Capítulo Trinta e Três
Vicente Johnson:
Pedro insistiu em que contasse meu plano para destruir Ângelo. Fiz isso por partes, sabendo que ainda teria que esperar ele morder a isca.
Pelo que me lembro, ele sempre se apoiou no nome de sua família para tudo que fazia, mas se essa mesma coisa fosse seu fim, teríamos que fazer todos saberem sobre os crimes que o pai dele cometeu. Nesse momento, ainda expor cada defeito deles de uma única vez e sem seus aliados iria piorar sua mente distorcida, fazendo com que enlouquecesse.
No final, Ângelo é só alguém com um ego incrivelmente alto e até mesmo ignorante quando se trata de qualquer coisa. Antes, eu não sabia que ele quem reuniu as coisas contra mim, e também sabia que ele não conseguia nunca superar seu ciúme e cair em seus truques, acabando por encontrar uma ideia miserável.
Mas agora era diferente. Aqueles que sabem que uma armadilha é uma armadilha não cairão nela. Em vez disso, é apenas encontrar o oponente que armou a armadilha e pedir a punição. E quem arma a armadilha é o mais perverso dos perversos, com máscara de santo.
Suspirei e sabia muito bem que tudo isso era algo que não teríamos como pensar que Ângelo enganaria a todos tão facilmente.
Pedro estava ao meu lado, ainda segurando minha mão. Ângelo prejudicou tanto assim por nada e só quer viver na própria ilusão.
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Mário e Stefano chegaram no horário combinado em minha casa, ambos carregando enormes caixas com fantasias.
— Acho que estão exagerando no que vão fazer com os gêmeos — falei.
— Temos que tratar meus sobrinhos com todas as ideias para brincadeira que tivermos — Stefano falou.
— Temos tudo que crianças iriam gostar para brincar de qualquer coisa que eles queiram — Mário disse com um imenso sorriso. — Realmente tem de tudo aqui dentro, desde fantasias de bruxos, dragões, fadas, gnomos, elfos, cavaleiros.
Olhei para a caixa e tirei um daqueles brinquedos em forma de cachorro que dança e ainda tem os olhos brilhantes.
— Acho que isso é um pouco demais para ficar só algumas horas com os gêmeos — falei. — Vão ficar apenas algumas horas com eles.
Stefano me olhou como se fosse uma enorme besteira o que estou falando, passou a caixa para Pedro e me puxou na direção da cozinha com uma expressão séria, como se eu fosse levar um esporro dele igual ao que meu pai dava quando aprontava alguma confusão.
— Como pode ser eu, que sou o irmão mais novo, ser mais sensato em como ler a pessoa com quem vou sair do que você e o Luigi? — Stefano falou e apontou o dedo para mim, balançando a cabeça em total negação. — Está na cara que você e o Pedro só irão voltar amanhã pela manhã.
— Mas realmente vai ser isso — falei calmamente.
— Não seja tão meticuloso comigo, sei muito bem o que está passando nessa cabeça — Stefano falou, dando um peteleco na minha testa. Olhei irritado na direção dele. — Uma coisa vai levar a outra e quando virem, estarão na cama.
Estralou os dedos e soltou uma risada.
— Acho que está pensando em muita coisa sobre o meu encontro. Poucas pessoas vão para a cama no primeiro encontro — respondi, revirando os olhos.
— Sabe que estou certo em dizer isso — disse Stefano.
Ouvi uma risada e Mario estava no batente da cozinha, olhando para Stefano complementarmente divertido.
— Não sei sobre o que é o assunto, mas concordo que o meu marido está certo em tudo — disse Mario, dando um beijo no rosto do meu irmão.
— Ele está falando besteira — retruquei.
— Besteira também é algo certo — disse Mario, e meu queixo caiu só de olhar na sua direção, em descrença. — Mas por precaução, sobre o que estão falando?
— Estamos falando que o Pedro e o Vicente vão fazer sexo esta noite — disse Stefano, e ameacei chutar a canela dele.
— Claro que isso vai acontecer. Posso ver claramente que vão fazer hoje à noite — concordou Mario. — Falar igual uma conhecida do meu irmão diz: tem que tirar o atraso.
Meu queixo foi ao chão.
— Sim, ambos vão fazer isso esta noite — disse Stefano, e voltei para a sala com ambos dizendo que com toda certeza vou transar esta noite.
Na sala, Pedro estava arrumando as caixas das coisas que eles trouxeram, mas notei suas orelhas vermelhas. Com toda certeza, ele ouviu parte da conversa na cozinha, e isso me fez ficar ainda mais envergonhado.
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Quando deu seis horas, fui tomar banho e Mario arrastou Pedro para tomar banho na casa dele. No chuveiro, fiquei com aquela sensação de que algo ruim vai acontecer comigo, e o pior está começando a me fazer ter medo do que possa ser.
Me olhei pelo reflexo na água e fiquei ansiosa caso aconteça alguma coisa entre mim e o Pedro. Liguei o chuveiro, sentindo as gotas d'água caírem pelo meu corpo, tentando me acalmar, mas não adiantava, minha mente continuava ansiosa por causa das lembranças de quando Pedro e eu tivemos algo com nossos corpos colados um no outro.
Comecei a passar o sabonete pelo meu corpo, tentando abandonar essa sensação e os pensamentos que vêm junto com ela, mandando a memória para longe.
Meu banho durou uns vinte minutos, enxuguei-me e lentamente comecei a vestir a roupa. Posso dizer que isso me fez esquecer a situação que pode se desenrolar.
Peguei o celular, a carteira e desci para o andar de baixo.
Stefany estava rindo com Luigi, os gêmeos ainda estavam ao lado com expressões sonolentas, mas comiam algo que Luigi havia feito.
— Como estou? — perguntei, dando uma voltinha para eles.
— Está um arraso — disse Stefano, olhando para o meu rosto. — Eu sei que você não gosta de maquiagem, mas deveria passar um pouco.
— Ei — falei. — Não sou você.
— Usei maquiagem mesmo no meu primeiro encontro oficial com o Mário. Digo mais, fiquei um arraso de deslumbrante, que ele não conseguiu dizer uma palavra durante toda a noite que não fosse um elogio para mim — disse Stefano.
Luigi riu.
— Eu lembro como o pai ficou louco da vida quando você apareceu na frente dele com aquela maquiagem toda borrada e no sentido bom — disse Luigi, olhando para os gêmeos que estavam bem atentos a essa questão.
— O que o vovô Luciano fez? — perguntou Gabriel.
— Tio, por que a sua maquiagem estava borrada? E o que seria no sentido bom? — perguntou Otávia.
Ambos olhando para os tios e depois para mim, com expressões enormes de curiosidade.
— Não é algo que só vão saber daqui a alguns anos — falei, bagunçando os cabelos dos gêmeos e pegando um pedaço da comida que Luigi trouxe. — Achei que a Eleonora iria vir com você?
— Ela disse que não vai poder vir, está bastante ocupada com um conhecido — Luigi disse e balançou a cabeça em descrença. — Mas se der, virá amanhã para ver se consegue ver meu pai e o Bill.
Lembrei do cara com quem ela saiu e imagino que esteja junto dele em um momento bastante intenso.
— A mãe sempre se divertindo, até magoa que ela não quis passar um tempo comigo — Stefano falou e levantou. — Vicente, tenho algo para dizer a você.
Saiu me puxando para longe e do bolso tirou um frasco pequeno e borrifou no meu pescoço e no rosto, me fazendo engasgar pela surpresa.
— Para que isso? — perguntei.
— Para ficar mais cheiroso — Stefano falou e piscou os olhos inocentemente. — Perfume dá sempre o certo charme para conquistar a pessoa, ainda mais o coração, não é mesmo?
— Não acredito que estou ouvindo você dizer que jogou perfume na minha cara só para ajudar a conquistar o Pedro — falei, revirando os olhos, fazendo com que ele sorrisse amplamente.
— Só estou dizendo que você tem que fazer esforço demais para o homem que está tentando impressionar. — Stefano falou simplesmente. — Olha para as suas roupas, que ainda deram uma certa levantada na sua bunda. Digo isso porque sei quando uma roupa dá uma levantada em cada detalhe do corpo, ainda quer dizer que não vai acontecer nada nessa noite.
— É só uma roupa comum para sair. — Retruquei.
— Uma roupa que diz: "Me encoste na parede e cuide bem de mim até me arrancar dessa peça que coloquei para te atiçar, garotão". — Stefano falou, estalando a língua.
— Na verdade, a roupa diz: "Fiz isso para me sentir maravilhoso e não atiçar ninguém". — Retruquei.
— Nem adianta me enganar, sei que está pensando que vai acontecer depois. — Stefano falou.
— É, mas isso foi algo que você e o seu marido colocaram na minha cabeça. — Falei. — Eu não estou pensando em dormir com o Pedro essa noite.
Ouvimos alguém pigarreando à porta da frente, nós viramos lentamente, com expressões culpadas. Nós dois ostentávamos expressões de choque, com Mario parecendo divertido e Pedro um pouco mais envergonhado com a situação.
— Pronto? — perguntou Pedro, abrindo um sorrisinho para parecer uma pessoa confiante.
Tentei responder, mas só consegui emitir um grunhido baixo. Ele estava lindo. Usava uma calça cinza-escura que parecia ter sido feita sob medida. E também era a primeira vez que via aquela camisa azul
e lisa, de botão, ajustada a ponto de esticar um pouco nos ombros e bíceps. As mangas estavam enroladas, deixando à mostra os antebraços musculosos. Isso fez com que me abanasse mentalmente.
— Você está bonito — Pedro comentou.
— Você também. — Falei.
— Essa roupa ficou ótima em você. — Falamos juntos e ficamos nos olhando por alguns segundos em silêncio, estava me sentindo como se estivesse voltando à minha adolescência.
Stefano disse algo e notei que todos estavam nos observando em silêncio, até os gêmeos e Luigi chegarem na sala de estar. Stefano apontou para mim e depois para Pedro.
— Está na hora de vocês irem logo. — Stefano falou, quase empurrando a gente do lugar.
Beijamos as crianças e pedimos aos três para não deixarem os gêmeos assistirem a nenhum programa idiota até tarde ou se envolverem em besteiras. Stefano e Mario responderam que não podiam prometer nada, mas Luigi prometeu que seria o responsável e nos expulsou de casa.
Pedro pegou a chave do meu carro e me ajudou a entrar, e foi para o lado do motorista.
— Então, vai me dizer para onde vamos? — Perguntei.
— Será surpresa. — Pedro falou.
— Hum... está fazendo tanto mistério só para me deixar ainda mais curioso com tudo o que planejou. — Falei, e sua resposta foi um sorriso menos tímido.
— Você vai ver. — Ele disse, ligando o carro.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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