𝚊 𝚟𝚎𝚛𝚍𝚊𝚍𝚎
𝟸𝟼 𝚍𝚎 𝚓𝚞𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚎 𝟸0𝟷𝟼
𝟸𝟽 𝚑𝚘𝚛𝚊𝚜 𝚎𝚖 𝚆𝚘𝚘𝚍𝚕𝚊𝚗𝚍
𝚃𝙰𝚁𝙰 𝙷𝙰𝚁𝚅𝙸𝙲𝙺
TW: Menção à pedofilia, relacionamento abusivo e violência sexual.
Eu acredito que toda mãe que se preze pare seus filhos duas vezes; primeiro, para o mundo e, depois, para os erros. Infelizmente, a dor de ambas é similar.
Até aquela fatídica manhã de domingo, quando acordei para descobrir a enganação de travesseiros na cama de minha filha, eu a tinha parido apenas para o mundo, e nem permiti que ele lhe encostasse muito. Samantha nunca foi de dar trabalho — provavelmente porque não teve chance de ser —, mas fugir de casa para encontrar o seu pai foi de fato uma boa vingança pelos meus anos de paz.
Pra começar, eu sabia que ela não tinha noção do que estava fazendo.
Simplesmente não existia a possibilidade de minha filha ter cismado com o cara certo. Seu pai e eu não passamos de um caso isolado em uma noite de embriaguez e amargura. Eu não tive mais nenhum contato com ele desde que dormimos juntos, nem guardei nada que conectasse a nós dois — a não ser Samantha, é lógico. Para ela ter desvendado o mistério corretamente, só se tivesse voltado no tempo.
E, evidentemente, ela não voltou.
Eu tive que ir atrás do pai de Samantha com dezesseis anos de atraso para me certificar de que nenhuma adolescente abilolada havia o procurado recentemente. Foi constrangedor reaparecer no Facebook de Aidan do nada, como uma mãe desesperada, enquanto Weston relatava a fuga das crianças à polícia. Eu não tive energia para explicar ao cara porque diabos minha filha o procuraria, mas prometi que conversaríamos quando eu resolvesse a bagunça instalada em minha vida — e não cumpri com a palavra ainda, mas tenho certeza de que ele já ligou os pontos sozinho à essa altura.
Depois de falar com Aidan, adicionei mais dois problemas para a minha lista:
1º: Samantha estava na cola de alguém que não tinha nada a ver com ela;
2º: Eu tinha um péssimo pressentimento de quem era.
A polícia se recusou a cooperar com a busca porque, segundo eles, não seria um caso de sequestro ou desaparecimento. Eu estou convencida em todas as fibras dos meus ossos que há interferência de Dean e Camila Shields na negligência da corporação. Colin e Amanda haviam se escafedido também e seus pais sequer tiveram a decência de atender as minhas ligações — ninguém teve.
Ao final do dia, desamparada pelas autoridades e apavorada pela minha filha, eu entrei no carro com Weston para seguir meus instintos.
Não me resta dúvida sobre a implicância de Sam com meu noivo. Uma das únicas ocasiões em que ela não estava emburrada pela presença dele em casa foi quando realizamos uma limpa nas minhas tralhas do sótão, e eu a flagrei olhando meu anuário do último ano da escola com óbvia fascinação. Não pensei nada demais a respeito na época, apesar do aperto insistente em meu peito ter tentado me alertar que aquele era o princípio de uma puta dor de cabeça. Nas páginas amareladas do caderno velho, Samantha ficou frente a frente para John Barker, que foi só de quem eu me lembrei no auge da confusão toda.
Era um tiro no escuro, mas precisava ser certeiro.
Nas redes sociais do maldito, eu confirmei que ele ainda morava em Woodland, e, pior: Comandava uma agência de modelos de nome cafona.
As peças se encaixaram com uma exatidão horripilante. Eu me lembrei de Amanda, minha filha postiça, e de suas aspirações antigas de fama e modelagem — uma carreira arriscada, que a sujeitaria a nadar em um mar de tubarões capazes de abocanhá-la ao menor vacilo. Tubarões como John, por exemplo. Sei que as pessoas mudam, mas filhos da puta raramente.
Mais um problema para a minha lista. As crianças só podiam estar em Woodland.
A viagem até a cidade certamente foi um tormento de telefonemas, torpedos ignorados e números bloqueados. Samantha me disse que estava bem — o que foi um alívio tremendo —, mas eu insisti até que meu pacote de dados acabasse. Admito que não deve ter sido a melhor estratégia para comunicá-la acerca do perigo que estaria confrontando, já que meus textos sobre a podridão de John e a real identidade de seu pai biológico se perderam em meio àqueles repetitivos e autoritários. Aposto que Sam não leu praticamente nenhum e por isso aceitou ir na droga de um JANTAR com um pedófilo de meia tigela.
Honestamente, eu sei que a culpa é quase toda minha.
Eu criei minha filha no mais rígido dos regimes, sem jamais me justificar além do clássico eu só quero o melhor pra você. Proteção sem motivo parece apenas controle, tanto que eu já fui taxada de psicótica (e Gothel) inúmeras vezes — algumas na minha cara. Era previsível que, cedo ou tarde, no período da vida inventado para fazer besteira, Samantha se rebelasse.
Ela só não precisava ter levado nosso cachorro junto.
Okay. Brincadeira. Só o que eu gostaria é que minha Sam-Sam tivesse sido sincera sobre sua loucura de caçar o pai; mas acho que não a dei muita abertura pra sinceridade. Eu mesma não tenho sido sincera com ela sobre assuntos que a afetam diretamente, pois sempre a tiro como nova demais para escutar algumas histórias. Filhos crescem, e também é difícil pari-los para suas vidas independentes, com opiniões, valores e experiências próprias. É difícil saber que a maioria dessas não será muito gentil — só a minha cidade natal já me lembrava justamente de muitas experiências ruins que tive com a idade de Sam.
Experiências com John, a propósito. Ao enfim conseguir falar com Colin pelo celular de Wes e descobrir que o desgraçado tinha a minha filha, eu só não enfartei porque precisava assegurar que Samantha estava bem antes.
Tudo o que Colin e Amanda sabiam sobre o paradeiro dela era que o restaurante do jantar ficava próximo ao pulgueiro onde se hospedaram. Nós paramos em uma delegacia no caminho para que eu pedisse um favor a Eric, um velho amigo da escola. Eu e ele éramos carne e unha antes da universidade nos distanciar, e eu me lembrava bem que o homem planejava ser policial para defender a comunidade. Foi pela graça dos anjos que os planos dele de fato se concretizaram, e Eric não pestanejou em me ajudar a recuperar Samantha e ouvir minhas denúncias sobre John.
Ele também não era um grande fã do cara desde o nosso namoro no colegial. Achava bizarro que andasse sempre com uma câmera.
O que facilitou nossa procura foram os latidos de Miado audíveis pelo quarteirão inteiro. Se não fosse pelo cachorro, quem sabe se teríamos encontrado Samantha a tempo de prevenir uma tragédia.
John estava caído, machucado e apavorado, como eu muito desejava que estivesse, faltando apenas as grades da cadeia e a sentença de dezenas e dezenas de anos de prisão por seus crimes — mas aí já não era comigo.
Só o que importa é a minha Sam-Sam, meu sonho em forma de filha, aninhada em meu colo na cama como a criancinha que um dia foi.
Um dia. Ela já está muito grande para caber no meu abraço sem esmagar as minhas costelas.
— Não consigo dormir — murmura na escuridão do quarto, baixinho.
— Eu sei — retruco, no mesmo tom. — Seu coração não desacelerou até agora.
Samantha solta uma respiração trêmula e se reacomoda no colchão pouco confortável, puxando os braços para longe de mim.
— A senhora sabe que eu não vou descansar até entender o que porra tá acontecendo.
Lhe repreendo com um tapinha na orelha.
— Olha a boca.
— Por favoooooor. — Ela me dedica seu bico de cãozinho abandonado.
Eu suspiro, o cansaço impregnado em meus neurônios.
— Não pode deixar pra amanhã, filha? No carro eu conto tudo pra você.
— Não. Eu preciso saber agora pra dormir agora.
Olho ao redor, para o quarto de hotel com a lotação bem acima de sua capacidade. Os gêmeos dormem na outra cama, Miado em cima de um travesseiro e Weston em um sofázinho que não faz justiça ao seu tamanho. Todo o estresse que vivemos nos últimos dois dias só reforçou minha convicção de que ele é um parceiro para a vida inteirinha, e mal posso esperar para nos casarmos.
Olho de volta para a minha filha, que ergue um par de sobrancelhas implicantes pra mim.
Suspiro outra vez, me desembrulho dos edredons e aceno com uma mão para que ela me acompanhe.
— Vamos a outro lugar para não acordar ninguém.
Assim que despontamos no corredor e eu fecho a porta pela maçaneta, Samantha cruza os braços no pijama e me empurra com o ombro.
— E então...?
Balanço a cabeça, numa risadinha abobada. Ruim com os filhos, pior sem eles.
— O que você quer que eu fale, peste?
Ela arregala os olhos.
— Tudo, né, mãe. A senhora sabe quem é o meu pai?
Pelo bem do meu orgulho, não vou assumir que tive sérias dúvidas logo que descobri a gravidez.
— Tá achando que eu sou o quê? É lógico que eu sei. — Samantha recebe outro tapa, agora na nuca. — Falei com ele antes de vir pra cá, inclusive.
— Aimeudeus. — Mais olhos arregalados. Estou com medo de ver seus globos oculares saltarem das órbitas. — É alguém que eu conheço? Que tratei só como um tio esse tempo todo? Não me diga que é o carteiro.
Eu gargalho, e nós descemos pelas escadarias estreitas.
— Eu não sei mais se você vê a sua vida como um conto de fadas ou uma novela mexicana.
— Fala logo, mãe! — Samantha guincha, indignada.
Eu sorrio.
— Seu pai é um homem comum, filha, até onde eu sei. Ele se chama Aidan e parece que é funcionário público...
Somente de acordo com suas informações no Facebook, é claro. Também não tive energia (ou cara de pau) para colocar a conversa em dia em nome dos velhos tempos.
— Okay... — Samantha parece conter a empolgação. — E vocês foram namorados, peguetes, amigos?
— Fomos dois jovens tolos que se deixaram levar em uma boate mequetrefe. — Eu contorno os ombros de minha filha com um braço, e enfio a outra mão no bolso da calça. — Eu não estava em um estado emocional muito bom quando o conheci. Ele namorava uma professora da minha faculdade que tinha quase o triplo da idade dele. Fiquei furiosa porque não suportava a mania das pessoas em se atraírem por outras tão mais novas. — Abaixo a cabeça, e engulo em seco a saliva. A expressão de Sam é tomada por uma compaixão comovente. — Decidi dar uma lição na mulher e dormi com ele.
— Misericórdia, mãe...
Concordo, sem-jeito.
— Foi por isso que nunca contei pra você. Eu não tinha certeza se me entenderia sem saber de outras coisas e não queria que achasse que sou uma vaca. Ou que está tudo bem ser uma vaca porque às vezes sai uma menininha linda disso. — Cutuco a ponta do nariz dela com o indicador, e Samantha sorri. — Eu sinto muito, querida.
— Eu sei, mamãe. Mas, pelo lado bom, a senhora não foi uma vaca sozinha — consola ela, em referência ao pai comprometido.
Eu meneio com a cabeça.
— É. Também não contei nada a Aidan porque... — Amasso os lábios um no outro, na hesitação em libertar as palavras. — Eu não pretendia ficar com você. Ia te colocar pra adoção.
Sam empaca perto das portas do saguão, e me olha com certo choque.
Eu era uma universitária de dezenove anos, sozinha e desempregada, sustentada pelos pais num apartamento embolorado em Rochester. Minha única função na vida era estudar para me tornar alguém um dia, mas acabei engravidando do namorado da professora no primeiro mês de faculdade. Pareceu que eu jamais poderia alcançar os meus objetivos (e não ser deserdada da família Harvick) com o fruto de uma bebedeira idiota no colo. Eu não havia sido responsável nem para cuidar de mim mesma, que dirá de um bebê. E realmente tive medo, horror até, de que minha filha fosse filha de John Barker também.
Mas, uma consulta de ultrassom me informou que eu estava de onze semanas. As datas não batiam com John; ele não era o pai.
Foi a primeira vez que eu considerei não despachar a criança. Coincidentemente, a vez que decidi em definitivo também foi no ultrassom, alguns meses mais tarde.
— Uau — Sam murmura, e despenca num banquinho vazio. — Essa doeu.
Me sento com ela, e a trago para o meio dos meus braços novamente.
— Quando eu soube que você era menina, também soube que seria muito mais complicado pra você, como é para todas nós. — Tombo minha bochecha no topo da cabeça de Samantha, acariciando sua pele suave. — Não pude mais correr o risco de entregá-la nas mãos de quem talvez não a amasse como eu. De quem poderia causá-la algum mal do qual eu estava sempre tentando protegê-la.
Samantha funga com o choro educado.
— Não consigo me imaginar como filha de outra mãe que não seja a senhora.
— Não mesmo? Eu sei que posso ser meio complicad...
— Shiu. — Ela me corta. — Não estrague o momento.
Eu gargalho baixinho, quase sem fôlego pelo tanto que Samantha me aperta contra si. A garota até espreme minhas lágrimas para fora dos olhos.
— Tá certo. — Prolongo a risada, me divertindo. — Confesso que ainda estava meio insegura quando você nasceu. Eu escondi a gravidez de todo mundo para garantir que a escolha final seria minha, sem qualquer interferência externa no meio. — Arreio a vista para a filha que me encara com interesse tantos anos depois, e sorrio. — Mas eu olhei pra você, e vi que tinha os meus olhos. Acho que foi toda a segurança que eu precisava.
Ela aninha sua cabeça em minha clavícula, com novas fungadas.
— A senhora podia ter contado pro meu pai depois que eu nasci.
— Podia, mas eu demorei anos pra aceitar qualquer homem perto de você. — A belisco de leve no antebraço. — E já frequentei muita terapia, sim, engraçadinha.
— Pois devia exigir seu dinheiro de volta — Samantha zomba, risonha.
Acho graça. É bom ouvi-la feliz.
— Palhaça. Você não diria isso se lembrasse de como eu era logo que tive você.
Em poucas palavras: Completamente desequilibrada.
Durante o primeiro ano de Samantha, ninguém meramente suspeito respirava o mesmo ar que ela sem a minha supervisão — nem o meu próprio pai. Eu não a deixei sozinha com qualquer pessoa, de confiança ou não, e quase não consegui sobreviver ao segundo ano por causa da neurose. A terapia em que fui forçada a ir me guiou por um processo longo e desafiador de evolução, mas nunca me livrou das memórias e do receio.
Vez ou outra, em meus piores pesadelos, homens malvados com os traços de John ainda surgiam para levar Samantha e machucá-la.
— Mãe. — A menina ergue o corpo do abraço, e me fita com seriedade. — O que foi que o John fez pra senhora?
Comprimo os lábios, retendo dentro das bochechas o que eu gostaria de nunca ter que contar.
John e eu nos conhecemos no Ensino Médio. Ele tinha quinze, eu catorze. Nossa amizade prosperou até virar um namoro pouquíssimo saudável, cheio de discussões, ciúmes e idas e vindas. Quando avançamos as casinhas no relacionamento, eu comecei a ter a impressão de que era um simples depósito de porra para o tesão que John sentia em outras coisas, e que ele não gostava de mim como deveria gostar. Minhas intuições se silenciaram por anos, cegas pelo babaca que me pintava de doida.
Em retrospecto, eu preferia mil vezes que ele estivesse certo.
— Na semana antes da minha partida para a faculdade — inicio, baixo, num sussurro penoso —, sua tia Reena fazia aniversário. Nove anos. Nossos pais organizaram uma festinha de piscina na casa e meu namorado obviamente foi convidado. John filmou tudo o tempo inteiro, como sempre. Eu nunca tinha assistido as gravações porque ele não deixava, mas, naquele dia... ele esqueceu a câmera no meu quarto.
Samantha morde o lábio inferior, desconfiada do desfecho da história. Seus olhos atentos esquadrinham o meu rosto.
— A fita toda era uma espécie de filme com imagens, zooms... — A pressão do choro me enforca, aliada à náusea da lembrança imortal do que assisti na minha televisão de tubo. Sam acaricia minhas costas curvadas, lagrimando também. — Na minha irmã, nas outras crianças. Crianças, algumas abaixo de seis anos. Não foi muito difícil juntar dois mais dois.
Foi, na realidade, traumático.
O que particularmente me assombrou por séculos foi a respiração pesada e constante de John atrás da câmera. Era um som que eu reconhecia da cama, que jamais havia soado tão genuíno comigo quanto na filmagem dos corpos das crianças. Eu passei mal por horas depois de ver e rever tudo o que provava que eu não estava louca, que não existia qualquer outra interpretação para o terror reproduzido na tela, e que meu namorado era a droga de um pedófilo. Tive tanto pavor de que ele já tivesse tocado a minha irmã caçula... Reena parecia bem e feliz, mas talvez não estivesse.
Minha neurose desabrochou quando me perguntei se John já havia tocado qualquer criança.
A última vez que eu o vi antes de hoje foi na madrugada em que ele voltou para pegar sua câmera e eu o mandei sumir da minha vida na porta de casa. Pra sempre.
John soube imediatamente que eu sabia, e eu enxerguei em seus olhos sujos o medo do que eu iria fazer. Eu poderia ter feito muito, mas já são quase duas décadas tarde demais.
Denunciar para a polícia teria sido a medida mais óbvia se um acesso de raiva não tivesse destruído a única evidência com a minha bota de couro. Sem falar que não era provável que os policiais da velha guarda fossem acreditar na queixa de uma imigrante sobre um branco de família abastada. Hoje eu entendo que os caras provavelmente tomariam uma cerveja com John; não era como se fossem uns santos também.
Eu não tinha muito para onde correr. Em uma cidade pequena, conservadora e hipócrita, é comum se sentir encurralado.
Com o temor que John de fato fosse castigar a minha irmã se eu o dedurasse a alguém, eu torci que o susto bastasse para sossegá-lo e nunca parei de telefonar para saber se Reena estava a salvo.
Em resumo, fui uma covarde ingênua e conivente, mas não de novo. Se meus relatos a Eric surtirem efeito e as canalhices de John forem comprovadas, ele vai para o xilindró por muito mais tempo do que fiquei calada.
— Estou muito, muito feliz que ele não é o meu pai — Sam quebra o silêncio com sua declaração em tom de agradecimento.
Seco as lágrimas com a manga da blusa, rindo em concordância.
— Faz de nós duas, amor.
Minha filha alisa minhas têmporas encharcadas com o polegar, um semblante de afeição e remorso franzido em sua testa.
— Me desculpe por ter fugido — murmura a garota.
Eu assinto com a cabeça.
— Me desculpe por ser uma Gothel. — Arrumo um pouco dos cabelos desgrenhados dela atrás da orelha. — Quer ir para a terapia familiar juntas, Rapunzel?
Samantha ri e me dá um beijinho na bochecha.
— Pensei que a senhora nunca fosse chamar.
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