Capítulo 31
UMA VOZ NO ESCURO
Ethan
Ethan recobrou a consciência em um lugar desconhecido naquela noite. Teve a sensação de corpo pesado, de estar desacordado há algum tempo. Perdeu a noção dos dias. O lugar onde se via agora, lhe causou calafrios. Seu abdômen se contraiu de fome e medo. A garganta poderia rasgar de tanta sede. A cabeça repousava em uma parede fria. Úmida.
Os olhos, ele manteve fechados. Abri-los seria de qualquer maneira inútil, pois o local estava completamente escuro. Ele lutava para afastar os pensamentos sombrios, mas esses se manifestavam contra sua vontade.
Com o corpo dormente, sentiu o gelo que era o chão debaixo de seus pés, ao levantar-se trôpego e tatear pelo breu.
Uma risada reverberou pelo cômodo e lhe embrulhou o estômago vazio. Ethan torceu o tornozelo ao pisar em falso e caiu. Ouviu a madeira ranger.
- Quem está aí?! O que você quer de mim?
Nenhuma resposta.
Um quarto sem portas, só pode ser um sótão. Nesse caso, não deveria ter ao menos um feixe de luz entrando pelo teto?
Exausto física e mentalmente, Ethan se deixou cair sobre um trapo e improvisou uma cama.
O silêncio e a escuridão lhe fizeram companhia por longas horas. Sua última memória piscava em flashes. Recordou de que esteve no mercado, sentiu-se confuso, abandonou as compras que não compreendeu por que fazia, e em um estalo, o breu. Sótão escuro, silêncio, fome, sede.
Deveria haver alguma explicação, alguém ali.
Nas últimas semanas, Ethan se viu em várias situações e lugares, sem se dar conta de como havia chegado até lá. Tornou-se um expectador dos próprios atos. Despertava sempre em lugares estranhos.
No mercado, conseguiu que seus movimentos seguissem suas ordens por poucos minutos, até esbarrar naqueles dois desconhecidos. Em seguida, tudo escureceu.
Os desmaios e a falta de memória tornaram-se frequentes. Apenas flashes habitavam em seus pensamentos. Mas nunca, nunca, foram tão nítidos como agora. Coisas horrendas.
Uma garota, duas garotas, raiva, vingança, poder, morte. Tudo seria dele, tudo. "Não há como escapar", repetia a voz em sua cabeça.
Ethan massageou a têmpora para se livrar das obscuridades sem sentido, e das lembranças que não se recordava de ter vivido. Ele ouviu um barulho próximo e se aprumou tentando escutar. Contorceu-se ao escutar aquela voz.
- Ouvindo pelas paredes, Ethan? - A voz masculina sibilou como uma cobra, como se estivesse bem ao seu lado. Ele virou o rosto, mas não enxergava sequer um palmo diante de seu nariz.
O cheiro doce que jazia no ar o entorpecia. Apesar de lhe ser familiar, devido ao cansaço, não foi possível reconhecer a essência. Muito menos, fazer conexões.
- Sei que tem alguém aqui, apareça - pediu rouco, para o sótão mofado à sua volta.
- Tem certeza, Ethan? Você deve tomar muito, muito cuidado com o que deseja, meu caro. Vocês são desprezíveis! Acreditam que são os donos do mundo. Ignoram os fatos, debaixo dos seus narizes. Pensam que podem esbravejar o quanto quiserem e nada acontecerá. E como se não bastasse, preciso viver nesse corpo fraco, que necessita de cuidados o tempo todo, como um bebezinho! Aqueles de minha linhagem, que tem interesse por suaraça, merecem extermínio! E tudo sairá exatamente como planejei. Só falta mais um. Na verdade, dois, mas tenho planos diferentes para ela.
Ethan se encolheu com a ameaça.
- Não se preocupe, Ethan. Não farei nada com você agora. Apesar de quase ter estragado tudo hoje no mercado. Agradeça por ainda ser útil, seu verme.
O prazer com que a voz o amaldiçoava lhe causou medo. Ethan cogitou por um instante a possibilidade de ter enlouquecido. Afinal, era apenas uma voz em sua mente, sem corpo, sem rosto. Mas o cheiro doce e o arrepio foram reais, e fizeram com que se calasse.
Algo o atingiu com força. Sentiu apenas o impacto. Cuspiu o sangue no chão. O que quer que fosse aquilo, acabava de socar sua boca. Sentiu a cabeça latejar.
Pensou em implorar por ajuda, mas ninguém poderia ouvi-lo. Rogou silenciosamente para que fosse um pesadelo, do qual acordaria em breve. Acabou descobrindo mais tarde, que assistiria ao pesadelo de camarote. Com os olhos bem abertos.
A voz abandonou no sótão o eco de sua risada. Ethan, agora incrivelmente sonolento, se deixou levar.
Mais uma vez, os humanos eram usados como instrumento.
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Uuuuuuuu, que tenso! =O
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Beijosss e bom finalzinho de domingo!
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