Capítulo 9: Cara a Cara

Já se faziam dois meses que David estava naquele mundo. Apesar de pouco tempo estava se sentindo um verdadeiro guerreiro. Os treinamentos continuaram de forma consistente, só que não para aprender coisas novas e sim para aperfeiçoar o que tinha aprendido. Tornou-se praticamente outra pessoa, estava muito forte, tanto mentalmente, como de força. Parecia que quanto mais tempo ele ficava naquele mundo, mais sua personalidade mudava, é como se o espírito do David morto usasse o jovem David do presente como instrumento para voltar à vida. David já sabia do desafio que por sinal seria no dia seguinte. Estava confiante de que iria ganhar a batalha.

Na véspera seria feita uma festa para David. Todo o reino seria convidado. Os preparativos estavam prontos, só precisava esperar à hora certa para iniciar a festa. Ela seria a noite e naquele momento era hora do almoço.

David estava almoçando junto com o rei em seu palácio. Aquele poderia ser a ultima refeição de sua vida. Mesmo estando confiante de que ganharia o desafio, ele ainda tinha receio disso não acontecer, já que para o destino não existe favorecimento do bem e mal.

- Então meu caro, estamos próximos do grande dia. A derrota de Lord Dark.

- Tomara majestade, tomara que o meu destino seja bom.

- Pare de falar em destino meu bom homem. Nós já sabemos o seu destino, é nos salvar a qualquer preço!

- Espere um pouco aí! O que é isso de qualquer preço? – Aquilo soou um pouco estranho.

- Esqueça, não é nada de importante. Você quer ou não salvar o nosso mundo?

- Quero salvar! Mas eu não entendi isso de qualquer preço. Você me disse que eu ganharia a batalha, estou certo?

- É claro que está certo! David porque está tão nervoso assim? Pense positivo.

- Majestade, tenho que retirar-me. Preciso descansar para a festa de hoje à noite. A comida estava ótima. Com licença.

David saiu do castelo e foi passear um pouco. Precisava esfriar a cabeça. Estava bastante ansioso com aquela batalha.

Querendo ficar sozinho, David decidiu ir até a floresta amaldiçoada, mesmo sabendo dos riscos que iria tomar. Mas ele não estava se preocupando com isso, só estava pensando em ficar sozinho, e naquele lugar tinha certeza de que teria sossego.

Sentou-se debaixo de uma arvore e começou a refletir.

"Droga! Que situação é essa... Tive que abandonar tudo. Aquele maldito Cd. Perdi família, amigo, tudo! Não é possível eu pertencer a este mundo. Confesso que não era grande coisa no antigo, mas pelo menos tinha a chance de sonhar. Aqui parece que tudo está moldado para acontecer. E se eu tiver que morrer? Será que nunca mais voltarei para o mundo que vim?"

Após este tempo sozinho, resolveu sair da floresta e voltar para o reino.

Assim que chegou avisou a um mensageiro para informar que as pessoas se reunissem na praça do reino. O local onde se faziam discursos. Após a solicitação, David foi direto para o local aguardando todo mundo chegar.

O tempo foi passando, povo foi chegando, e depois de ter passado uma hora a praça já estava lotada de pessoas. Praticamente todo reino. Então David se pronuncia:

- Amigos, vocês devem estar se perguntando por que estão aqui! Eu peço desculpa de tomar os seus tempos. Sei que vocês teriam coisas mais importantes para fazer, mas até quando? Irei direto ao assunto. Todo mundo sabe que o desafio seria amanhã, só que isso não vai acontecer, porque eu não lutarei amanhã.

Todo mundo ficou assustado. Algumas pessoas começaram a chorar. Outras começaram a gritar como forma de protesto.

- Calma pessoal! Tenham calma! Deixem-me explicar o motivo. Eu não irei lutar amanhã porque eu decidi que vou lutar hoje.

As pessoas ficaram mais assustadas ainda.

- Mas por que isso? - Era o que alguns gritavam.

- Não é necessário contar a vocês. Querem um herói, isto é o que importa.

- E enquanto a festa?

- Esqueçam! Melhor, façam ela sem mim. Aproveitem.

O povo ficou quieto mais uma vez.

-É só isso que tenho a dizer. Obrigado pela atenção de todos.

Após esta ultima frase, David foi diretamente ao castelo para pegar seus equipamentos. Chegando, foi abordado por Sofia e pelo rei.

- O que é que você está fazendo? – Disse o rei de forma exaltada.

- Pegando o que preciso para a batalha!

- Você está louco? Onde está com a cabeça? Está parecendo seu pai...

- Espere um pouco! Porque tanto nervosismo? Todo mundo está assustado, e eu nem sei o motivo! Afinal de contas, qual a diferença de lutar amanhã e lutar hoje?

- Não tem diferença nenhuma.

- Então por que todo mundo está assustado?

- Porque temos a crença de que não podemos apressar o destino.

- Lá vem vocês de novo com essa história de destino! Eu já estou cansado de ouvir tanto destino em minha vida! Como vocês podem ficar com medo destino? Estou com tanto saco cheio que estou falando destino demais! Repararam? "Não, ninguém reparou"

- Ouviu o que eu disse? Mais alguma coisa a relatar, majestade?

O rei olhou para a cara da Sofia e depois novamente para David e disse calmamente:

- Não vou insistir para ficar. Mas saiba que não concordo com a sua decisão.

- Ok –Quando David estava prestes a prosseguir é interrompido novamente.

- Deixe-me dizer uma ultima coisa.

- Mas é claro...

- Eu só queria lhe dar um conselho.

- E qual seria?

- Tome cuidado com as suas escolhas meu caro David. Elas exercem influência não apenas no seu destino, mas sim a de todos. Não se esqueça que sua missão é nos salvar. Lembre-se disso. Portanto se concentre apenas neste objetivo.

David ficou meio assustado com aquele conselho. Parecia que o rei sabia que precisava dizê-las naquele instante.

Finalizada a conversa ele estava pronto para partir.

- Enfim partirei!

- Tome muito cuidado David, saiba que gosto muito de você. Não quero que nada aconteça de ruim contigo. - Foi a vez de Sofia se pronunciar, com um pouco de lágrimas nos olhos.

Após dizer essas palavras, ela deu um grande abraço em David, logo depois foi à vez do rei imitar a mesma ação.

Com tudo certo David foi caminhando para fora do castelo, mas através de uma saída secreta, para que o povo não o visse, porque com certeza seria confusão na certa.

Após seguir o caminho, David já se encontrava na porta fora. Pronto a sua missão já havia se iniciado. Agora não tinha mais volta, era ir até a batalha e vencê-la.

Começou a caminhar pela estrada. O reino de seu inimigo não era muito longe dali, portanto acreditava que chegaria rápido. Só tinha um lugar perigoso onde tinha que passar antes. A famosa floresta amaldiçoada, só que ele não estava preocupado com isso porque já tinha passado lá muitas vezes e nunca tinha acontecido nada de errado com ele. O perigo era outro.

David caminhou, caminhou e chegou até a floresta. Estava um pouquinho nervoso já que a cada passo o levaria mais perto do castelo de Lord Dark.

Continuou no trajeto até que...

- Psiu, psiu. - David arrepiou-se ao ouvir aquilo som.

- Quem está aí? Apareça logo!

Começou a olhar para todo canto para ver quem estava no local, mas não viu ninguém. Então começou a caminhar novamente. Talvez esteja ouvindo coisas que não existam, pensava consigo mesmo. Mas logo mudou de idéia, porque tornou a ouvir a voz novamente. Só que dessa vez foi pior, porque além da voz ele viu quem era também.

- Oi David! Porque essa cara de assustado? Por acaso não se lembra de mim?

- O que você está fazendo aqui?

- Eu vim lhe ver!

- Ma... ma... mas... mas você não poderia estar aqui!

- E porque não? Por acaso você não me quer aqui?

- Não! Não é isso... É que esse lugar é perigoso.

David estava espantado, não sabia se acreditava no que estava vendo. Aquilo não parecia real. Lembrou do que Sofia disse sobre a floresta quando se conheceram.

A pessoa que David estava conversando era simplesmente Anna?

- Anna, como veio parar neste mundo?

- Isso não importa! O que importa é que estou aqui. Não há nada mais importante que isso agora.

- David, o que você está esperando? Não vai me dar um abraço?

Ele ficou sem reação, paralisado, imóvel, mudo... Só podia ser uma ilusão, não era possível. Estava se sentindo enfeitiçado, sua mente ficou confusa.

- Mas o que é isso hein David! Esperava outra reação sua. Sempre quis um momento assim e agora fica aí calado? Acho que terei que tomar a iniciativa então...

Anna começou a andar com passos lentos na direção de David. Foi chegando cada vez mais perto. Coração de David foi ficando acelerado.

Ela chegou bem perto e lhe abraçou bem forte. Apesar de saber que aquilo não era real, ele não conseguiu recusar.

Após alguns segundos de abraço que pareciam uma eternidade eles se soltaram.

- Anna, eu não sei o que dizer...

- Então quer dizer que o famoso e poderoso David tem um ponto fraco...

- O que você quer dizer com isso, Anna?

- Como você é um besta! Eu não sou Anna.

A ficha caiu e de forma exaltada David foi logo falando:

- E quem é você?

- Muito prazer, sou Slader. Conhecido como um metamorfo.

- Como assim?

- Tenho o dom de me transformar em qualquer pessoa que sua mente pensa! E agora estou transformado na garotinha que não deu e nunca dará a mínima para você!

Após ouvir essas palavras David se enfureceu e partiu para cima de Slader com uma voadora bem no peito.

Quando Slader caiu no chão ele se transformou em outra pessoa. David ia bater, mas parou por causa da imagem diante de seus olhos.

- Olha só o que você fez! Como tem coragem de bater em seu pai?

- Desculpe-me! Não queria fazer isso!

- Ajude seu pai a se levantar.

- Mas é claro! "Caiu nessa de novo?"

David estendeu a mão para ajudar. Sem escapatória David levou um murro no estômago. Logo em seguida foi jogado no tronco de uma arvore por uma carga de energia soltada por seu inimigo.

- Como você é um idiota mesmo. É desse jeito que quer salvar esse povo? Deixando ser enganado em uma batalha. Vamos, levante-se! – David estava sob o efeito de algum feitiço, não era possível ser enganado tão facilmente.

Levantou-se e imediatamente desferiu vários socos em Slader com uma fúria tremenda. Só que não adiantou nada, porque o inimigo se esquivava de todos.

- Mas que porcaria. Pensei que essa luta iria ser mais divertida. Imagina a decepção de Lord Dark quando eu chegar com o seu corpo na frente dele.

- Então quer dizer que você trabalha para Lord Dark?

- Receberei uma ótima recompensa pela sua cabeça.

Dessa vez foi Slader que partiu para cima. Soltou várias magias em sequência. Mas David desviou de todos e lhe desferiu uma seqüencia de chutes e socos. Slader ficou caído no chão com muitas dores.

- O que foi que aconteceu? Acabando as forças Slader?

Ele se transformou na Anna para tentar mexer com a mente de David.

- Vamos, continue batendo! Há, já sei! Está pensando que a Anna está aqui.

Infelizmente David foi enganado mais uma vez e tomou uma rasteira onde ficou caído no chão.

- Olha David, eu não sei o que dizer para você. Eu diria que essa é uma das lutas mais fáceis que participo! Diga adeus, pois agora é o seu fim!!!

Slader arrancou a espada de suas costas onde tentou enfiá-la no peito de David. Mas ele se esquivou com um giro para lado. Logo em seguida aplicou uma rasteira onde fez cair Slader de costas no chão.

- E agora, o que devo fazer com você? – Aquele olhar de fúria.

- Parabéns David! Você só precisa me matar, mas antes que tal um ultimo pedido?

- Diga!

- Você ganhou essa batalha. Só que não conseguirás salvar o seu povo. Um guerreiro com um defeito imperdoável.

- E qual seria esse defeito?

- Sua mente é fraca. - David ficou quieto, pois não entendeu nada...

- A realidade é que meu dom não é se transformar em outra pessoa

- Onde você quer chegar?

- Eu consigo enxergar a fraqueza de alguém. Geralmente são sentimentos que envolvem pessoas. Sempre é assim, seu passado lhe deixa fraco. Seu herói de mer...

- Cale a sua boca!!!!

Quando David termina de pronunciar essas palavras ele imediatamente enfia a espada no peito de Slader.

O inimigo começa evaporar como água. Dentro de instantes desaparece sem deixar rastros. David fica assustado com o que fez. Nunca havia matado ninguém. Depois desse longo período de batalha, decide continuar o caminho até o castelo de Lord Dark.

Após certa caminhada, finalmente conseguiu sair daquela floresta. No horizonte viu algo que só podia significar uma coisa. O reino era uma coisa medonha. Sombrio, com um clima sinistro e sangue espalhado por todo lado. David se encontrava no centro. Local parecido com um comércio.

Com um pouco de cautela, começou a caminhar pelas ruas do reino, a fim de chegar ao portão principal do castelo de Lord Dark. Já estava um pouco escuro, então cuidado a todo instante.

David estava estranhando aquele lugar porque não havia habitantes. Era como um reino vazio. Aquilo não estava cheirando muito bem.

Depois de um certo tempo de caminhada, começou a presenciar umas respirações no local onde estava. Aos poucos foram aparecendo sombras ao redor de si, onde pareciam de formato humano. David parou de andar.

- Vamos! Apareça! Vamos acabar logo com isso.

Quando terminou a frase, começou aparecer mais sombras em todo canto. David ficou congelado. Aos poucos elas tomaram formas. Eram realmente seres humanos, pelo menos na aparência, mas com uma fisionomia muito sofrida.

- O que vocês estão olhando?

- Olha só, ele veio antes da hora. Irá morrer mais cedo. Espere só Lord Dark vê-lo. – Essas eram as frases que todos cochichavam ao ver David.

- O que estão esperando, por acaso não virá ninguém para lutar comigo? Vão ficar com essas caras olhando?

Uma voz apareceu gritou no fundo.

- Você não é nosso e sim de Lord Dark! Deixe que ele dará um jeito em você. Se sobrar algo, decidimos depois o que faremos com os restos.

David reagiu com firmeza.

- Então me levem ao seu rei.

Um louco avançou para cima de David com um pedaço de pau.

David desviou do ataque dessa pessoa e lhe mandou um soco bem fraquinho na cabeça do rapaz. Ele desmaiou e caiu no chão.

- Mas alguém ousa me desafiar?

O povo se afastou de David com um passo para trás.

- Então! Se não vão me levar até seu rei, saiam do meu caminho.

Começou a andar pelo desbloqueio, até que avistou um grande portão. Era à entrada do castelo de seu inimigo.

David pegou a sua espada e soltou um Festfuri. Poder básico que aprendeu nos treinamentos. "Que nome ridículo..."

O portão estava derrubado. Agora era só entrar. Foi o que fez. Era um castelo muito bonito. Um contraste absurdo com relação a pobreza do seu reino. Ouro era em todo canto. Escadarias por todo o lugar. Ele não sabia aonde ir. Tinha que arriscar um.

Só que ele não precisou escolher um caminho para seu destino. Porque não demorou muito e seu destino veio atrás dele.

- Ora, ora. Olha quem está aqui.

- Quem é você?

- Lord Dark meu caro.

- Enfim estamos cara a cara!

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