Capítulo Trinta
Vicente Johnson:
Luigi pagou a conta e acompanhou-me até o lado de fora do restaurante depois de conversar bastante comigo.
- Então hoje você tem um encontro com o Pedro, que chique - Luigi falou e assobiou. - Se quiser, eu posso ajudar como babá dos gêmeos. Imagino que o Bill e nosso pai não poderão fazer isso.
- Estava pensando em pedir ao Stefano e ao Mário. Se você quiser, pode ajudar também - falei. - Está querendo fazer de tudo para ficar com a mente longe desse Eric. Só vou permitir que cuide dos meus filhos por causa dessa situação que está passando.
- Eu sei que está me vendo como se fosse um louco e idiota por simplesmente recusar as ligações dele e ainda vê-lo - Luigi disse, e olhei para ele com calma.
- Não é para tanto, você está apenas querendo ser feliz e está com medo de o Eric te magoar novamente - falei, estalando a língua. - Estou do seu lado, seja qual for a sua decisão. Meu dever como irmão mais velho é te apoiar.
- Está dizendo para aceitar o Eric novamente? - Luigi perguntou.
- Não, estou dizendo para decidir calmamente o que fazer e também para fazer o Eric se esforçar bastante para te reconquistar e se fazer de difícil - falei, apontando para sua direção. - Deve fazer com que ele sofra bastante.
Luigi olhou-me com calma e um certo tipo de respeito.
- Então está dizendo que devo me fazer de difícil mais do que já estou fazendo - ele disse, fazendo com que eu confirmasse com a cabeça.
- Entendeu-me muito bem - falei.
Luigi revirou os olhos, mas concordou com minhas palavras.
Ele recebeu uma ligação e disse que teria que ir para onde seria a futura empresa da família. Imagino que ele que vá ter que cuidar das duas empresas familiares, o que me deixa curioso sobre o motivo pelo qual o Stefano não quer seguir o mesmo caminho.
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Antes de voltar para casa, acabei indo até a casa do Donald. Descendo do carro, bati na porta, esperando que ele atendesse.
- Vicente, o que está fazendo aqui na minha humilde casa? - Donald falou.
- Simples, estou preocupado com você e, depois do que me contou ontem - falei.
- Eu estou bem, Rafael disse que vai me ajudar a encontrar a irmã da minha avó, e estou querendo ver se encontro mais alguma coisa nas coisas da minha avó - Donald falou e cruzou os braços, analisando-me. - Então, me diga por qual razão realmente está querendo me ajudar vindo até a minha casa? Amigo, sei que me ama do fundo do coração, e só iria vir até aqui para poder deixar a mente um pouquinho distante de algo que mexeu com você profundamente.
Sorri timidamente, enquanto Donald me analisava, então seus olhos brilharam em compreensão. Levantou a palma da mão, pedindo que começasse a falar.
- O Pedro me chamou para um encontro, e os gêmeos pediram para ele ficar na parte da tarde de hoje brincando com eles. Depois disso, vamos sair e ele que vai preparar as coisas - falei em um único fôlego. - Talvez eu esteja um pouco ansiosa e pensando se deveria dizer para fazer isso em outro dia, com o assunto do Ângelo ainda em dia.
Donald deu um tapinha no meu ombro, enquanto me olhava com compreensão.
- Calma, vai dar certo. Os seguranças não estão ao seu lado, e ainda tem os outros que Ava contratou - Donald disse e apontou para o carro dos seguranças, que acenaram por alguns segundos antes de voltar para seus postos. - Estará tudo muito bem preparado, e não precisa se preocupar com essas coisas.
- Mas posso ser de grande ajuda - falei. - Pelo menos por meia hora, ajudo com o que você precisar.
Donald suspirou e deu espaço para que entrasse.
- Pode me ajudar a ver os documentos da minha avó, mas só por meia hora - ele disse, e confirmei abraçando meu amigo.
Entrei na casa dele e devo dizer que já me deparei com as caixas das coisas da avó do Donald na sala de estar. Olhei para o lado, vendo as fotos com Donald e sua avó ao longo do tempo, até a última onde a senhora Clark estava deitada na cama do hospital, já sem muitas forças.
Pelo que Donald me contou, sua avó fazia o possível para dar tudo o que ele desejava, algo completamente diferente da sua progenitora.
Donald estalou os dedos e começou a ver os papéis. Fiz o mesmo, e minha surpresa foi ver como a dona Clark era super respeitada por todos, e tinha até algumas fotos em cima de uma motocicleta grandona, ou até fazendo queda de braço, e por último, uma tatuagem.
Olhei para Donald.
- Sua avó tinha uma tatuagem - falei, incrédulo.
- Eu sei, muito diferente da senhora frágil nas fotos - Donald disse. - Ela e meu avô fizeram quando eram jovens, mas no final pararam e resolveram ter uma vida mais calma, e um tempo depois a Clarice veio.
Ele fez uma expressão de nojo ao mencionar o nome da mãe.
Voltei a procurar algumas coisas e encontrei uma foto do Donald em sua versão de criança, com sua avó abraçando-o com força, enquanto riam de alguma coisa.
Continuei ajudando, mas parecia que não havia nada que Donald já não tivesse visto antes.
Ele soltou um resmungo ao mesmo tempo em que encontrou uma foto antiga, que já estava desbotada, mas dava para ver que era a avó dele em sua versão mais nova e uma garotinha.
- Donald, essa deve ser a irmã da sua avó - falei, olhando para a foto.
- Olha como ambas estavam felizes. Ainda me pergunto o quão tensa deve ter sido a briga - Donald disse, e apertei o ombro dele, virou a foto e tinha dois nomes o da dona Clark e o que Presumo ser o da sua irmã. - Vicente, eu vou encontrá-la e dizer que minha avó sente muito mesmo.
- Eu sei que vai - falei e notei um pequeno brinquedo de pelúcia em forma de cachorrinho dentro da caixa de onde estava a foto.
Donald o pegou e o abraçou contra o peito com força.
- Isso é uma lembrança dela que vou guardar para sempre - Donald falou. - Ela sim era a minha família biológica.
Sorri na direção dele.
- Todos sabemos disso muito bem - falei e peguei os documentos que estavam jogados pelo chão. Me agachei e os organizei da maneira mais simples possível, com calma.
Donald colocou a pelúcia no canto e me ajudou com o restante dos documentos com tranquilidade.
- Ainda estou incrédulo com o quão meticulosa minha avó era com suas coisas e como ela escondeu parte do seu passado - Donald disse, e fiquei em silêncio. - Parece que ela só queria uma vida calma, e quando meu avô morreu, ela não tinha mais vontade de voltar às coisas que praticava.
Olhei para as coisas e refleti sobre como uma vida inteira estava sendo resumida em todas aquelas caixas.
Uma foto caiu de um álbum que Donald guardou na caixa. Peguei-a, olhando para a foto, e notei que era uma foto da mãe de Donald com um rapaz, ambos sorrindo, e ela parecia bem desapegada de tudo, enquanto ele parecia tímido.
Donald é uma cópia da própria mãe.
- Donald, quem é esse rapaz? - perguntei, mostrando a foto.
- Minha avó dizia que era o meu pai biológico, mas não é algo que se possa ter certeza - Donald disse. - Clarice dizia que era apenas um conhecido que ela encontrou em uma das suas aventuras, e sempre falava que meu pai poderia ser qualquer pessoa. Cheguei a uma certa idade em que não me importava muito com essas coisas e desisti de perguntar qualquer coisa para Clarice.
Olhei uma última vez para a foto antes de Donald guardá-la novamente no álbum.
Olhou para a foto da mãe e soltou um suspiro, balançando a cabeça em completa negação.
Ajudei-o, aguardando as coisas, me despedi dele e, finalmente, voltei para casa. Afinal, tenho que dar uma arrumada, fazer o almoço e ainda escolher a roupa para usar à noite.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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