3. Tristes Lembranças de Outono

...O outono mais marcante da minha vida começou numa sexta feira com Shawn chegando no clube com um moletom cinza e sua nova calça jeans.
"Ela é bem apertada" ele me disse ao se aproximar de mim.
"Bem sexy" respondi. Eu o olhei rir com um pouco de tristeza.
Nós caminhamos juntos pela praça, e observamos as árvores e suas folhas caídas no chão. Era um ciclo vital na vida de uma árvore e ninguém poderia fazer nada para modificar aquilo.
Aquele dia quando lhe paguei um café eu senti Shawn um pouco estranho. Ele sorria, mas logo fechava a cara.
Ele estava um pouco quieto e sempre q tinha oportunidade me segurava em Abraços. Abraços mais longos que os normais.
"Vem dormir em casa hoje". Ele me disse.
"Mas e seus pais?" Havia feito aquela pergunta pois Shawn uma vez me disse que seus pais eram bastante controladores em relação a sua vida, porém podíamos nos ver livremente durante o dia, já que ambos trabalhavam muito.
"Não importa. Você entra pela janela quando for umas 22:00"
Eu aceitei.

Eu não me preparei muito. Cheguei na janela, felizmente a casa tinha apenaa um andar e não tinha portao. Dei apenas dois toques no vidro.
Foi uma questão de segundos até que Shawn a abrisse e me desse passagem pra entrar.
Logo que fechou a janela, ele me grudou na gola da camisa com as duas mãos e uniu nossos lábios.
Era um beijo diferente dos outros, com um toque de necessidade e nervosismo.
Assim que recuperamos o fôlego, eu pude ver que ele havia preparado tudo para dormirmos.
Edredons e travesseiros em cima de sua cama.
Shawn segurou minhas mãos com as suas e me forçou a abraça-lo por trás.
Eu caminhei junto a ele pra frente da janela e, assim que paramos apoiei meu queixo em seu ombro.
"A lua está linda" disse ele.
"Não tanto quanto você". Shawn nada disse, apenas largou minhas mãos e me abraçou fortemente, como faz de uns dias pra cá.
"Eu amo você, Nick"
"Eu amo você também, Shawn".
Naquela noite dormimos juntinhos. Eu o envolvi com os braços e me grudei ao seu corpo. Seu cabelo tinha um cheiro maravilhoso de camomila e sua pele estava macia como a de uma criança recém nascida.
Alguma coisa em minha mente dizia que aquilo talvez mudasse o rumo de nossas vidas para sempre.
Pela manhã, tivemos sorte que os pais de Shawn haviam ido ao mercado e eu pude sair pela porta da frente.

"Precisamos conversar uma coisa séria. Me encontre hoje no prédio abandonado em frente ao antigo orfanato" dizia a mensagem.
Eu havia recebido-a nove dias de ter dormido na casa de Shawn.
Felizmente era a última aula, então não tive muito tempo de me sentir ansioso.
Chegando lá tive a pior notícia que um garoto apaixonado poderia receber.
"Ano que vem eu me mudo com meus pais para a Inglaterra, minha mãe quer me colocar em uma faculdade de arquitetura lá".
Eu entrei em choque. Meu corpo inteiro estava em pânico.
Shawn estava indo embora.
"Mas você quer ir?"
E ele, com os olhos cheios de lágrimas negou com a cabeça.
"Mas não tenho escolha" ele me disse.
Aparentava estar mais devastado que eu.
"Acharemos uma solução"
Ele apenas me abraçou.

Os próximos dias até o fim do ano letivo foram torturantes. Eu me sentia mal pelo tempo estar passando e eu ainda não ter achado uma solução para que Shawn não fosse embora, ms nada parecia adiantar.
Eu o via agora com uma frequência maior, e nosso afeto se aumentou incrivelmente nesses últimos meses.
Finalmente estavamos formados, e nos encontramos para comemorar.
Foi igual os outros encontros, um passeio de tarde com muitos abraços e beijos.
"Passou direto?" Perguntei.
"Em linha reta, sem contorno. E você?" Brincou ele.
"Igualmente". Respondi.
Naquele dia estava um clima um pouco mais frio, o que nos deixou muito mais unidos.

Eu também havia lhe comprado um presente de Natal, um colar simples com as letras "N" e "S". Havia saído na manhã da véspera pra lhe entregar.
Combinamos de nos ver na praça, como sempre fazíamos.
Cheguei e esperei algum tempo. E o vi atravessar a rua alguns instantes depois.
Ele trazia um embrulho de cor verde.
Assim chega, me abraçou fortemente. Em seguida nos beijamos, mas era apenas um selinho prolongado com algumas sugadas.
"Eu espero que você goste" ele me disse e entregou o embrulho.
"Eu também espero que você goste"
Não abrimos o embrulho, apenas nos sentamos no banco e permanecemos de mãos dadas. Uma garotinha passou e nos mandou um pequeno "oi" com sua mãozinha.
Shawn e eu retribuímos gentilmente o gesto da pequena garota.
Nós estavamos calados e eu sabia que aquele era o último encontro. Nossas mãos estavam unidas com uma força surreal e a esperança no meu coração ainda estava viva. Eu ainda tinha a esperança de permanecer nessa cidade ao lado de Shawn e que, construiriamos uma família.
Eu esperava que algum milagre de natal poderia acontecer e talvez, só talvez Shawn e eu ficássemos juntos até o fim de nossas vidas.

Continua...

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