"Espera um pouco. Vamos começar da maneira mais simples possível?" Dois amigos que sempre andavam juntos. Eram inseparáveis. Só que eles eram diferentes dos adolescentes de sua época, porque enquanto outros só pensavam em se divertir a todo custo, eles eram mais sossegados, sem ficar se preocupando com as coisas que os jovens pensavam (ficar; baladas; etc.). "Talvez nerds cansados e revoltados?"

Apesar disso, a vida dos dois não era muito diferente dos outros, pelo menos com relação à rotina, pois no fim das contas as obrigações eram as mesmas. Na escola eram considerados ótimos alunos, mas para eles apenas cumpriam o seu papel.

Gostavam demais de ler livros, principalmente se envolver poderes e mitologia. Outra coisa com que eram fanáticos é vídeo-game, isso é como se fosse o sobrenome deles, pois sabem todas as histórias de seus jogos favoritos.

Os nomes dos dois eram Peter, mais viciado em mitologia e livros, e David, mais viciado em vídeo game. O sonho de David era que todos os jogos se tornassem reais e o de Peter era que um dia se encontrasse com um deus. "Que sonho mais esquisito...".

David era o tipo de cara que se apaixonava por qualquer coisa. Era fascinado pelas garotas dos jogos de RPG. Seduzido pela beleza do mundo virtual e um dia acreditava que iria visitar as terras encantadas destes jogos. "Mas que imaginação".

Já o Peter não era tão distante de loucura, tinha uma imaginação que voava alto. Sonhava todas as noites em conhecer algum deus, e não se envergonhava de dizer uma besteira dessas. Essa era a vida dos dois, estudar e sonhar bem alto "Difícil imaginar quem era mais louco, concorda?".

Talvez loucos, porém Inseparáveis, grandes amigos, daqueles que nunca se desgrudam (com exceções). Um compreendia o outro e quando um precisasse de ajuda, conselhos, um ombro de apoio, com certeza o outro ajudaria, como se deve fazer um verdadeiro amigo.

Em um dia, David estava precisando de ajuda e com certeza foi correndo atrás de seu melhor amigo. Chegou à porta de sua casa e bateu três vezes. Em seguida deu um grito monstruoso dizendo:

- Peterrrrr! É o David, abra logo essa porta! Preciso de sua ajuda!

Peter ouviu o que David disse e ficou meio confuso, pois havia muito tempo que ele não precisava de ajuda.

- Calma aí, já vou abrir.

Peter abriu a porta lentamente, mais levou um susto, porque David entrou rapidamente falando muito alto.

- Preciso de sua ajuda.

- Fique calmo, e fale mais baixo porque a minha mãe esta dormindo lá em cima.

- Preciso que venha a minha casa.

- Mas para que? É algo tão importante assim?

- Para mim é, venha logo!

- Está bem, está bem, vamos logo...

Os dois saíram rapidamente, pois David não parava de ficar apressando-os. Até que chegaram.

Foram direto para seu quarto e Peter o seguiu. Os dois estavam sozinhos na casa porque os pais de David estavam trabalhando e seu irmão estava na escola.

- Então finalmente chegamos, diga logo o que quer, porque você me interrompeu no meio de um livro que eu estava lendo (A História dos Deuses) e você sabe que não gosto nada disso!

- Me desculpe, é que preciso de sua ajuda em algo que está ao seu lado.

- E o que está do meu lado? Só estou vendo uma televisão! - Peter já estava ficando nervoso, que droga David não vai logo ao ponto!

- E o que eu faço nesta televisão que você sabe que adoro fazer?

- Você só pode estar de brincadeira, encheu o meu saco, ficou me apressando, me interrompeu na leitura do livro e quase acordou minha mãe para isso?! Só para ver um jogo novo?

- No jogo novo você acertou, mas não é só para ver, é para me ajudar a passar.

- Eu, ajudar a passar? David, você é melhor em tudo a respeito de vídeo game, se você não consegue passar, eu muito menos.

- Tem algo que você é melhor que eu, algo que preciso para poder passar esse jogo.

- Então diga o que é!

- É a sua inteligência.

-Minha inteligência? David, o que você está falando? Você é inteligente, e eu não sei da onde você tirou que eu sou mais inteligente que você. Para falar a verdade, ninguém é mais inteligente que ninguém.

- Olha só, aprendeu a ser modesto? Mas não é neste sentido que quero dizer. A inteligência que estou me referindo é o grande conhecimento que você tem a respeito de... Você sabe do que.

- De mulheres!

- Mulheres? Acho que você entendeu errado, não é o que somos burros, digo somos porque você sabe que eu também sou, mas sim o que você é inteligente. Mais que todos que eu conheço. Deixe eu lhe dar uma dica. É o que você mais gosta de fazer.

- Gosto de ler livros.

- Mas de qual assunto?! - Agora era David que estava ficando nervoso.

- Já sei! É mitologia!

- Até que em fim, minha paciência já estava esgotando.

- Mas David, da onde você tirou esse novo jogo? Você comprou? Ganhou? Achou?

- Segunda opção, eu ganhei.

- Ganhou? Mas de quem? - Peter ficou assustado, porque David não recebia presentes.

-Se eu lhe disser, acho que você não vai acreditar. Isso vai parecer à maior besteira do mundo, mas tenho que lhe contar. Esse jogo chegou pelo correio.

- Correio?!!

- Sim, pelo correio.

- David, você sabe que somos melhores amigos, que não mentimos para o outro. Mas essa foi à maior besteira que eu já ouvi!

- Mas Peter, eu estou falando sério. Acredite em mim, eu jamais mentiria para você.

- Jura?

- Juro.

- Então esta bem, acredito em você. Então diga quem lhe mandou este jogo. Possui alguma descrição?

- É... é...é...agora... É agora que vem a parte complicada. No envelope que veio o jogo não tinha nenhuma descrição do remetente, e para piorar, eu fui ao correio e eles disseram que aquela encomenda não passou por lá.

- Você está de brincadeira! Ta querendo dizer que não sabe nada sobre esse jogo? Muito menos quem mandou?

- É isso aí!

- Mas pelo menos você colocou esse jogo para jogar?

- É outro problema, eu também não o coloquei, queria que você visse junto comigo. Se for uma bomba, não quero ser explodido sozinho. – os dois riram feito loucos.

- Ah! Então chega de papo e coloca logo esse jogo para jogarmos. Afinal de contas eu vim aqui para lhe ajudar, e para isso preciso ver.

- Acho melhor não, estou com medo.

- Medo!? Mas com medo do que? O que um jogo poderia ocasionar? Está pensando que é uma bomba mesmo?

- Não é isso... Mas como terei certeza de que é um jogo?

- Não sei, mas então porque disse que é um jogo?

- Também não sei... "Mais contradição, impossível!"

- Espere aí David! Por que você disse que precisava do meu conhecimento sobre mitologia?

- Ah! É algo que esqueci de contar. No CD veio algo marcado.

- E o que é?

- Está escrito "Mundo dos Deuses"

- Mundo dos Deuses? - Peter abriu um sorriso até a sua orelha - Ora meu caro amigo, eu já estava curioso para ver esse jogo. Agora então, acho que vou até sonhar!

- Não vai ficando muito animadinho não, acho que não irei colocá-lo.

- Lá vem você de novo, para de frescura! Se você não colocar eu coloco.

- Ta bom, ta bom, iremos ver. Só que vamos combinar algo. Vamos deixar para amanhã, porque já é um pouco tarde, meus pais e irmão irão chegar, e não sei se você se lembra, mas temos prova de História na primeira aula. Portanto, precisamos estudar - Já eram seis horas da tarde e iriam para a escola no dia seguinte de manhã.

- É verdade, estava me esquecendo. Tenho que ir embora, caso contrário não terei tempo para estudar. David, já vou indo.

- Deixe que eu lhe acompanhe até o portão.

Os dois amigos foram até o portão, dessa vez sem pressa.

- Thau Peter! Até amanhã. Tenha um bom sonho - Peter deu uma gargalhada – Ah, eu estava me esquecendo. Não vai contar nada para ninguém a respeito do CD, ouviu?

- Pode deixar. E vê se não vai testar o CD sem mim.

- Pode ficar sossegado Peter.

Os dois amigos despediram-se e cada um foi para o seu canto.

Quando Peter chegou em casa e sua mãe estava fazendo o jantar.

- Filho! Porque demorou? A comida está quase pronta, você irá jantar?

- Irei! Deixa só eu trocar de roupa no meu quarto - Ele estava com uma fome, não perderia por nada o jantar.

Peter chegou ao quarto e já foi trocando de roupa, com o pensamento na comida de sua mãe e no CD misterioso de David. Colocou outra roupa meio velha e já estava descendo quando de repente parou na porta. Ficou olhando para um retrato pregado na parede no qual estava a foto de seu pai. Peter estava com muita saudade. Ele era separado de sua mãe, morava em outra cidade e uma vez por ano Peter iria visitá-lo. Ele não via a hora de poder vê-lo novamente.

Fechou a porta de seu quarto e começou descer a escadaria. Enxergou sua mãe já sentada há mesa. Sentou-se na sua frente, e como já estavam acostumados, começaram a fazer uma oração.

Após a oração, os dois começaram a comer e a conversar.

- A senhora tem alguma novidade mãe?

- Tenho uma sem muita importância.

- E qual é?

- Após a sua ausência, veio uma menina procurá-lo - Para a mãe de Peter não tinha importância menina procurá-lo, mas para Peter não! Isso era de extrema importância.

- E quem era?

- Não sei, informei que você não estava. Alguma paquera, filho?

Peter ficou muito feliz, porque nenhuma menina vinha procurá-lo, ao menos se fosse por uma coisa: Pedir ajuda no dever de casa. Mas ele ainda estava animado, porque não acreditava que fosse isso, pois estavam no primeiro ano do ensino médio, e os professores não passavam mais tarefas como na quarta e quinta série. "Não pense que David era diferente do Peter, pois os dois estavam no mesmo barco de negatividade com relação a garotas."

Após o jantar, Peter deu boa noite a sua mãe e foi para seu quarto estudar um pouco. Depois de estudar, decidiu dormir. Dessa vez com mais um pensamento em sua mente. Quem era a menina que veio procurá-lo?

Enquanto isso na casa de David ele ainda estava acordado, deitado na sua cama sentindo a brisa da noite que entrava pela janela.

Seus pais já haviam chegado do serviço e seu irmão da escola. Eles estavam jantando "Como jantam tarde". David não estava com fome, pois estava com o pensamento vidrado naquele jogo. Não tirava da cabeça o mistério daquele CD. Quem teria mandado?

Estava com muita ansiedade de colocar aquele CD, e pensou várias vezes em testar ele sem Peter saber, mas acabava não testando, pois sabia que iria decepcionar seu amigo.