𝚘 𝚓𝚊𝚗𝚝𝚊𝚛

𝟸𝟻 𝚍𝚎 𝚓𝚞𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚎 𝟸0𝟷𝟼 

𝟸𝟹 𝚑𝚘𝚛𝚊𝚜 𝚎𝚖 𝚆𝚘𝚘𝚍𝚕𝚊𝚗𝚍

𝚂𝙰𝙼𝙰𝙽𝚃𝙷𝙰 𝙷𝙰𝚁𝚅𝙸𝙲𝙺

TW: Assédio sexual e pedofilia.

Estou ciente de que há quem discorde, mas eu não sou nenhuma tapada.

Sei que existe gente ruim por aí. Mesmo presa na torre metafórica de Dona Tara, eu sempre assisti aos horrores retratados no noticiário. Sei que tem gente que mata por prazer, que ameaça o bem-estar da sociedade e carrega faces doentias por uma vida toda. Sei que o mundo não é um mar de rosas ou um conto de fadas — e, se fosse, dificilmente teria finais felizes.

Eu também sei que Colin está certo. Meu pai nem sonhava que era meu pai ao me chamar pra jantar, mas eu criei um escudo contra a decepção e espantei qualquer traço de desconfiança com ele. Afinal, ninguém quer desconfiar que o pai se atrai por garotas com metade da sua idade e, ainda por cima, vai atrás delas. Não tenta reprimir suas vontades.

É como torcer por um sapatinho de cristal e receber uma sapatilha de plástico. Desde que consigo me lembrar, eu devaneava sobre o pai que teria como meu e queria que ele fosse alguém decente, com valores dignos e uma história bonita. Eu não me remoí com a dúvida durante dezesseis anos para terminar com um cara que jamais poderei amar. Eu fugi de casa, traí a confiança da minha mãe, passei por cima dos sentimentos do meu melhor amigo e tive meu escudo estraçalhado pelo homem que mais desejei conhecer.

Ele vem dando em cima de mim a noite inteira. Meu pai.

A conversa com Colin não me convenceu a recuar, mas certamente plantou um alerta vermelho no fundo da minha mente, o que revelou a verdadeira intenção dos sorrisos, das gentilezas excessivas e das mãos insistentes sempre me procurando.

Eu teria me sentido sozinha como garanti que não estaria se não fosse por Miado. Graças a ele, John e eu comemos na rua, sob a vigilância dos pedestres e clientes atrás dos vidros cristalinos do restaurante — foi como se eu pudesse pedir ajuda facilmente em todas as ocasiões em que fiquei tentada. Meu pai, em contrapartida, não gostou muito da companhia penetra do cachorro, e ainda alegou não ser um grande entusiasta de animais.

Humph. Aposto que maltratava uns quando era menor.

Agora, finalmente a caminho do carro de John, eu penso de novo nas palavras de Colin. Talvez ele não precise saber. Uma vez mais, meu melhor amigo prova a sua mania irritante de ter razão. Ele tinha razão desde o ensaio e estou quase convicta de que sou uma vaca por ter submetido Amanda à condição de isca. Modelagem já é uma carreira problemática e instável o suficiente. Nós deveríamos ter tido mais cuidado.

Respiro fundo. John tagarela sobre seu fetiche por mulheres asiáticas e eu estou à beira de gritar em frustração.

— Tenho que te contar uma coisa — o interrompo, seca, punhos cerrados rente ao corpo.

John me olha, interessado.

Estamos descendo pela calçada íngreme, escoltados pela noite levemente abafada que bafora em nossas costas. Eu seguro a saia do vestido com uma mão e a coleira de Miado, o cão cansado, com a outra. Meu estômago está embrulhado até o esôfago. É bobo, mas ainda guardo esperanças de que as últimas tortuosas horas tenham sido apenas um delírio.

Se eu fosse a minha mãe agora, riria horrores da minha cara. Minhas reclamações sobre Dona Tara ganharam uma insignificância totalmente inédita depois que enxerguei a conexão nada agradável entre a superproteção dela e o comportamento imundo de John. Por mais que eu realmente não ache que o homem saiba que tem uma filha, talvez mamãe estivesse tentando me proteger dele com unhas e dentes, e não gosto de pensar no que teria amedrontado tanto a mulher mais valente que conheço.

— Pode contar, Sam — John fala. — Sou todo ouvidos.

Eu abro a boca, mas nada sai. Minha língua coça com a verdade, se recusando a expulsá-la, em uma batalha interna com a intuição.

Se eu disser o que minha mãe fez questão de esconder por anos, estarei botando tudo a perder e me arriscando à obrigação de conviver com John pelo resto dos meus dias, como se nada tivesse acontecido.

O ponto bom é que a descoberta dele sobre nosso parentesco provavelmente acabaria com os flertes incestuosos, mas o ponto ruim é literalmente todo o resto.

É difícil abrir mão de um desejo que tenho pelo tempo que raciocino. Eu precisava de um pai só pra mim e precisei em dobro quando minha mãe tornou-se minimamente distante — entretanto, John Barker não é esse pai. Eu jamais poderia tê-lo na minha vida e, levando em conta o seu péssimo caráter, tampouco quero. Talvez o prefira na cadeia.

— Eu estava ontem... com o Colin... no parque de diversões — embromo, pigarreando. — Nós vimos você lá. Talvez até tenhamos aparecido em uma das suas filmagens.

Com as duas mãos nos bolsos da calça, John tosse um engasgo pra fora. Ótimo sinal. Não é como eu reagiria se estivesse com a barra limpa.

Merda, pai. Não crianças de verdade.

— Ah, sim, sim. Bom. Eu não vi vocês em filmagem nenhuma, não.

— Hm. E o que estava filmando?

Ele limpa a garganta, olhando pra frente.

— Ah, você sabe. — John desenha um arco desajeitado com uma das mãos. — O movimento, as pessoas. Sempre gostei de registrar. Curto as câmeras desde que era moleque.

Eu me lembro de minha melhor amiga diante das câmeras na agência dele, sorrindo e se esbaldando numa das raras manhãs em que não estava mal-humorada como um leão. Calafrios me eletrizam ao imaginar o que John gostou de registrar nela. De repente, o choro retorna com tudo, apavorado por mim, por Amanda e pelas consequências da minha estupidez em querer conhecer o meu pai.

— Você tem filhos? — indago.

— Filhos? Não que eu saiba. — John ri, ignorante acerca da exatidão absurda de sua resposta. Sequer me forço a esboçar um sorriso. — Mas eu sou operado, Sam, não esquente.

Eu paro de andar e o cachorro pende a cabeça na coleira. Minha felicidade por John não poder colocar mais filhos no mundo só dura até eu entender em que sentido ele está me dizendo para não esquentar.

Cubro a boca com a mão, a insinuação nojenta do homem forma o vômito em minha garganta. John também para a alguns passos, confuso.

— Samantha? Tudo bem? — Ele aparenta genuína preocupação, se reaproximando. Sua mão áspera encosta em meu braço, ao que eu fecho os olhos para não desmaiar e ficar inconsciente em sua presença. — Meu carro está logo ali. — John aponta com o dedão para o Sandero prateado poucos postes adiante.

Sacudo a cabeça para dizer que estou bem, mesmo que não esteja. Tenho a impressão de que, se abrir a boca pra falar, vou vomitar nos pés dele o jantar de quatro gerações inteiras. Devo estar pálida, uma vez que Miado pula com as patas em minha coxa para tentar me reanimar.

Casualmente, meu pai me arrasta devagar para perto do veículo. Estou quase grudando as sandálias no chão, com medo de ser raptada.

— Aqui. Consegue entrar? — Ele faz menção de abrir a porta do carro.

Há. Nem fodendo.

Sinalizo uma negativa com o dedo ao me apoiar na lataria do Sandero. O suor frio escorre pelas laterais do meu rosto enquanto inspiro e expiro para aplacar o enjoo.

— Deve ter sido o pudim que você comeu — John pondera. — Eu disse que era melhor dividirmos.

É, mas ele disse uma barbárie semelhante sobre a massa também.

Se eu tivesse escutado alguma piadinha sobre a clássica cena da Dama e do Vagabundo, teria cometido um crime.

— E alguma marca de nascença? — pergunto, ao enfim recuperar a voz. — Você tem?

John estranha a súbita mudança de atitude, mas não desaprova. De acordo com o que manda o figurino de quase todo imbecil, já reparei que ele ama ser o centro das atenções. Nosso jantar volveu ao redor da vida dele, dos projetos dele, de suas experiências sexuais exageradamente gráficas e detalhadas. Ele não perguntou droga nenhuma sobre mim. Embora eu não fosse responder nem amarrada, foi decepcionante.

— Tenho uma marca no braço — fala o homem —, mas é cicatriz de queimadura.

Eu pisco. Decerto a cor regressa um pouco para a minha pele e o vômito iminente é esquecido.

— Como é que é?

— Pois é. Me queimei no trabalho. Um daqueles refletores caiu em cima de mim.

Refletor. Se queimou no trabalho. Minha única "prova" de que um cretino filho da puta é meu pai era a marca de nascença que nunca existiu.

— Nenhuma marca de nascença? — repito.

— Não. — Ele se verga um tanto na minha direção. — Mas você pode procurar por si mesma se quiser.

Eu arfo com o oxigênio afobado que entra pelo buraco errado.

Em uma realidade paralela, a possibilidade de John não ser mesmo o meu pai seria um tremendo balde de água fria, mas, com o babaca que cresce sua ousadia diante de mim, é uma salvação divina. Se a ausência da marca de nascença realmente traz uma boa notícia ou não, eu ainda vou acreditar que John e eu não somos nada. Que nunca fomos.

Ele é um babaca asqueroso.

Revigorada, eu o empurro para longe pelo ombro e tento me afastar. É quando sou fechada com dois braços ao lado do meu pescoço, o rosto de John a centímetros do meu. Miado late em protesto.

Oh-oh.

— Eu tenho dezesseis anos — é tudo o que consigo balbuciar.

— Eu sei — ele retruca, baixo. — Não foi por isso que viemos comemorar?

Nego com a cabeça, engolindo a saliva seca.

— Não. Eu tenho dezesseis anos. Não vou fazer nada com você.

A escassez de qualquer estresse no semblante de John me provoca as piores sensações para se ter com um cara: Impotência, captura. Não parece que tenho a escolha de não fazer nada.

— Interessante — sibila ele. — Sua idade não era um problema pra dar mole pra mim na agência.

— O quê?! Eu nunca dei mole pra você, seu pervertido! — guincho, insultada.

Miado late mais e mais alto, agitado, querendo me avisar do perigo.

Eu sei, garoto. Estou cara a cara com ele.

— Ora, me poupe. Eu a flagrei várias vezes, toda engraçadinha e me encarando. E não fui eu quem puxei assunto primeiro.

Eu olho em volta, o coração turbinado nas orelhas, em busca de alguma alma caridosa por perto — de preferência uma mulher que possa me ajudar sem nenhum escândalo maior. Agora tenho medo de como John agiria se eu me esgoelasse para ser acudida. A rua do restaurante é só uma viela estreita e pouco movimentada, revestida por pedras cinzas. O homem teria muita oportunidade para simplesmente me jogar dentro do carro e dirigir até sei lá onde sem que ninguém aparecesse.

— Me deixe ir. Por favor. Meus amigos já devem estar preocupados.

Ambos já estavam preocupados a partir do momento em que mencionei o maldito jantar. Amanda foi menos direta que Colin, mas eu ouvi a incerteza em seu tom quando me perguntou porque raios John havia me convidado. Eu não devia ter me irritado com ela por abrir o bico para o irmão logo depois. Não devia ter me irritado com minha mãe por me guardar do mundo como seu bem mais precioso.

Seja tosco ou não, mas eu preciso do cuidado alheio. Minha primeira vez sem ele, se já não fosse a última, definitivamente seria traumatizante.

— Não, não, Sam. — John enfim parece mais aborrecido, o maxilar trincado. Quero arrancar meu nome e apelido de sua boca e lavar com cloro. — Você não vai a lugar nenhum sem me agradecer pelo jantar que acabo de pagar. Não foi barato, sabia? E você sabe muito bem que eu... — Miado late incessantemente por cima da voz dele, respondendo desaforos pela dona covarde. — CALE A MERDA DA BOCA, PORRA DE CACHORRO!

John dispara um pontapé na cara do animal, e eu grito de horror.

— AI MEU DEUS, MIADO!

Miado, felizmente, é menos bundão do que eu. Ele pode ser dorminhoco, preguiçoso e meio ineficaz no serviço que minha mãe o atribuiu, mas sem dúvidas mostra ao que veio quando tem o focinho chutado.

Tudo degringola muito depressa: John direciona sua fúria pra mim, me mandando calar a boca e entrar na droga do carro. Uma buzina furiosa eclode na rua, e meu cachorro salta com os caninos à postos para uma mordida certeira no joelho do homem. John esbraveja com a dor que suja de vermelho o azul do jeans, e cai de bunda no chão, pernas levantadas.

Ele me xinga de todos os nomes em seu vocabulário chulo. Puta, vadia, vagabunda, e por aí vai.

Eu agarro a coleira de Miado para fugir, mas mal consigo puxá-lo antes que mais um grito estoure para compor o caos da noite.

— SAI DE PERTO DA MINHA FILHA, DESGRAÇADO!

Minha filha.

Eu me viro de imediato para a voz familiar, só então percebendo as lágrimas que rolam pelas minhas bochechas.

Mamãe se exibe na posição de uma super-heroína atrás do vilão. Os cabelos estão presos num coque, prontos para o combate, a calça jeans e a jaqueta combinam no melhor estilo fodão de todos os tempos. Com ela, estão Weston, Colin, Amanda e um policial fardado. (Quase) minha família. Toda a saudade que senti de Dona Tara arrebenta de uma vez em meus olhos marejados e meus soluços.

John, derrotado e com dor, olha de mim para o pessoal como se alucinasse.

— Tara?! — A voz dele esganiça na forma mais crua, franca e patética de terror. — O que você...

— Samantha, meu amor. — Mamãe chora o dobro que eu ao me ver ilesa, na medida do possível. — Você está bem? Ele te machucou?

Minha resposta vem no formato também cru e franco — mas nada patético — de me atirar no abraço de mamãe como uma andarilha se atiraria em um oásis. Eu choro copiosamente, aliviada, feliz por resgatar a segurança dos braços dela e seu cheiro de lar. Minha mãe é o meu lar.

Ela afaga meus cabelos com as mãos trêmulas, e todos os nossos pavores se anulam em confronto uns com os outros. Dona Tara jamais chorou na minha frente e, aqui, ela quase se afoga por culpa da filha imprudente.

— Querida, Sam-Sam... — ela reitera, baixinho, sem parar de me ninar. — Eu tive tanto medo por você...

Soluço, minhas mãos afundam mais nas costas de mamãe. Não pretendo largá-la nunca mais, e tenho certeza de que o sentimento é recíproco.

— Tara? Tara? Tara! — John recebe um auxílio pra lá de grosseiro do oficial para se levantar, apesar do joelho mordido. Miado ainda rosna pro homem, mas os tapinhas de Amanda em suas orelhas já lhe tranquilizaram um pouco. — O que é isso? Pra onde está me levando? — Ele exige explicações ao policial, e manca ao seu lado para o Sandero. — Eu preciso ir ao hospital! Aquele cachorro...

Colin acerta um soco potente em sua barriga, que não falha em lhe calar a matraca. Com um gemido sem fôlego, John se dobra sobre as coxas.

— Fica quieto, seu merda — meu melhor amigo ralha. — Não sabe o quanto eu tô doido pra acabar com a tua raça.

— Já chega, rapaz — o policial interfere, a mão espalmada numa repreensão nada severa. Ele olha pra John, todo contorcido em seu drama, como eu olho para os insetos que aparecem em casa, e fica claro que gosta do homem tanto quanto nós. — Vou levar o Sr. Barker ao pronto-socorro e depois à delegacia para alguns esclarecimentos. Podemos usar o seu carro?

O filho da puta gane, sonso.

— Delegacia? Mas eu não fiz nada. Foi a garota que quis sair comigo.

O abraço de mamãe abruptamente se transforma, indo de um arco-íris para uma manhã meio nebulosa. Ela me solta e me afasta pelos braços, os lábios esticados em um sorriso frágil, olhos cheios de determinação e amor. Eu esquadrinho seu rosto para me certificar de que nenhuma linha, ruga ou manchinha se modificou desde a última vez em que a vi no sábado.

Minha mãe continua linda; e a pessoa mais importante da minha vida.

Ela deposita um beijo maternal em minha testa e gira nas botas para John e o policial.

— Eric — chama, plena, com um ar cortês de autoridade. — Pode me dar um segundinho com ele?

Indeciso, o homem intercala o olhar entre John e Tara e Tara e John. O ex de mamãe a encara, perplexo, um cético irredutível diante de um fantasma.

— Certo... — o policial assente. — Um segundinho.

— Maravilha. É tudo o que vai levar.

Mamãe toma o impulso do alto, e sua mão desce o percurso inteiro em alta velocidade para a cara de John. O tapa é tão carregado que estala em volume considerável, ao ponto de encolher os ombros de todas as testemunhas. O rosto de John, agora com um enorme carimbo avermelhado na bochecha, é torcido para a direita. Ele não expressa reação alguma. Só fica estático, vidrado nos pneus do carro em silêncio.

— Sonhei com isso por dezessete anos — mamãe comenta, entusiasmada, e infla os seios numa respiração funda. — Espero que esteja preparado para o Inferno, seu pedófilo de merda.

Colin, Amanda e até meu padrasto abrem sorrisos vingados. John arregala os olhos para a minha mãe e é rebocado pelo policial que parece ser amigo dela para o Sandero.

Eu estou contente, sim, mas igualmente assombrada pela frase de efeito da Dona Tara. Dezessete anos coincidem com o período em que ela estava grávida. Estou exausta demais para compreender o que porra isso pode significar, e uma alternativa mais simples é voltar a chorar, sobrecarregada pelo pesadelo de, no fim, compartilhar algum gene com aquele verme desprezível.

A atenção se foca no meu enésimo colapso do dia. Conduzido pelo policial Eric, o carro com John parte rua abaixo.

— Eu sei, meu amor, eu sei.— Mamãe aninha minha cabeça na curva entre seu ombro e pescoço, comovida. — Mas já passou. Prometo que ele nunca mais vai pôr os olhos em você.

Emito novo soluços acuados contra suas clavículas salientes.

— Só me diz que ele não é o meu pai, mãe. Por favor.

Com as palmas das mãos delicadas, mamãe enxuga minhas maçãs do rosto.

— Ele não é, Sam-Sam — sussurra, bem baixinho, na confidência de um segredo que só nós duas podemos saber. — Eu nunca seria tão cruel com você. Nem se fugisse de casa para encontrar um babaca.

Minha gargalhada embargada descarta para longe do meu coração qualquer receio. Nada mais interessa.

O pedófilo de merda não é meu pai.

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