Capítulo 62

O ELO DE SANGUE

Raquel

Raquel estava orgulhosa de si mesma. Agora formada e, em breve, casada. Residência, Nova Iorque, com um homem lindo e o melhor, rico. Estaria livre de Liza e esqueceria tudo o que sabia sobre sua família.

A sessão de fotos terminou e ela procurou por Ethan, próximo a entrada do ginásio.

Onde ele se enfiou? Ele me disse que voltaria em meia hora.

Bateu os pés e cruzou os braços emburrada. O celular dela vibrou. Ela o pegou na bolsa e atendeu:

— Raquel! Onde você está? Por que não chegou ainda?

— Como assim onde estou, Stephanie? Na formatura, lógico. Esperando o atrasado do Ethan. Aliás, sabia que você perdeu toda a sessão de fotos? Cadê você?

— Querida, eu não ligo para essa baboseira, estive ocupada com algo muito mais interessante.

— E por que não estou participando? — perguntou Raquel facilmente conquistada.

— Raquel, ande até a saída e entre no carro branco. Eu vim com meu chofer te buscar.

Mas Ethan vai ficar me procurando. Ah! Ele que me ligue e venha me encontrar, afinal, foi ele que me deixou esperando.

Raquel avistou o carro branco, entrou e fechou a porta. Havia três silhuetas à sua frente. Ela deduziu que fossem do motorista, Stephanie e algum outro conhecido, talvez. Ignorou o arrepio subindo pela espinha, afinal, era sua noite de formatura. Queria se aventurar.

O carro estacionou na porta de um cemitério. Raquel teve certo medo, mas Stephanie era assim, sempre a surpreendia.

Stephanie abriu a porta para Raquel. Segurava uma garrafa de champanhe e três taças.

— Deixe-me lhe apresentar, Raquel, este é meu namorado. — Ela indicou Anthony ao seu lado.

— Deixa de ser boba, Stephanie, eu já o conheço. E como assim seu namorado se ele vivia atrás de mim?

— Ah, Raquel, querida, acha sempre que possui o mundo a seus pés. Mas não vamos tratar disso agora. Venha, vou lhe mostrar o seu presente. Não antes de brindar à nossa formatura. — Ela entregou as taças aos dois e estourou a rolha da garrafa.

— Ao futuro — disseram Stephanie e Anthony após estarem com as taças cheias.

Raquel olhou desconfiada para eles, virou o líquido e limpou a boca com o dorso da mão.

— Agora, Raquel, depois de você, por favor. — Stephanie fez um gesto de galanteio para que Raquel entrasse no cemitério.

— Que brincadeira é essa, Stephanie?

— Vai dizer que está com medo de mim? Ora, por favor, Raquel, eu apenas não tinha onde esconder a surpresa e achei que ninguém encontraria aqui, obviamente.

Raquel entrou e foi seguida por Anthony, que parecia entender tanto quanto ela. Andaram por algum tempo entre os túmulos, passaram por diversos arbustos cobertos por árvores fechadas e várias estátuas de gárgulas e anjos. Raquel tentou memorizar o caminho de volta, mas já se sentia perdida. Chegaram a uma clareira nos fundos do cemitério, no centro havia somente um jazigo de mármore preto, perturbadoramente acomodando um caixão vazio com a tampa aberta. Velas o iluminavam no breu onde se encontravam.

Raquel deu um passo à frente mantendo distância de Stephanie e do jazigo. Anthony questionava Stephanie com os olhos arregalados.

— Se aproximem, por favor. Anda Anthony, seja homem!

Num lapso de curiosidade, Raquel segurou uma das velas e se ajoelhou para ler a inscrição no mármore preto. Soltou um grito ao identificar seu próprio nome na lápide, com a data daquela mesma noite. E assim dizia o epitáfio:

"Hoje e aqui, a traidora enterra suas intrigas, mesmo que ainda viva."

Stephanie sorriu, parecendo satisfeita com os olhos arregalados de Raquel, e encheu mais uma vez a taça de champanhe.

— Aceita mais, Raquel? Eu beberia, se fosse você. Ouvi dizer que ajuda a acalmar os nervos.

Raquel tentou correr, mas Anthony a segurou seguindo ordens de Stephanie.

— Você é mesmo patética! Não quer nem me perguntar o motivo disso? — Deu de ombros. — Não precisa, de qualquer maneira. Já, já irá entender. Agora meu bem, deite-se em sua nova cama, mas antes tire a roupa.

— Stephanie, você está passando dos limites! — Anthony tentou persuadi-la. — Como acha que vai se safar disso?

— Medroso, como sempre. Você também, Anthony, tire a roupa.

— Venha, Raquel, ela pirou, vamos embora. — Anthony lhe ofereceu a mão.

— Eu acho que não! — Stephanie tirou uma arma de dentro da bolsa e apontou em sua direção.

— Stephanie, por favor! O que está acontecendo? Pensei que fôssemos amigas. — Raquel balbuciou entre lágrimas.

— Faça o que estou mandando ou seu eterno repouso iniciará agora! Como pode ver, ela já esta lhe esperando — falou indicando a lápide. — Quanto a você, Anthony, eu quase acreditei que não fosse se acovardar, mas ainda pode ser útil. Acho que não preciso lembrá-lo: Se não o for, nem mesmo seu corpo será encontrado.

Os dois se calaram. Raquel tremia quando abaixou as alças do vestido de formatura. Anthony estava paralisado.

— Veja, Raquel, o que farei com você agora é simplesmente o mesmo que fez com minha mãe há poucos meses. A única diferença é que as fotos serão verdadeiras.

Raquel abriu a boca, não podia ser ela. Não podia. Ana era uma garota fantasma, sem vida, covarde, se vestia como uma velha, não tinha amigos, era feia e sem graça. Jamais faria aquilo. Mas por outro lado, só podia ser ela. Ninguém em Winterhill, além de Raquel, sabia daquela história.

Stephanie a olhou com prazer ao notar que Raquel ligou os fatos.

— Vocês dois estão me cansando, Anthony. De frente para ela! Agora! — gritou apontando a arma. — Ainda nem tirou a camisa. Vamos, não tenho a noite toda!

Anthony a obedeceu e abriu os botões.

— Agora tire o vestido dela. Parece que ela não consegue abrir o zíper sem ajuda. Isso, perfeito — disse em tom de aprovação quando o vestido de Raquel caiu, deixando-a de roupas íntimas. — Me sinto como uma diretora de cinema!

Raquel tremeu. Não soube se foi de medo ou de frio. Ou por saber que não havia como se desculpar. E, pior, ninguém sabia onde ela estava.

____________________________________________________________________________________

Gennnte! E agora? O que será que vai acontecer? Comentem e deixem estrelinha! =D

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top