Capítulo 1: Esta é a nossa cidade
Com a sensação de algo passando em sua boca David abre os olhos. Estava em um local escuro havendo uma única luz, a do poste danificado piscando constantemente a cada segundo. Sentindo dores levanta-se lentamente e segue em direção a ela. Ao se aproximar percebe que estava num dos piores bairros da cidade.
Rua vazia, sendo perceptível apenas o som do vento. Decide voltar para tentar lembrar-se do ocorrido. Anda alguns passos para trás e senta-se no chão frio e úmido do beco abandonado. Em seguida olha para o céu e percebe que está fechado, com um ar sombrio e assustador. Não dava para perceber se era noite, dia, manhã ou tarde.
Sem ter opção do que fazer fecha os olhos na tentativa de relaxar e limpar a mente. Surge a lembrança de sua luta contra Slader.
"Vamos, consigo lembrar... estive numa dura batalha. Quase morri, mas incrivelmente saí vitorioso... acordei de um suposto desmaio, depois... espera, dei meu primeiro beijo? Logo em seguida... não sei"
Tentou forçar um pouco mais a mente mas logo se arrependeu, pois uma dor surgiu em sua cabeça na tentativa. Rapidamente percebe um vulto ao seu lado desconcentrando-o. – quem está aí? –perguntou desconfiado. Sem ouvir resposta ele se levanta e com cautela se dirige onde o vulto aparecera. Percebe que há uma porta meio entreaberta, lhe deixando confuso se já estava assim segundos atrás.
Com bastante cuidado empurra a porta como se estivesse esperando algum ataque. O receio não lhe impede de prosseguir. Percebe que está num depósito quando vê ao seu lado várias caixas com suplementos que deviam estar estragados. O lugar também estava pouco iluminado. Após mais alguns passos o vulto retorna, desta vez em suas costas. Vira-se rapidamente e fica aliviado por ser apenas um gato preto correndo entre as caixas.
David decide subir uma escada a alguns metros na sua frente. Subindo depara-se com mais uma porta. Abre novamente e desta vez o ambiente era bem claro se comparado com o anterior.
Estava bastante bagunçado, fitas aparentemente de filme espalhadas por todo canto, biscoitos caídos no chão com baratas fazendo a festa, revistas, jornais e mais porcariadas. Apenas uma única coisa lhe interessou, uma televisão de quatorze polegadas prontinha para ser ligada.
Pela situação do local era meio difícil funcionar, mas não custava nada tentar. Ele esticou a mão e pressionou o botão correspondente ao ligar. Apertou várias vezes e nada. Somente depois de alguns tapas na TV, percebeu que ela não estava na tomada quando viu o fio esticado perto do seu pé. Pegou-o e colocou na tomada mais próxima. Seguidamente apertou novamente, mas desta vez surge uma imagem. Fazia tanto tempo que não via uma transmissão que a quantidade absurda de chuvisco nem foi notada.
Estava transmitindo uma novela que odiava. Deu mais pulos até que achou o jornal da região. O apresentador falava sobre agropecuária, o que nem um pouco lhe interessava. Esperava notícias sobre o acontecimento local. Mais algumas reportagens e nada, zero relato. Para completar o apresentador termina com o clichê tenha um bom dia lhe deixando decepcionado.
- Mas que droga! Nem assim para aparecer à reportagem! Mas que porcaria de cidade é essa? Tinha que ser interior mesmo.
Passou a refletir, raciocinando no que faria agora. Lembrou-se da família, do vilão Lord Dark, Anna e de seu melhor amigo Peter. Após alguns segundos ouve passos vindo em sua direção e decide se esconder no primeiro local a vista, uma espécie de guarda roupa velho no cantinho do depósito.
Entrou e quietou-se para concentrar-se no som. Os passos foram se aproximando até chegar ao local. Uma voz grossa de um homem surge resmungando sozinho:
- Puta merda! Este clima não desaparece! Por quanto tempo teremos que agüentar essa porcaria? O sol surge de vez em quando em meio a nuvens escuras, mas logo desaparece não conseguindo ultrapassá-las. Desse jeito torna-se difícil viver! E tudo isso por causa daquela batalha ridícula daqueles dois moleques que surgiram do nada destruindo tudo. Acho que colocaram alguma maldição nessa cidade. E ainda por cima nossa população ignorante batem palmas pela vitória de um pirralho. Vamos ver se agora quando ele surgir de novamente terão coragem de repetir a mesma cena, pois olha a situação em que nos encontramos.
David sentiu-se culpado pela situação do seu povo. A culpa havia sido sua, já que a batalha trouxe caos. Movimentou-se um pouco no armário apertado ocasionando um pequeno barulho que logo em seguida foi coberto pela voz daquele sujeito.
- Quem está aí?
David congelou-se, pois estava com medo de ser descoberto, não por ser mais fraco que tal homem, mas sim preocupado de machucá-lo caso reagisse.
- Vamos, apareça! – o homem saiu e foi verificar o deposito porque pensando que o barulho viesse de lá. Aproveitando a oportunidade David saiu correndo em direção a outra saída. Depois algumas escadarias parecidas com o primeiro local do prédio, depara-se com uma enorme porta de ferro.
A rua continuava com o mesmo silencio, sem pessoas, apenar o vento gelado e insetos correndo por todo canto. Pensou:
"Como a vida é esquisita e imprevisível, olha a situação da cidade! É estranho imaginar que a mais ou menos cinco meses atrás era apenas um jovem qualquer, com obrigações e responsabilidades simples, cotidiano normal. De nerd a guerreiro, herói e agora vilão..."
Olhou para os dois lados da rua. Não tinha a mínima ideia de onde ir naquele momento. Estava querendo rever seus pais, mas talvez não fosse uma boa hora. O que dizer a eles? Como explicaria a situação dos poderes e sumiço? Eram as perguntas que deixavam sua mente confusa.
"De qualquer forma terei que revê-los. No caminho penso uma melhor forma de começar a bizarra história."
Ainda receoso com a escolha começou andar rumo a sua casa, onde já naquelas circunstâncias não havia certeza de estar em pé. A caminhada seria um pouco longa, pois sua localização era do outro lado da cidade. Não seria desvantagem já que teria mais tempo para inventar argumentos.
Após meia hora, metade do caminho. Começou a surgir outro tipo de preocupação pois não surgiu mais ninguém durante o caminho. Naquele momento estavano famoso "Bairro do Roubo". Apelidado desta forma pelo simples fato de serquase impossível conseguir passar por ele bairro sem ser roubado.
Após mais alguns minutos de caminhada ouviu um barulho. Foi tão rápido que não conseguiu decifrar o tipo de som. Parou na tentativa de retorno, mas ficou no vácuo. Retornou o trajeto e o misterioso som surge, desta vez mais alto. Olha para todos os lados para ver se algo aparecia. Sem resultado continua a caminhada.
Para David o mundo sempre foi composto por animais, bela natureza, o ser humano e por um Dono, acreditando que só existia um mundo, mas infelizmente isso era no passado, pois sua experiência atual provou o inverso de sua crença. Portanto a surpresa passou a ser seu único real medo no presente. Receio de surgir algum obstáculo que lhe impeça de reencontrar sua família.
Passou a sentir que algo o seguia, portanto decidiu acelerar os passos. Não demora e desta vez ouve passos representando o suposto som. Estava tão perto que dava para perceber que o peso não era de pernas humanas.
Como um impulso, não pensou duas vezes e saiu correndo, pois seja o que for certamente estava atrás de David. Suando frio ele continuava correndo a toda a velocidade parecendo um maratonista. De repente parou e percebeu que o barulho também silenciou. Olhou para os lados na tentativa de enxergar a coisa atrás de ti. Acreditou que talvez tivesse sumido de vez, podendo respirar mais aliviado. Mas não demora muito e seu início de sorriso se desmancha com um rugido absurdamente alto.
Imediatamente corre para a direção da avenida principal da sua cidade. Esperava que lá encontra-se mais movimento, de preferência movimento de pessoas.
Obrigou a parar pois havia um enorme buraco em sua frente. Era tão gigante que dava impressão de ter caído uma bomba no local. Descartou a possibilidade, pois apesar de ser muito profundo não possuía o formato padrão de destruição de algo atômico por exemplo.
Após segundos perdendo tempo desconcentrou-se desse pensamento e voltou para o seu antigo: escapar do que o estava seguindo. Não demorou muito o rugido retornou, mas com algo a mais...
O barulho vinha de dentro do buraco, então bastante curioso ele decidiu ir um pouco mais a frente para ver se enxergava o que era. Deu alguns passos rezando para não escorregar e cair. Não tinha certeza da sobrevivência da queda pela dúvida de ainda continuar com seus poderes de resistência. Todo cuidado era pouco.
Ao aproximar da ponta, olha para baixo, estando escuro não dava para distinguir muita coisa, a não ser destruições de vários carros e destroços. Der repente o rugido assustador. Curioso David:
– Quem está aí?
Quando estava quase desistindo algo aparece lá no fundo, fazendo seu coração acelerar. Dois olhos vermelhos fixados em David. Começa se aproximar.
Certeza que não era coisa boa, acostumado a ver situações como essa em filmes e games, onde olhos daquele tipo era sinônimo de monstros. Mesmo com esse pensamento sua curiosidade superava a cautela. Pensava que se adiasse agora veria depois inevitavelmente.
O vermelho chegava cada vez mais perto dele, mas David continuava feito uma estátua corajosa. Der repente o rugido aparece novamente com uma intensidade assustadora. Foi perceptível a certeza de ter vindo daqueles olhos. Deu só alguns passos para trás, pois não era tão louco de permanecer tão perto da beirada do precipício.
Após alguns instantes outra coisa aparece, algo mais espantoso que tal situação. Era um homem dando um grito de advertência.
– Saia logo de perto desse buraco moleque. Vamos! Corra até aqui se não quiser morrer! – David assustou-se, pois ao mesmo tempo o rugindo demonstrou estar apenas alguns metros longe.
Sem discordar do conselho começa a correr em direção a ele que mantinha metade de uma porta aberta. David entra e o homem fecha rapidamente. Era uma espécie de apartamento.
Olhando rapidamente para o homem aparentava ter meia idade, barba baixa, grisalha, o que o deixava com uma aparência velha. Não era alto, talvez um metro e setenta. Cabelo curto, olhos castanhos e uma voz bem rouca:
- O que pensa que está fazendo moleque? – vindo em direção a David. Chegou bem perto ao ponto de reparar que o sujeito tinha problemas respiratórios.
- Acho que sou eu que tenho que fazer as perguntas aqui! – retrucou David. – Quem é você?
- Lhe pergunto o mesmo. Quem é você garoto? O que pensa que faz sozinho lá fora? Já não temos muito habitantes nessa cidade, e dos poucos que sobraram agora querem morrer?
Gelou com a última frase. O que será que havia acontecido? Tentaria descobrir...
- Desculpe... meu nome é David, e o senhor? - O homem olhou com face de arrependimento.
– Sou Arthur, eu que tenho que pedir desculpas, afinal de contas não é responsável por isso. – David ficou constrangido por dentro – Faz um bom tempo que estamos assim, reféns desta situação – andou em direção a cadeira bem empoeirada no local e sentou-se. David imitou o ato em outra próxima e foi logo falando:
- Arthur, preciso lhe interrogar. Sei que parece esquisito eu dizer isso, mas com o tempo entenderá.
No fundo ele achou engraçado, não havendo necessidade de dizer aquilo, responderia qualquer pergunta pois não tinha mais nada a fazer mesmo.
- Bem... como poderei dizer... –não sabia como iniciar a conversa – É o seguinte: Você se lembra... ou melhor, o que aconteceu com a cidade? Por que está desse jeito?
Achou estranho a pergunta, pois não entendeu o porquê daquele garoto estar em dúvida de algo tão óbvio. Ajeitou-se na cadeira e respondeu:
- É algo que não gostamos de comentar muito... – Foi interrompido.
- Como assim, o que significa "não gostamos de comentar muito"? Por acaso há mais pessoas vivas? – Bastante ansioso pela resposta, queria saber onde estavam demais sobreviventes.
- Quero dizer que evitamos relembrar o ocorrido. Tentamos apagar da memória e continuar vivendo de uma maneira diferente, conformando-se com a desgraça que o nosso povo está convivendo. – O homem parou por um minuto e David tomou a palavra.
- Então existem mais sobreviventes?
- Sim, mas são poucos...
- Onde estão?
- Escondidos em raros abrigos como este em que estamos... Prédios, qualquer lugar escuro que os proteja de fora está sendo ocupado.
Ficou assustado com a resposta simples e ao mesmo tempo assustadora. Arthur havia dito que não existiam muitas pessoas vivas, o que diminuía a probabilidade de seus familiares e conhecidos estarem vivos. Preocupado voltou ao início do assunto onde sobre o ocorrido. Lembrava-se de sua luta, mas precisava de mais, saber o que aconteceu depois...
- Por favor, continue.
Arthur não estava gostando de relembrar, mas decidiu contar.
– Você realmente não lembra de nada? – David acenou negativamente com a cabeça. – Tudo começou quando estava trabalhando na Chácara de meu chefe. Todo dia cuidava dela, praticamente preparando-a para os churrasquinhos sagrados aos finais de semana. Determinado dia, aproximadamente uma hora da tarde, estava limpando a enorme piscina do local. Até então tudo em silêncio, aliás sempre foi, até que algo aconteceu...
Ouvi um barulho esquisito, indescritível. Parecia que vinha do terreno vizinho. Decidi ir até lá, afinal de contas eu tomava conta também e precisava ficar atento a qualquer situação suspeita. Cauteloso, caminhei até o local. Aproximando ouvi mais uma vez o som, reconheci que eram passos. Escondi atrás de uma árvore por perto. Neste momento presenciei algo inacreditável! – A curiosidade de David aumenta.
- Aquilo não existia em nosso mundo! Pensei que era alguma palhaçada, sei lá, época de vestir fantasias ou algo do tipo. Mas logo depois percebi que não era nada disso. – David arregalou os olhos – Era um homem vestido com uma armadura parecida com a de um guerreiro, mas não aquelas do tempo antigo, época dos gladiadores, não era nada disso! Parecia algo do futuro. Prateada com tonalidades de preto. Em suas costas havia uma enorme espada. Alto, aproximadamente um metro e noventa, cabelo preto e arrepiado. Rosto fechado, no qual procurava ou aguardava alguém. Virou-se para trás desconfiado. Der repente olha para minha direção como se soubesse que eu estava lá. Congelei imediatamente, parecendo que o frio que eu estava sentindo tinha vindo dos seus olhos. Dei uma encurvada para o lado na tentativa de esconder minha cabeça que ficou um pouco exposta na espionagem.
Começou a caminhar na minha direção. Meu coração disparou. Morte veio buscar-me pensei. Quando já estava aproximadamente a dez metros de distância algo acontece deixando-me ainda mais em pânico. Uma energia azul misteriosa surge próximo a ele. Era uma espécie de portal pois no instante que sumiu uma moça surgiu de dentro.
Aparentemente nova, também vestia uma armadura idêntica. Cabelo curto e preto. Carregava armas, só que em vez de uma única grande eram duas espadas menores. Também tinha uma cara de poucos amigos...
David já estava sentindo que não ouviria nada agradável, então já se preparou para o que viria posteriormente. Quando comentaria, algo o faz parar. Era um ruído vindo de fora. Os dois já raciocinaram na hora o que poderia ser. Arthur caminhou bem devagar até a janela para conferir. Aquele silencio de suspense. Virou para David para poder prosseguir com a conversa. Prestes a retornar, o som surge novamente, dessa vez mais intenso. Lá vai ele de novo na janela. Ao olhar através dela um rugido vem acompanhado de uma enorme pata lhe atacando fazendo-o ser arremessado metros para trás, caindo perto de David. O monstro continua insistindo ferozmente golpeando ao redor do buraco deixado na quebra do vidro.
- Corra David! Vamos! Corra! Corra! – Grita Arthur desesperadamente. – Suba as escadas! – Ignora o pedido e vai de encontro a sua direção para ajudá-lo a se levantar. – Não!! Sai daqui, fuja David, suba as escadas – Dentro de instantes o monstro dá uma pancada muito forte na parede conseguindo derrubá-la. Uma poeira sobe no local. O desespero aumenta não dando para enxergar mais nada, apenas ouvir uma respiração ofegante. Com o tempo a visibilidade aumenta demonstrando lentamente silhueta do monstro. Tinha aproximadamente três metros de altura. Possuía uma enorme calda aumentando ainda mais seu cumprimento. Olhos vermelhos e dentes afiados de um natural predador.
Olhava diretamente para Arthur como se fosse o escolhido para a primeira refeição, mas não demora muito para seu olhar destinar-se ao David.
- Corrrrrraaaaaaaaaa!!!!!!!!!!! – Berra Arthur.
Desta vez ele sai correndo na direção da escada. O monstro o segue. Pula em cima dele na tentativa de derrubá-lo, mas bate com a cara na parede. Desesperadamente continua o percurso rumo ao topo. Talvez por ser pesado o monstro não demonstrava tanta rapidez, porém também descartava velocidade de uma lesma. Durante o trajeto deparou com um imenso corredor lotado de portas. Como não tinha tempo de arriscar abri-las continuou em frente. No meio do caminho aproveitou uma estante com várias coisas, e derrubou no meio do corredor na tentativa de dificultar a perseguição.
Prestes a chegar ao final, o monstro aparece no fundo. Destroe a estante como se fosse uma pena. David sobe mais uma leva de escadas o mais rápido possível e dá de cara com mais um corredor, só que neste completamente sujo de sangue deixando-o mais apavorado. Perdido, correndo sem rumo apenas na esperança de fugir daquele monstro e torcendo para que Arthur ainda estivesse vivo. Percebeu que era o último corredor, sem saída só havia uma janela pequena em seu fim.
Sem créditos para refletir saiu em disparada em direção a ela. Quando estava no meio do corredor o monstro apontou atrás de si, e dessa vez com um olhar de vitória. Talvez fosse loucura pular a janela, mudando apenas o tipo de morte, mas naquela ocasião nem pensou na possibilidade. Fechou os olhos deu um salto em direção a ela.
O impacto faz uma pequena dor surgir na cabeça. Cacos de vidro lhe acompanhavam durante a queda. Escapava da primeira morte, mas não sabia se teria sorte suficiente para a segunda. Uma altura aproximada de vinte metros. Caindo de costas para o chão impossibilitava de ver o que tinha abaixo. Naquele momento a única coisa que enxergava era a janela distanciando cada vez mais. Acreditava que morreria. Flashbacks surgiram em sua mente. Lembranças que se apagariam dentro de instantes. Um herói seria morto da forma mais tola possível...
Só precisava esperar o impacto da pancada no chão. Fechou os olhos lembrou-se do CD, de Anna, Peter, pais, irmão e... não deu tempo lembrar mais nada, pois sentiu o corpo chocando-se.
Mantendo sua pupila fechada surgiu o receio de abrir e ironicamente ter morrido, já que aconteceu tanta coisa que vida após a morte podia ser mais que apenas hipótese. Como não tinha outra escolha foi abrindo bem lentamente... A primeira coisa que enxergou foi o céu todo escuro de sempre. Permanecia na cidade, mas refletiu que pudesse ser apenas sua alma flutuando. Logo tal pensamento sumiu pois percebeu que havia caído em algo fofo, um monte de lixo. Havia animais mortos, um cheiro insuportável! Porem aquele descarte salvou sua vida.
Levantou-se e olhando ao redor confirmou estar atrás do prédio. Local aberto, todo destruído. Abaixo dos pés existia uma extensa e grossa camada se estendendo por todo local. Pensou que pudesse ser o lixão, mas rapidamente raciocinou que depósitos do tipo são afastados da cidade.
- Mas o que é isso? – Perguntou-se em voz baixa. Percebeu a presença de alguém. Era Arthur com uma cara péssima e todo ensanguentado.
- Você está vivo! Porém ferido...
Lágrimas escorriam no rosto de Arthur, onde a mistura com o sangue fazia aquela cena mais sofrida. Com um pouco de esforço disse uma única frase:
- Essa é a nossa cidade...
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