Capítulo 3

Sete anos antes...

Uma jovem mocinha de cabelos loiros está ajoelhada na sua cama enquanto faz sua oração como todas as noites. Nessa noite em especial ela havia decidido sobre o seu futuro marido. Pode parecer engraçado, mas Débora havia decidido pedir a Deus como seria o seu futuro marido, certa que seu pedido seria atendido.

"Deus eu me decidi como vai ser o rapaz que eu vou me casar. Meu pai sempre diz que ele pedia para o Senhor uma mulher linda e o Senhor mandou uma mais bonita ainda, que é a mamãe. Eu não quero um rapaz bonito, não precisa ser forte, nem ter cabelo liso. Eu quero um rapaz alto, de olhos verdes quase azul. Eu quero que ele me ame muito, que ele me ame como o papai ama a mamãe. Eu quero que ele seja trabalhador e que eu possa ajuda-lo em alguma coisa. Tem tantos jovens perdidos no mundo... Acho que se eu puder ajudar um já vou me sentiria feliz. Deus abençoe que eu faça diferença na vida do meu marido, que eu possa o ajudar a ser feliz. Ele não precisa ser bonito, só me amar muito, e ter olhos verdes, ser alto também Deus, porque eu sou alta. Não me importo se ele vai ser gordo ou magro. Só com essas coisas que eu pedi, porque vai ser sinal. Deus continua abençoando a minha família, a igreja e obrigada por tudo que o Senhor me deu. Obrigada pela minha cama, pelos meus pais, obrigada pela minha cama e pela vida da dona Amélia que sempre nos ajuda muito. Obrigada pela minha escola e por tudo. Aceita a minha oração em nome de Jesus. Amém!"

A jovem menina se ergue e deita na cama, foi quase impossível não sonhar com o seu príncipe encantado naquela noite.

...


Sete anos depois....

Estou em pé encostada na parede ao lado da escada que leva até a galeria onde estou. As luzes estão apagadas e eu estou de roupas pretas o que me faz quase invisível aqui.

_Vou me arrumar, você não vem? - Carolina pergunta.

_Daqui a pouco. - respondo ainda com os olhos no rapaz alto que entrou porta.

_Vamos sair depois do culto, point gospel, quer vir? - Carolina pergunta entre minha apresentação de dança e a de teatro.

_Quero. - sorrio agradecida.

_Se importa de ir no carro do amigo bandidão que o Igor trouxe? - Carol fala como se não fosse nada de mais julgar o pobre rapaz

_Você não deveria falar assim do rapaz, não cabe a nós julgar as pessoas, mesmo que ele seja mesmo um bandido. - repreendo.

_Sabia que ia defender, isso me a leva crer que você não se importa de ir com ele. Meu carro está cheio mas quero muito que vá.

_ Tuuudo bem... - respondo sem ter a mínima noção de como vai ser isso.

Louvor, dança, teatro, palavra, fim...

Quando o culto terminou eu estava cansada, feliz como todos os dias depois de uma apresentação, eu amo dançar é como se algo fluísse de dentro mim, é tão bom que não é possível descrever. Troco de roupa pela terceira vez essa noite jeans e camiseta são meus melhores amigos hoje, um tênis no pé para fazer meus dedos relaxarem.

Carolina está saindo do salão quando a encontro no corredor que leva as salas. Ela elogia minha apresentação enquanto caminhamos até a rua. O noivo da minha amiga está parado do outro lado da rua conversando com o seu amigo. Eles estão rindo e parece haver algum tipo de provocação entre eles, devem ser amigos, o que reforça o fato do rapaz não ser um "bandido". Igor atravessa a rua com um lindo sorriso, gosto dele, dos dois, gosto ainda mais de vê-los juntos, formam um casal muito bonito e feliz.

_A Kerol já te falou que você vai com o Marcos? - Igor provoca levantando as sobrancelhas enquanto me faz a pergunta.

Desde que a minha amiga começou a namorar o Igor que ele está sempre procurando um par pra mim. Acho pura perseguição, qual o problema eu ficar pra tia?

_Amor já falei para parar de chamar assim! Se continuar eu vou ficar viúva antes de casar porque vou matar você! - Carol detesta ser chamada Kerol, isso tem tudo a ver com o bullying que sofreu na escola mas Marcos ama provoca-la.

_Você reparou que ela está me ameaçando? - ele me pergunta sorrindo, eles se provocam o tempo todo, é divertido.

Os dois se olham, uma faísca brilha em seus olhos. É bonito ver, mas sei que estou sobrando aqui, por isso atravesso a rua para falar com o garoto novo. Ele fica mais alto conforme me aproximo e ainda mais bonito, apesar de ameaçador.

_ Oi! - Digo com meu melhor sorriso.

_Oi! Ele responde, tem um sorriso bonito, dentes brancos e alinhados.

_Eu sou a Débora. - digo tentando minha melhor performance porque me sinto um pouco tímida.

_Marcos...

_Eu sei. - Respondo achando graça da forma como ele me olha, parece... não sei dizer - A Carol me disse. - completo.

A expressão confusa é impagável. Não sei onde a mente dele o levou, ele simplesmente parece ter se esquecido do nome da noiva do amigo, como se nunca tivesse ouvido falar nela.

_Ah, sim, a Carolina. Namorada do Igor. - acho que ele acordou! - Eles estavam ali agora! - Ele é realmente muito bonito, só não parece inteligente.

_ Eles foram chamar o resto do pessoal. Para ir a sorveteria, você vai né!? - sorri, tentando ser simpática e de alguma forma o ajudar, ele responde com um aceno. - Ainda bem, porque se não ia ficar sem carona, o carro do Igor está cheio. - dou de ombros.

_Eu não me importaria de te levar, mesmo se eu não fosse. - Isso foi uma cantada? Algum tipo de elogio? Prendo meus olhos nele pensando como me sinto com a sua declaração. Volto a sorrir, mesmo que tenha ficado tímida, tento me controlar.

_Você não é daqui, já foi a igreja alguma vez? - digo ao me recordar de vê-lo entrando na igreja.

_Não em uma como essa... - isso é interessante!

_Vamos? - Igor aparece e lança um olhar cheio de palavras que eu jamais saberia decifrar ao rapaz que está a minha frente.

_Qual o endereço? - ele pergunta ao amigo digitando algo no celular.

_Você me segue. - Igor diz já longe.

_Você sabe o caminho? - Marcos pergunta com uma expressão dolorida.

_Sei. É a três ruas daqui, descendo a avenida.

_Ótimo!

O caminho é curto e tranquilo, não tem música, conversa, não é constrangedor, quando chegamos ao point mais freguentado entre os jovens cristãos desse lugar todos estão espalhados em mesas ou encostados em seus carros na frente da sorveteria. A velha faxada foi reformada, algumas nuvens desenhadas sobre uma pintura azul clara.

_Doce Sonhos... - ele diz assim que sai do carro e vê o nome do lugar.

_Deveria ser "pecado da gula" - brinco, ganho um olhar confuso e me divirto com isso - É que toda vez que venho aqui acabo me esbaldando! Pareço uma morta de fome, é horrível!

Me explico e sigo para o lugar cheio de jovens. Alguns me abraçam e sorriem, sou dessa igreja desde criança, Marcos está mais uma vez com o olhar perdido, como se sentisse que esse não é o seu lugar.

_Vem... - pego sua mão quente - Você tem que pecar junto comigo! - brinco

Seus olhos correm pelo meu corpo e pela primeira vez na minha vida sinto algo estranho se apertar dentro de mim. Talvez não devesse ter usado essa expressão...

Acho que toda mulher na fase da terra alguma vez na vida sofreu da síndrome do super herói. Queremos salvar o garoto problema, a amiga que sofre em casa ou em seu relacionamento, os irmãos mais novos que sofrem bullying na escola, enfim...

Eu não tive irmãos para defender e minhas amigas nunca tiveram problemas em casa ou em seus relacionamentos, que eu saiba. Acho que é por isso que mesmo com meus dezenove anos me sinto impelida a me aproximar do homem com cara de mau e tatuagens que se esgueiram pela camisa de mangas curtas.

Ele é bonito. Está totalmente desconfortável, parece um garoto assustado, e eu acho isso bonitinho. Essa timidez e inseguranças vindos de um homem daquele tamanho é cômico. Sempre acho engraçado as pessoas que vem a igreja pela primeira vez, acreditam que ao darem o primeiro passo para dentro da igreja os "demônios" que elas julgam ter ou que outras pessoas tenham iram se manifestar. Mas na real não é assim que funciona.

Que a igreja é lugar de gente quebrada e cansada não é novidade. Não foi atoa que Jesus disse: "vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados..."  O grandão parece carregar bastante tristeza e eu não tenho dúvidas que aqui é o lugar certo pra ele.

_Ele é bonito... - Carol diz ao meu lado enquanto observamos o homem ao lado do Igor sorrir e se abaixar para pegar qualquer sabor se sorvete.

Sinto meu rosto queimar. Eu não sou do tipo muito tímida, me apresento na igreja quase em todos os domingos. Eu sou do grupo de dança e teatro por isso estou sempre em alguma atividade, mas por algum motivo me sinto acanhada.

Já namorei um rapaz tem algum tempo, se é isso que está pensando. Já beijei alguns rapazes também e... Definitivamente não é nada disso...

Talvez não consiga ocupar todos os dedos da mão com o número de garotos que beijei, mas... Isso não importa na verdade. Porque apesar de tudo isso o sexo oposto não causa esse tipo de sentimento.

_Sei que gostou dele... Ele é bem mais velho que você, tem história bem pesada... Drogas, crime e dizem que ele matou alguém. - Carol cochicha.

_Dizem? - pergunto com um quase humor, quase.

Bem, talvez seja por isso que estou me sentindo assim.

_Ele contou pro Igor, algo assim... - minha amiga responde ao dar de ombros. - ela está mentindo, deliberadamente, é muita cara de pau.

_Contou!? - estreito meus olhos para ela como sinal de incredulidade.

_Eu não entendi muito bem. Igor disse que ele tinha misturado muita bebida e drogas e que provavelmente estava a beira de uma overdose, parece que ele estava meio que delirando quando contou, disse que foi sem querer, que deixou a arma disparar e homem... morreu.

Ela não mentiu e eu me sinto estranha, um calafrio me sobe a espinha.

_É bem pesado mesmo, mas ele não parece alguém que usa drogas... - Digo sem tirar os olhos dele. Que me pega em flagrante.

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Como disse esse é um livro bem diferente de tudo que já escrevi. Espero que gostem e desculpem por qualquer coisa.
Obrigada por ler

Ouçam as músicas que tenho deixado.

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