Capítulo 10: Um "presente" para a FPA
Capítulo 10
Um “presente” para a FPA.
Ark Thompson caminhava por entre os pinheiros da floresta, recordando sua juventude, quando caçava junto com o avô naquela região. Nada naquele lugar parecia ter mudado ao longo dos anos, ao contrário do mundo civilizado, que se encontra sempre em intensa transformação.
De acordo com seus cálculos, o ex-detetive já devia estar se aproximando do suposto reduto da FPA. Evitara várias cabanas pelo caminho, temendo confrontar homens armados e assim ser descoberto antes da hora. Aproximadamente uma hora havia se passado desde que se separara de Marrin e Zarek na estrada que seguia até Leadville. O amigo de Leon estava agora sozinho e vulnerável.
De repente, Ark ouviu um alto barulho sobre sua cabeça, na verdade quase ensurdecedor. Olhando para o céu, percebeu que um jato, mais precisamente um caça F-22 Raptor, voava sobre a floresta a uma altura relativamente baixa, tendo sob uma das asas algo parecido com um recipiente metálico laranja de tamanho considerável. Perguntando-se a respeito de qual destino teria aquela aeronave, Thompson prosseguiu, com um flash-back invadindo sua mente...
O silêncio daquela noite fria foi quebrado pelo som de hélices girando. Tal barulho se aproximou cada vez mais, e logo surgiu um helicóptero, sobrevoando a parte central da cidade, com um sujeito loiro vestindo uniforme cinza pendurado nele firmemente pelas mãos, demonstrando insistência.
– Você não vai embora! – gritou ele.
O homem tentava de qualquer maneira alcançar a cabine, enquanto o piloto balançava a aeronave para derrubar o perigoso inimigo.
O sujeito pendurado mordeu os lábios. Tinha uma pistola numa das mãos. Na outra, uma pequena peça de metal. Sabia que acabaria caindo de qualquer maneira.
Mas você não vai embora... Eu posso morrer, mas levo você junto...
E, erguendo o braço com a arma, o insistente indivíduo disparou contra o helicóptero. Ele sorriu largamente quando viu a aeronave voar sobre os telhados de forma oscilante, começando a pegar fogo.
Adeus, maldito!
Saltou então da máquina voadora sobre um beco, colidindo violentamente contra o chão.
O helicóptero foi tomado pelas chamas, perdendo altitude. A noite acabou iluminada por um clarão, seguido pelo barulho de uma explosão e um leve tremor. Caíra bem perto do beco onde o sujeito saltara, em cima de um muro. O fogo se alastrava. Dentro das ferragens o piloto despertou, extremamente confuso.
Quê... Mas o quê?
Como que por impulso, o indivíduo saltou pelo vidro da cabine, caindo de bruços sobre a terra após uma cambalhota. Atrás de si a carcaça do helicóptero, imersa em fumaça.
O piloto ficou inconsciente por alguns instantes. Um breu enorme em sua cabeça, um zumbido estridente em seus ouvidos... Súbito, sentiu como se seu cérebro pipocasse, e abriu os olhos. Ele levantou-se e, limpando a terra que sujara sua calça e sua jaqueta verde-escura um tanto queimada, olhou ao redor.
– Onde... Onde estou?
Imediatamente uma dor intensa tomou sua cabeça. Ele cobriu a testa com uma das mãos, tentando abafar a dor, mas era quase inútil. Seguiu-se uma sensação de tontura e um leve embaçar da visão. O piloto gemeu sem querer.
Tentava organizar suas idéias, porém havia uma espécie de nó em sua mente.
– Quem sou eu?
A dor voltou com mais um gemido. Era incrível, mas não conseguia se lembrar de nada. Não fazia a mínima idéia de quem era e como havia parado ali.
Nesse momento o desmemoriado viu uma arma em sua mão direita. Uma bela pistola Beretta totalmente carregada.
Uma arma... Acho que minha única esperança é ela...
Checando os bolsos, o sujeito encontrou vários pentes de munição. Quem poderia ser? Um policial ou coisa assim?
Ou um ladrão. E seu eu for um bandido?
Estava muito confuso e ainda meio zonzo. O zumbido nos ouvidos passara e a dor na cabeça parecia estar indo embora.
O desmemoriado tentou em vão identificar o lugar onde se encontrava. Atrás de si o helicóptero destruído. Um muro o separava de uma densa floresta à direita. À esquerda havia uma parede e, numa virada, um portão, além de algumas pilhas de caixas aqui e ali.
De repente, um amedrontador uivo ecoou pela noite.
Lobos... Há lobos nessa floresta! Preciso sair logo daqui!
Caminhando sem dificuldade, porém ainda um pouco tonto, o sujeito se aproximou do portão. Após girar a fria maçaneta, ele seguiu apreensivo.
Ganhando um beco com uma curva para a esquerda, logo algo chamou sua atenção: um homem vestindo uniforme cinza caído no meio do caminho, segurando um artefato feito de metal numa mão e uma pistola na outra. Parecia estar morto.
O piloto do helicóptero correu até ele, abaixando-se com a esperança de poder salvar sua vida. O braço parecia quebrado, o que levava a crer que ele caíra de algum lugar alto.
Não poderei fazer algo por ele sozinho. Preciso encontrar alguém que o leve até um hospital.
– Você parece familiar, mas... Oh! Não consigo me lembrar de nada!
Ele checou o objeto metálico que o acidentado segurava. Era uma corrente com duas placas de ferro, dessas que os militares usam, possuindo o nome “Ark Thompson”.
Bem, já sei o nome dele...
Ainda abaixado, o desmemoriado olhou para os lados e viu uma porta-dupla de madeira à sua direita, uma de metal logo em frente e outra após a virada, no final do beco, com alguns pôsteres e fotos.
Meu Deus, que lugar é este?
Voltou então a fitar o homem inconsciente.
– Ark Thompson, hem? Bem, eu não consigo me lembrar de nada... De qualquer forma, essa não é uma maneira de alguém morrer!
Pensativo e confuso com sua amnésia, o sujeito, ainda abaixado, nem percebeu que alguém caminhava às suas costas. Os passos eram lentos e quase silenciosos, misturando-se ao aterrador som do vento. O desmemoriado só notou que havia uma pessoa atrás de si quando um forte cheiro de carne podre atingiu suas narinas.
– Quê? – exclamou, virando a cabeça.
O estado do sujeito era deprimente. Sua face estava totalmente desfigurada, com um olho totalmente branco e onde deveria estar o outro, via-se um buraco negro ensangüentado. Uma espécie de ácido escorria de seus lábios. A camisa fora totalmente tingida de vermelho e um dos braços estava praticamente sem pele. Ele fitou o espantado bom samaritano por alguns instantes, tentando se equilibrar feito um bêbado.
– Você precisa de ajuda?
A resposta foi um gemido do bizarro ser, que agarrou seus ombros, abrindo a nojenta boca. Um pouco daquele ácido caiu sobre a jaqueta de nosso herói. Este, assustado, deu um chute no abdômen do indivíduo decomposto, que, repelido, recuou temporariamente.
– O que é você?
Outro gemido, e a criatura se preparou para um novo ataque. O desmemoriado não pensou duas vezes: sacou a pistola e disparou uma vez, atingindo o tórax do adversário. Este, porém, pareceu não sofrer nada com o tiro.
Recuando dois passos, ele atirou novamente, atingindo o braço sem pele do agressor. Surpresa teve quando o membro veio ao chão, deixando um rastro de sangue pelo beco.
Mas aquela coisa ainda estava de pé, pronta para morder o pescoço do atirador. Este, entretanto, foi mais rápido e terminou com mais um disparo, o qual atingiu em cheio a testa do moribundo.
O ser repugnante caiu de bruços sobre uma poça de seu próprio sangue. Estava morto. De uma vez por todas.
Nosso herói limpou o suor da testa, sem conseguir parar de olhar para aquela coisa grotesca. De repente, viu algo brilhar ao lado do corpo.
Hei, o que é isto?
Ele se abaixou para ver melhor. Era uma chave de metal um tanto enferrujada.
O desmemoriado apanhou o artefato, imaginando qual fechadura ele destrancaria. Depois olhou novamente para o suposto Ark Thompson, inerte no chão.
Se eu ficar aqui podem aparecer mais dessas coisas... É melhor que eu vá procurar ajuda para mim e esse cara!
O piloto do helicóptero virou-se na direção da porta de ferro na curva do beco. Ele então caminhou até ela e tentou girar em vão a maçaneta. Estava trancada.
A chave!
Em seguida encaixou a chave na fechadura, conseguindo destrancá-la. Caminho livre. Antes de seguir em frente, o sobrevivente da queda olhou para os dois corpos inertes no beco e para a Beretta em suas mãos trêmulas. Onde estaria? Quem era? Essas perguntas apenas ele mesmo poderia responder, mas não naquele momento...
O caça F-22 contornou mais uma montanha, e então o piloto pôde avistar o esconderijo da FPA, situado num bunker incrustado numa encosta rochosa. Um abrigo impenetrável, segundo Ronald Freewell.
– Isso é o que veremos... – murmurou o piloto do jato.
O reduto foi enquadrado na mira, e logo depois o homem no controle do avião pressionou um dos botões presentes na alavanca de comando. Assim, o recipiente alaranjado antes visto por Ark foi disparado da mesma forma que um míssil, rumando em altíssima velocidade até a base inimiga.
– O pacote foi entregue, senhor! – informou o autor do ataque pelo rádio da aeronave.
– Ótimo – respondeu Burke. – Volte imediatamente! Nosso “presente” cuidará do resto!
– Sim senhor!
Numa ágil manobra de 180º, o F-22 deu meia-volta, iniciando o trajeto de volta à base militar nos arredores de San Jose, Califórnia. A missão estava cumprida, e a FPA pagaria caro por ter tentado enganar Burke. Da mesma maneira que os habitantes da ilha Sheena haviam sentido a insana ira de Vincent Goldman ao tentarem delatá-lo ao quartel-general da Umbrella...
Naquele instante, cerca de uma centena de membros da FPA tomavam café da manhã no amplo refeitório do esconderijo do grupo terrorista, um extenso complexo subterrâneo ocultado dentro de uma montanha. Assemelhando-se a ursos esfomeados, os integrantes do movimento, sentados ao redor de mesas metálicas retangulares, devoravam pratos de panquecas com mel e ovos com bacon, preparando-se para mais um dia recebendo ordens vindas de Freewell.
De repente, as luzes no teto do local oscilaram, ao mesmo tempo em que um estranho ruído chegava aos ouvidos dos presentes. Boa parte dos terroristas se levantou, olhando de forma preocupada ao redor. Algo errado estava ocorrendo.
– O que foi isso? – indagou um deles. – Vocês ouviram?
O som foi se tornando cada vez mais alto, somado a gritos e um crescente tremor. Algo estava se aproximando do lugar com extrema violência e, percebendo isso, os soldados da FPA se esconderam sob as mesas, temendo o pior. No auge do pânico, um terço do teto cedeu, rompendo as tubulações de água que ali passavam. Com isso o refeitório começou a ser alagado, e simultaneamente a terra parou de tremer. Os combatentes se ergueram com grande receio para ver o que acontecera, e não tinham palavras para descrever o que viam.
Onde antes era a cozinha, havia uma grande cápsula laranja revestida por uma couraça de metal deveras resistente, que com o impacto afundara cerca de um metro no chão. Olhando para o buraco acima de suas cabeças, os membros da FPA puderam enxergar os andares superiores e, no topo do túnel criado pelo incomum projétil, era possível contemplar o céu matinal. Concluíram que de alguma forma aquele artefato fora lançado contra o esconderijo, e conseguira penetrar nele causando grande estrago.
– Com mil demônios! – berrou um dos terroristas, calças molhadas devido à água que invadia o local. – O que é essa coisa?
Um pequeno grupo de homens caminhou até a cápsula para examiná-la melhor. Ela possuía o símbolo de um guarda-chuva vermelho e branco nas extremidades, e também uma inscrição em letras brancas no centro, que foi lida em voz alta por um jovem integrante do movimento:
– T-00!
– Mas o que isso significa? – perguntou um soldado próximo.
Súbito, mais um barulho, agora vindo do artefato. Os combatentes se afastaram e, para espanto de todos, viram que ele estava se abrindo. Metade da couraça foi removida automaticamente, deslizando para dentro do envoltório. Assim o interior da cápsula foi revelado, inclusive seu ocupante...
Ele se ergueu num piscar de olhos, fitando os indivíduos que o observavam com medo difícil de descrever. Tinha mais de dois metros de altura, era careca, forte, pálido e trajava um espesso sobretudo verde, além de pesadas botas pretas. Seu rosto era totalmente inexpressivo, semelhante ao de um “serial killer” que não hesita em matar.
– Meu Deus! – gritou um dos presentes.
Sem ao menos piscar, o mutante apanhou um terrorista pelo pescoço, quebrando-o sem empregar nem ao menos metade de sua força. Os demais membros da FPA tentavam fugir desesperados, enquanto o nível da água continuava subindo. Movendo-se lentamente, o T-00 encurralou um grupo de jovens junto a uma parede, erguendo seus braços para em seguida abaixá-los violentamente, transformando suas vítimas em sacos de ossos partidos. A matança estava só começando...
Depois de percorrer mais um grande número de metros, Ark finalmente chegou ao que parecia ser a entrada do esconderijo da FPA: uma caverna ao lado de uma guarita. Todavia, não havia vigia algum no local, tampouco qualquer sinal de presença humana. Cauteloso, Thompson avançou na direção do lugar, constatando que realmente se encontrava vazio. Aquilo com certeza não estava certo.
Antes de adentrar a montanha, o sobrevivente da ilha Sheena parou e verificou a munição de seu rifle. Tudo OK. Logo depois seguiu em frente pelo túnel, iluminado precariamente por lâmpadas junto às paredes. Ark não se sentia bem. Aquilo não podia ser mais fácil. Ou a FPA era negligente em relação àquele acesso ao reduto, ou então o amigo de Leon estava a caminho de uma terrível armadilha...
– Preciso de mais homens no setor “H” com urgência! – exclamou um terrorista pelo rádio, enquanto, junto com alguns colegas, tentava conter o avanço da criatura.
Porém, os ataques por parte deles eram inúteis. Nada era capaz de derrubar o gigante careca, incluindo balas de grosso calibre e até granadas. Por onde o T-00 passava, deixava um rastro de morte e destruição, com paredes quebradas e corpos retorcidos. O mutante fora enviado por alguém que desejava ver todos os integrantes da FPA mortos. Alguém totalmente sem escrúpulos e capaz de elaborar esquemas doentios.
Ronald Freewell tinha certeza de que o monstro fora mandado pelo homem que julgara ser seu aliado na luta pela “América dos Sonhos”. Completamente arrependido, o líder do movimento podia sentir em seu próprio corpo as fraturas e mutilações provocadas pelo assassino em seus comandados, e num certo momento quis poder voltar no tempo para se afastar de Burke antes que aquele desastre ocorresse.
Quando o comandante do reduto viu que a máquina de matar invadira sua sala, não pensou duas vezes: fitando a aterrorizante face inexpressiva do invasor, Freewell sacou uma pistola calibre 45 e encostou o cano dela sob seu queixo. Quando o T-00 ia agarrá-lo com uma das mãos, Ronald pressionou o gatilho, preferindo se suicidar a ter uma morte dolorosa causada por aquele ser inumano.
Ark vencera a caverna e já ganhava os corredores do esconderijo subterrâneo, sem encontrar qualquer contratempo pela frente. Podia ouvir gritos e tiros não muito longe, talvez eles tivessem algo a ver com aquela ausência de guardas pelo caminho. Thompson estava certo de que encontraria grandes perigos caso avançasse mais, e por isso não tirava o dedo do gatilho do rifle, pronto para usá-lo a qualquer momento.
Após mais alguns passos, o ex-detetive ouviu gemidos. Uma voz sumida implorava por socorro. Temeroso, Ark contornou uma curva do corredor, deparando-se com uma cena deprimente: um rapaz usando o uniforme militar verde-escuro da FPA rastejava em sua direção, deixando uma trilha de sangue pelo caminho. Empregando as poucas forças que lhe restavam, o moribundo ergueu um dos braços na direção de Thompson, pronunciando suas últimas palavras:
– Ele é indestrutível!
Em seguida morreu, sua cabeça tocando o chão num baque. Antes que pudesse organizar seus pensamentos, o sobrevivente da ilha Sheena ouviu pesados passos vindo até si. Levantou os olhos. Mal podia crer. Aquilo simplesmente não podia estar acontecendo de novo!
Dez anos antes.
Ark corre por uma passarela de metal que leva ao outro lado do amplo ambiente. Tanto à sua direita quanto à sua esquerda, há, enfileiradas, várias câmaras de hibernação contendo mais daqueles mutantes carecas de sobretudo verde idênticos aos que enfrentara no caminho até ali. Aquela ilha realmente estava sendo usada para produzir monstros em massa.
No meio do trajeto, um desses assassinos titânicos salta diante de Thompson, bloqueando a passagem. O sobrevivente saca seu revólver Magnum, apontando-o para o oponente. Teria de derrubá-lo se quisesse avançar.
Eu preciso me lembrar... Eu preciso sobreviver!
Agora tudo se repetia. Um T-00 caminhava pelo corredor se aproximando cada vez mais de Ark, punhos sempre fechados e prontos para aniquilar quem ousasse cruzar seu caminho. Mutantes como aquele haviam sido apelidados de “Mr. X” por Claire Redfield durante o incidente em Raccoon City, devido ao ar enigmático e horripilante que possuíam. Não poderia haver melhor denominação para eles.
Thompson apontou o rifle. Com um pouco de sorte seria capaz de derrubar o inimigo temporariamente, permitindo que fugisse. O gatilho foi pressionado, e a bala disparada atingiu o peito do monstro. Apesar de ter perdido sangue, “Mr. X” não se abalou, continuando a caminhar até sua nova vítima. Sem desistir, o amigo de Leon atirou mais uma vez. O projétil perfurou o ombro esquerdo da arma bio-orgânica, mas isso ainda não foi suficiente para levá-lo ao chão.
– Droga! – gritou Thompson.
O T-00 já estava próximo demais. Ark preparou-se para receber um golpe mortal. Porém, seu adversário agiu de forma diferente: com as mãos, apanhou o rifle do ex-detetive, partindo-o ao meio com uma forte joelhada. Ele pretendia desarmá-lo antes de matá-lo, como o sobrevivente logo percebeu. Sacando sua Samurai Edge, teve tempo de correr, disparando contra o mutante agora com a pistola.
Este último, voltando-se novamente para o alvo, correu em sua direção, pronto para eliminá-lo com um inesperado e devastador golpe com o ombro. Mais esperto que seu caçador, Ark rolou pelo chão, escapando do ataque, que acabou por abrir um grande rombo numa parede próxima. “Mr. X” fora parar dentro de um depósito, mas já voltava ao corredor passando pelo buraco que fizera. Thompson recomeçou a correr, dirigindo-se até um lance de escadas.
O fugitivo desceu velozmente, por muito pouco não tropeçando no último degrau. Podia sentir os aterrorizantes passos do T-00 atrás de si, que faziam tremer o chão. Apontou a pistola para trás, porém nada viu. Apesar de forte e resistente, aquele matador criado pela Umbrella possuía um ponto fraco: era lento. E Ark tiraria vantagem disso para vencê-lo.
Adentrando um novo corredor, o ex-detetive passou por vários cadáveres cheios de sangue. Procurando não fitá-los, avançou até uma porta ao lado da qual existia uma placa indicando mais um lance de escadas. Arfando, começou a percorrer mais aqueles degraus, e de repente sentiu um repentino frio nas pernas. Olhando para baixo, percebeu que aquele nível estava todo alagado, com alguns corpos boiando na água. Imerso em líquido até a cintura, Thompson, apesar de ter agora sua mobilidade prejudicada, seguiu em frente buscando respostas e uma saída. Assim como na ilha Sheena, precisava sobreviver àquele pesadelo.
San Jose.
Sentado em sua sala, Burke imaginava como o Tyrant que enviara ao Colorado estaria se saindo no extermínio dos integrantes da FPA. Ele os encurralara da mesma forma que um felino ataca uma toca de roedores imundos. Divertia-se apenas em pensar...
Não admitia que pessoa alguma o enganasse. Qualquer que fosse.
Ark cruzou uma porta com a inscrição “Refeitório”, notando que a água continuava subindo. Entrando no local, o amigo de Leon descobriu a causa do alagamento: uma tubulação no teto fora de alguma forma rompida, inundando todo aquele subsolo. O recinto estava repleto de cadáveres e, próximo aos canos partidos, via-se um grande buraco que permitia visualizar os níveis superiores e a luz do dia. Thompson se aproximou de tal abertura, intrigado sobre o que ocorrera ali, quando algo saltou por ela, atingindo o chão num brusco tremor. Tendo suas vestes encharcadas pelo líquido levantado com o impacto, o sobrevivente apontou a Samurai Edge para “Mr. X”, que resolvera tomar um atalho até o local.
Apesar da água deixar o monstro ainda mais lento, Ark sabia que os T-00 eram mutantes poderosos que não deveriam ser subestimados. Tomando distância, o ex-detetive iniciou uma nova seqüência de disparos com a arma, atingindo o tórax do assassino sem ainda, no entanto, causar-lhe dano. Foi então que, olhando para um emaranhado de fios no teto que mantinham as lâmpadas do refeitório acesas, uma tubulação intacta que adentrava uma parede perto da entrada de um duto de ventilação e a pistola em sua mão direita, Thompson elaborou um plano arriscado, mas que poderia dar muito certo...
Movimentando-se o mais rápido possível, o combatente se dirigiu até o cano que avistara, esquivando-se de um soco dado pelo T-00. Num salto esforçado, Ark agarrou a estrutura metálica, e permaneceu pendurado nela pela mão esquerda. Com a outra, mirou na direção de uma das luzes. A máquina de matar se aproximava mais e mais. Um tiro foi efetuado, destruindo um dos suportes da luminária e fazendo com que ela ficasse presa ao teto apenas por um cabo elétrico. Mordendo os lábios, o atirador pressionou novamente o gatilho, ao mesmo tempo em que impulsionava seu corpo para cima, abraçando a tubulação com os braços e assim se posicionando totalmente fora d’água.
A segunda bala provocou a queda da lâmpada dentro do líquido, entrando em contato com ele também o fio de energia. A eletricidade se propagou pela improvisada piscina e pareceu afetar “Mr. X”, já que ele parou de andar e aparentava estar sendo eletrocutado. Sorrindo devido ao feito que realizara, Ark, segurando firmemente o cano, repetiu o processo com outras lâmpadas próximas, aumentando a intensidade da corrente conduzida pela água. Instantes depois, Thompson começou a sentir um terrível cheiro de carne queimada. Observando o T-00, viu que o traje do monstro era aos poucos desintegrado, e uma leve fumaça saía de seu corpo. Estava fritando.
O gigante careca não resistiu por muito tempo: após mais alguns segundos, desfaleceu lentamente, imergindo como uma pesada pedra num lago. Tomado por uma reconfortante sensação de alívio, Thompson, pendurado à tubulação, esgueirou-se até a entrada do duto mencionado há pouco, derrubando a grade que o fechava com uma série de chutes. Numa tarefa que exigiu certo esforço, o amigo de Leon entrou pela abertura cuidadosamente para não tocar a água sob hipótese alguma. Já dentro da estreita passagem, começou a rastejar pelo sistema de ventilação de volta à superfície. Ele tinha de conseguir!
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