos que sair dessa trilha – Liz quase gritou ao lembrar-se de Cona.
– É verdade, como somos burros... – Afonso retorquiu com desdém.
Saíram ás pressas do caminho que seguiam, aceleraram o passo entre algumas árvores e arbustos congelados, desaparecendo aos olhos da estrada. Elizabeth parou ofegante, de sua boca expelia uma névoa branca enquanto o ar excedia, pegou do cinto o mapa e desenrolou-o desengonçada.
– Creio que estamos aqui – apontou para um ponto branco na folha, a qual estava no meio entre o Rio de Cárcara e a Árvore de Cona. – Acho que devemos dar uma passadinha na árvore para pegar mais água e alimentos – fitou o rosto sério dos amigos.
– Acho uma boa.
Decididos, andaram na direção noroeste por cerca de uma hora e meia. Traspassaram córregos congelados, árvores glaciais, solos alvos e arbustos brancos. As pernas chegavam a doer, mas nada que os impedisse de continuar. Até que a caminhada não fora tão chata, conversavam sobre aventuras que viveram quando ainda tinham as vidas normais, ouviram histórias sobre Ogash, discutiram sobre conceitos políticos da época e aprenderam até palavras desconhecidas. Quando por fim, ao longe, avistaram a copa altíssima da Árvore de Cona, encheram-se de animação e entusiasmo, porém, ao aproximar-sem cada vez mais, tiveram de empunhar as armas e ficar em silêncio. Olharam a enorme árvore por detrás de uma rocha enraizada, tremeram ao ouvir um raspar de metal e um tilintar de madeira. Os ruídos se tornaram altos e de súbito quatro cavalos, dois na frente e dois atrás, apareceram correndo na trilha de gelo, logo se viu algo diferente. Para o espanto dos três, o que aparecera no caminho em frente a enorme árvore era a carroça ou trenó de Cona, como preferir falar. Em vez de rodas, o automóvel possuía largas tiras de madeira, o que permitia que ele pudesse deslizar no solo. Os cavalos estavam cheios de equipamentos, puxando com esforço e fadiga o automóvel, o qual parecia um pote de madeira cinza com detalhes de ouro, metal e diamantes. Era lógico que dentro da denominada caixa de jockey estava a feiticeira, rodada por agasalhos macios e felpudos, porém, mal tiveram tempo de olhar o trenó e já estavam esticados no chão, jogados embaixo dos arbustos mais próximos. Ao ouvirem os barulhos se dissolverem ao longe puderam respirar e se aliviar.
– Essa foi por pouco! – Afonso sorriu em tom arrojado.
– Agora sabemos onde a feiticeira está, podemos ficar tranquilos – Ara proferiu numa expressão doce.
– Agora vamos, temos que ver o que há dentro daquela árvore – Liz tomou a palavra.
Os três saíram de trás da rocha atentos, correram com as armas em punho até a porta de duas folhas exposta a todo tamanho, pensaram que a mesma estaria fechada, mas logo entreveram estar errados. Ara metera a mão na porta e abrira bruscamente, deixando soar um barulho enguiçado e desafinado.
– Parece não ter nada aqui... – Elizabeth disse séria após fitar o salão vazio, na qual lembrou-se de que passara por ele quando fugira dos guidous.
Entraram todos cautelosamente na câmara enorme. De fora aquilo tudo era muito menor, mas levando em conta do que a magia é capaz tudo pode mudar. Rodavam as cabeças a procura de alguma coisa, que nem mesmo sabiam o que era. Contemplaram as paredes grossas de madeira de tronco e o teto desnivelado do mesmo material, fitaram por fim um umbral semicírculo e em passos surdos, dirigiram-se até ele.
– Ou... Quem são vocês? Espera aí, é a menina da profecia! – Uma voz arrepiante soou no lugar onde estavam. E para o espanto dos três, era um guidou. Para ser mais exato era Garu, o mesmo guardião que vigiava a menina enquanto ela estava em hibernação e agora estava em pé em baixo do umbral semicírculo, inibindo a passagem para a sala seguinte.
– Garu! – Elizabeth sorriu.
– Quem está aí? – Outra voz soou aparecendo ao lado do pequeno monstro.
– Frank! – A Elementure não estava com medo algum, pelo contrário, parecia ser amiga dos seres horrendos.
– Você voltou! Voltou para mim... – Frank berrou com um sorriso amarelo.
Liz deu uma gargalhada, empunhou a lança pronta para o ataque e disse:
– Desculpe amiguinho, só vim pegar comida e já estou indo embora!
– Ah... Que pena, mas sinta-se a vontade para pegar o que quiser...
– Não vai pegar nada! – Garu interrompeu o amigo. – Está maluco Frank, largue de ser burro! Se a feiticeira souber que ela fugiu e que não a capturamos estamos fritos...
– Larguem de papo furado seus anões de jardim, saiam da nossa frente agora! – Afonso gritou. Retirou uma flecha da aljava e colocou-a na corda.
– Anões de jardim? Seu magrelo estúpido! – Grunhiu o rabugento.
Se o arqueiro não tivesse provocado-os, na certa se sentiria magoado, porém aquela hora não era a mais oportuna. Andou rapidamente na direção dos dois e os meteu o arco na cara, primeiro acertando Garu e logo em seguida Frank. Fitou-os caídos no chão atordoados, não era necessário matá-los, pensou.
– Venham! – Chamou as meninas que o olhavam impressionadas.
Ambas correram em passinhos curtos até Afonso, sorriram para ele, que se sentiu heroico, mesmo não fazendo grandes coisa. Chegaram abaixo do umbral, e mal fitaram a câmara a frente dos mesmos.
– Encham a mochila o quanto puderem! – Falou encorajado.
– Huuum... Vejo que as pestinhas fugiram do chalé de Cona... – Uma voz rouca, tenebrosa, arrepiante e grotesca soou nos ouvidos dos três.
Ainda nem tinham traspassado toda a entrada, não tiveram tempo nem de olhar a sala seguinte, onde Liz ficara cinco anos em hibernação. Então, dirigiram os olhos assustados para a sala mobiliada por mesinhas e estantes velhas, fitando uma coisa negra e encurvada que ainda estava de costas.
– Oh céus! – Os gemidos saíram num sussurro da boca dos três.
– Vieram pegar frutas para a viajem até Éron, estou certa? – A voz continuava temível num som inarmônico.
O que viram era difícil de reconhecer, a mulher que falava mais parecia uma velha de cem anos, porém com uma voz assustadora e rouca. Usava uma capa negra, que descia até o assoalho em linha curva, não tinha pescoço e a cabeça mais parecia uma bola de beisebol, com fiapos pequenos e crespos de cabelo branco.
– O que é que nos fala? – A fada sussurrou para a mulher.
– Não me reconhece querida? Talvez fosse muito pequena quando me vistes...
– Uma Urucumbo... – Os lábios finos de Ara sibilaram aterrorizados. – Desgraçada! – Gritou histérica.
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