Capítulo Dezenove - 2°parte
Vicente Johnson:
- O que alguém faz sozinho em um evento desses? - Uma voz masculina perguntou e notei um corpo se sentando ao meu lado.
Olhei para a figura.
- Quem seria você? - perguntei calmamente.
- Zed Hart - ele disse, estendendo a mão. - Meus pais são amigos da família Browns.
Apertei sua mão.
- Vicente Johnson - falei.
- Então, Vicente, por que está sentado em vez de fazer novas amizades ou dançando? - Zed perguntou.
- E por que você também não está fazendo isso? - perguntei.
- Devolvendo uma pergunta com outra pergunta - Zed disse. - Nunca gostei muito de me misturar nesses lugares. Só vim por causa dos meus pais.
Apontou para uma direção onde um casal muito bem vestido estava rindo com os Browns. Parecia que a mulher e o homem tinham sorrisos forçados a cada momento em que se encaravam.
- Eles estão forçando alguma coisa - falei, e Zed soltou uma risada.
- Eles se divorciaram há um tempo e querem manter as aparências - Zed explicou. - Mas não são muito bons nesse tipo de coisa quando estão com os melhores amigos.
Novamente, olhei para a cena e, pelo visto, aqueles dois originalmente têm um lado secreto para os outros e há uma certa diferença entre os amigos.
- Eles só se abrem para amigos sinceros, ao contrário de mim, que não me envolvo na socialização das pessoas. - Zed disse, divertido, e fez uma expressão pensativa. - Na verdade, tenho mostrado muito meu rosto ultimamente, mas já fui convidado para esses tipos de eventos antes e houve muitas ocasiões em que não apareci.
- Vendo que você revela tudo sobre si mesmo, essa é sua personalidade original? - perguntei.
- Claro, mesmo meus antecessores não eram muito sociais. - Zed disse. - Vamos deixar isso de lado. Como você conhece as pessoas daqui?
- Amigos de longa data - falei.
Lucas retornou para a mesa e cumprimentou Zed.
- Então você quis comparecer a esse evento - Lucas falou.
- Só estou vindo por obrigação para meus pais, não precisa se preocupar - Zed disse calmamente. - Estava conversando com Vicente.
- Não chamaria isso de conversa - falei. - Você se aproximou e começou a falar.
- Talvez você seja muito travado para falar com as pessoas, então acabe perdendo a diversão e a vontade de sair com os outros. É bom puxar assunto. - Zed disse e colocou a mão no meu ombro.
Lucas me olhou e segurou a risada.
- Talvez seja isso. No entanto, não me importo, pois parece que as pessoas acham que ficar apenas na minha é tão sem graça. - Falei calmamente e me levantei. - Vou pegar mais alguma coisa para comer.
- É compreensível que ele esteja agindo assim. Ele precisa se divertir um pouco, mas entendo que não seja do agrado dele. - Zed falou.
- É o jeito dele, pelo que eu sei. Você também é assim. - Lucas retrucou.
- Não importa o quão comuns seja a minha personalidade, mas também estou sempre alegre em nossos encontros - Zed disse soltando uma risada. - eu me pergunto se você é realmente digno da minha amiga já que sobreviveu a todos esses eventos felizmente.
- Eu não sei do que está falando. Pode ser surpreendentemente fácil. Mas como está a Camilly - Lucas disse fazendo com que Zed soltasse uma risada.
A conversa entre os dois começou a partir de uma crítica contra nossas personalidades, tornando-se provocações contra o possível namorado de uma amiga. Eu, que não estava particularmente envolvido e apenas ouvi, fui em direção à mesa de comida e vi que Pedro ainda estava me enviando algumas mensagens sobre os gostos das crianças, querendo saber mais sobre mim, enquanto eu também desejava os detalhes de sua vida.
Conversar com ele era algo que me deixava feliz. Neste lugar incrivelmente chique, nada mais parecia importar para mim. Ele me fazia rir espontaneamente, e notei que algumas pessoas me olhavam com curiosidade.
Onde quer que eu fosse, havia muitos caras com panturrilhas maiores que suas cabeças. Fiz uma expressão de nojo para eles e continuei conversando com Pedro.
Ainda não era hora de voltar, mas não sentia necessidade de ficar mais tempo. Conversar com Pedro trazia uma certa calma ao meu coração, algo que só sinto quando estou com os gêmeos. Parecia que algo em mim havia voltado ao seu lugar de origem.
- O que você está fazendo? - Levei um susto quando Daniel surgiu atrás de mim. - Acho que, desde que nos conhecemos, nunca o vi soltar tantos sorrisos doces sem que estivesse com os seus filhos ao lado. Sinto muito pela Milena ter deixado você sozinho nessa festa, mas vejo que o Donald também está se divertindo.
- Não estou sozinho, estou apenas conversando com um amigo - falei.
- Não parece que é apenas um amigo, pelo sorriso no seu rosto. Isso me lembra quando conheci o Guilherme na juventude - Daniel disse, divertido, e olhou na direção do seu esposo, que estava batendo no ombro dos filhos e conversando com Milena ao mesmo tempo. - Às vezes, quando o vejo, lembro-me daqueles tempos.
- O Pedro é apenas um amigo - falei. - Quero dizer, já fomos noivos, mas ocorreu um problema.
Abaixei o olhar, e Daniel colocou a mão no meu ombro, com um sorriso delicado no rosto.
- Milena me contou superficialmente - Daniel sussurrou calmamente. - Mas sabe o que ela não diz sobre o que você está sentindo em relação a isso.
Ele me olhou como se estivesse me analisando internamente.
- Eu não sei como me sentir em relação ao Pedro neste momento. Quero dizer, quando soube de todos os fatos e vejo como ele é gentil com as crianças e deseja ser compreensivo comigo, meu coração acelera ao mesmo tempo em que sinto medo - falei.
Isso é algo que tenho mantido bem guardado no fundo do meu coração. Tenho medo de permitir que tudo dê certo novamente, pois há perigo envolvido. Dessa vez, não sou só eu, tenho os gêmeos, e se eu revelar a verdade sobre quem o Pedro realmente é e eles se apegarem a ele, mas depois algo der errado, meus filhos serão magoados.
- Escute o seu coração e mente, o que eles estão dizendo para você seguir neste momento? - Daniel perguntou, apontando para o meu celular com delicadeza, onde a conversa com Pedro ainda estava à mostra.
- Daniel, o que você faria nesta situação? Se algo der errado em relação ao que sentimos, tudo mudou nos últimos três anos - falei.
- Bem. Apenas seja sincero consigo mesmo apenas escute o que sua mente e coração querem fazer, mas pense com tudo delicadamente. - Daniel disse segurando minhas mãos e dando um leve aperto.
Respondi secamente às suas palavras quando ele foi chamado na outra direção pelo marido.
Na verdade, a razão pela qual era difícil seguir o que meu coração e mente desejavam não era simplesmente por causa do certo pavor que sentia desde a conversa com Pedro e nosso reencontro, junto com ele brincando com as crianças.
Peguei algo para comer e voltei para a mesa, percebendo que Zed e Lucas tinham desaparecido. Notei ambos do outro lado do salão, com Lucas conversando animadamente com uma moça que demonstrava a mesma expressão. Zed estava ao lado deles, tirando sarro dos dois. Percebi que a moça deveria ser a amiga de Zed.
- Você está bastante pensativo, então diga o que quer - Manuel perguntou. Ele e Lorenzo retornaram para a mesa.
- Não é nada demais apenas pensando em algo que o Daniel me disse - Falei.
- Deve ter sido algo fascinante para te deixar tão pensativo - Manuel disse. - Ele sempre dá bons conselhos, ele que ajudou o Lorenzo a me pedir em casamento.
Antônio voltou rapidamente para a mesa e notei que ele estava vermelho de vergonha.
- Está falando com a sua namorada - Lorenzo disse, e o irmão mostrou o dedo do meio discretamente. Lorenzo ignorou e voltou na minha direção. - Meu pai Daniel é o sensato da relação - Lorenzo disse, e notei quando Guilherme surgiu atrás dele, colocando a mão em cima do ombro do filho.
- Se o seu pai Daniel é o sensato, o que eu sou então? - Guilherme perguntou, e consegui ver Lorenzo engolindo em seco diante da poderosa presença que seu pai emanava.
Manuel, Antônio e eu rimos da situação.
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Lorenzo tomou uma bronca do pai, e parecia que isso o afetou profundamente. Manuel e eu tentamos ajudar para evitar que algo ruim acontecesse, afinal Guilherme é bastante sensível, e ouvir quase indiretamente do próprio filho que ele é uma pessoa rude pode tê-lo magoado. A situação só se acalmou quando Milena e Daniel chegaram e resolveram tudo em questão de segundos.
Depois que o evento acabou, peguei algumas sacolas de presentes para levar para casa. Ainda vi Donald saindo com dois homens em um táxi, e posso dizer que meu amigo terá uma noite animada.
Milena estava conversando com a família para finalizar o evento. Ela se desculpou por ter me deixado sozinho o tempo todo, e respondi que compreendia o motivo.
Despedi-me e lembrei que amanhã seria o dia dela vir para o almoço de domingo na minha casa.
Então entrei no meu carro e voltei para casa, com meu corpo completamente relaxado e minha mente clareando para meus verdadeiros pensamentos.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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