Capítulo Vinte e Cinco
Vicente Johnson:
Meu pai ficou mais surpreso em ter aceitado sair com o Pedro do que mencionar que beijou Luciano no meio da minha cozinha.
— Aceitou ir em um encontro? — Meu pai disse e olhou para Pedro, que estava tendo uma conversa com Luciano enquanto os gêmeos observavam atentamente.
Pedro pareceu tenso desde que Luciano começou a fazer parte da minha vida e dos gêmeos nos últimos dias. Convenhamos, em termos de força, um soco do Luciano iria desmontar Pedro em segundos. Mas isso não iria acontecer comigo, os gêmeos e meu pai presente.
Os gêmeos desistiram de escutar a conversa e vieram para perto de mim, apontando para a fruteira.
— Papai, quero um pedaço de maçã — Otávia falou.
— Quero um pedaço também — Gabriel disse.
Peguei a fruta e comecei a cortá-la em pedaços bem pequenos. Em seguida, me sentei para comer com eles. Coloquei os pedaços em potinhos e ambos pegaram os seus.
— Pai, mudando de assunto, sobre o meu encontro com o Pedro, por quanto tempo você está pensando em ficar? — Perguntei e ele me olhou curioso. — Digo sem contar ao Luciano que você tem que voltar para sua casa.
— Sobre isso, ainda estou pensando em contar para ele ou não, além de pegar umas férias, já que abri o restaurante e nunca tirei férias prolongadas em toda a minha vida — Meu pai disse.
— Então o vovô vai ficar mais tempo ainda? — Otávia perguntou.
— Isso vai ser incrível! Vovô vai cozinhar conosco — Gabriel disse. Olhei para ambos, que pegaram mais um pedaço da fruta e colocaram na boca, mastigando com uma expressão fofa.
— Vou fazer um monte de pratos, mesmo com seu pai saindo para os encontros dele — Meu pai disse, com um enorme sorriso de diversão. — Demorou para isso acontecer, Pedro finalmente chamou-o para um encontro. Ele praticamente está aqui quase todos os dias e já peguei os dois quase se beijando.
— Pai... — Comecei e fui interrompido pelo grito animado dos gêmeos.
— Vovô, isso quer dizer que o papai e o tio Pedro vão se casar? — Otávia perguntou.
— Só aceitamos o tio Pedro ao lado do papai e mais ninguém — Gabriel disse, fazendo uma expressão séria.
Comecei a tossir desesperadamente e meu pai bateu nas minhas costas.
— Onde estão aprendendo essas coisas? — perguntei.
Ambos me olharam confusos.
— O tio Stefano e o tio Mário falaram isso ontem a noite — Otávia disse.
— Concordamos com eles — Gabriel falou. — Amamos o tio Pedro!
Eu juro, vou dizer para todo mundo ter o dobro de cuidado com o que vão falar perto dos gêmeos. Achei que tudo estava ótimo com Donald se segurando, mas isso parece que piorou com o Stefano e o marido, que não controlam suas línguas.
— Crianças, nunca digam isso novamente — falei.
— Por quê, papai? — Otávia perguntou.
— Isso pode causar mal-entendidos — meu pai disse. — Quero dizer algo que não é tão incompreensível como seu pai está parecendo ser.
— Igual você e o vovô Luciano? — Gabriel perguntou docemente.
Meu pai engasgou, fazendo com que eu soltasse uma risada.
Parece que o feitiço virou contra o feiticeiro.
— O que está acontecendo aqui? — Luciano surgiu como um vento e pegou meu pai no colo, olhando para ver se ele tinha algum machucado.
— Não é para tanto — meu pai disse, batendo no ombro de Luciano, que ainda segurava meu pai em seu colo. Então, os olhares de ambos se encontraram.
Pedro surgiu ao meu lado e ficamos olhando para a cena. Os gêmeos riram, divertidos com a situação. Peguei Otávia e Pedro fez o mesmo com Gabriel, desistindo de ficar na cozinha e observar essa cena romântica.
— Eles até são fofinhos juntos — Pedro disse atrás de mim.
— Eu não vou dizer que ambos são fofos — falei.
— O papai e o tio Pedro são mais fofos ainda — os gêmeos disseram empolgados.
Pedro me olhou com um enorme sorriso, com os risinhos das crianças acompanhando. Beijei a cabeça das crianças.
— Então eu e o tio Pedro somos mais fofos que o vovô Bill e o vovô Luciano — falei. — Fico até feliz que meus filhos me elogiem assim. Então vocês amam o tio Pedro ao meu lado.
— Sim, tio Pedro é o melhor do mundo todinho — ambos concordaram e fizeram algo para demonstrar que estavam falando sério.
Como são duas coisinhas lindinhas.
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Resolvi deixar as crianças no parquinho do condomínio. Assim que viram os amigos, eles saíram disparados até eles. Pedro soltou uma risada ao ver a cena deles cumprimentando todo mundo e ainda apontando para Pedro como o tio que conquistou o coração do pai.
Nessa hora, fiquei envergonhado com os outros pais olhando na nossa direção e murmurando com risinhos. Senti Pedro entrelaçar nossas mãos, o calor da sua palma com a minha foi algo inesperado para mim e, ao mesmo tempo, tão reconfortante.
— Estou surpreso — falei, olhando para as crianças brincando e rindo animadamente.
— O que quer dizer com isso? — Pedro perguntou, confuso.
— Eu só quis dizer que, assim como as crianças, estou adorando ter a sua companhia — falei e notei seu sorriso se abrir amplamente.
— Acho que me saí melhor hoje do que pensei que seria. Ainda mais com você aceitando meu convite para sair amanhã — Pedro falou, e suas bochechas ficaram vermelhas ao me observar depois de entrelaçamos as nossas mãos.
— Estou feliz que seja esse o caso — falei, divertido, mas com as minhas próprias bochechas esquentando ao encontrar seus olhos.
Estávamos lado a lado, ambos observando os gêmeos, com o coração tranquilo.
— Aonde você gostaria de ir? Não conheço muitos lugares na cidade e pelo que pesquisei alguns seriam do seu agrado, mas não tenho certeza — Pedro falou. — Imagino que um restaurante não seria do seu agrado, já que praticamente tem um.
— Que tal fazermos uma refeição simples? — perguntei. — Pedro, não precisa ser nada extraordinário e, como já sabemos bastante um sobre o outro, não precisa ser feito de um jeito tão formal. Então, não acho que seja necessário exagerar no lugar para onde me levar.
Eu percebia que ele acabaria fazendo algo grandioso, e ele deliberadamente colocou mais ênfase na palavra "exagerar". No nosso primeiro encontro como namorados, anos atrás, ele alugou uma casa onde ficamos, aproveitando a companhia um do outro, e ele me serviu delicadamente em cada detalhe do dia, me tratando como se eu fosse a preciosidade do seu mundo.
Aquela lembrança me fez soltar uma risada, mas sou o único que fica relembrando o que aconteceu antes, quando não o deixei tomar certa liberdade para decidir onde deveríamos ir.
Eu não havia pensado muito sobre como Pedro exagerava nas coisas no passado. Ainda me lembro de como até mesmo o pai dele fazia o mesmo com a mãe.
Por que estou tão preocupado? Será que posso esquecer tudo assim? Eu estava frustrado porque não conseguia entender o que meu coração realmente queria.
— Então, uma simples refeição é suficiente para você — ele disse.
— Muito mais do que suficiente para mim, Pedro. Você sabe que gosto de cuidar de todos os detalhes. Lembra-se que, no nosso primeiro encontro, você alugou um restaurante mega chique de um conhecido da sua família e até contratou uma banda para tocar — falei, e ele desviou o olhar envergonhado. — Aquilo foi incrivelmente lindo, mas o que eu quero agora é apenas estar em um jantar à luz de velas com você, e mais nada. Talvez até comendo uma deliciosa sobremesa.
— Então, eu vou te surpreender — ele disse. — Prometo que não farei nada desse nível dessa vez.
Olhei para ele, que sorriu, e apertei sua mão.
— Está bem, só quero ver como você vai tratar tudo isso — Falei, soltando uma risada.
Naturalmente, a expressão dele, que estava sentado ao meu lado, tornou-se feliz complementarmente.
Nós dois estávamos sentados nesse parquinho, observando as crianças se divertirem e continuando a respirar o ar fresco. Coloquei minha cabeça no ombro dele e senti meu coração acelerar de alegria por tudo isso.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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