Capítulo 8: Busca e destruição

Capítulo 8

 

Busca e destruição.

Enquanto isso, o esquadrão de contenção liderado por Hunk avançava pelos corredores do prédio como um pelotão inabalável. A cada sala adentrada por seus integrantes, os mortos-vivos nela presentes eram eliminados antes mesmo que pudessem notar a presença dos invasores, sendo sumariamente “transformados em fertilizante”, como diria David Ford, falecido policial de Raccoon City.

Ainda não fora encontrado nenhum sobrevivente ou documento importante e, para sorte dos combatentes, os únicos monstros confrontados até o momento haviam sido zumbis. Lentos e decompostos, eram alvo fácil para o soldado mais inexperiente. Bastava atirar na cabeça, destruindo os cérebros daqueles seres reanimados e assim tirando-os de ação permanentemente.

–       Fácil como tirar doce de criança... – murmurou um soldado cujo codinome era Doom, após limpar mais uma sala com a ajuda de dois colegas.

Rebecca e Jane seguiam apressadamente por um corredor, ouvindo o som de tiros cada vez mais próximos. Súbito, viram dois homens armados usando vestes táticas pretas e máscaras de gás saírem de dentro de uma sala, sendo que ambos se afastaram de costas para as duas jovens, portanto sem as notarem.

–       Eles parecem ter sido treinados para este tipo de situação! – observou Weston. – Não é melhor irmos até lá?

–       Não! – discordou Chambers, segurando a amiga pelo braço esquerdo. – Acho que as intenções desse grupo não são nada boas...

–       Hei, vocês! – exclamou alguém.

A dupla de pesquisadoras se voltou lentamente para trás. Estavam de frente para um daqueles soldados, que engatilhou sua espingarda, apontada na direção das sobreviventes.

–       Identifiquem-se! – ordenou ele.

–       Somos Jane Weston e Rebecca Chambers, trabalhamos aqui! – respondeu a agente federal, voz trêmula.

–       Trabalham aqui, é? – indagou o combatente num tom malicioso.

Agora ambas tinham certeza de que aqueles invasores não estavam ali para resgatá-las. Lutando pela vida, as duas mulheres cruzaram velozmente uma porta que levava a um outro corredor, conseguindo escapar do disparo efetuado pelo sujeito que as surpreendera.

–       Hei, voltem aqui! – gritou ele, tomando o mesmo caminho.

E assim uma implacável perseguição teve início.

Após muito andar, Krauser finalmente deixou o parque repleto de trilhas, avistando o Laboratório Vinnewood logo à frente. Ouvira o som dos helicópteros Black Hawk circundando o local, concluindo assim que a equipe de Burke já havia chegado.

–       O jogo vai começar... – murmurou ele, retirando sua faca do cinto.

Cansada de tanto correr, Rebecca entrou junto com Jane na sala de descanso dos funcionários, situada no segundo andar do prédio. O soldado continuava no encalço das duas, disposto a tudo para não deixá-las escapar.

–       E agora, o que faremos? – perguntou Weston, agitada. – Não podemos voltar!

A ex-integrante do S.T.A.R.S. examinou o ambiente: nele havia dois sofás, um computador fora do ar, uma televisão desligada sobre uma mesinha e algumas máquinas de doces e refrigerantes junto a uma parede. Quando a ruiva ia propor à amiga que se escondessem atrás de um dos móveis, a porta do recinto se abriu.

O combatente que as perseguia adentrou a sala lentamente, sorrindo de forma triunfante. Apontava a espingarda para as duas jovens que, acuadas, olhavam ao redor sem qualquer possibilidade de poderem fugir.

–       Agora não correrão mais! – exclamou o homem de Hunk, dedo no gatilho. – O que sabem sobre a contaminação?

–       Por favor, não nos machuque! – implorou Rebecca, levantando os braços.

–       Perdoe-me, gracinha... Tenho minhas ordens!

Mas algo estragou os planos do invasor: uma grade de metal despencou do teto, trazendo consigo uma bizarra criatura de tamanho quase humano. Parecia se tratar de um inseto mutante terrivelmente mal-cheiroso, que pulou sobre o soldado sem dar-lhe chance de esquiva.

Ouvindo os berros angustiantes da vítima do monstro, as atônitas jovens viram este se apoiar no tórax do rapaz com seus vários membros, perfurando seu crânio por meio de presas afiadas. Seguiu-se o som de algo sendo sugado, e as pesquisadoras constataram que a aberração se alimentava do encéfalo do morto.

Concluindo seu “lanche”, o ser voltou-se para Rebecca e Jane, sendo que esta última, horrorizada, indagou:

–       Que diabos é essa coisa?

–       Brain Sucker! – respondeu Chambers prontamente, lembrando-se dos mutantes que haviam assolado Raccoon City em seus últimos dias.

A criatura correu rumo à nova caça movendo seu corpo freneticamente para os lados, como se dançasse antes de atacar. As duas mulheres ergueram suas armas e abriram fogo, detendo o desproporcional inseto antes que ele pudesse lhes causar qualquer ferimento.

–       Precisamos sair daqui antes que mais daqueles soldados venham! – afirmou Jane.

A ruiva olhou para a abertura no teto de onde viera o Brain Sucker. Ela levava aos dutos de ventilação que se estendiam por todo o laboratório. Um meio de fuga discreto e rápido.

–       Suba nas minhas costas, assim você poderá entrar pelo buraco! – disse Rebecca.

–       Mas e quanto a você?

–       Quando você já estiver lá em cima, agarre meus braços e conseguirei subir também!

–       OK.

Chambers se abaixou e Weston utilizou a colega como escada, segurando uma das bordas da abertura e em seguida subindo com facilidade. Dentro do duto, a agente do FBI olhou para baixo, estendendo as mãos para a outra sobrevivente.

–       Venha!

Nesse momento, Rebecca percebeu que os treinos de basquete que freqüentara durante seu período como policial em Raccoon haviam afinal servido para alguma coisa: num salto ágil, a ex-integrante do S.T.A.R.S. teve os braços agarrados por Jane, sendo puxada através do buraco. Agora ambas se encontravam no interior do escuro duto de ventilação.

–       Tenho a sensação de que seria mais seguro termos permanecido lá embaixo... – murmurou Weston, temendo a aparição de mais algum mutante.

–       Precisamos arriscar! – replicou Chambers, seguindo em frente na esperança de vencer mais aquela inesperada investida de horrores.

–       Qual a situação no andar térreo, soldado Creeper? – perguntou Hunk pelo rádio.

–       Tudo calmo, senhor! – informou o combatente, de pé no centro de um corredor. – Todos os mortos-vivos já foram aniquilados!

–       Entendido, seguirei junto com alguns homens até o subsolo! Mantenha a área limpa!

–       Entendido, senhor!

Assim que a comunicação foi encerrada, Creeper engasgou, sangue lhe jorrando do pescoço. Caiu morto imediatamente, degolado pelo furtivo e cruel Jack Krauser.

–       De agora em diante você irá reportar apenas ao comandante do além... – murmurou o major, prosseguindo pelo corredor.

Súbito, o militar ouviu um estranho som. Algo semelhante a uma série de estalidos, como passos que se tornavam cada vez mais próximos. Logo avistou uma estranha criatura rastejando em sua direção, totalmente sem pele, como se fosse um ser humano virado do avesso. Possuía afiadas garras nas mãos, cérebro exposto e uma comprida língua que naquele momento desenrolava de dentro da boca.

–       Licker... – concluiu o membro da FPA, sabendo que tipo de monstros encontraria naquele prédio.

Traiçoeiro, o mutante saltou na direção de Jack, mas este deu uma cambalhota para trás, escapando do ataque. Sem desistir, a aberração atirou sua língua rumo à presa, tentando envolver o pescoço de Krauser para quebrá-lo, porém o terrorista, dotado de reflexos sobre-humanos, fincou sua faca no chão, prendendo a ele o longo órgão da criatura.

–       É isso que dá ter a língua maior do que a boca! – ironizou o major.

Agitado, o Licker tentava em vão se soltar. Assoviando como se estivesse passeando ao ar livre, o militar caminhou até o bizarro ser, agora incapaz de se defender. Com os dentes cerrados, começou a chutá-lo com força, parando apenas quando ele deixou de se mexer.

Certificando-se que o mutante estava realmente liquidado, Jack voltou pelo corredor e retirou sua faca da ensangüentada língua da aberração, guardando-a no cinto. Logo depois seguiu seu caminho, buscando assegurar os interesses da FPA.

Rebecca e Jane continuaram correndo pelos dutos, até ouvirem berros inumanos. Mesmo com a quase nula luminosidade, as duas puderam ver mais um Brain Sucker se aproximando com sua dança bizarra. Agiram rápido e assim puderam derrubar o monstro através de disparos de suas armas antes que lhes causasse mal.

–       Para onde iremos? – perguntou Weston. – O terraço também deve estar cheio de soldados!

–       Temos que tentar!

A marcha continuou.

Acompanhado de quatro combatentes, Hunk chegou ao quarto subsolo. As portas do elevador se abriram e o grupo adentrou o corredor pouco iluminado que terminava na porta com o símbolo de perigo biológico. O líder do esquadrão inseriu um cartão magnético preto no painel ao lado da entrada e ela se abriu sem que precisasse fornecer mais nenhuma identificação. Ganharam então o depósito onde Murray mantinha seu segredo...

Ao entrarem, depararam-se com Lott Klein, convertido em zumbi, ajoelhado ao lado do cadáver de James, estando este sem a cabeça. O jovem a havia devorado. Sentindo o cheiro de carne fresca, o morto-vivo se ergueu, cambaleando entre gemidos selvagens até os recém-chegados.

Sem piedade, Hunk eliminou o protegido de Josh Burke com um tiro certeiro na têmpora esquerda. Abaixando a arma, o comandante da equipe murmurou, balançando a cabeça em sinal de negação:

–       Seu tutor deixou-o aqui para morrer, amigo...

Logo depois olhou para um dos cantos da sala. Dos dois recipientes contendo zumbis, um estava intacto. Satisfeito, o “Sr. Morte” ordenou a seus homens:

–       Levem esse barril para os helicópteros! Rápido, quanto antes sairmos daqui, melhor!

Três dos quatro soldados obedeceram, pois um combatente ficou parado ao lado do barril onde antes houvera um morto-vivo, fitando atentamente seu interior. Hunk se aproximou, indagando:

–       Algum problema, Shadowghost?

–       E o zumbi que estava dentro deste tanque? Onde foi parar?

–       No mínimo ele deve estar vagando por aí... – resmungou o líder, sem dar qualquer importância ao fato.

Assim que chegou ao quarto andar, Krauser deparou-se com dois zumbis esfomeados. Rapidamente estripou-os com sua faca, seguindo em frente por um corredor. Estava certo de que Burke trairia a FPA. A intuição de Freewell nunca falhava.

De repente, surgiu diante do major um morto-vivo diferente dos demais: nu, estava em estado de decomposição avançadíssimo, com garras afiadas nas mãos e dentes perfurantes na boca. Também era ágil e veloz. Tratava-se do zumbi que saíra de dentro do barril danificado por Murray. Durante o incidente na Mansão Spencer, aquelas criaturas eram chamadas de “Crimson Heads”. Cabeças escarlates. Um estágio intermediário de infecção antes da transformação no Licker.

O mutante corria até Jack, mas este não aparentava o mínimo temor. Sorrindo, ergueu o braço esquerdo para o alto e, num processo assustador, o membro se transformou numa garra grande e vermelha, semelhante a uma asa. Em seguida o militar investiu contra o morto-vivo, partindo-o em dois com exímia rapidez.

–       Às vezes é muito útil ter trunfos escondidos... – afirmou Krauser, observando seu braço voltar ao normal lentamente.

Hunk e mais um soldado subiam pelo elevador junto com o recipiente criogênico intacto. Os demais combatentes que haviam descido até o quarto subsolo teriam de voltar apenas depois que o barril chegasse à superfície, pois caso contrário o limite de peso no transporte seria excedido e ele não funcionaria.

–       Senhor! – exclamou um dos integrantes do esquadrão pelo rádio.

–       Fale logo! – ordenou o comandante.

–       Três soldados não estão respondendo, um em cada andar superior! Presumo que estejam mortos!

–       A meta era concluir a operação sem baixas, mas o pacote já está seguro! Dirija-se até o heliporto, está tudo pronto para a extração!

–       Entendido, senhor. Desligo.

Krauser cortou o pescoço de mais um soldado que fechava o caminho até o terraço. O major tratou de esconder o corpo dentro de uma sala próxima, continuando em seguida.

–       Quase lá... – murmurou.

O líder da equipe chegou ao terraço junto com os quatro comandados que o haviam acompanhado até o subsolo. Estes traziam o pesado tanque contendo o morto-vivo em hibernação, que foi colocado rapidamente dentro de um dos helicópteros Black Hawk, pousado no local. Todos os soldados sobreviventes já se encontravam ali.

–       Deathplague, qual o número total de baixas? – perguntou Hunk.

–       Cinco. Perdemos contato com mais dois homens!

–       Eles morreram para que a missão tivesse sucesso, assim como meus colegas em Raccoon durante a operação para roubar o G-Virus do doutor William Birkin.

–       Um tabu está sendo quebrado esta noite! – riu um dos combatentes. – Esta é a primeira missão na qual você não é o único a escapar vivo, “Sr. Morte”!

–       Não sei se fico triste ou feliz por isso... – respondeu o comandante com desdém. – Vamos sair daqui!

E embarcaram rapidamente nas aeronaves, que levantaram vôo mais uma vez. Sucesso total. O 4º sobrevivente da tragédia de Raccoon City conseguia novamente satisfazer seus superiores. Entretanto, sentia que deixara algo passar...

Jack Krauser estava pendurado pelos braços embaixo de um dos helicópteros. Totalmente incógnito, viajaria daquela maneira até o destino final das aeronaves, constatando se Burke cumpriria com o combinado ou não.

–       Vamos ver até onde você me levará, Hunk...

O militar já se encontrava a uma grande altura do chão. Sorrindo, deu uma forte cuspida sobre o parque que havia percorrido alguns minutos antes. A hora da verdade estava chegando.

Rebecca e Jane saíram do duto de ventilação empurrando para baixo a grade de proteção. Desceram pela abertura e viram-se numa das salas de pesquisa. Sem monstros, para alívio de ambas.

–       Acredito que eles tenham ido embora! – disse a agente federal.

–       Boa parte dos zumbis devem ter sido eliminados, senão todos... – cogitou Chambers. – Agora poderemos procurar uma saída segura com maior tranqüilidade!

Súbito, a porta do lugar foi aberta. As duas sobreviventes apontaram suas armas, aliviando-se assim que perceberam se tratar de dois seres humanos não-infectados. Um deles foi reconhecido de imediato por Rebecca: Leon S. Kennedy.

–       Vocês duas estão bem? – indagou ele.

–       O T-Virus foi liberado no prédio, a área deve ser isolada imediatamente! – exclamou Weston.

–       Já estamos tomando providências. O agente Ernest Adams nos contatou. Seguimos um terrorista até aqui, mas pelo visto chegamos tarde demais... E este incidente é apenas a ponta do iceberg...

Nisso, Jane viu que o outro homem era nada mais, nada menos que seu ex-namorado Mike Graven. Confusa, ela inquiriu, colocando as mãos na cintura:

–       O que está fazendo aqui, Mike?

–       Temos muito a conversar, Jane... – suspirou o agente do Serviço Secreto, apoiado numa parede.

–       E nós precisamos lhes explicar o que está acontecendo! – afirmou Leon. – Sigam-nos, conversaremos melhor no furgão!

Deixaram então o laboratório, repletos de temor e dúvidas. Porém, todos tinham em comum uma certeza: estavam correndo contra o tempo.

Enquanto isso, no Colorado, o helicóptero do Serviço Secreto sobrevoava as Montanhas Rochosas, já estando na região da cidade de Leadville. O sol raiava. Checando a munição de suas armas, o agente Reed Collins murmurou:

–       Mal vejo a hora de pegar aquele desgraçado do Freewell...

–       Bem, eu estou ansioso é pelo fim desta missão... – afirmou Ash Young. – Finalmente terei minhas férias junto com a Helen!

–       Para onde vocês viajarão? – perguntou Ark Thompson.

–       Las Vegas, Nevada!

–       Há algum tempo eu vi um filme pós-apocalíptico em que a cidade era mostrada soterrada pela areia – disse Peter Marrin. – O enredo mostrava o planeta tomado por mortos-vivos, e os sobreviventes vagavam pelas estradas em veículos fortificados. A personagem principal era uma mulher que tinha poderes psíquicos e conseguia aniquilar os zumbis só de olhar para eles!

–       Puxa, que porcaria! – riu Dennis Zarek. – Como se chamava esse filme, Peter?

–       Não me lembro direito agora... Acho que era “Alice no Planeta dos Zumbis”, ou alguma coisa parecida!*

Todos caíram na risada. Um pouco de descontração para aliviar momentos tensos era sempre uma atitude bem-vinda, principalmente durante uma missão difícil. E aquela se tornaria mais complicada do que sequer imaginavam...

–       Hei, o que é aquilo? – exclamou Young, apontando para uma das janelas da aeronave.

A atenção do grupo se transferiu para a direção indicada pelo agente. Havia uma espessa nuvem de fumaça logo à frente, que tinha origem numa desconhecida cidadezinha incrustada entre as montanhas. Aquela pequena área urbana não constava no mapa.

–       Que lugar é aquele? – indagou Marrin.

–       Não sei, mas parece suspeito... – replicou Collins. – Nós deveríamos nos aproximar para averiguar melhor!

–       É uma boa idéia, talvez haja pessoas em perigo! – concordou Thompson.

Reed deu a ordem ao piloto, e o helicóptero se dirigiu até a localidade. Era mesmo uma cidade de pequeno porte, que devia ter no máximo dois mil habitantes. Quando se aproximaram o suficiente, os ocupantes da aeronave puderam notar vários focos de incêndio, e o maior deles, causador de toda aquela fumaça avistada por Ash, consumia o que parecia ser uma indústria madeireira.

–       Mas que diabos é isso? – estranhou Zarek. – O lugar inteiro está sendo queimado e não há ninguém nas ruas!

–       Há algo errado lá embaixo além das chamas... – murmurou Ark. – Acho que deveríamos pousar para investigar, talvez a FPA esteja envolvida!

–       Não sei... – disse Collins. – Nosso objetivo é invadir o reduto dos terroristas, e averiguar essa cidadezinha nos atrasaria...

–       Reed, de uma forma ou outra nossa meta é evitar a morte de inocentes! – afirmou Peter. – É quase certo que há pessoas em perigo lá embaixo, precisamos auxiliá-las!

–       OK, então... James, encontre um local para pousarmos em segurança!

O piloto assentiu com a cabeça, e os agentes apanharam suas armas. O dever os chamava.

Ao ouvir o som das hélices, o pobre homem ferido e manco cambaleou até uma das janelas, fitando a rua onde havia dois carros batidos junto a uma pequena loja. Fitando o céu, viu um helicóptero se aproximar da via e pousar sobre o asfalto. Era sua chance de resgate.

–       Hei, aqui! – gritou ele, agitando os braços sujos de sangue na esperança de chamar a atenção dos recém-chegados.

Porém, um horripilante berro se misturou à sua voz. Virando-se para trás, percebeu que uma daquelas aberrações inumanas havia invadido a sala que julgara ser tão segura.

–       Por favor, não!

O monstro avançou sobre ele, fazendo-o voltar a gritar, desta vez devido à dor e ao desespero.

–       Vocês ouviram isso? – perguntou Dennis, saindo da aeronave junto com os colegas.

–       Isso o quê? – indagou Ash.

–       Pareciam gritos...

Todos olharam ao redor. A rua, que parecia ser a principal da cidadezinha, estava totalmente deserta. O cenário era desolador: aqui e ali havia carros destruídos, vidros de lojas quebrados e construções pegando fogo. Em alguns locais, como paredes e calçadas, também era possível ver várias manchas de sangue. Para completar, um terrível odor dominava o ambiente, e Ark já sabia muito bem do que se tratava...

–       Não pode ser! – murmurou ele.

–       O que foi, cara? – quis saber Peter, preocupado.

–       Esse cheiro... Eu já o senti antes, na ilha Sheena... Não, não pode ser!

Collins caminhou alguns passos, ficando à frente dos demais. Após olhar mais uma vez ao redor e ouvir um som que lembrava um gemido, o líder da equipe voltou-se para Thompson, perguntando:

–       Você acha mesmo que... Houve uma contaminação neste lugar?

–       É quase certo... – respondeu o amigo de Leon. – A FPA tem o T-Virus em mãos. Talvez eles o tenham espalhado nesta cidadezinha como demonstração de força. Eles querem nos mostrar que não estão de brincadeira!

–       Bando de desgraçados! – exclamou Zarek. – Como tiveram coragem de fazer isso com pessoas inocentes?

–       Estamos lidando com a FPA, meu caro... – murmurou Reed. – Eles têm coragem para tudo!

Seguiram-se alguns instantes de silêncio, até que Marrin indagou:

–       E então, o que faremos agora?

–       Sou da opinião de que nós deveríamos procurar por sobreviventes! – propôs Ark.

–       Não, isso está fora de cogitação, olhem só para esse lugar! – discordou Young. – É um pedaço de Raccoon City escondido no coração do Colorado! Imaginem as criaturas que devem estar nos espreitando neste exato momento! Se não sairmos logo daqui, todos nós morreremos!

–       Eu concordo com o Thompson – disse Collins. – Apesar de não ser nossa prioridade nesta missão, devemos vasculhar a área em busca de pessoas vivas! Assim estaremos também procurando provas que relacionem este incidente com a FPA!

–       Deus do céu, isso é suicídio... – resmungou Ash.

Reed se aproximou do helicóptero e ordenou ao piloto:

–       Aguarde aqui por uns vinte minutos! Se nenhum de nós voltar, decole e sobrevoe a área durante mais uns dez minutos, pois poderemos contatá-lo via rádio! Se depois disso ainda não dermos sinal de vida, volte para Denver e chame reforços!

–       Sim senhor! – assentiu James.

Collins voltou para junto de seus comandados, que estavam parados diante da fachada de um prédio de três andares (contando o térreo). Sobre a porta-dupla de entrada lia-se numa placa a inscrição “Escola Elementar White Creek”.

–       White Creek? – indagou Dennis. – Esse é o nome desta cidade?

–       Provavelmente... – murmurou Peter. – Deus queira que não haja crianças aí dentro...

–       Só há uma maneira de descobrirmos! – afirmou Reed, seguindo na direção da porta de madeira com uma pistola Glock 9mm em mãos.

Os demais agentes permaneceram imóveis, fitando o líder girar a maçaneta da porta. Ela foi aberta vagarosamente, rangendo de forma assustadora. Com o caminho livre, Collins avançou, voltando a cabeça para seus homens enquanto perguntava:

–       Vocês vêm?

Receosos, os membros da equipe também adentraram a escola, incertos sobre o que encontrariam em seu interior e até se sairiam vivos de dentro dela ou não.

(*) – Assim como a maioria dos fãs, eu também não estou gostando nada do rumo que a saga Resident Evil tomou em sua adaptação para o cinema.

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